CORINTO - uma cidade e antigo município da Grécia.
CORINTO Capital da província romana da Acaia.
1. Topografia.
A cidade era uma das mais estrategicamente localizadas do mundo antigo. Estava situada em um planalto que contemplava o istmo de Corinto, cerca de 3 km do Golfo. Assentada aos pés do Acro corinto, uma acrópole que se ergue precipitadamente a quase 600 m de altitude, tão fácil de defender que era chamada de um dos '‘grilhões da Grécia”. Era uma fortaleza tão impenetrável que só foi tomada à força depois da invenção da pólvora. Corinto comandava todas as rotas terrestres da Grécia central para o Peloponeso (uma extensa península) ao longo do istmo.
Havia bons portos em ambos os lados do istmo: Cencréia no Golfo Sarônico ao leste e o Lichaeum no Golfo de Corinto ao Oeste. Uma moeda do imperador Adriano representava os portos mediante duas ninfas, olhando em direções opostas com um leme entre eles.
Nos tempos antigos os navios eram arrastados através do istmo sobre cilindros, para evitar a longa e perigosa passagem em tomo do Cabo Malea na extremidade sul do Peloponeso. Periander o tirano (c. 625-585 a.C.) planejou abrir um canal no istmo, e o Imperador Nero começou de fato este projeto, mas um canal só foi completado em 1893.
2. História.
Os primeiros habitantes de Corinto foram colonizadores do período neolítico e da Antiga Idade do Bronze, que parecem ter se mudado para um local mais próximo à costa, em Koraku, próximo a Lichaeum. Por volta da Nova Idade do Bronze, Koraku era uma colônia próspera em comparação com o local clássico de Corinto, nesta mesma época. E suposto, portanto, que a “Corinto abastada” da Ilíada (Livros 2 e 13) era Koraku, também chamada de Efira no livro 6. Evidências arqueológicas indicam que a colonização na Idade do Bronze foi abandonada pelos dórios em favor do local clássico.
A próspera cidade-estado de Corinto surgiu no 82 séc. a.C. Ganhou controle sobre o istmo e o sul de Megara. Colonos foram enviados para Corcira, Itaca e Siracusa. A expansão da cidade foi liderada pelo clã dos Baquíades. Durante este período, uma escola de poesia liderada por Eumelus se desenvolveu e o estilo Proto-Corinto de olaria apareceu, o qual foi muito influenciado pelo contato com o Oriente. Os Baquíades foram derrotados pelo tirano Cipselo (c. 657), cuja linhagem reinou até 582 a.C. Durante este período, Corinto alcançou o auge de sua prosperidade e poder. Periandro, o último e o maior dos tiranos, construiu um corredor de pedras (Síoakoç) através do istmo para a transferência de navios e carga. Navios coríntios navegavam tanto para o Oriente quanto para o Ocidente carregados com as lindas mercadorias produzidas na cidade.
No início do 52 séc. a.C. o mercantilismo e imperialismo ateniense levaram Corinto ao declínio. As duas competiam pela influência sobre Samos, em Megara e ao longo do Golfo de Corinto. Uma disputa pela conquista de Corcira e Potidéia levou à deflagração da Guerra do Peloponeso em 431 a.C., que foi desastrosa para ambas. No início do 4º século a cidade se aliou a várias forças mais poderosas. Aliou-se com Atenas, Argos e Beócia contra Esparta. Logo em seguida (395-385 a.C.) foi estabelecido um governo democrático de pouca duração, substituído depois por uma oligarquia. Depois da batalha de Queronéia (338 a.C.) Corinto perdeu sua independência. Filipe II da Macedônia guarneceu o Acro corinto e fez da cidade o centro de sua liga helénica.
No período helenístico Corinto era um centro industrial, comercial e de prazer. Tomou-se membro e, por um tempo, a principal cidade da Liga Aqueana, no período entre a morte de Alexandre e o surgimento da influência romana na Grécia. Depois de uma breve campanha que resultou na conquista da Grécia em 196 a.C., Corinto foi declarada pelos romanos uma cidade livre. Entretanto, logo os romanos foram forçados a restringir a influência de Corinto e da liga, e a cidade foi completamente destruída por Múmio em 146 a.C.
Corinto ficou em ruínas por cem anos, até o decreto de Júlio César em 46 a.C. que dizia que deveria ser reconstruída. Uma colônia romana foi fundada no local, a qual mais tarde se tomou a capital da província da Acaia. Sua população era formada de gregos locais, orientais incluindo um grande número de judeus, homens livres da Itália, oficiais do governo de Roma e comerciantes. A cidade se tornou um lugar favorito dos imperadores romanos. Nero exibiu sua extraordinária habilidade artística nos jogos istmianos e, em um momento de exuberância, declarou a cidade livre. Ele próprio, Vespasiano e Adriano foram patronos da cidade e fizeram de Corinto a cidade mais bela da Grécia. Pausanias, o viajante e geógrafo grego, visitou Corinto no 2º século d.C. e fez uma descrição concisa dos monumentos da cidade imperial.
A cidade romana foi destruída por hordas góticas no 3 e 4º séculos. Sua destruição pelos godos, em 521 d.C., levou Procópio a comentar que Deus estava abandonando o império romano. A cidade foi fundada novamente pelo imperador Justiniano e mantida na Idade Média pelos normandos, venezianos e turcos. O antigo local foi abandonado em 1858 devido a um forte terremoto. A nova cidade foi construída perto do golfo e mais para o leste.
Nos tempos romanos, a cidade era notória como lugar de prosperidade e indulgência. “Viver como um coríntio” significava viver em luxúria e imoralidade. Sendo um porto marítimo, Corinto era o local de encontro de todas as nacionalidades e oferecia todos os tipos de vícios. O templo de Afrodite no Acrocorinto era único na Grécia. Suas sacerdotisas eram mais de mil hierodouloi, “escravas sagradas”, que se ocupavam na prostituição. Sua riqueza vinha de seu movimento comercial por mar e por terra, sua cerâmica e indústrias de metal, e sua importância política como a capital da Acaia. Em seu apogeu, provavelmente atingiu uma população de 200.000 homens livres e 500.000 escravos.
Importância Bíblica.
A Igreja Coríntia.
Existem três itens de interesse arqueológico que se relacionam ao relato de Atos acerca da visita de Paulo a Corinto. O tribunal romano, para o qual ele foi arrastado (At 18.12) pela multidão, para comparecer diante de Gálio, foi descoberto no centro do Ágora. Era uma plataforma alta apoiada por dois degraus, revestida com mármore azul e branco. Dos lados havia recintos com assentos e, mais adiante, corredores que levavam da porção inferior à superior do ágora. Esta construção é perfeitamente coerente com a concepção romana de um rostro, uma plataforma para oratória pública.
Ao sul do teatro há uma área grande e pavimentada, datada da metade do 12 séc. d.C. Em uma das pedras do calçamento está a inscrição Eratus,pro aedilitate sua pecunia stravit, “Erasto, em troca pelo título de édilo, colocou [o pavimento] responsabilizando-se por seus custos.” Paulo, escrevendo de Corinto, mencionou em sua epístola aos Romanos (16.23) um Erasto, a quem ele descreveu como “tesoureiro” ou “administrador da cidade”. Embora exista alguma dúvida se esse nome é um equivalente próprio de edil, comumente em grego, em geral se afirma que este é o mesmo Erasto, um convertido ou amigo do apóstolo.
"Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro, e de toda a igreja. Saúda-vos Erasto, procurador da cidade, e também o irmão Quarto." Romanos 16:23
Uma inscrição encontrada perto do pórtico diz; identificada como Zdvcc Ycoyn Epp aícov, [“sinagoga dos hebreus”]. Provavelmente era o bloco da verga da porta de um prédio próximo. Embora a inscrição seja em geral datada no 3º séc. d.C., ela atesta a existência de uma comunidade judaica em Corinto.
O apóstolo Paulo visitou Corinto, pela primeira vez, em sua segunda viagem missionária (Atos 18). Ele havia acabado de chegar de Atenas, onde fora miseravelmente recebido. Posteriormente ele disse que começou seu trabalho em Corinto em fraqueza, medo e temor. Pretendia permanecer apenas por um curto período de tempo, antes de retomar a Tessalônica, mas o Senhor falou com ele numa visão durante a noite (At 18.9,10; 1Ts 2.17,18). Paulo pregou na cidade por um ano e meio. Por um tempo ele residiu na casa de Aquila e Priscila, judeus que haviam recentemente sido expulsos de Roma pelo imperador Cláudio. Assim como Paulo, os dois eram fabricantes de tendas e Paulo trabalhou com eles durante sua estada na cidade, para que seus motivos como pregador não fossem contestados. Logo depois de sua chegada, Silas e Timóteo se juntaram a ele, vindos da Macedônia.
Paulo pregou na sinagoga todos os sábados, até que uma forte oposição surgiu entre os judeus.
Ele então se voltou para os gentios e ficou na casa de Tício Justo, um gentio adepto do Judaísmo, que morava ao lado da sinagoga. Paulo fez vários convertidos durante sua estada, dentre eles Crispo, o administrador da sinagoga.
Em certo momento, uma multidão de judeus arrastou Paulo diante do procônsul romano da Acaia, L. Junius Gálio. O vencimento de seu mandato era para o ano 51-52 ou 52-53, de acordo com uma inscrição encontrada em Delfi, em 1908 (SIG II3.801). Gálio ouviu as acusações no tribunal, mas se recusou a julgar assuntos concernentes à lei judaica. Mesmo quando a multidão libertou Paulo e começou a espancar Sóstenes, o administrador da sinagoga, ele não se envolveu (At 18.12-17). Esta opinião, dada por um oficial romano altamente respeitado, de que a pregação de Paulo não era contrária à lei romana, sem dúvida deu a ele uma compreensão da proteção que Roma lhe daria ao pregar o evangelho. O relato da primeira visita de Paulo a Corinto é encerrado com a observação de que ele partiu, algum tempo depois deste incidente, para Jerusalém e Antioquia via Éfeso.
Paulo escreveu as epístolas aos Tessalonicenses durante sua estada em Corinto. Tão logo chegou na cidade, Silas e Timóteo se uniram a ele. As notícias que Timóteo trouxe da Macedônia levaram Paulo a escrever a primeira epístola aos Tessalonicenses. A segunda epístola foi escrita provavelmente logo após a primeira ter sido recebida.
O livro de Atos conta muito pouco sobre a história do começo da Igreja em Corinto, mas alguns poucos detalhes adicionais podem ser derivados das epístolas aos Coríntios. Apolo, um convertido de Áquila e Priscila enquanto eles estavam em Éfeso, foi enviado com uma carta de recomendação e exerceu um grande papel na igreja, embora às vezes involuntariamente, tenha sido causa de divisões (At 18.27—19.11; 1Co 1.12). As evidências indicam que Paulo pretendia visitar a igreja novamente, em sua terceira viagem missionária (2Co 12.14; 13.1).
Enquanto estava em Éfeso, Paulo enviou uma carta para Corinto, que não foi preservada (1Co 5.9). A resposta da igreja, que pedia conselho acerca de problemas que estava enfrentando, e um relatório oral que indicava que a igreja estava muito mal, levou o apóstolo a escrever a primeira epístola aos Coríntios. Esta foi provavelmente levada para Corinto por Tito (2Co 7.13) ou por Timóteo (1Co 4.17), porque ambos haviam visitado a igreja nesta época. Depois da partida apressada de Paulo de Éfeso, ele foi para Trôade com a esperança de encontrar Tito com novidades acerca de Corinto. Sua expectativa foi frustrada, mas ele o encontrou mais tarde na Macedônia. Quando ele recebeu o relato sobre o reavivamento na igreja, Paulo escreveu sua segunda epístola da Macedônia. Depois disso, ele passou três meses na Acaia, grande parte, sem dúvida, em Corinto (At 20.2,3). Enquanto estava lá, arrecadou uma oferta para os santos pobres de Jerusalém, para a qual a Igreja de Corinto também deve ter contribuído, e de onde ele provavelmente escreveu a epístola aos Romanos (Rm 16.23).
A Igreja em Corinto reaparece na história literária ao final do 12º séc. d.C.; por volta do ano 97 Clemente de Roma escreveu uma carta, que ainda sobrevive, à igreja. Esta revela que a igreja ainda era afligida por muitos dos mesmos problemas sobre os quais Paulo escreveu. [1]
Quanto aos aspectos não-físicos de Corinto, deve ser observado que uma grande parte da população era muito inconstante (navegadores, negociantes, oficiais do governo,) e estavam, portanto, excluídos dos habitantes da sociedade estabelecida. Para tornar as coisas piores, a prostituição religiosa era comumente praticada em conexão com os templos da cidade. Por exemplo, (como exposto acima) de acordo com Strabo, 1000 sacerdotisas ou jovens escravas do Templo de Afrodite, na acrópole, eram empregadas na prostituição religiosa. Uma inscrição revela que estas possuíam seus próprios assentos no teatro a noroeste da Ágora. A partir da mobilidade social e dos males das práticas religiosas ali, surgiu uma corrupção geral da sociedade. A péssima "moral de Corinto" se tornou um provérbio pejorativo até mesmo no mundo romano pagão. Não é de se admirar que Paulo tivesse tanto a dizer sobre a santidade do corpo em sua primeira carta aos coríntios. Perto de Corinto, os jogos ístmicos ocorriam a cada dois anos em homenagem a Posêidon, deus do mar. Eventos atléticos incluíam corridas a pé, corridas com carros puxados por dois cavalos, o pentatlo (salto, corrida, luta livre, lançamento de disco e lançamento de dardo) e o pancratium (uma combinação de boxe e luta livre). A coroa de vitória parece ter sido um aipo selvagem seco durante o século I d. C, realmente uma coroa corruptível (1 Co 9.25). [2]
ISTMO = é uma porção de terra estreita cercada por água em dois lados e que conecta duas grandes extensões de terra.
ÁGORA = é um termo grego que significa a reunião de qualquer natureza, geralmente empregada por Homero como uma reunião geral de pessoas. A ágora parece ter sido uma parte essencial da constituição dos primeiros estados gregos.
Fonte:
[1]MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol.1
[2]PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD
Bíblia de Estudo Pentecostal / Bíblia Defesa da Fé
Sugestão de leitura:
Aqui eu Aprendi!
belíssimas informações!
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