Ao lermos o último livro do Antigo
Testamento (Malaquias) e iniciarmos a leitura do primeiro livro do Novo
Testamento (Mateus), não imaginamos que entre esses dois livros há um período
muito importante a ser estudado, porém pouco conhecido e ensinado nas igrejas.
Um período de 400 anos marcado pelo silêncio
da era profética e por essa razão apelidado “O Período Negro”.
Esse mesmo período merece total atenção, pois
se quisermos compreender melhor o Novo Testamento e as mudanças que ocorreram
no mundo entre os anos 397 - 6 a.C. teremos que nos voltar a ele e observar os
fatos e acontecimentos ali presentes, além de suas contribuições para o
desenvolvimento do cristianismo.
Chamamos esse período de “Período
Interbíblico ou Intertestamentário”.
Definição
A palavra intertestamentária
significa “entre testamentos”.
O Período Intertestamentário ou Interbíblico,
para uma melhor compreensão, trata-se do período que se estendeu por 400 anos
entre livro de Malaquias e o evangelho de Mateus.
Durante esse período a promessa do
Messias já havia sido profetizada, porém não concretizada. Agora todos
experimentam o silêncio de Deus, não há ninguém inspirado pelo Senhor que fala
em seu nome.
Ao observarmos o mundo nesse
período, podemos notar transformações significativas quanto as civilizações que
se levantavam para exercer seu domínio, sem falar ainda na vida do povo de Deus
(os judeus), que aguardavam o advento do Messias com o propósito de restaurar a
Israel, que viveram sob o domínio da Pérsia, Grécia e Roma.
Os Apócrifos
A impressão que temos, quanto ao
povo escolhido por Deus, é que depois de Malaquias nenhuma obra literária fora
produzida até a época dos apóstolos. Essa impressão é equivocada. Concordamos
que nenhuma obra inspirada por Deus fora produzida, somente obras de cunho
humano visando suprir a escassez da revelação divina com o propósito de
consolar o povo e manter a unidade entre eles diante da dispersão desde
Nabucodonosor.
Foi no decorrer do Período
Interbíblico que a literatura apócrifa surgiu. Esses livros foram incluídos no
cânon da Septuaginta e Vulgata Católica Romana e constituem o que hoje chamamos
de Apócrifos, que significa “livros ocultos, escondidos” não reconhecidos pelos
cristãos como sendo inspirados ou legítimos por Deus.
Temos ainda, em adição aos
apócrifos, os escritos judaicos extrabíblicos escritos sob um suposto nome e
conhecidos como “Pseudoepigráficos”. Eram obras escritas com os nomes de
líderes do passado (Enoque, Baruque, Esdras, etc). [1]
A Expressão “400 Anos de Silêncio”, frequentemente empregada para descrever o período entre os últimos eventos do A.T. e o começo dos acontecimentos do N.T. não é correta nem apropriada. Embora nenhum profeta inspirado se tivesse erguido em Israel durante aquele período, e o A.T. já estivesse completo aos olhos dos judeus, certos acontecimentos ocorreram que deram ao judaísmo posterior sua ideologia própria e, providencialmente, prepararam o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu evangelho.
Desenvolvimento Político
A Supremacia Persa
Por
cerca de um século depois da época de Neemias, o império Persa exerceu controle
sobre a Judeia. O período foi relativamente tranquilo, pois os persas permitiam
aos judeus o livre exercício de suas instituições religiosas. A Judeia era
dirigida pelo sumo sacerdotes, que prestavam contas ao governo persa, fato que,
ao mesmo tempo, permitiu aos judeus uma boa medida de autonomia e rebaixou o
sacerdócio a uma função política. Inveja, intriga e até mesmo assassinato
tiveram seu papel nas disputas pela honra de ocupar o sumo sacerdócio. Joanã,
filho de Joiada (Ne 12:22), é conhecido por ter assassinado o próprio irmão,
Josué, no recinto do templo.
A
Pérsia e o Egito envolveram-se em constantes conflitos durante este período, e
a Judeia, situada entre os dois impérios, não podia escapar ao envolvimento.
Durante o reino de Artaxerxes III muitos judeus engajaram-se numa rebelião
contra a Pérsia. Foram deportados para Babilônia e para as margens do mar
Cáspio.
Em
seguida à derrota dos exércitos persas na Ásia Menor (333 a.C.), Alexandre
marchou para a Síria e Palestina. Depois de ferrenha resistência, Tiro foi
conquistada e Alexandre deslocou-se pra o sul, em direção ao Egito. Diz a lenda
que quando Alexandre se aproximava de Jerusalém o sumo sacerdote Jadua foi ao
seu encontro e lhe mostrou as profecias de Daniel, segundo as quais o exército
grego seria vitorioso (Dn 8). Essa narrativa não é levada a sério pelos
historiadores, mas é fato que Alexandre tratou singularmente bem aos judeus.
Ele lhes permitiu observarem suas leis, isentou-os de impostos durante os anos
sabáticos e, quando construiu Alexandria no Egito (331 a.C.), estimulou os
judeus a se estabelecerem ali e deu-lhes privilégios comparáveis aos seus súditos
gregos.
A Judéia sob os Ptolomeus
Depois
da morte de Alexandre (323 a.C.), a Judeia, ficou sujeita, por algum tempo a
Antígono, um dos generais de Alexandre que controlava parte da Ásia Menor.
Subsequentemente, caiu sob o controle de outro general, Ptolomeu I (que havia
então dominado o Egito), cognominado Soter, o Libertador, o qual capturou
Jerusalém num dia de sábado em 320 a.C. Ptolomeu foi bondoso para com os
judeus. Muitos deles se radicaram em Alexandria, que continuou a ser um
importante centro da cultura e pensamento judaicos por vários séculos. No
governo de Ptolomeu II (Filadelfo) os judeus de Alexandria começaram a traduzir
a sua Lei, i.e., o Pentateuco, para o grego. Esta tradução seria posteriormente
conhecida como a Septuaginta, a partir da lenda de que seus setenta (mais
exatamente 72 – seis de cada tribo) tradutores foram sobrenaturalmente
inspirados para produzir uma tradução infalível. Nos subsequentes todo o Antigo
Testamento foi incluído na Septuaginta.
Os reis do Sul - os Ptolomeus, sucessores de Ptolomeu Soter, general de Alexandre.
A Judéia sob os Selêucidas
Depois
de aproximadamente um século de vida dos judeus sob o domínio dos Ptolomeus,
Antíoco III (o Grande) da Síria conquistou a Síria e a Palestina aos Ptomeus do
Egito (198 a.C.). Os governantes sírios eram chamados selêucidas porque seu
reino, construído sobre os escombros do império de Alexandre, fora fundado por
Seleuco I (Nicator).
Durante
os primeiros anos de domínio sírio, os selêucidas permitiram que o sumo
sacerdote continuasse a governar os judeus de acordo com suas leis. Todavia,
surgiram conflitos entre o partido helenista e os judeus ortodoxo. Antíoco IV
(Epifânio) aliou-se ao partido helenista e indicou para o sacerdócio um homem
que mudara seu nome de Josué para Jasom e que estimulava o culto a Hércules de
Tiro. Jasom, todavia, foi substituído depois de dois anos por uma rebelde
chamado Menaém (cujo nome grego era Menelau). Quando partidários de Jasom
entraram em luta com os de Menelau, Antíoco marcha contra Jerusalém, saqueou o
templo e matou muitos judeus (170 a.C.). As liberdades civis e religiosas foram
suspensas, os sacrifícios diários forma proibidos e um altar a Júpiter foi
erigido sobre o altar do holocausto. Cópias das Escrituras foram queimadas e os
judeus foram forçadas a comer carne de porco, o que era proibido pela Lei. Uma
porca foi oferecida sobre ao altar do holocausto para ofender ainda mais a
consciência religiosa dos judeus.
Os reis do Norte - os Selêucidas, sucessores de Seleuco I, que governou parte da Ásia Menor e Síria.
Não
demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um líder para sua
causa. Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modina, cerca de 24
quilômetros a oeste de Jerusalém, esperavam que o velho sacerdote, Matatias,
desse bom exemplo perante o seu povo, oferecendo um sacrifício pagão. Ele,
porém, além de recusar-se a fazê-lo, matou um judeu apóstata junto ao altar e o
oficial sírio que presidia a cerimonia. Matatias fugiu para a região montanhosa
da Judeia e, com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas
contra os sírios. Embora os velho sacerdote não tenha vivido para ver seu povo
liberto do jugo sírio, deixou a seus filhos o término da tarefa. Judas,
cognominado “o Macabeu”, assumiu a liderança depois da morte do pai. Por volta
de 164 a.C. Judas havia reconquistado Jerusalém, purificado o templo e
reinstituído os sacrifícios diários. Pouco depois das vitórias de Judas,
Antíoco morreu na Pérsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis
selêucidas continuaram por quase vinte anos.
Aristóbulo
I foi o primeiro dos governantes Macabeus a assumir o título de “Rei dos
Judeus”. Depois de um breve reinado, foi substituído pelo tirânico Alexandre
Janeu, que, por sua vez, deixou o reino para sua mãe, Alexandra. O reinado de
Alexandra foi relativamente pacífico. Com a sua morte, um filho mais novo,
Aristóbulo II, desapossou seu irmão mais velho. A essa altura, Antípater,
governador da Iduméia, assumiu o partido de Hircano, e surgiu a ameaça de
guerra civil. Consequentemente, Roma entrou em cena e Pompeu marchou sobre a
Judeia com as suas legiões, buscando um acerto entre as partes e o melhor
interesse de Roma. Aristóbulo II tentou defender Jerusalém do ataque de Pompeu,
mas os romanos tomaram a cidade e penetraram até o Santo dos Santos. Pompeu,
todavia, não tocou nos tesouros do templo.
Judas o Macabeu - o terceiro filho (Judas, Jônatas e Simão) do sacerdote judeu Matatias (que iniciou a revolta). Lider da revolta dos Macabeus contra o Império Selêucida (167-160 a.C.). Macabeu, vem da palavra do siríaco maqqaba, "martelo". Foi-lhe concedido em reconhecimento a sua bravura em combate.
Roma
Marco
Antônio apoiou a causa de Hircano. Depois do assassinato de Júlio Cesar e da
morte de Antípater (pai de Herodes), que por vinte anos fora o verdadeiro
governante da Judeia, Antígono, o segundo filho de Aristóbulo, tentou
apossar-se do trono. Por algum tempo chegou a reina em Jerusalém, mas Herodes,
filho de Antípater, regressou de Roma e tornou-se rei dos judeus com apoio de
Roma. Seu casamento com Mariamne, neta de Hircano, ofereceu um elo com os
governantes Macabeus.
Herodes
foi um dos mais cruéis governantes de todos os tempos. Assassinou o venerável
Hircano (31 a.C.) e mandou matar sua própria esposa Mariamne e seus dois
filhos. No seu leito de morte, ordenou a execução de Antípater, seu filho com
outra esposa. Nas Escrituras, Herodes é conhecido como o rei que ordenou a
morte dos meninos em Belém por temer o Rival que nascera para ser Rei dos
Judeus.
Grupos Religiosos dos Judeus
Quando,
seguindo-se à conquista de Alexandre, o helenismo mudou a mentalidade do
Oriente Médio, alguns judeus se apegaram ainda mais tenazmente do que antes à
fé de seus pais, ao passo que outros se dispuseram a adaptar seu pensamento às
novas ideias que emanavam da Grécia. Por fim, o choque entre o helenismo e o
judaísmo deu origem a diversas seitas judaicas.
Os Fariseus
Os
fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado
contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, “separatista”, foi
provavelmente dado a eles por seus inimigos, para indicar que eram
não-conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escárnio porque sua
severidade os separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus
vizinhos pagãos. A lealdade à verdade às vezes produz orgulho e ate mesmo
hipocrisia, e foram essas perversões do antigo ideal farisaico que Jesus
denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo ortodoxo do judaísmo de
sua época. (Fp 3:5).
O
nome é dado a um grupo de judeus devotos à Torá, surgidos no século II a.C..
Opositores dos saduceus, criam uma Lei Oral, em conjunto com a Lei escrita, e
foram os criadores da instituição da sinagoga. Com a destruição de Jerusalém em
70 d.C. e a queda do poder dos saduceus, cresceu sua influência dentro da
comunidade judaica e se tornaram os precursores do judaísmo rabínico.
Sua
oposição ferrenha ao Cristianismo rendeu-lhes através dos tempos uma figura de
fanáticos e hipócritas que apenas manipulam as leis para seu interesse. Esse
comportamento deu origem à ofensa “fariseu”, comumente dado às pessoas dentro e
fora do Cristianismo, que são julgados como religiosos aparentes.
Em
geral, atribui-se o surgimento do farisaísmo ao período correspondente ao
cativeiro babilônico (587-536 a.C.)
Ainda, segundo citação de Tognini sobre Josefo, os fariseus criam no
livre-arbítrio do homem, na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, na
existência de anjos, na direção divina de todas as coisas, nas recompensas e
castigos na vida futura, na preservação da alma humana após a morte e na
existência de espíritos bons e maus. Contudo, Jesus denunciou severamente este
grupo por causa de sua hipocrisia e orgulho.
"Todas
as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas
não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não
fazem;" Mateus 23:3
Os Saduceus
O
partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Sadoc
(Zadoque), o sumo sacerdote escolhido por Salomão (I Rs 2:35), negava
autoridade à tradição e olhava com suspeita para qualquer revelação posterior à
Lei de Moisés. Eles negavam a doutrina da ressurreição, e não criam na existência
de anjos ou espíritos (At 23:3). Eram, em sua maioria, gente de posses e
posição, e cooperavam de bom grado com os helenistas da época. Ao tempo do N.T.
controlavam o sacerdócio e o ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era
a cidadela dos fariseus. Os Saduceus compreendem a designação da segunda escola
filosófica dos judeus, ao lado dos fariseus.
Também
para esta seita ou partido é difícil determinar a origem. Sabemos que existiu
nos últimos dois séculos do Segundo Templo, em completa discórdia com os
fariseus. Como citamos, o nome parece proceder de Sadoc, hierarca da família
sacerdotal dos filhos de Sadoc, que segundo o programa ideal da constituição de
Ezequiel devia ser a única família a exercer o sacerdócio na nova Judeia. De
modo que, dizer saduceus era como dizer “pertencentes ao partido da estirpe
sacerdotal dominante”. Diferiam dos fariseus por não aceitarem a tradição oral.
Na realidade, parece que a controvérsia entre eles foi uma continuação dessa
hostilidade que havia começado no templo dos macabeus, entre os helenizantes e
os ortodoxos. Com efeito, os saduceus, pertencendo à classe dominadora, tendo a
miúdo contato com ambientes helenizados, estavam inclinados a algumas
modificações ou helenizações. O conflito entre estes dois partidos foi o
desastre dos últimos anos da Jerusalém judia.
Suas
doutrinas são quase desconhecidas, não havendo ficado nada de seus escritos. A
Bíblia afirma que eles não criam na ressurreição, tendo até tentado enlaçar
Jesus com uma pergunta ardilosa sobre esse conceito. Com muita probabilidade,
ainda que rechaçando a tradição farisaica, possuíram uma doutrina relativa à
interpretação e à aplicação da lei bíblica. O único que nos oferece alguns
dados sobre suas doutrinas é Flávio Josefo que, por ser fariseu e por haver
escrito para o público greco-romano, não é digno de muita confiança.
Parece
provável que as divergências entre saduceus e fariseus foram mais que
dogmáticas, foram jurídicas e rituais. Com a queda de Jerusalém, a seita dos
saduceus extinguiu-se. Ficaram porém suas marcas em todas as tendências
anti-rabínicas dos primeiros séculos (d.C.) e da época medieval.
Os saduceus, com o seu repúdio à doutrina da ressurreição e descrença na
existência de seres angelicais, podem ser considerados como precursores dessa
corrente de interpretação das Escrituras. Pouco se sabe sobre a origem desse
partido judaico, mas parece haver adotado uma posição secular-pragmática de
interpretação das Escrituras. Ao negarem verdades básicas das Escrituras, os
saduceus podem ser considerados, guardadas as devidas proporções, como os
modernistas ou liberais da época.
Os Essênios
O
essenismo foi uma reação ascética ao externalismo dos fariseus e ao mundanismo
dos saduceus. Os essênios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e
celibato. Davam atenção à leitura e estudo das Escrituras, à oração e às
lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua
laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravidão era contrárias a
seus princípios.
O
mosteiro em Qumran, próximo às cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto foram
encontrados, é considerado por muitos estudiosos como um centro essênio de
estudo no deserto da Judeia. Os rolos indicam que os membros da comunidade
haviam abandonado as influências corruptas das cidades judaicas para
prepararem, no deserto, “o caminho do Senhor”. Tinham fé no Messias que viria e
consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.
Os
Essênios constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve sua existência
por volta de 150 a.C. até 70 d.C. Estavam relacionados com outros grupos religioso-políticos,
como os saduceus. O nome essênio provém do termo sírio “Asaya”, e do aramaico
Essaya, todos com o significado de médico.
Durante
o domínio da Dinastia Hasmonéa, os essênios foram perseguidos. Retiraram-se por
isso para o deserto, vivendo em comunidade e em estrito cumprimento da lei
mosaica, bem como da dos Profetas. Na Bíblia não há menção sobre eles. Sabemos
a seu respeito por Flávio Josefo (historiador oficial judeu) e por Fílon
de Alexandria (filósofo judeu). Flávio Josefo relata a divisão dos
judeus do Segundo Templo em três grupos principais: Saduceus, Fariseus e
Essênios.
Os
Essênios eram um grupo de separatistas, a partir do qual alguns membros
formaram uma comunidade monástica ascética que se isolou no deserto.
Acredita-se que a crise que desencadeou esse isolamento do judaísmo ocorreu
quando os príncipes Macabeus no poder, Jonathan e Simão, usurparam o ofício do
Sumo Sacerdote, consternando os judeus conservadores. Alguns não podiam tolerar
a situação e denunciaram os novos governantes. Josefo refere, na ocasião, a
existência de cerca de 4000 membros do grupo, espalhados por aldeias e
povoações rurais.
Adotaram uma série de condutas morais que os diferenciavam dos demais judeus:
A comida era sujeita a rígidas regras de purificação;
Aboliam a propriedade privada;
Contrários ao casamento;
Eram vegetarianos;
Tomavam banho antes das refeições;
Vestiam-se sempre de branco.
Não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de
pureza espiritual dos irmãos, os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem.
Dentre
as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em
pergaminhos que levam seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto. Segundo Christian
Ginsburg (historiador orientalista), os essênios foram os precursores do
Cristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético,
a pureza espiritual, remetem ao ideal essênio de vida espiritual. A prática da
banhar-se com frequência, segundo alguns historiadores, estaria na origem do
ritual cristão do Batismo, que era ministrado por João Batista, às margens do
Rio Jordão, próximo a Qumram.
Existe, ainda, a teoria da existência de dois grupos distintos de
essênios, que é apresentada na Enciclopedia de la Biblia, que apresenta o grupo
essênio de Qumran e outro, talvez, no Egito.
Os Escribas
Os
escribas não eram, estritamente falando, uma seita, mas sim, membros de uma
profissão. Eram, em primeiro lugar, copista da Lei. Vieram a ser considerados
autoridades quanto às Escrituras, e por isso exerciam uma função de ensino. Sua
linha de pensamento era semelhante à dos fariseus, com os quais aparecem
frequentemente associados no N.T.