“Quanto, porém, ao amor fraternal, não
necessitais de que vos escreva, visto que vós mesmos estais instruídos por Deus
que vos ameis uns aos outros” 1Ts 4.9
“(1Ts 4.9). Paulo agora faz a mudança dos
discursos específicos nos quais considerou a pureza sexual, para a chamada
geral ao exercício e ao crescimento no ‘amor [ou caridade] fraternal’. [...] O
ponto principal da mensagem do apóstolo, é que a comunidade cristã deve ser
caracterizada pela lealdade e pelo profundo cuidado que imita o nível do
comprometimento de Deus para com eles (Jo 13.34,35). A extensão da discórdia ou
da divisão que existiu na igreja em Tessalônica não foi em grande escala.
Alguns, mais provavelmente uma pequena minoria, estavam ameaçando a harmonia
por serem preguiçosos (1Ts 4.11,12; 5.14; 2Ts 3.10) e intrometidos (2Tm 3.11).
Porém, a igreja como um todo foi caracterizada pelo amor. Paulo conhece a
dinâmica dos relacionamentos, e sabe que a menos que se prestasse uma cuidadosa
atenção à harmonia, a igreja estaria a um passo de um conflito generalizado.
Coerentemente, incentiva os santos a se dedicarem intensamente à instrução em
que foram encaminhados, na qual estavam bastante adiantados.
Paulo diz não haver necessidade de escrever aos
tessalonicenses sobre a importância do amor fraterno e está confiante de que pode
manter a discussão em um nível mínimo” (ARRINGTON, F.L. e STRONSTAD, Roger
(Ed). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2006, pp.1390,1391).
Não existe adoração num coração dominado pelo
ódio, muito menos espiritualidade sadia numa vida envolvida com desonestidade.
Texto Bíblico - 1 Tessalonicenses 4.9-12
INTRODUÇÃO
Nunca foi tão urgente a presença de uma
comunidade de pessoas que espelhe o caráter de Deus como nos dias atuais.
Nacionalmente vivemos em tempos de muita
violência. No campo sócio-político, nunca a corrupção esteve em tamanha
evidência; e não são apenas as figuras públicas que se revelam decadentemente
desonestas, mas em cada segmento social nos vemos decepcionados por escândalos.
Em Tessalônica, guardadas as devidas proporções, não era muito diferente; por
isso Paulo preocupa-se em orientar amorosamente aquela comunidade. Aprendamos
com o apóstolo e seu cuidado pastoral.
1. É o Senhor quem nos ensina a amar.
Há
em 1 Tessalonicenses, uma elogiosa menção de Paulo à postura amorosa daqueles
irmãos. Se havia uma série de prescrições, observações, recomendações que
deveriam ser feitas, em torno de várias áreas a respeito do amor fraternal, todavia,
os crentes em Tessalônica não necessitavam de orientação alguma (1Ts 4.9). Amar
não é algo que aprendemos por meio de métodos humanos, cursos de cura interior
ou livros. O amor para com o próximo desenvolve-se em nós a partir do momento
em que mantemos uma relação de adoração com o Pai. É impossível amar a Deus e
odiar qualquer pessoa que seja, especialmente um irmão (1Jo 4.20). Não amamos
os outros por seus atos de bondade ou por aquilo que merecem, mas porque
usufruímos do amor do Pai, podemos transmiti-lo a todos os que precisam (Lc
6.27-36). É com o SENHOR que aprendemos a amar (Jo 15.12-17).
2. O poder de expansão do amor.
Aquilo que
as pessoas denominam como amor, mas não consegue ser expandido, compartilhado,
transmitido a outros, não é amor. Na verdade não passa de narcisismo, ou como a
Bíblia chama, “amor a si mesmo” (2Tm 3.2); este sentimento é perigosíssimo e
capaz de destruir não apenas a espiritualidade do indivíduo narcisista, mas
também daqueles que estão em seu convívio (1Co 12.25-27). A vivência do amor é
contagiante; aquele que foi alcançado pela boa semente do Evangelho não
consegue esconder sua alegria, nem os frutos dessa transformadora experiência,
há vários exemplos bíblicos: a Samaritana (Jo 4.28-30), Levi (Lc 5.27-32) e
Paulo (At 9.19-31). Numa sociedade dominada por todos os tipos e níveis de ódio
(discurso de ódio, ódio étnico-cultural, ódio religioso), cabe-nos acreditar
que somente por meio de uma vivência inspiradora de amor podemos colaborar para
a mudança de nossa sociedade (Tt 3.3-5).
3. O amor: uma medida que sempre deve aumentar.
A
medida do amor nunca deve ser para menos, sempre para mais. O amor é uma dívida
impagável que não temos apenas para com Deus, mas também com o próximo (Rm
13.8). Fica bem claro na parábola do credor incompassivo que o benefício do
perdão e do amor incondicional que nos alcança nos torna, de igual modo,
misericordiosos e perdoadores (Mt 18.23-35). Não devemos ter medo de perder o
amor de Deus; na verdade, quem não ama seu irmão, de fato nunca vivenciou o
privilégio de ser amado pelo Senhor (1Jo 2.9-11).
Ponto Importante
Amar é uma atitude que deve transcender o
indivíduo e impulsioná-lo para um relacionamento de comunhão com o Pai e com o
outro.
1. Um estilo de vida modesto.
Há em nossa
sociedade um conjunto de ideais “adoecedores”: sucesso financeiro a todo custo,
reconhecimento público ainda que por meio de escândalos ou vida promíscua,
ambição desmedida pelo poder, etc. Infelizmente as pessoas desejam o padrão de
vida das celebridades (festas glamorosas, holofotes, likes, views),
isto é, uma existência de exterioridades, futilidades e banalidades. Sobre
isso, a partir das características daquele contexto histórico, Paulo exorta os
irmãos em Tessalônica a viverem uma vida simples, desapegada de desejos não
edificantes, de modo “quieto” (1Ts 4.11), o que significa focar no que é
essencial, sem preocupar-se com as novidades e tendências da sociedade à nossa
volta. Nós temos um padrão diferente daquele implementado pelos conceitos
mundanos (Fp 2.15). Não vivemos para nós mesmos, mas para Deus (Rm 14.8).
2. Trabalhar nunca deve ser um fardo.
Paulo
é o mais enfático, entre os escritores sagrados sobre a necessidade de
reconhecer o ofício humano como uma atividade, muitas vezes, imprescindível
àquele que trabalha na obra de Deus (2Co 12.13-18; 2Ts 3.8-12). Trabalhar não
deve ser algo pesaroso a ninguém. Deus fez-nos para o cumprimento de
responsabilidades (Gn 1.26), ou seja, para através do nosso trabalho glorificar
o seu santo nome. Não fomos criados para a preguiça (Pv 13.4; 21.25). Desta
forma, é espantoso pensar na quantidade de indivíduos que, sob a desculpa de
estar “trabalhando para Deus”, não se ocupam de coisa alguma na verdade, senão
de explorar financeiramente a fé alheia (At 20.29,30; 1Tm 6.10). Foi para um
ministério de vida íntegra que Deus nos vocacionou. É claro que o próprio Paulo
precisou de apoio financeiro em determinado momento de sua trajetória, mas isso
foi a exceção do caso, nunca a regra.
3. O jovem, a vocação e a profissão.
Não
devemos analisar a relação entre vocação e profissão como algo dicotômico, mas
como sincrônico. Não existe oposição entre chamada ministerial e
desenvolvimento profissional; o Deus que vocaciona missionários é o mesmo que
abre a porta da universidade para que a missão seja sempre integral, nunca
parcial. O cuidado com a formação de novos obreiros não nos isenta da
responsabilidade de ajudar tais pessoas a serem capazes de realizarem-se
profissionalmente. Tudo o que há em nossa vida, analisado em conjunto, deve ser
para a glória de Deus. Enquanto você não consegue discernir seu ministério,
continue estudando e trabalhando; se suas dúvidas são quanto ao que fazer no
mercado de trabalho, continue orando e servindo no Reino. E se você já faz as
duas coisas, não se preocupe, Deus está contigo, por isso, o trabalho não vai
roubar tempo da obra, nem a obra de Deus do trabalho.
1. Honestidade como referencial de testemunho.
O
cuidado de Paulo para com os irmãos em Tessalônica o leva a exortá-los a terem
uma vida honesta entre os que ainda não professavam a fé (1Ts 4.12). De nada
adianta um comportamento religioso exemplar dentro da igreja, se na vida
cotidiana a luz de Cristo não brilha em nossos relacionamentos.
2. Colaboradores e não parasitas sociais.
O
final do versículo 12 termina com uma advertência a respeito da necessidade de
viver a partir do fruto do próprio trabalho, nunca em virtude da exploração da
caridade de um outro. Em um país como o nosso, de enormes abismos sociais,
políticas para efetivação de direitos básicos são necessárias; contudo, ninguém
deve tornar-se uma sanguessuga social. Somos chamados para fazer a diferença
nessa sociedade.
3. O jovem cristão e a geração “nem-nem”.
A
sociedade brasileira passa por uma profunda crise, a ponto de aparecerem na
atualidade, sintomas novos da velha doença que é o pecado estrutural, que se
engendra em nossa nação. O novo sintoma da falência da sociedade brasileira tem
repercussão entre os jovens, é exagerado o número de pessoas entre 18 e 25 anos
que nem trabalham, nem estudam. É nessa ambiência conturbada que o jovem
cristão deve lançar suas ansiedades sobre o Senhor (1Pe 5.7) e procurar fazer o
seu melhor, nunca acomodando-se, especialmente em situações adversas.
CONCLUSÃO
Nossa vocação é para uma vida piedosa,
fundamentada em amor e buscando os ideais de justiça e paz. O zelo pastoral de
Paulo com os tessalonicenses o levou a um conjunto de orientações que são
preciosas ainda hoje para nós, igreja contemporânea. Não nos acomodemos com o
mal que se desenvolve em nossa sociedade, sejamos dedicados na promoção do bem.
SUBSÍDIO
“O conteúdo da ética cristã está na vontade de
Deus, que deve ser feita com amor, ou seja, ‘a fé que opera por caridade [ou
amor]’ (G1 5.6). Todo o comportamento de Cristo estava centrado em seu objetivo
de servir e de dar sua vida como um resgate (Mt 20.28). Este era seu padrão
para os seus seguidores (20.25-27). Paulo o aceitou. Também o fizeram os
cristãos tessalonicenses. Eles tinham visto em Paulo o exemplo (‘selo’) de
Cristo que lhes deu significado e entendimento. Eles tomaram esse exemplo para
suas próprias vidas, incluindo a aflição (thlipsis, ‘pressão, tribulação’).
Nesse contexto da ética cristã, em meio ao sofrimento, imitando a vida de Jesus
e a conduta de Paulo, aqueles crentes coletivamente e espontaneamente
compartilharam um testemunho dinamicamente significativo de Cristo pela
Macedônia e pela Acaia. O exemplo cristão, encontrado primeiramente em Jesus e
em Paulo resulta no tipo de conduta fiel que efetivamente dá testemunho por
meio do corpo combinado da igreja em qualquer outra área, fortalece o
testemunho dos cristãos e possibilita que o comportamento dos obreiros (pastores
e outros) inspire o rebanho a segui-los. O testemunho cristão bem-sucedido está
centrado no exemplo” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª Edição. RJ: CPAD,
2007. pp.729, 730).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil
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