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quinta-feira, 30 de junho de 2016

O que é Evangelização

Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado [...]” Mt 28.19,20

Evangelizar, a suprema missão da Igreja

Desde o tempo apostólico, a Igreja teve o entendimento de que a natureza da sua existência é dependente do ato de proclamar o Evangelho a toda a humanidade. Após o derramamento de Pentecostes, a Igreja não teve dúvida de que o seu caminho era proclamar com alegria e amor o Cristo Crucificado e Ressurreto a fim de que todo ouvinte quebrantasse o coração e se rendesse à soberania de Cristo (At 2.37).

A mudança de foco
Infelizmente, em muitos lugares hoje, a igreja não tem mais anunciado o Cristo Crucificado e Ressurreto, pois tem mudado o foco do seu anúncio. Ora, antigamente, a “fórmula” da pregação apostólica era resumida em “Cristo foi crucificado”, “Mas ressuscitou ao terceiro dia” e “Arrependei-vos e crede no Evangelho!”. Porém, hoje, em muitos lugares, não é mais assim. Graças a Deus, ainda há igrejas que apresentam o convite de salvação com o mesmo propósito com o qual os santos apóstolos apresentavam, honrando a Cristo e às Sagradas Escrituras. Mas, temos a incômoda sensação de que esse comportamento não é mais a regra.

Crentes, mas sem saber em que crêem
Não é difícil conhecermos pessoas que frequentam um templo e que se dizem membros de uma igreja evangélica, mas quando perguntadas sobre como Jesus Cristo foi apresentado a elas, de pronto ouviremos: “Aquele que resolve todos os meus problemas” ou “Quem me faz prosperar”; ou ainda “Aquele que me faz triunfar”. Embora não sejam teses mentirosas, esses relatos não são o testemunho que os santos apóstolos deram a vida toda, entregando as próprias vidas a fim de salvar pessoas da perdição eterna. Para a nossa tristeza, atualmente, é possível encontrar membros de igreja que nunca ouviram sobre a gravidade e a seriedade do problema do pecado.

Um convite
Por isso, o presente trimestre é um convite para a Igreja de Cristo recuperar a alegria de comunicar o Evangelho genuíno. As fórmulas são muitas! É preciso buscar todos os meios disponíveis para evangelizarmos. Não apenas o eletrônico, digital, por intermédio da televisão ou da internet, mas principalmente no relacionamento pessoal. As melhores e mais eficazes evangelizações se deram num bate papo de uma praça de alimentação, na rua, em uma casa, nas escola, num shopping, no consultório médico, na sala de aula, numa roda de colegas, no transporte público como ônibus, táxi, avião etc. O contexto muda, pois o mundo está em constante transformação, mas o objetivo da mensagem é o mesmo: apresentar o Cristo Crucificado, o Cristo Ressuscitado e fazer o convite ao arrependimento. (Revista Ensinador Cristão nº67-pg.36.)

A missão mais importante da Igreja: a evangelização. Essa missão não é somente da liderança, mas todo crente tem a responsabilidade de anunciar as Boas-Novas.

Se não levarmos o Evangelho até aos confins da Terra, jamais seremos reconhecidos como discípulos de Jesus. Desde o início de seu ministério, Ele sempre fez questão de realçar a natureza evangelizadora de sua missão e da tarefa que nos confiou (Mc 16.15; Lc 8.1). Nenhum outro trabalho é tão importante e urgente quanto a evangelização.

A Igreja, por ser Igreja, não pode ignorar as exigências da Grande Comissão: evangelizar a todos, em todo tempo e lugar (Mt 24.14). A evangelização compreende, também, o discipulado, o batismo e a integração do novo convertido. Se crermos, de fato, que Cristo morreu e ressuscitou para redimir-nos do inferno, não nos calaremos acerca de tão grande salvação (Hb 2.3).

Aproveitemos todas as oportunidades para falar de Cristo, pois grande será a colheita de almas para o Reino de Deus.

Introdução
Acabo de assistir a outra reportagem sobre os refugiados sírios, que não param de chegar à Europa. Sãos milhares de adultos, jovens e crianças que, na bagagem, trazem apenas fome, angústia e um restinho de esperança. A maioria desembarca apenas com a roupa do corpo. Outros nem chegam a pisar o solo europeu; naufragam no Mediterrâneo e, ali, longe da pátria querida, são sepultados. Diante da maior tragédia humanitária, desde a Segunda Guerra Mundial, não podemos sufocar a pergunta: “O que temos feito em favor dessa gente?”.
Não os vejamos apenas como muçulmanos. Antes de tudo, são almas preciosas por quem Jesus morreu. Todo esse campo missionário vem até nós em busca não só de asilo, mas também de refugio espiritual. Não podemos ignorá-los, nem tapar os ouvidos ao seu clamor. Sem o saber, eles anseiam por um encontro pessoal com Deus por intermédio de Cristo.
Ainda que em menor quantidade, o Brasil também é procurado por refugiados de várias partes do mundo. Em São Paulo, não é pequeno o número de haitianos, africanos e sírios. Diante da urgência da Grande Comissão, descruzemos os braços e proclamemos-lhes a mensagem da cruz.
Neste capítulo, veremos que a evangelização é a tarefa mais urgente da Igreja de Cristo. Além dos exilados que nos vêm de longe, aqui mesmo, bem pertinho de nós, há alguém suspirando pelo evangelho que salva, transforma e reconcilia-nos com o Pai.

I. Evangelho, as Boas-Novas de Salvação
William Gurnall (1616-1679) descreve com rara beleza a influência das Boas-Novas de Cristo na alma do pecador: “O evangelho é a carruagem com a qual o Espírito desfila em triunfo quando entra no coração dos homens”. O admirável escritor britânico sabia que somente o evangelho, por ser o poder de Deus, tem a virtude suficiente para transformar radicalmente a alma humana.

1. Evangelho, uma palavra graciosa.

O termo “evangelho”, oriundo do vocábulo grego euaggélion, significa literalmente “boa-nova”. A palavra é formada por dois vocábulos gregos: eu, bom, e aggélion, anúncio. Trata-se de uma expressão antiquíssima da língua grega. O poeta Homero utilizou-a, no século oitavo a.C., com o sentido de “recompensa por uma boa notícia”. Quando da tradução do Antigo Testamento, do hebraico para o grego, os Setenta utilizaram-na, por exemplo, em 2 Reis 18.20,22,25.

A palavra, contudo, só viria adquirir a conotação com que, hoje, a conhecemos a partir do advento de Cristo. Após o seu batismo, o Senhor apresentou-se a Israel com o evangelho do Reino. Ao descrever a ação evangelizadora de Jesus, ressalta-lhe Mateus não somente as palavras, mas notadamente os atos: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35).


O Senhor Jesus veio para transmitir, em sua plenitude, o evangelho de Deus. Se, por um lado, proclamou a redenção da alma, por outro, não deixou de anunciar a cura do corpo. Em seus lábios, a palavra “evangelho” adquire um significado novo, profundo e dinâmico. O termo grego, agora, não se refere mais à mera recompensa a quem traz uma boa notícia. A partir daquele instante, a graciosa palavra caminha em sentido inverso. Generosamente, contempla os que nada merecem. Basta crer na mensagem, a fim de entrar no Reino que Deus preparou aos seus filhos desde a fundação do mundo (Mt 25.34; Ef 2.8).


Ao longo do Novo Testamento, o evangelho recebe diversas designações: evangelho de Deus, evangelho do Reino de Deus, evangelho da graça de Deus, evangelho eterno, meu evangelho e outro evangelho.


2. Evangelho de Deus.

Jesus Cristo apresentou-se a Israel com o evangelho de Deus (Mc 1.14). Ele deixou bem claro à sua audiência, constituída também por escribas e fariseus, que a sua mensagem, embora nova, não trazia qualquer inovação. Antes, era o cumprimento do que anunciara o Antigo Testamento. Logo, os doutores da Lei poderiam constatar-lhe a veracidade se fizessem uma releitura da Lei, dos Escritos e dos Profetas. Aliás, assim haviam procedido os rabinos a quem Herodes indagara quanto ao lugar do nascimento do Messias (Mt 2.1-6).
O evangelho de Deus é o cumprimento das promessas que o Senhor fizera ao mundo, por meio de Israel, no Antigo Testamento. Não se trata de um rompimento com o Velho Pacto, mas um fiel cumprimento deste na Nova Aliança, que tem como base o sangue de Jesus (1 Co 11.25).

3. O evangelho de Cristo.

Paulo fazia questão de enfatizar aos crentes gentios que o evangelho que anunciava era o de Cristo. Na mais teológica de suas epístolas, declara à igreja em Roma: “De sorte que tenho glória em Jesus Cristo nas coisas que pertencem a Deus. Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo” (Rm 15.17-19).

A teologia paulina era geograficamente ampla. De Jerusalém à Itália, o apóstolo patenteava que o evangelho não era um apêndice do judaísmo, mas o cumprimento messiânico das promessas do Antigo Testamento. Portanto, não era o evangelho de Israel, mas o evangelho de Cristo para Israel e o mundo.


4. O evangelho do Reino de Deus.

É a proclamação mais escatológica do evangelho de Cristo. De maneira plena, cumpre a aliança que Deus firmara com a Casa de Davi (2 Sm 7.16). Logo no primeiro versículo do Novo Testamento, o evangelista destaca a eternidade da linhagem de Jessé na pessoa e no ministério de Cristo, filho de Davi, filho de Abraão (Mt 1.1). Não foi por mero acaso que Mateus cita o rei antes do patriarca, pois Jesus é mais conhecido como filho de Davi do que como filho de Abraão (Mt 15.22).

Quando os apóstolos indagaram-lhe acerca do estabelecimento do reino a Israel, tinham em vista, apenas, o aspecto escatológico e futuro do evangelho, e não a sua urgência presente e evangelística. Para realçar a premência da Grande Comissão, o Senhor prometeu-lhes a vinda do Espírito Santo (At 1.18). O evangelho do Reino de Deus enfatiza o mistério daquela minúscula semente que, geminando no coração do homem, frutifica a transformação da sociedade e do mundo. Além dos efeitos presentes, trará a instalação do Milênio com a apresentação de Jesus como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.


5. O meu evangelho.

Não encontramos na Bíblia um evangelho segundo Paulo. Não obstante, o apóstolo refere-se ao evangelho como se fora a sua propriedade (Rm 2.16; 16.25; 2 Tm 2.18). Ele recebera-o diretamente do Senhor em, pelo menos, duas ocasiões especiais (2 Co 12.1-4; Gl 1.17,18). Quer nos ermos da Arábia, quer no paraíso do terceiro céu, Paulo aprendera, diretamente do Senhor, os mistérios do evangelho.
Portanto, anunciava a todos, judeus e gentios, o evangelho de Cristo que, como fundamento, tinha a graça de Deus. Por isso, combatia sem qualquer trégua o outro evangelho, que porfiava em anular a graça divina por meio dos rudimentos da lei mosaica.

6. O outro evangelho.

Os judaizantes, empenhando-se por desconstruir o evangelho de Paulo, ensinavam que, sem as obras da Lei, ninguém será salvo. Contra tal ensinamento, Paulo insurge-se e denuncia a primeira heresia evangélica:
Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. (Gl. 1.6-8)

Hoje, além dos outros evangelhos, temos os evangelhos dos outros. Na luta para cevar o marketing pessoal, os falsos mestres vão acrescentando, ao evangelho de Cristo, desde as bijuterias mais finas aos penduricalhos mais esdrúxulos. Alguns apresentam o evangelho da prosperidade; outros vêm com o evangelho social; e ainda outros, ostentam o evangelho místico e sincrético. Por essa razão, estejamos atentos para apresentar a mensagem da cruz em sua simplicidade e pureza.



*Evangelho
"Uma palavra usada somente no Novo Testamento para denotar a mensagem de Cristo.
O termo gr. euangelion, significando 'boas-novas', tornou-se um termo técnico para a  mensagem essencial da salvação.

O conteúdo do Evangelho é claramente definido no Novo Testamento. É a mensagem proclamada e aceita na igreja cristã, pois foi recebida por todos os crentes, defendida por seu raciocínio, e constituiu uma parte vital de sua experiência. É histórica em seu conteúdo, bíblica em seu significado, e transformadora em seu efeito. (Dicionário Bíblico Wycliffe pg.711)


II. O Evangelho de Cristo e o Cristo do Evangelho

Como separar de Cristo o seu evangelho? Não podemos fazê-lo, porque o evangelho é Cristo e Cristo é o evangelho. É por isso que o Novo Testamento não se preocupa em biografar Jesus. Antes, glorifica-lhe o triunfo na cruz.

1. Jesus, o imbiografável.

Os quatro evangelistas são assim chamados por haverem narrado, sob a inspiração do Espírito Santo, a encarnação, o ministério, a morte e a ressurreição do Filho de Deus. Os seus livros poderiam ter recebido outras designações, como por exemplo, a biografia de Jesus segundo Mateus. Entretanto, como descrever a trajetória do Pai da Eternidade? Nesse sentido, quem mais aproximou-se de uma obra biográfica foi João. Em três pequenos versículos, o discípulo amado resume a revelação do Salvador: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1.1-3).

Não se pode biografar quem não teve início, nem terá fim. A Moisés, o Eterno apresentou-se como o “Eu sou” de Abraão (Êx 3.14). De igual modo, identificou-se o Pai da Eternidade aos judeus: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).


O objetivo dos quatro Evangelhos não é biografar Jesus, mas ressaltar-lhe a obra evangelística. Mateus mostra-o como o Rei almejado por Israel. Marcos destaca-lhe o espírito manso e servidor. Lucas sublima-lhe a humanidade. Quanto a João, teologizando-o, apresenta-o como o Unigênito do Pai. É por isso que nenhum evangelista preocupou-se com os seus dezoito anos de silêncio. Aliás, nem o minucioso Lucas ocupou-se desse período tido, pelos historiadores, como obscuro e sincrético.


Jesus fez a sua primeira declaração evangélica aos 12 anos no Santo Templo. Ansiosamente buscado por José e Maria, respondeu-lhes gentilmente: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49). A partir daquele momento, tinha início os seus dezoito anos de preparo silencioso, que somente haveria de ser quebrado quando o Pai declara ao mundo o seu amor eterno pelo Filho: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). O silêncio, começado pelo Filho, é quebrado pelo Pai. Em pleno Jordão, era inaugurada a proclamação oficial do evangelho do Reino de Deus.


A fim de proclamar as Boas-Novas do Reino, Jesus exerceu plenamente os três ofícios messiânicos: profeta, sacerdote e rei. Nenhum personagem, entre todos os santos do Antigo Testamento, teria condições de revelar o evangelho de Deus, em sua plenitude, como Ele o fez. Davi entrou para a História Sagrada como rei e profeta, mas não era sacerdote. Samuel notabilizou-se como sacerdote e profeta, mas nunca usou a coroa real. Quanto a Moisés, o maior dos profetas, não era sacerdote nem rei. Portanto, só o Senhor Jesus, sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, rei de Salém, estava habilitado a desvendar a Israel e ao mundo a eficácia do evangelho. Em seu ministério, Jesus mostrou que o evangelho é profético, sacerdotal e real, por incluir estes três elementos: proclamação, intercessão e almejo pela vinda do Reino de Deus. Faltando um desses elementos, o evangelho jaz incompleto. É impossível, pois, separar o evangelho de Cristo e o Cristo do evangelho.



III. Evangelismo ou Evangelização
O escritor britânico John Blanchard descreveu perfeitamente como deve ser a evangelização: “Não podemos levar o mundo todo a Cristo, mas podemos levar Cristo a todo o mundo”.

Tendo em vista essa teologia simples, mas bastante clara da obra evangelizadora da Igreja, vejamos a diferença entre evangelismo e evangelização.


1. Evangelismo. Não são poucos os obreiros que desprezam o evangelismo, alegando que, neste momento, carecemos mais de ação do que de ismos. Todavia, para sermos bem-sucedidos no ministério evangelístico, precisamos de um bom respaldo teológico. Doutra forma, não saberemos como nos comportar no campo de batalha.


Ao realçar a necessidade doutrinária do evangelista, afirmou J. I. Packer: “Em última análise, só há uma forma de evangelização: o evangelho de Cristo explicado e aplicado”. Isso significa que o evangelismo é uma disciplina indispensável à igreja comprometida com a Grande Comissão.

É claro que não devemos ficar apenas no campo teórico, pois o Mestre requer ação urgente e prioritária de cada um de seus discípulos. Observemos que, antes de enviar os setenta em missão pelas cidades da Judeia, Ele instruiu-os devidamente (Lc 10.1-11). Sem o evangelismo, a ação evangelizadora daquele grupo seria inócua.

A igreja comprometida com a evangelização não despreza o evangelismo, pois sabe que sempre haverá de precisar de homens e mulheres, adultos e crianças, que cumpram com amor, zelo e sabedoria a Grande Comissão. Evangelismo não é teoria; é aprendizado.


2. Evangelização. Antigamente, as igrejas não se preocupavam em formar equipes de evangelização, porque toda a congregação era evangelizadora. Mas, com o esfriamento espiritual e a consequente departamentalização eclesiástica, começaram a aparecer equipes especializadas em alcançar os diversos segmentos sociais. Acho louvável semelhante iniciativa. Entretanto, com o surgimento de tais grupos, a evangelização leiga praticamente desapareceu. Isso não é saudável nem à igreja, nem à sociedade. É urgente, pois, retornarmos à laicização do trabalho evangelístico. Quando isso acontecer, a tarefa de ganhar almas não será vista apenas como um trabalho do ministério, mas uma obrigação de todo o povo de Deus.


O escritor americano Richard C. Halverson descreve a evangelização como atividade indispensável do povo de Deus: “Parece que a evangelização nunca foi um problema em o Novo Testamento. Isso quer dizer que não encontramos os apóstolos recomendando, exortando, repreendendo, planejando e organizando programas evangelísticos. A evangelização simplesmente acontecia! Emanando sem esforços da comunidade de crentes como a luz emana do sol, era automática, espontânea, contínua, contagiante”.


A história da Assembleia de Deus no Brasil, fundada em 18 de junho de 1911, realça a veracidade das palavras de Halverson. Quando lemos a narrativa que Emílio Conde faz de nossa igreja, temos a impressão de que, no início, todos os pentecostais eram evangelistas. Aonde chegava um assembleiano, aí chegava um evangelista que, não demorava, abria um ponto de pregação. Em breve, este se fazia congregação e, mais adiante, uma próspera e robusta igreja.

Infelizmente, a burocratização denominacional acabou por minar a espontaneidade evangelística e missionária da igreja. Hoje, em muitos lugares, a proclamação do evangelho foi reduzida a um evento distante e desvinculado das urgências da Grande Comissão. Destacando o compromisso dos primeiros crentes com a visão evangelística, escreve o pastor Roy Joslin: “Para os primeiros cristãos, a evangelização não era algo que eles isolavam das outras áreas da vida cristã a fim de nela se especializar, para analisá-la, teorizá-la e organizá-la. Eles simplesmente a praticavam!” O irmão Joslin, autor do livro Urban Harvest [Colheita Urbana], sabia muito bem que, para se conquistar uma cidade para Cristo, era urgente envolver toda a igreja local em cada estágio da cruzada.

Se ficarmos apenas na área teórica, jamais cumpriremos a nossa obrigação evangelística. O tempo rapidamente passará e as oportunidades que ainda temos não demorarão a esvair-se. Por isso, trabalhemos enquanto é dia, pois a noite escatológica já começa a cobrir o mundo, levando milhões de preciosas almas a perderem-se para sempre.


No encerramento deste tópico, vale citar a observação bastante oportuna de Roland Allen: “O que lemos em o Novo Testamento não é um apelo ansioso para que os cristãos disseminem o evangelho; vemos uma nota aqui e outra ali que demonstra como o evangelho estava sendo divulgado. Durante séculos a Igreja Cristã continuou a expandir-se por sua vontade inerente e produziu um suprimento incessante de missionários sem qualquer exortação direta”.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO
"O mandato para as missões acha-se em cada evangelho e em Atos dos Apóstolos. Porque toda a autoridade nos céus e na terra foi entregue a Jesus (Mt 28.19,20).
'Vão' (gr. poreuthentes) não é um imperativo. Significa, literalmente, 'tendo ido'. Jesus toma por certo que os crentes irão, quer por vocação, por lazer, ou por perseguição. O único imperativo nesse trecho bíblico é 'façam discípulos' (gr. mathêteusate), que inclui batizá-los e ensiná-los continuamente.
Marcos 16.15 também registra esse mandamento: 'Tendo ido por todo o mundo, proclamem (anunciem, declarem e demonstrem) as boas-novas a toda a criação' (tradução literal)" (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 584)

A missão de pregar a todos, em todos os lugares e em todo tempo, inclui a evangelização pessoal, coletiva, nacional e transcultural. Neste tópico, destaquemos o exemplo de Cristo, o evangelista por excelência.


1. Evangelização pessoal. Em vários momentos de seu ministério, o Senhor Jesus consagrou-se à evangelização pessoal. Na calada da noite, recebeu Nicodemos, a quem falou do milagre do novo nascimento (Jo 3.1-16). E, no ardor do dia, mostrou à mulher samaritana a eficácia da água da vida (Jo 4.1-24).

Neste momento, há alguém, bem pertinho de você que precisa ouvir falar de Cristo. Não perca a oportunidade e evangelize, pois quem ganha almas sábio é (Pv 11.30).

2. Evangelização coletiva. Cristo dedicou-se também ao evangelismo coletivo. Ele aproveitava ajuntamentos e concentrações, a fim de expor o Evangelho do Reino. As multidões também precisam ser alcançadas com a pregação do Evangelho, para que todos ouçam a mensagem da cruz. Voltar à prática do evangelismo em massa é uma necessidade urgente.


3. Evangelismo nacional. Em seu ministério terreno, Jesus era um judeu inserido na sociedade judaica, falando-lhes em sua própria língua. Sua identificação com a cultura israelita era perfeita (Jo 4.9). Ele não podia esconder sua identidade hebreia (Lc 9.53). Cristo viveu como judeu e, como judeu, morreu (Mt 27.37). Nessa condição, anunciou o Evangelho do Reino às ovelhas perdidas da Casa de Israel.


4. Evangelismo transcultural. Embora sua missão imediata fosse redimir as ovelhas da Casa de Jacó (Mt 15.24), Jesus não deixou de evangelizar pessoas de outras culturas e nacionalidades. Atendeu a mulher siro-fenícia (Mc 7.26). Socorreu o servo do centurião romano (Mt 8.5-11). E não foram poucos os seus contatos com os samaritanos (Lc 17.16; Jo 4.9).


É chegado o momento de olharmos além de nossas fronteiras, ouvindo o gemido das nações, tribos e povos não alcançados.


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IV. Os Fundamentos da Evangelização
O trabalho evangelístico requer um sólido alicerce bíblico-teológico, para que seja plenamente efetivado. Eis os três principais fundamentos da evangelização: a Bíblia, a experiência e a história eclesiástica.

1. A Bíblia. Quem sai a evangelizar tem de saber que está cumprindo uma ordenança urgente de Cristo (Mt 28.19,20). Além disso, o conteúdo da mensagem a ser proclamada, quer individual, quer coletivamente, há de refletir a mensagem da cruz em sua inteireza, conforme aprendemos com Paulo:

E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder. (1 Co 2.1-4)
Que o evangelista seja bíblico em sua vocação, no exercício de seu ministério e na mensagem que proclama. Se fugir à Palavra de Deus, num desses itens, seu trabalho estará fadado ao fracasso.

2. A experiência. A experiência básica do evangelista é a sua experiência pessoal com o Senhor Jesus. Paulo só transmitia um ensinamento depois de havê-lo experimentado. Ao introduzir a doutrina da Santa Ceia na igreja em Corinto, disse-lhes: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23). Como, pois, haverá alguém de falar de Cristo se nenhuma experiência pessoal tem com o Senhor? Também não é possível falar de salvação estando ainda perdido e caminhando a passos acelerados e largos para o inferno.

A segunda experiência básica do evangelista é o batismo com o Espírito Santo. Stanley Jones afirmou que a vida cristã tem início no Calvário, mas o trabalho eficiente, no Pentecostes. Se Deus o chamou a evangelizar, não deixe de buscar o poder do alto. Sem a assistência do Espírito, não poderemos anunciar, eficazmente, o evangelho de Cristo.
No capítulo referente ao evangelista, voltaremos a tratar mais largamente sobre os requisitos essenciais ao exercício desse glorioso ministério.

3. A História da Igreja Cristã. A Igreja de Cristo tem um compromisso inadiável e orgânico com a evangelização do mundo. É o que nos mostra a História. Se avivada, a igreja evangeliza, faz missões e estende as fronteiras do Reino de Deus. Mas, caída, faz cruzadas, promove guerras e empreende conquistas. Haja vista o que aconteceu em 1095. Nesse ano, durante o Concílio de Clermont, o Papa Urbano II exortou os barões franceses a libertar Jerusalém do jugo muçulmano. Dessa forma, a guerra instalou-se novamente nas terras de Israel, levando o nome de Cristo ao descrédito.

O evangelista deve conhecer bem a história e a tradição eclesiástica, a fim de não cometer os erros do passado. Ele tem de saber que a missão é difundir o cristianismo, não a cristandade visível e eivada de erros.


SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"Como devemos evangelizar
Para começar, o ganhador de almas tem de ter experiência própria de salvação. É um paradoxo alguém conduzir um pecador a Cristo, sem ele próprio conhecer o Salvador. Isto é apontar o caminho do céu sem conhecê-lo. Quem fala de Jesus deve ter experiência própria da salvação.
Estando nosso coração cheio da Palavra de Deus, nossa boca falará dela (Mt 12.34). É evidente que o ganhador de almas precisa de um conhecimento prático da Bíblia; conhecimento esse, não só quanto à mensagem do Livro, mas também quanto ao volume em si, suas divisões, estrutura em geral, etc. Sim, para ganhar almas é preciso 'começar pela Escritura' (At 8.35).
Aquilo que a eloquência, o argumento e a persuasão humana não podem fazer, a Palavra de Deus faz, quando apresentada sob a unção do Espírito Santo. Ela é qual espelho. Quando você fala a Palavra, está pondo um espelho diante do homem. Deixe o pecador mirar-se neste maravilhoso espelho. Assim fazendo, ele aborrecerá a si mesmo ao ver sua situação deplorável.
Está escrito que 'pela lei vem o conhecimento do pecado' (Rm 3.20). Através da poderosa Palavra de Deus, o homem vê seu retrato sem qualquer retoque, conforme Isaías 1.6. No estudo da obra de ganhar almas, há muito proveito no manuseio de livros bons e inspirados sobre o assunto. Há livros deste tipo que focalizam métodos de ganhar almas; outros focalizam experiências adquiridas, o desafio, o apelo e a paixão que deve haver no ministério em apreço. A igreja de Éfeso foi profundamente espiritual pelo fato de Paulo ter ensinado a Palavra ali durante três anos, expondo todo o conselho de Deus (At 20.27-31). Em Corinto ele ensinou dezoito meses (At 18.11). Veja a diferença entre essas duas igrejas através do texto das duas epístolas (Coríntios e Efésios)" (GILBERTO, Antonio. Prática do Evangelismo Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1983, p. 30).


Conclusão

Se cremos no poder do evangelho, saiamos a falar de Cristo. Comecemos por nossa casa. E, assim, haveremos de constatar que nenhuma porta resistirá ao impacto da Palavra de Deus. De fato, Jesus não nos obriga a converter o mundo. Todavia, constrange-nos a espalhar a sua mensagem até aos confins da terra.
O evangelista iugoslavo Josip Horak afirmou no auge do comunismo em seu país: “Quando nosso Senhor envia-nos a testificar em seu nome, não nos coloca contra uma parede. Pelo contrário, dá-nos uma porta aberta para a evangelização, uma porta que nenhum homem pode fechar”.


ESTUDANDO

A respeito da missão da Igreja, responda:
1 - Qual a urgência máxima da Igreja?
A evangelização.

2 - Qual a diferença entre evangelismo e evangelização?

Evangelismo: É a doutrina cujo objetivo é fundamentar biblicamente o trabalho evangelístico da Igreja de Cristo, de acordo com as narrativas e proposições do Antigo e do Novo Testamento.

Evangelização. É a prática efetiva da proclamação do Evangelho, quer pessoal, quer coletivamente, até aos confins da Terra.


3 - Por que devemos evangelizar?

É um mandamento de Jesus; é a maior expressão de amor da Igreja; o mundo jaz no maligno; e porque Jesus em breve virá.

4 - Como devemos evangelizar?

Evangelização pessoal, evangelização coletiva, evangelismo nacional e evangelismo transcultural.

5 - Por que Jesus é o evangelista por excelência?

Porque Ele amou o mundo de tal maneira que deu a sua vida na cruz para perdão dos nossos pecados.

Fonte:

Lições Bíblicas - O Desafio da Evangelização - 3º.trim_2016 CPAD - Comentarista Claudionor de Andrade
Livro de Apoio - O Desafio da Evangelização - Obedecendo ao Ide do Senhor Jesus de levar as Boas-Novas a toda a criatura - Comentarista Claudionor de Andrade
Revista Ensinador Cristão-nº67
Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal - Stanley Horton
Prática do Evangelismo Pessoal - Antonio Gilberto - 1.ed.CPAD
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe

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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Festa Junina: Cultura popular ou disfarçada Idolatria?

"Portanto, meus amados, fugi da idolatria." 1 Coríntios 10:14

No princípio, a festa era chamada de “Joanina”, pois era realizada em veneração a “São João”. Mais tarde, além de “São João”, outros santos católicos passaram a ser venerados. Assim a expressão mudou para “Festa Junina” em função de junho ser o suposto mês do nascimento dos santos que passaram a ser celebrados juntamente com “São João”.

Embora a festa seja popular e amplamente divulgada, os cristãos são advertidos pelas Escrituras a não participarem de nenhum tipo de festa com intuito de adoração ou veneração de santo algum. Esta prática é condenada pela Bíblia e classificada como pecado de Idolatria: “Mas nem em todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas ao ídolo; e a sua consciência, sendo fraca, fica contaminada” (1Co 8.7). Vejamos alguns elementos de idolatria que revestem esta festa popular.

1. Santos Homenageados
13 Junho: “Santo Antônio”, 24 Junho: “São João” e 29 Junho: “São Pedro”

2. Mastro/Pau de Sebo
O mastro também conhecido como mastro dos Santos Populares, é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a festa junina. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas em geral três bandeirinhas simbolizando as datas de nascimentos dos três santos: “Santo Antônio”, “São João” e “São Pedro”.

3. Comidas Típicas
As comidas típicas da Festa Junina são para venerar “São Pedro”. A tradição católica atribuiu a “São Pedro” a responsabilidade de fazer chover. O mês de junho é o mês da colheita do milho. O milho só pode ser colhido por causa das abundantes chuvas. Assim, “São Pedro” é venerado na festa junina com comidas derivadas do milho. Pamonha, cural, milho cozido, milho assado, canjica, cuzcuz, pipoca e bolo de milho são apenas alguns exemplos da culinária junina.

4. Casamento Caipira
Na Festa Junina é realizado o casamento caipira para venerar “Santo Antônio”. Como “Santo Antônio” é considerado o santo casamenteiro, é comum as simpatias para mulheres solteiras que querem casar. No dia 13 de junho, as igrejas católicas distribuem o “pãozinho de Santo Antônio”. Diz à tradição que o pão bento deve ser colocado junto aos mantimentos da casa e as mulheres que desejam casar devem comê-lo.

5. Fogueira
De origem européia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã afirma que o costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de “São João Batista” e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte. Outro simbolismo é a veneração de uma lamentável lembrança de “São Pedro” aquentando-se na fogueira na noite em que negou Jesus.

Considerações
Em virtude de todos os simbolismos acima relacionados, concluí-se que festejar “os santos” da “Festa Junina” é de acordo com a Bíblia Sagrada praticar idolatria. Deste modo os cristãos autênticos devem abster-se de tais festas.

Fonte: CPAD_News - Pr.Douglas Baptista


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terça-feira, 28 de junho de 2016

Conhecendo o Livro de Isaías

Vinde, então, e argui-me, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” Is 1.18

“O que se destaca na profecia de Isaías é seu rico conceito acerca do Deus Eterno. Para o profeta, Deus se eleva acima de todas as coisas terrenas. Ele é ‘o Senhor dos exércitos’, ‘o Alto e Sublime que habitou a eternidade’, ‘o Poderoso de Israel’, ‘Criador’ de todas as coisas e o Eterno que fez todas as coisas. Deus dirige a história; não há outro Deus além dEle e Ele não tem nenhuma intenção de repartir sua divindade com qualquer rival humano. Ele é Deus de sabedoria e poder. Além disso, Ele é apaixonadamente ético — o Santo. A respeito dEle os serafins cantaram: ‘Santo, Santo, Santo’ (6.2,3).
A contribuição de Isaías à fé judaico-cristã é grande e duradoura. Das suas percepções proféticas nos vieram às sementes que ao longo dos séculos geraram os conceitos mais definidos de expiação e salvação. Porque todos nós, como ovelhas, andávamos desgarrados, e o Senhor havia colocado sobre Cristo a iniquidade de todos nós, para que por meio das suas pisaduras pudéssemos ser curados. Somente com esse tipo de convicção poderemos voltar ao nosso Deus, que terá misericórdia de nós, com certeza de que Ele também nos perdoará abundantemente” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 4. RJ: CPAD, 2005, pp.24-26).

O Livro do Profeta Isaías – esse livro, por seus temas teológicos, é considerado uma peça fundamental da literatura profética. Muitas expressões e palavras utilizadas por Isaías não são encontradas em nenhum outro livro do Antigo Testamento. O livro de Isaías tem muitas promessas de restauração, a respeito da vinda do Messias e da salvação. Essas promessas enchem nossos corações de esperanças e alegria, pois mostram o quanto Deus ama o pecador. As promessas proferidas por Isaías nos possibilitam sonhar com um mundo melhor e mais justo.


O profeta Isaías teve muita ousadia em sua atuação pública. Suas profecias eram majestosas e repletas de nobreza e beleza poética. Por isso, é um dos profetas mais lidos do Antigo Testamento e um dos que mais falou a respeito da vinda do Messias. Tal fato revela a importância que deve ser dada ao mesmo. Uma leitura atenta e cuidadosa do seu livro nos leva a perceber as implicações que esse profeta tem para os dias atuais.


O povo de Deus havia se desviado da Lei. Então, Deus chamou Isaías para mostrar que seu julgamento estava às portas.

Os escritos do profeta Isaías são uma das mais grandiosas produções teológicas do Antigo Testamento. Sua mensagem é profunda e parte de alguém que conhecia o ambiente onde estava inserido, de modo que, tomado pela inspiração divina, foi muito assertivo nas suas profecias, especialmente as que predisseram a vinda messiânica de Jesus Cristo. Nenhum outro profeta se referiu a esse fato com tantos detalhes quanto ele. Sua pregação foi marcada por uma paixão sacerdotal, descrevendo Cristo, seu serviço e sacrifício com muita clareza, sendo por isso mesmo chamado de o evangelista do Antigo Testamento ou ainda o “Evangelho de Isaías”. Seu livro também é chamado de “O livro da Salvação”, sendo uma das mais importantes obras da literatura bíblica hebraica depois do Pentateuco. O próprio Jesus leu Isaías: “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito” (Lc 4.16-17). Ao ler alguns versículos de Isaías capítulo 61, Jesus disse que essa profecia se cumpria nEle, se auto-declarando o Mäshiah (Messias em hebraico), o que causou grande alvoroço entre os presentes (Lc 4.28-30). Outra citação importante de Isaías no Novo Testamento está registrada em Atos 8.26-35. Assim sendo, tanto o conteúdo do livro quanto sua autoria são ratificados e confirmados no Novo Testamento.


O profeta tem uma beleza poética e riqueza literária ao escrever que encanta qualquer leitor. Por isso, ele é também chamado de “Rei dos Profetas”. Muitas expressões e palavras utilizadas não se encontram em nenhum outro lugar do Antigo Testamento. Dentre as mais importantes, destacam-se o “Renovo do Senhor” (Is 4.2), “Emanuel” (Is 7.14), “O povo que andava em trevas viu uma grande luz” (Is 9.2), “todos se alegrarão perante ti” (Is 9.3), “seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6), “rebento do tronco de Jessé” (Is 11.1), “anunciador de boas-novas” (Is 41.27), “meu servo” (Is 42.1), “o meu Eleito, em quem se compraz a minha alma” (Is 42.1), e “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados” (Is 53.5). Um dos ápices das profecias de Isaías se dá nos capítulos 52 e 53, quando ele compõe o Cântico do Servo Sofredor, cujo conteúdo salvífico aponta para o sofrimento, padecimento, morte e ressurreição do Messias.


Os escritos de Isaías nos enchem de esperanças e, com isso, nos possibilitam sonhar com um mundo melhor e mais justo, sendo possível uma antecipação do Reino de Deus com todas as suas benesses entre os homens aqui e agora. Seus escritos mostram também que, apesar de enfrentarmos nesta vida situações difíceis e até mesmo aparentemente irreversíveis, como no caso da quase destruição do povo de Deus, ainda assim, a misericórdia, a bondade e o amor de Deus vão além do pecado humano, do caos situacional, do poder dos inimigos e das circunstâncias desesperadoras.


I - INFORMAÇÕES AUTORAIS
1. Tema
Seu tema principal está relacionado às previsões da vinda do Messias, enfatizando a salvação recebida somente pela graça. O livro mostra ainda que Deus não permitirá a desobediência do povo da promessa, e essa será tratada com a devida purificação através do sofrimento, primeiramente do próprio povo e, vicariamente, através de Cristo. O povo será levado para o cativeiro, porém Deus intervirá milagrosamente e lhe trará libertação, quase como que num segundo êxodo, agora não mais saindo do Egito, e sim da Babilônia. Entretanto, o cativeiro será um período difícil e desesperador; porém, as promessas não falharão.
Esta profecia, que na sua época ainda era coisa do futuro, bem como seu posterior cumprimento, servem de fundo histórico e apontam profeticamente para o estado degradante que a desobediência e o pecado causam na humanidade, bem como suas terríveis consequências, mas apontam também para o grande êxodo de todo o povo de Deus em toda a terra, que seria liberto do poder do pecado e das algemas do cativeiro de Satanás, através do sacrifício vicário de Cristo, aguardando um Reino eterno de paz, justiça e amor, onde Deus reinaria para todo o sempre. Assim, pode-se afirmar que o tema central de Isaías é o amor de Deus demonstrado no socorro ao seu povo através do sacrifício do Servo Sofredor, ou seja, a grande salvação de Deus.

2. Data

As descobertas dos rolos do Mar Morto lançaram muitas luzes sobre Isaías, cujos textos provavelmente foram copiados entre 150 a.C. a 50 a.C. Sua importância se dá pelo fato de ser o manuscrito mais inteiro e antigo já descoberto do Antigo Testamento, atestando sua veracidade, fidedignidade e semelhança com os demais manuscritos posteriores preservados. Porém, a citação mais antiga de Isaías está presente no Eclesiástico (livro apócrifo), cuja cópia é datada aproximadamente entre 280 a.C. a 180 a.C.

O livro de Isaías começou a ser escrito provavelmente antes do ano de 740 a.C., tendo sido terminado no ano 701 a.C., período esse que corresponde ao tempo de ministério do profeta, conforme descrito em Isaías 1.1. Essas datas são aproximadas e levam em conta a morte do rei Uzias. Entretanto, outra possibilidade é que, como o livro possui três partes, a primeira delas tenha sido escrita de 740 a 698 a.C., e a segunda e terceira partes de 697 a 680 a.C., terminando no reinado de Manassés.


3. Autoria

As correntes teológicas ortodoxas têm consenso de que Isaías é o autor deste livro, mas pesquisas recentes apontam, especialmente a crítica textual, para o fato de que o profeta não poderia ter previsto com tanta clareza eventos futuros como, citar o nome de Ciro, o persa, além de detalhes do exílio e da volta do exílio, a não ser por alguém que estivesse passando por aqueles momentos. No entanto, essas suposições não podem ser aceitas porque tiram o caráter preditivo da inspiração profética e enfraquecem a proeminência de Deus sobre as demais divindades cultuadas na época, que eram divindades falsas. O testemunho das escrituras e da história é que os profetas de fato fizeram predições que apenas Deus sabia de antemão. Logo, foram inspirados milagrosamente a dizer o que disseram. Além disso, o profeta Isaías, em especial, era um profundo conhecedor da política, economia, sociedade e religião de sua época, pois vivia no palácio real, podendo, dessa forma, fazer discernimentos inspirados por Deus como poucos profetas fizeram. Por isso, seus escritos são considerados como dos mais importantes do Antigo Testamento. Alguns dos quais nem foram proferidos oralmente, apenas escritos (Is 8.16; 30.8). Ele poderia também ter se utilizado de amanuenses (ou copista) para alguns de seus escritos.

Tem-se afirmado que existem duas ou três grandes porções distintas em Isaías, diferentes entre si no estilo literário e nas abordagens, embora estejam em unidade entre si. Uma que vai do capítulo 1 ao 39, outra do 40 ao 55 e outra do 56 ao 66, organizadas em épocas diferentes, chegando alguns a dizer que poderiam ter sido escritas durante o exílio, ou seja, na Babilônia e no período pós-exílico, em Jerusalém. Contra essa afirmação, pode-se dizer que a mudança de estilo pode ser resultado da variação de propósito do autor, mudança do destinatário, estado de ânimo, a idade, ou mesmo outra influência sobre o autor que, necessariamente, não indica que este seja outra pessoa.


Ao ler o livro, ficam claras pelo menos duas ou três divisões. Elas caracterizam os momentos e problemas diferentes que o livro de Isaías cobre na história do povo israelita. Existe uma mudança a partir do capítulo 40. O estilo se toma mais poético e teórico. O tom toma-se conciliatório em vez de condenador. Os oráculos de acusação e juízo - que compunham a maior parte dos primeiros 39 capítulos - tomam-se bem mais raros. A visão profética de um novo tempo que viria sobre Israel ganha mais vida e vigor.


Essa divisão tem dado margem a que a segunda e a terceira porções do livro sejam atribuídas a um Dêutero-Isaías, ou, ainda, a terceira porção a um Trito-Isaías. Contra essa argumentação, temos o fato de a tradição rabínica judaica e histórica da igreja sempre afirmar que foi Isaías, de fato, o autor, bem como as várias citações de Isaías, inclusive da segunda e terceira porções, no Novo Testamento. Tal é a importância e a veracidade de Isaías que o Novo Testamento faz mais de 400 citações diretas e indiretas do livro, citando o profeta nominalmente mais de 20 vezes, muito mais do que qualquer outro profeta. As descobertas dos rolos do Mar Morto, datadas do século II a.C., podem ser outra prova da unidade do livro de Isaías e de seu autor único, visto que um dos manuscritos contém todos os capítulos de Isaías como os conhecemos hoje, apontando, dessa forma, para um só autor e uma só obra. Essa mesma afirmação vale para os que defendem uma escrita posterior de Isaías, colocando-a no século II a.C. Se assim fosse, os manuscritos do Mar Morto seriam cópias muito recentes ou mesmo os originais, mas esta hipótese não se sustenta diante dos fatos. Nem mesmo a Septuaginta, escrita no século III a.C., fornece qualquer pista de que Isaías tivesse tido mais de um autor, nem mesmo uma divisão entre o “Primeiro” Isaías (capítulos 1 a 39) ou o Dêutero-Isaías (capítulos 39 e 40) ou ainda escrito em datas muito distantes entre as três partes principais do livro. Dessa forma, Isaías deve ser lido como um único livro, apesar de haver inúmeras maneiras de ser analisado e dividido, além do necessário respeito para com estudiosos do assunto, tendo o cuidado para não negar seu caráter profético e divino.


Há uma tradição que afirma que Isaías era sobrinho do rei Amasias; logo, ele era de linhagem nobre e certamente vivia na corte real, desfrutando de alguns privilégios que lhe serviram de base e capacitação para ter o amplo ministério que teve. Era casado com uma profetiza (Is 8.3) e teve dois filhos com ela, Sear-Jasube (“um resto volverá”) (7.3), cujo nome evoca as conquistas assírias que deixariam somente um remanescente de sobreviventes, e Maer-Salal-Hás-Baz (“pronto ao saque, rápido aos despojos”) (8.3b), referindo-se aos assírios saqueando o Reino do Norte (Israel) que havia se aliançado com outras nações para ameaçarem o Reino do Sul (Judá). Dando esses nomes aos filhos, ele se compara ao profeta Oseias, que levou seu ministério tão a sério que envolveu sua família e o nome dos filhos. Certa vez, quando foi advertir o rei Acaz, levou seu filho Sear-Jasube junto, para que este fosse um testemunho profético vivo (7.3) diante da incredulidade do rei. O final de sua vida foi trágico, segundo a tradição rabínica: ele foi serrado ao meio durante o reinado de Manassés.

Antes de ser profeta, Isaías era o cronista que escrevia as histórias reais do rei Uzias: “Quanto ao mais dos atos de Uzias, tanto os primeiros como os derradeiros, o profeta Isaías, filho de Amoz, o escreveu. (2 Cr 26.22). Portanto, esse texto bíblico confirma o fato de ele ter vivido por um longo tempo no palácio real e desfrutado de privilégios reais. Essa informação aponta que o profeta, para ser cronista, era um erudito escritor que provavelmente teve uma formação escolar muito avançada em relação àquela época, demonstrando que o profeta de Deus, nos tempos bíblicos e muito mais hoje, pode perfeitamente conciliar estudos acadêmicos com unção divina, desfazendo a compreensão errônea de que os estudos ou a teologia esfriam a fé e a devoção. O leitor poderá argumentar que esta realidade é do passado, mas a prova de que é presente é o fato de as igrejas pentecostais no Brasil não possuírem universidades (apenas faculdades) e não terem nenhum programa stricto sensu (mestrado e doutorado) para fomentar estudos e pesquisas sobre a teologia pentecostal, sendo esta, em boa parte, dependente das teologias das igrejas históricas, muitas das quais negam a experiência com o Espírito Santo nos moldes das igrejas pentecostais. A absorção de teologias cessacionistas tem ocasionado esfriamento espiritual das igrejas pentecostais na questão da liberdade à operação do Espírito Santo e desvios em relação à compreensão da atuação deste por falta de teologias pentecostais, afastando algumas igrejas desta nova maneira de ser igreja que os pentecostais trouxeram para o mundo evangélico.


4. A missão do profeta

A missão que Isaías recebeu foi bastante difícil, tendo em vista a desobediência e rebeldia que o povo se encontrava. Portanto, num contexto imediato, suas profecias cairiam no vazio da estupidez e surdez de um povo pecador e afastado de Deus (Is 6.9-10), muito embora, num contexto de longo prazo, suas profecias se cumpririam. Deus precisava mostrar para o povo que eles eram rebeldes e que, mesmo ouvindo sua Palavra, não se converteriam. Nesse sentido, Isaías não teve tempo em vida de ver o cumprimento de suas predições, pois, dada a grandeza de suas revelações, elas se cumpririam na história da humanidade em tempos vindouros distantes, tanto as que se referiam a Israel, quanto as que se referiam a toda raça humana. Israel seria levado ao exílio, experimentaria um novo êxodo, um remanescente voltaria para a Terra Prometida, viria um grande rei, um Messias que cumpriria todas as promessas de Deus em relação a Israel, mas este Messias teria que padecer grandes dores para remir o povo escolhido; entretanto, o povo escolhido rejeitaria o Messias, e isso proporcionaria a salvação dos gentios que viviam em densas trevas. Num futuro ainda mais distante, o povo escolhido seria resgatado novamente; então, aí sim, seria estabelecido um reinado perpétuo de paz, prosperidade e justiça na terra que alcançaria todos os povos, tribos, raças e nações. Assim sendo, suas profecias apontam para o dia em que todos os povos da terra, judeus e gentios, estarão sob o reinado do Reino de Cristo.

Todos esses fatos apontam para a grandiosidade das profecias de Isaías e atestam para sua veracidade histórica e profética, contrariando algumas correntes teológicas que tentam tirar do profeta seu caráter preditivo. Quando Deus disse ao profeta que seu chamado causaria surdez - realidade esta que era para Israel - talvez, isso ainda hoje seja verdadeiro para ouvidos céticos.


O livro de Isaías é um dos livros mais instigantes do Antigo Testamento, pois suas profecias e sua mensagem, apesar de serem endereçadas para um povo especifico entre 740 e 701 a.C, são sempre atuais diante da corrupção da humanidade.


II - OBJETIVOS DE ISAÍAS
O profeta Isaías teve muita ousadia em sua atuação pública; suas profecias eram majestosas e repletas de nobreza e beleza poética; por isso, ele é um dos profetas mais lidos e celebrados do Antigo Testamento e também um dos que mais falou a respeito da vinda do Messias. Isso revela a importância que deve ser dada ao mesmo para perceberem-se as implicações que esse profeta tem para os dias atuais. Diante disso, Isaías tem os seguintes objetivos ao escrever:

1. Anunciar o juízo de Deus diante do pecado

Israel e as nações vizinhas estavam em desacordo com os preceitos justos de Deus, ofendendo gravemente a santidade dEle. Porém, era necessário que Deus, diante de sua justiça e misericórdia, fizesse o povo saber com clareza quais eram seus pecados e quais as consequências dessa desobediência.

2. Falar contra a idolatria e a falsa religião

O povo de Israel estava sendo governado por alguns reis que desprezaram. A eles se aliaram alguns sacerdotes cujo compromisso era apenas manterem a religião institucional. Isso se fez refletir numa religiosidade vazia, hipócrita, ritualística e sem sentido espiritual para o povo, levando-os a se desviarem dos caminhos do Senhor.

Além da falsa religiosidade, havia a adoração a ídolos. Embora o ídolo nada seja, pois é fabricado pelo homem (Is 2.8), ninguém se aproxima e o adora sem que seja afetado por ele, mesmo que este não tenha poder para fazer mal ou bem; fica afetado porque é instalada uma cegueira espiritual em seu coração e mente (Is 44.18), de modo que passa a adorar o falso como verdadeiro sem se dar conta do grave erro (Is 44.20) e se toma igual ao ídolo (SI 115.8; Os 9.10) em estultícia e ignorância. O profeta é incisivo ao advertir contra a adoração de ídolos, destacando a necessidade de adorar Jeová, pois somente Ele pode predizer e fazer acontecer (Is 44.7) e é o Senhor da história (Is 40.22-25; 43.14-15). Portanto, ídolo é tudo aquilo que exige uma lealdade que só é devida a Deus.


No Novo Testamento, a idolatria é usada no sentido metafórico, sendo considerado tudo aquilo que ocupa o coração da pessoa, que toma as forças e a primazia, aquilo a que ela se dedica, o lugar para onde a pessoa vai para se satisfazer, ao invés de Cristo ocupar este lugar primeiro. Nesse sentido, pode-se colocar a cobiça (Ef 5.5), as riquezas (Mt 6.21), o poder (Mt 20.25-28), ou qualquer coisa que ocupe o lugar de Deus. A idolatria foi chamada de obra da carne (G1 5.19-20) e deve-se fugir dela (1 Co 10.14).


3. Denunciar a injustiça social

O povo de Deus havia se tomado orgulhoso e egoísta como as demais nações. Isso fez com que os pobres dentre o povo fossem humilhados e explorados pelos ricos e pelos governantes (Is 10.2; 26.6; 32.7; 41.17); mas, em contrapartida, o Deus justo e misericordioso faria justiça ao pobre (Is 11.4), daria alimentação e descanso a eles (Is 14.30), serviria de refugio para eles (Is 25.4) e seria portador de boas notícias (Is 61.1).

Ainda hoje, a voz do profeta ecoa para denunciar esquemas de corrupção, injustiça e infidelidade nas várias esferas sociais (política, econômica e religiosa), advertindo que Deus está atento e sempre virá em socorro dos desvalidos, desamparados, injustiçados e marginalizados.


4. Anunciar a vinda do Messias

Esse é o objetivo mais importante de Isaías, porque diante da desobediência, aliada ao fato de que as pessoas não conseguiam encontrar o caminho certo para Deus, a única solução possível seria a vinda do Messias que, através do seu sofrimento, faria com que o povo se voltasse para Deus, “porque as iniquidades deles levará sobre si.” (Is 53.11). A vinda do Messias aponta para o caráter misericordioso e redentor de Deus, mesmo Israel sendo um povo rebelde. Por mais de dez vezes, o profeta aponta para Jeová como o Redentor. O autor cita pelo menos dezessete profecias que se referem ao Messias vindouro.

O profeta Isaías teve um ministério ousado e corajoso em meio ao contexto político, social e religioso em que vivia. Entregou-se a Deus para enfrentar a dura missão de ser mensageiro da justiça, do julgamento do pecado e do anúncio da esperança messiânica ao seu povo.



III - CONTEÚDO DE ISAÍAS
De modo geral, os conteúdos proféticos bíblicos apresentam as seguintes temáticas, que também estão presentes em Isaías:
(1) profecia como instrução e orientação ao povo;
(2) discernimento e interpretação de fatores sociais, econômicos, políticos e religiosos, presentes ou iminentes;
(3) acusação, condenação e juízo; e
(4) esperança e promessa de restauração com base nas alianças e na misericórdia de Deus.

Isaías é veemente contra a corrupção, a aliança política duvidosa, a idolatria, os excessos, a opulência, a ostentação, o orgulho, a opressão e toda sorte de injustiças. Levanta-se contra reis, autoridades, juízes, políticos, comerciantes, agricultores poderosos e toda sorte de exploradores do povo, sempre em defesa dos mais fracos, dos pobres, das crianças e das viúvas. Algumas profecias de Isaías são breves e frequentemente mudam a temática abordada (entre os capítulos 4 e 5, por exemplo), enquanto outras são densas e exploram exaustivamente o assunto (capítulos 52 e 53).


Os conteúdos de Isaías são bastante citados no Novo Testamento, especialmente os capítulos 40 a 55. Certamente isso ocorre porque esse bloco de profecias aponta para o Servo Sofredor, Cristo, aparecendo 21 vezes a palavra ‘ebed (servidor, servo), que algumas vezes se referem ao povo de Deus, mas que, na maioria das vezes, fazem referência ao Messias, que deu sua vida para salvar a humanidade. Nesse mesmo bloco de profecias, são encontrados os quatro cânticos do Servo do Senhor (42.1-4; 49.1-6; 50.4-9; 52.13-53.12).


1. Conteúdo social, político e religioso

No aspecto exposto neste item, podemos dividir sua mensagem em duas grandes partes: social e política. Todas elas, porém, são permeadas pelo conteúdo religioso. Assim, no primeiro período de suas profecias, sua preocupação é mais social que religiosa, fazendo coro ao profeta Amós do Reino do Norte, tecendo críticas à classe dominante pela opulência, vaidade e luxo estonteante que os levam a cometer injustiças, embora professem suas crenças e suas atitudes em nome da religião. Isaías apela para o terrível “Dia do Senhor”, no qual Ele visitará toda maldade social, política e religiosa, caso o povo não aceite o convite do profeta para o arrependimento: “Cessai de praticar o mal aprendei a fazer o bem.” (Is 1.17).

Na questão político-religiosa, Isaías evoca as promessas davídicas as quais Deus jurou que cumpriria, não apenas com respeito à dinastia de Davi, mas também em relação à Jerusalém como cidade escolhida. Neste sentido, o profeta tem esperança de que Deus, ao final, salvaria seu povo. Mesmo assim, ele denuncia os pecados destes, especialmente a falta de fé e confiança, demonstradas quando são feitos conchavos políticos, alianças com nações pagãs e confiança em exércitos estrangeiros, ao invés de confiarem unicamente em Deus e em sua salvação. A grande esperança que garante a salvação em Isaías é o Messias davídico que implantará a paz, a justiça e o direito perpetuamente.


2. O Deus de Isaías

O profeta descreve o caráter de Deus (Javé) de maneira brilhante, chamando-o de Santo de Israel 25 vezes; Ele é o Salvador, relacionando essa palavra à redenção e livramento, pois seria sem sentido apregoar justiça e juízo sem prover um grande livramento no final; Ele é o Redentor e o Único e Supremo Governante, em contraste com outros deuses que nada são (Is 37.19); é Ele quem carrega e cuida do seu povo (Is 46.1-9) e faz novos céus e nova terra (Is 65.17; 66.22).

3. O Espírito de Deus

Isaías é o profeta que mais fala sobre o Espírito de Deus, mais que qualquer outro profeta do Antigo Testamento. A referência mais importante é quando ele afirma que o Espírito do Senhor (Javé) repousará sobre o “rebento de Jessé” (Cristo) com “o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.” (Is 11.1-2). Há promessa de um derramamento tal do Espírito que “o deserto se tomará em campo fértil” (Is 32.15) e a Palavra do Senhor não se desviará dos convertidos nem de seus filhos (Is 59.20-21); o Espírito sobre Cristo “trará justiça às nações” (Is 42.1) e o “ungiu para pregar boas-novas aos mansos”, “restaurar os contritos de coração”, “proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos” (Is 61.1); e o Espírito do Senhor trará descanso ao seu povo (Is 63.14).

4. O Messias

O profeta afirma que Jesus, o Messias, é o verdadeiro herdeiro do trono de Davi (Is 9.7; cf. Lc 1.32-33) e Ele manifestará seu papel como Messias ao realizar milagres (Is 29.18; 35.5-6; cf. Mt 11.3-5; Lc 7.22). Ele também estabelecerá a Nova Aliança (Is 55.3-4; cf. Lc 22.20) e um dia estabelecerá um Reino Messiânico, reinará e será adorado (Is 9.7; 66.22-23; cf. Lc 1.32-33; 22.18,29-30; Jo 18.36).

5. A Escatologia e a glória do Reino futuro

Isaías é um livro escatológico, pois aponta para várias características somente possíveis no Reino messiânico, onde o descendente de Davi se assentará perpetuamente no trono. A glória do Senhor invadirá toda terra (Is 62.2), toda a terra desejará ver essa glória (Is 66.18-19), e a glória do Senhor será manifestada em todo o seu povo (Is 61.3). Essa glória futura será um evento escatológico ainda por acontecer, mas também já é presente através do Reino de Deus que já está entre nós pela obra redentora de Cristo, tendo como um dos seus sinais a Igreja de Cristo e todas as iniciativas que manifestam a glória de Deus através da luta pela justiça, equidade e paz. Se investirmos tempo em nossa comunhão com Deus e nosso relacionamento com nosso próximo, servindo-o em amor, teremos a oportunidade de viver um pouco, enquanto ainda estivermos na terra, do que será a glória futura.

6. Esboço do conteúdo do livro de Isaías

O livro de Isaías, como já mencionado anteriormente, é composto por coleções de escritos, como a maioria dos livros proféticos. Portanto, são profecias registradas durante um período de tempo e agrupadas conforme um determinado assunto, ou ainda, demonstram um amadurecimento do próprio profeta ao escrever. Assim, do capítulo 1 ao 39, o enfoque de Isaías é o juízo divino sobre Judá e Jerusalém e sobre as nações vizinhas através da Assíria, especialmente os capítulos 13 ao 23 que tratam exclusivamente das nações pagãs. Na segunda e terceira metade do livro, do capítulo 40 ao 55 e do capítulo 56 ao 66, respectivamente, Isaías se volta para a salvação do povo, depois da punição pelo pecado ao retornarem do cativeiro babilônico. Ele escreve sobre a glória futura do povo de Deus através do Servo do Senhor, que é Cristo, que salvará seu povo através de seu próprio padecimento e triunfo.

Segue adiante um esboço de Isaías:

I. Profecias de repreensão e promessas (1.1-6.13);
II. Primeira coleção de profecias sobre o Messias (7.1-12.6);
III. Profecias contra as nações estrangeiras (13.1-23.18);
IV. Primeira coleção de julgamento e promessa (24.1-27.13);
V. Profecias e ais contra os infiéis de Israel (28.1-33.24);
VI. Segunda coleção de julgamento e promessa (34.1-35.10);
VII. Conteúdo histórico: Ezequias (36.1-39.8).
VIII. Segunda coleção de profecias sobre o Messias: anúncio da paz (40.1-55.13):

a) Prólogo sobre a grandeza e o cuidado do Senhor (40.1-31);

b) A libertação da Babilônia e retomo à Terra Prometida (41.1 -48.22);
c) O Servo Sofredor e o projeto de reconstrução de Jerusalém (49.1-53.12);
d) O consolo do Príncipe da Paz (54.1-55.5);
e) Epílogo de exortação e consolo na Palavra do Senhor (55.6-13).
IX. Profecias diversas: apesar da depravação e do sofrimento, a esperança do Reino é anunciada com glória (56.1-66.24):

a) Graça para os gentios e iniquidade e perdão de Israel (56.1-57.21);

b) Depravação de Israel e restauração na intervenção divina (58 1-60.22);
c) Promessas de libertação e a grandiosidade do Reino (61.1-66.24).

Na mensagem de Isaías, Deus manifesta sua graça ao povo. Os pecados já estavam sentenciados, todos mereciam o julgamento definitivo de Deus, mas ainda assim, o anúncio de julgamento é seguido de uma mensagem de esperança.



Fonte:
Lições Bíblicas - Isaías - Eis-me aqui, envia-me a mim. 3º.trim_2016 CPAD - Comentarista Clayton Ivan Pommerening
Livro de Apoio - Isaías - Eis-me aqui, envia-me a mim. 3º.trim_2016 CPAD - Comentarista Clayton Ivan Pommerening
Comentário Bíblico Beacon - CPAD
Comentário Bíblico - Matthew Henry - CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Bíblico Wycliffe

Sugestão de leitura:

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