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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Billy Graham - 10 Lições de vida

10 lições de vida e ministério que Billy Graham ensinou

Billy Graham pregou o Evangelho a mais pessoas do que qualquer outro pregador na história, e sua dedicação ao cumprimento da Grande Comissão ordenada por Jesus deixou grandes lições de vida.

O Dr. David Shibley – fundador do ministério Global Advance, que se dedica ao treinamento de novas lideranças ao redor do mundo – comentou a morte do evangelista lembrando que “agora ele está em casa com o Senhor que ele serviu tão fielmente”.

“Que entrada grandiosa no céu ele deve ter recebido! Imagine sua ‘linha de recebimento’ de milhões de pessoas que estão no céu por causa de seu ministério. A Igreja em todo o mundo agradece o imenso impacto da vida de Graham no avanço do Evangelho aqui e ao redor do mundo. Seu legado viverá até Cristo retornar. Billy Graham modelou para nós muitas lições de vida cruciais”, pontuou.

O teólogo, pastor e escritor Joseph Mattera também salientou os ensinamentos do veterano evangelista: “Verdadeiramente Deus abençoou este homem com uma vida longa e frutífera! Tendo lido sua autobiografia várias vezes, bem como outros livros sobre ele, além do fato de ter servido como vice-presidente da última cruzada de Billy Graham na Nova York na década de 2000, tive a oportunidade de observar como ele trabalhava”, contextualizou.

“De muitas maneiras, Billy era o equivalente protestante a um papa – uma pessoa com grande influência entre uma seção transversal de líderes evangélicos e denominações diversas. Seu ministério teve um amplo alcance e apelou a públicos cristãos conservadores, moderados e até mesmo liberais”, opinou Mattera em seu artigo para o portal pentecostal Charisma News.

Confira, abaixo, 10 lições de vida ensinadas por Billy Graham e destacadas por Shibley e Mattera:

Integridade
“Quando Deus me chamou para pregar o Evangelho […] o modelo para a integridade do ministério era Billy Graham. Cinco décadas depois, ele ainda é o modelo. A sua integridade permaneceu em vigor desde que chegou à proeminência nacional em 1949. Agora, essa é a fidelidade de longo prazo. No início de seu ministério, o Sr. Graham e seus associados assinaram o ‘Manifesto Modesto’, que impõe salvaguardas voluntariamente sobre dinheiro, sexo e veracidade. Mais tarde, ele seria decisivo na formação do Conselho Evangélico de Responsabilidade Financeira, do qual a Global Advance é membro”, pontuou Shibley.

Simplicidade
“Billy viveu uma vida de simplicidade – e evitou o estilo de vida luxuoso que alguns de seus pares viveram – apesar do fato de seu ministério ter trazido centenas de milhões de dólares. Ele tinha uma casa modesta, um modesto salário e vivia uma vida modesta, apesar de seu significado e status de celebridade”, salientou Mattera.

Comprometimento com a Bíblia
“Enquanto ainda era um jovem pregador, o Sr. Graham decidiu levar Deus em Sua Palavra e confiar na veracidade das Escrituras. Uma vez contei o número de vezes que o Sr. Graham citou um texto bíblico, completa ou parcialmente, em uma única mensagem. Naquele sermão em particular, o Sr. Graham citou a Bíblia sessenta e nove vezes. Billy Graham tinha confiança na promessa de Deus: ‘Assim será a minha palavra aquilo que sai da minha boca; não se tornará nulo, mas realizará o que eu quiser, e prosperará na coisa pela qual eu a enviei (Isaías 55:11)'”, constatou o líder da Global Advance.

Foco no chamado evangelístico
“Durante 70 anos de ministério, sua mensagem nunca mudou. ‘Deus amou tanto o mundo que Ele deu o Seu Filho’ foi o seu tema singular. ‘Cristo e Ele crucificado’ era sua palavra de ordem. Seu apelo a seus ouvintes para colocar sua fé em Cristo nunca vacilou. O Sr. Graham poderia tomar qualquer texto ou qualquer assunto e relacioná-lo com o Evangelho. Ele era muito parecido com Filipe, o primeiro evangelista da Igreja. Quando Filipe viu o etíope lendo Isaías, ‘começando com a mesma Escritura, pregou Jesus a ele’ (Atos 8:35). Billy Graham fez o mesmo. Quando a América sofreu depois dos atentados terroristas de 11 de setembro, a clara apresentação do Evangelho do Sr. Graham no Serviço Nacional de Oração permitiu que a mensagem do amor de Deus em Cristo fosse ouvida por mais pessoas – incluindo terroristas mais radicais – do que nunca na história”, relembrou Shibley.

O Evangelho é para todos
“Billy não só pregou ao ‘povo’, mas também para os ‘poderosos’, e foi pastor/amigo de praticamente todos os presidentes dos Estados Unidos nas últimas quatro décadas. Ele também se encontrou com muitos chefes de estado internacionais, incluindo vários líderes que representam várias religiões”, pontuou Mattera.

“Billy Graham foi gracioso mesmo com aqueles que se opuseram a ele. Para muitos, sua vida definiu o cristianismo evangélico no seu melhor. Sem comprometer o Evangelho, ele fez amizade com os pobres e as pessoas mais poderosas do mundo. E ninguém poderia reunir todas as listras de cristãos em todos os tipos de divisões melhores do que Billy Graham. Sem ser julgador, ele não suavizou as exigências do Evangelho e do senhorio de Cristo”, acrescentou Shibley.

Inovação
“Ele lançou iniciativas audaciosas de evangelismo. Desde os primeiros dias de seu ministério […] Billy Graham usou abordagens inovadoras para compartilhar a Boa Nova. Ele foi um dos primeiros a usar filmes para espalhar o Evangelho. A trilha sonora de Ralph Carmichael para The Restless Ones – um lançamento de Billy Graham WorldWide Films em 1967 – ajudou a lançar o gênero inteiramente novo da música cristã contemporânea. Foi ideia do Sr. Graham criar a revista Christianity Today como um veículo intelectualmente forte para combater o liberalismo teológico. E sua cruzada transmitida por satélite de Porto Rico foi o primeiro evangelismo verdadeiramente global, em tempo real”, recapitulou Shibley, lembrando a disposição de inovar do evangelista.

Linguagem simples
“Billy teve apelo de massa com suas cruzadas evangelísticas, principalmente porque ele tinha um dom incomum de comunicar o Evangelho no vernáculo do povo. Ouvi pregadores mais eloquentes e talentosos – mas não havia quem pudesse reunir uma multidão com resultados efetivos como Billy”, avaliou Mattera.

Amor pela esposa e família
“Numa época em que os casamentos dos ministros muitas vezes se mostraram menos exemplares, Billy e Ruth Graham retrataram uma história de amor inabalável. O fato de que todos os cinco de seus filhos amam Jesus Cristo e cada um deles esteve envolvido em algum ministério fala muito”, elogiou o fundador do ministério Global Advance.

Carinho por outros pregadores
“Além de seu ministério evangelístico pessoal em 185 países, ele ajudou a treinar evangelistas internacionais em muitas nações. Foi meu privilégio participar de três de conferência em Amsterdã da Associação Evangelística Billy Graham, que atraíram milhares de evangelistas itinerantes de todo o mundo. Em 6 de agosto de 2000, o Sr. Graham emitiu este desafio para todos nós: ‘Deixe-nos acender um fogo de compromisso para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo no poder do Espírito Santo até os confins da Terra, usando cada recurso a nosso comando e com cada grama de nossa força'”, testemunhou Shibley.

Confiança na Palavra
“Em todos os seus anos, ele nunca perdeu sua confiança na fidelidade das Escrituras, apesar do impulso das tendências e correntes teológicas liberais. Embora ele acompanhasse a cultura contemporânea e lesse amplamente, ele sempre foi, principalmente, um homem de um livro: a Bíblia. Talvez essa tenha sido a principal razão pela qual Deus conseguiu levantá-lo e confiar a ele uma plataforma histórica e global”, concluiu Mattera.

Fonte: Gospel+
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sábado, 24 de fevereiro de 2018

Uma Aliança superior

“Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo” Hb 8.10

“O ANTIGO E O NOVO CONCERTO
Os capítulos 8-10 descrevem numerosos aspectos do antigo concerto tais como o culto, as leis e o ritual dos sacrifícios no tabernáculo; descrevem os vários cômodos e móveis desse centro de adoração do Antigo Testamento. É duplo o propósito do autor:
(1) contrastar o serviço do Sumo Sacerdote no santuário terrestre, segundo o antigo concerto, com o ministério de Cristo como Sumo Sacerdote no santuário celestial segundo o novo concerto; e
(2) demonstrar como esses vários aspectos do antigo concerto prenunciam ou tipificam o ministério que estabeleceu o novo concerto.
(3) Jesus é quem instituiu o Novo Concerto ou o Novo Testamento (ambas as ideias estão contidas na palavra grega diatheke — testamento), e seu ministério celestial é incomparavelmente superior ao dos sacerdotes terrenos do Antigo Testamento. O Novo Concerto é um acordo, promessa, última vontade e testamento, e uma declaração do propósito divino em outorgar graça e bênção àqueles que se chegam a Deus mediante a fé obediente. De modo específico, trata-se de um concerto de promessa para aqueles que, por fé, aceitam a Cristo como o Filho de Deus, recebem suas promessas e se dedicam pessoalmente a Ele e aos preceitos do novo concerto” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.1910).

Uma Aliança superior

ESBOÇO DA LIÇÃO

1. Introdução
Texto Bíblico: Hebreus 8.1-10

2. I. Um Santuário Superior
• 1. Pertencente a uma dimensão superior.
• 2. Possuidor de uma natureza superior.
• 3. Possuidor de uma importância.

3. II. Um Ministério Superior
• 1. No aspecto posicional.
• 2. No aspecto funcional.
• 3. No aspecto cultual.

4. III. Uma Promessa Superior
• 1. De natureza interior e espiritual.
• 2. De natureza individual e universal.
• 3. De natureza relacional.

5. Conclusão

Vivemos num contexto em que a dimensão espiritual e celestial em muitas igrejas está se perdendo. Podemos apontar vários culpados para esse fenômeno: a teologia da prosperidade, a prosperidade econômica das nações, as distorções acerca das profecias concernentes a volta de Cristo e outros motivos. Entretanto, aproveite a oportunidade desta aula para resgatar o caráter celestial e espiritual do ministério de Jesus Cristo, logo, da missão da Igreja, o Corpo de Cristo. Assim, dialogando com a classe, pontue as seguintes questões em que o próprio Senhor deixa essa verdade bem clara:

• A Pilatos: “o meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36).

• A alguns da multidão: “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, a vós é chegado o Reino de Deus” (Lc 11.20).

• Aos três discípulos mais próximos: “E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e as suas vestes ficaram brancas e mui resplandecentes. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (Lc 9.29-31).

Finalize essa atividade citando a conhecida mensagem do apóstolo Paulo aos coríntios: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1Co 15.19). Boa aula!

A Nova Aliança em tudo é superior à Antiga porque se fundamenta em promessas superiores.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Hebreus 8.1-10

No capítulo sete, o autor detalhou a relação entre a ordem sacerdote  Melquisedeque e o sacerdócio de Jesus, sempre contrastando com o sacerdócio levítico. Ele tem consciência de que o assunto parecia envolto em abstrações, razão essa que, neste capítulo, ele começará a mostrar as implicações práticas do sacerdócio de Jesus.

“Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade” (v. 1).
Em primeiro lugar, destaca o autor, nosso Sumo Sacerdote está assentado à destra do "trono da Majestade". Na cultura judaica, essa era outra forma de dizer que o sacerdócio de Jesus possuía realeza. Essa é a mesma linguagem usada no Salmo 110, que é uma poesia profética sobre o sacerdócio do Messias. A expressão “assentado nos céus” é outra forma de dizer que Cristo terminou, de fato, a obra da redenção e que estava de vez qualificado para ser Sumo Sacerdote.

“Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem" (v. 2).
F. F. Bruce observa que, daqui para frente, o autor passa a discorrer sobre os temas da aliança, santuário e sacrifício, que estavam intimamente ligados ao sacerdócio arônico. Dessa forma, o sacerdócio arônico dá lugar àquele que é segundo a ordem de Melquisedeque; o antigo pacto dá lugar ao novo, e o santuário terrestre é substituído pelo celeste.1  Esse novo santuário, que é parte do verdadeiro tabernáculo, é obra de Deus, e não do homem. Embora esse novo santuário não seja revestido de materialidade, como era o santuário terrestre, ele é muito mais real e glorioso. Richard Taylor destaca que

"o tabernáculo celestial está em contraste com o terreno, como o espiritual está em contraste com o material, o tabernáculo terreno era rico em seu apelo material, mas pobre em sua habilidade de mudar ou satisfazer a alma em seu relacionamento pessoal com Deus. O tabernáculo celestial, em contraste, é privado de esplendor terreno e materialidade, mas completo em sua substância espiritual”.2

É nesse tabernáculo celeste que os cristãos podem agora ser apresentados diante de Deus pelo Sumo Sacerdote, Jesus. Ele, portanto, é o ministro desse verdadeiro santuário celestial. A palavra grega leitourgos, traduzida aqui como ministro, ocorre cinco vezes no texto grego.3  Na Septuaginta, versão que o autor recorre com frequência, era usada para referir-se ao serviço sacerdotal. No Novo Testamento, a sua forma verbal foi usada no contexto da adoração cristã: “Enquanto eles ministravam (leitourgeo) perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13.2). Esse fato revela que Jesus, ao contrário do sistema sacerdotal levítico, que se tornara obsoleto, continua seu serviço em favor dos filhos de Deus.

"Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer” (v. 3).
O autor já havia discorrido sobre dons e sacrifícios em Hebreus 5.1. Aqui, ele aponta em que sentido a sua argumentação avançara daqui para frente. O sacerdote levita oferecia as ofertas de cereais no santuário, as quais eram usadas como uma forma de agradecimento e consagração a Deus. Por outro lado, os sacrifícios são uma referência às ofertas de sangue, que fazia expiação pelo pecado. No capítulo 7.27, o autor já havia falado que a oferta oferecida por Jesus fora sua própria vida.

“Ora, se ele estivesse na terra, nem tampouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei" (v. 4).
A construção verbal usada aqui (imperfeito do indicativo ativo) demonstra que o sistema sacerdotal levítico ainda estava em vigor quando o autor redigiu sua carta.4  Por outro lado, esse versículo mostra a incompatibilidade existente entre as duas ordens sacerdotais — Levi e Melquisedeque. Ambas não podiam coexistir uma ao lado da outra. Embora se tenha tornado obsoleta — pois uma nova ordem sacerdotal havia sido estabelecida — , o sistema sacerdotal levítico ainda continuava em vigor nos dias em que o autor redigia sua carta. A lógica é simples: se Jesus não podia oficiar como sacerdote aqui na terra, visto não ser Ele da tribo de Levi, e havia ainda os que exerciam esse ministério, o seu oficio só poderia ser exercido no tabernáculo celestial. Logo, isso tornava totalmente antiquado todo o sistema sacerdotal levítico.

“Os quais servem de exemplar e sombra das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que, no monte, se te mostrou” (v. 5).
O autor usa os termos gregos hypodeigma e skia, traduzidas aqui como exemplo e sombra respectivamente. Mas os termos figura e sombra refletem melhor o original. Alguns intérpretes têm argumentado que o autor de Hebreus tomou emprestado do platonismo judaico alexandrino as figuras de um santuário celeste, onde o terrestre é apenas uma sombra. Nos seus diálogos, Platão descreve um mundo ideal do qual o mundo físico seria apenas uma cópia imperfeita, o que ele denominava de simulacro. Todavia, é possível percebermos claramente na argumentação do autor de Hebreus que há um pano de fundo cultural hebraico, e não grego. Isso é perfeitamente visto quando vemos Deus dizer a Moisés para fazer o Tabernáculo de acordo com o modelo (gr. typos) que o profeta vira no monte (Êx 25.40). Moisés, e não Platão, serviu de inspiração para o autor dessa carta. Donald Guthrie observa acertadamente que cada detalhe exposto na sombra, que era um tipo, tinha o propósito de aproximar-se da realidade, isto é, do antítipo. Nesse aspecto, o autor tencionava mostrar por contraste a maior excelência com que o santuário celeste revestia-se.5

“Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas" (v. 6).
O autor continua fazendo o contraste entre o sacerdócio levítico e o de Cristo. Não sendo apenas uma sombra, mas a própria realidade, o ministério de Cristo é mais excelente do que o levítico em tudo. A palavra “alcançou” traduz o termo grego tynkánô, que mantém o sentido de obter, receber e conseguir. Ao usar esse verbo no tempo perfeito, que é uma referência a uma ação passada com efeitos no presente, o autor tenciona mostrar que o ministério de Jesus continuava em pleno exercício quando ele redigia seu texto. Mais uma vez aqui, como fizera em 8.2, o autor usa a palavra leitourgia (liturgia) em referência ao serviço, ministério e serviço sagrado.6  Nesse ministério sagrado, Cristo é o mediador de uma melhor aliança. Ele é a ponte entre o homem e Deus, tornando desnecessária a existência de intermediários. A superioridade das promessas da Nova Aliança em relação à antiga não são em relação à garantia de cumprimento, mas, sim, ao conteúdo. Deus sempre cumpriu suas promessas, tanto na Antiga Aliança como na nova. Todavia, na cruz do Calvário, Ele proveu uma aliança substancialmente superior à antiga.

“Porque, se aquele primeiro fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para o segundo" (v. 7).
O contexto do cristianismo primitivo mostra o conflito entre judaizantes e cristãos. Os primeiros, como demonstra o livro de Atos dos Apóstolos no capítulo 15, insistiam em manter de pé as crenças e práticas do antigo judaísmo. Por outro lado, o segundo grupo, representado pelos apóstolos, via que algumas práticas existentes dentro dessas duas tradições eram mutuamente excludentes. O autor tem consciência do peso que essa tradição judaica possuía dentro da comunidade judaico-cristã para a qual ele endereçaria sua carta. Ele não procura desvalorizar a Antiga Aliança, pois sabe que a mesma teve sua finalidade; todavia, ela era imperfeita e incompleta, possuindo um papel transitório. Esse fato já havia sido revelado pelos profetas quando Deus disse que substituiria o primeiro concerto por um segundo.

“Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei um novo concerto” (v. 8).
A promessa do estabelecimento de um novo concerto fora feita pelo Senhor ao profeta Jeremias (Jr 31.31-34). A partir das Escrituras do Antigo Testamento, o autor demonstra que esse novo pacto havia sido estabelecido com Cristo. A expressão grega syntelesô epi ton oikon Israel, traduzida aqui como "estabelecerei minha aliança com a casa de Israel”, demonstra a disposição de Deus em cumprir o seu plano salvífico em favor de seu povo.7

“Não segundo o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram naquele meu concerto, eu para eles não atentei, diz o Senhor” (v. 9).
Orton Wiley põe em evidência a superioridade da Nova Aliança em relação à Antiga.

1. A primeira Aliança era falha; a nova é perfeita. A primeira era temporária e feita com vistas a Outro que havia de vir; a segunda é a expressão final e duradoura da graça de Deus.

2. A Antiga Aliança era e tratava com os homens coletivamente; a segunda trata com o indivíduo e fundamenta-se, afinal, na promessa feita a Abraão pessoalmente e à sua semente, como indivíduos.

3. A aliança anterior relacionava-se às coisas materiais e baseava-se em promessas seculares. Devia haver uma herança material, a terra de Canaã. O Senhor entregaria os inimigos do seu povo na mão deste e alargaria as suas fronteiras. A nova aliança é espiritual, pois as coisas materiais não podem satisfazer a alma do homem.

4. A aliança mosaica estabeleceu um padrão ou regra de vida, mas não podia dar o poder nem a disposição para obedecer aos mandamentos que Deus impunha ao Seu povo. Pela nova aliança, a Lei de Deus é escrita interiormente no coração do homem; assim, não apenas ilumina a mente com a possibilidade de conhecer ao Senhor, mas proporciona a disposição para a obediência interior.

5. A antiga aliança não podia, com suas ofertas contínuas, remover o pecado. Os sacerdotes ofereciam o que nada lhes custara. A nova aliança foi estabelecida por Cristo, que se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado (Hb 9.26 - ARA).

6. A antiga aliança se limitava aos filhos de Abraão segundo a carne; a nova é universal em seu escopo, pois os que são de são descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa (Gl 3.29). Visto que a fé real era a única condição da aceitação de Abraão, é, portanto, a única condição exigida dos filhos espirituais desse patriarca. A aliança mosaica, com suas obras, é posta de lado para sempre como condição básica de aceitação da parte de Deus: Essa é a razão por que provém da fé, para que seja segundo a graça (Rm 4.16a - ARA).8

“Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo” (v. 10).
A promessa de uma aliança superior, onde a Lei de Deus seria gravada por dentro, e não por fora, encontra eco em outras partes do Antigo Testamento: “E vos darei um coração novo a porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juizes, e os observeis” (Ez 36.26,27). Fritz Laubach observa que

"a inacreditável novidade desta aliança reside em que a obediência à Palavra de Deus será concretizada integralmente, porque todos os membros do povo de Deus sem exceção possuirão o entendimento correto de Deus. A antiga lei de Moisés estava escrita em tábuas (Êx 31.18; 34.27,28) ou num livro (Êx 24.7). Ela se contrapunha ao povo como um poder que demandava. Agora, porém, todos os membros desse povo de Deus trazem essa lei no coração, estão interiormente unificados com ela, de maneira que coincidem num só ato o conhecimento da lei e o seu cumprimento”.9

“E não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior” (v. 11).
A Antiga Aliança, rica em símbolos, porém pobre em produzir relacionamento com Deus, é substituída pela Nova Aliança. Na Nova Aliança, todos têm a oportunidade de conhecer o Senhor. Esse fato torna-se possível porque o Espírito Santo, que, na Antiga Aliança, se manifestava sobre pessoas especiais — profetas, sacerdotes e reis — viria sobre toda carne. "E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos” (At 2.17). O apóstolo Paulo escreveu uma longa exposição à igreja de Corinto, mostrando como se davam essas manifestações espirituais no contexto da igreja (1 Co 12-14). Se, na Antiga Aliança, somente o profeta falava em nome de Deus, na Nova Aliança, embora existindo ainda o ministério profético (Ef 4.11), o dom da profecia estava disponível a todos os crentes (1 Co 83 14.31). O apóstolo João afirma essa mesma verdade quando diz: "E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis” (1 Jo 2.27).

“Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais" (v. 12).
A Antiga Aliança sobrevivia de sombras. Dessa forma, o problema do pecado jamais fora tratado de uma forma completa. Na Nova Aliança, por estar fundamentado em um superior sacrifício, o de Cristo, o problema do pecado é totalmente tratado. Esse versículo mostra a grandeza da graça e a misericórdia divina em tratar com o problema do pecador, mesmo esse não sendo merecedor de coisa alguma nem tampouco capaz de alguma coisa por si mesmo. Paulo afirma essa mesma verdade: “E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.13,14).

“Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar" (v. 13).
O sistema de sacrifícios ainda  continuava em vigor quando o autor de Hebreus escreveu essas palavras. Todavia, como um autor inspirado, ele sabia que, espiritualmente, tudo aquilo já havia sido destituído de valor. Uma Nova Aliança, que era a própria realidade e cumprimento das promessas e da qual a Antiga Aliança era apenas um tipo, havia sido estabelecida uma vez por todas.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Estabelecido o Novo Concerto em Cristo, o Antigo Concerto se tornou obsoleto (8.13). Não obstante, o Novo Concerto não invalida a totalidade das Escrituras do Antigo Testamento, mas apenas as do pacto mosaico, pelo qual a salvação era obtida mediante a obediência à Lei e ao seu sistema de sacrifícios. O Antigo Testamento não está abolido; boa parte de sua revelação aponta para Cristo [...], e por ser a inspirada Palavra de Deus, é útil para ensinar, repreender, corrigir e instruir na retidão” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995, p.1911)

A promessa do Novo Concerto é de natureza interior e espiritual; de natureza individual e universal; bem como de natureza relacional.

O autor já havia mostrado a superioridade do sacerdócio de Jesus sobre o arônico e levítico quando o coloca como pertencente à ordem de Melquisedeque. Agora, ele mostra que esse sumo sacerdote possui um ministério superior porque ministra em um santuário superior e é o fiador de uma superior aliança. Por pertencerem a essa Nova Aliança, os crentes desfrutam de promessas superiores. Por isso glorificamos a Deus por essas bênçãos.

Notas
1 BRUCE, F. F. La Epistola a Los Hebreos. Libros Desafio. Grand Rapids, Michigan, USA.
2 TAYLOR, Richard. Hebreus — comentário bíblico Beacon, vol. 10 - Hebreus a Apocalipse. CPAD.
3 HUGO, M. Petter. Concordancia Greco-Espanola Del Nuevo Testamento. Editorial CLIE.
4 Esse fato é usado por alguns autores (veja MACARTHUR, John — Hebreus — Cristo: sacrifício perfeito, perfeito sacerdote, Cultura Cristã) para demonstrar que Hebreus foi redigida antes de 70 d.C, ano em que o Templo de Jerusalém foi destruído.
5 GUTHRIE, Donald. Hebreus — introdução e comentário. Vida Nova, São Paulo.
6 CLEON, Rogers. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. Editorial CLIE.
7 “No Antigo Testamento, a expressão hebraica para fazer uma aliança era karat berit, que significava "cortar ou dividir uma aliança” (veja Gn 15.10; Jr 34.18,19). Isso se referia ao corte de animais sacrificiais. As duas partes do berit andavam por entre aqueles pedaços ensanguentados de carne. Contudo, no relato de Gênesis 15, Deus colocou Abraão para dormir e andou [entre os pedaços dos animais] sozinho, querendo dizer com isso que aquele berit em particular era incondicional. Essa cerimônia também era conhecida como aliança de sangue. No Novo Testamento, esse conceito do Antigo Testamento é apresentado pela palavra grega diatheke. Um diatheke é um tratado entre duas partes, mas
que obriga somente uma dêlas a cumprir os termos fixados pela outra. Essa palavra importante aparece nada menos que 22 vezes no livro de Hebreus. Ela também é traduzida pelos termos aliança e testamento (veja também Lc 22.20; 1 Co 11.25; 2 Co 3,6 - WILLMINGTON, Harold L. Guia de Willmington para a Bíblia - um ensino bíblico completo).
8 WILEY, Orton. Hebreus - a excelência da Nova Aliança em Cristo. Central Gospel.
9 LAUBACH, Fritz. Hebreus - Comentário Esperança. Editora Esperança.

Fonte:
Livro de Apoio – A Supremacia de Cristo - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus - José Gonçalves
Lições Bíblicas 1º Trim.2018 - A supremacia de Cristo - Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus - Comentarista: José Gonçalves

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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

A Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalem

“E as multidões, tanto as que iam adiante como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!” Mt 21.9

“A entrada triunfal aconteceu em um domingo. Depois de curar os dois cegos em Jericó, Jesus e os seus discípulos, acompanhados pelos peregrinos da Galileia a caminho da festa da Páscoa, haviam caminhado pela estrada de Jericó em direção a Jerusalém. Isso aconteceu em uma sexta-feira. Desde o pôr do sol da sexta-feira até o pôr do sol do sábado (o sábado judaico). Jesus e os seus discípulos descansaram, talvez na casa de Marta e Maria em Betânia.

No domingo, eles foram para Jerusalém e, no caminho, evidentemente pararam em Betfagé. Essa vila não é mencionada no Antigo Testamento, mas somente em conexão com a entrada triunfal no Novo Testamento. O Talmude fala sobre ela como estando próxima a Jerusalém. Dalman diz, com base na literatura rabínica: ‘Este deve ter sido um distrito situado fora de Jerusalém (um subúrbio, mas não uma unidade independente), que começava na fronteira do santuário, isto é, antes do muro oriental de Jerusalém’. Isso pode sugerir um território que incluía o vale de Cedrom e a encosta ocidental do monte das Oliveiras. Como de costume, Mateus cita o cumprimento de uma profecia nesse evento da vida de Cristo. A citação corresponde a Zacarias 9.9 (cf. também Is 62.11) onde está previsto que o Rei-Messias viria humildemente, montado em um jumento. [...] Josefo registra a crença popular de que o Messias iria aparecer no monte das Oliveiras (Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol. 6. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.144-145).

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém mostrou que Ele era o Messias, o Rei anunciado pelos profetas.

Texto Bíblico – Mateus 21.1-11

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Este episódio dá início ao quinto bloco narrativo do Evangelho de Mateus (Mt 21.1-11). O texto descreve a chegada de Jesus em Jerusalém, centro do poder religioso. O Mestre já havia predito, aos seus discípulos, que em Jerusalém Ele iria padecer nas mãos dos anciãos, principais sacerdotes e escribas. Jesus afirmou que seria morto, mas ao terceiro dia ressuscitaria (Mt 16.21).

O Messias entrou em Jerusalém montado em um jumentinho, de forma humilde, para que se cumprissem as Escrituras Sagradas e o povo o recebe bem, aclamando-o como enviado de Deus.

I - A ENTRADA DO REI DOS REIS EM JERUSALÉM (Mt 21.1-3)

1. A expectativa da chegada de Jesus em Jerusalém.
Talvez, os discípulos estivessem animados e ansiosos em relação à chegada de Jesus na cidade de Jerusalém. Quem sabe eles não pensavam que Jesus iria assumir o poder político ou que algo sobrenatural iria acontecer? Todavia, Jesus reuniu os seus discípulos em particular para informar que em Jerusalém Ele seria perseguido e morto. Esta foi a terceira vez que Jesus predisse a sua morte e ressurreição na cidade de Jerusalém (Mt 16.21; 17.22,23; 20.18).

No capítulo 20, Mateus narra o pedido da mãe dos filhos de Zebedeu, Tiago e João, (v. 20). Ela intercede pelos seus filhos, a fim de que eles fossem colocados ao lado de Jesus quando Ele assumisse o seu Reino (v. 21). Fica claro que a expectativa era de que Jesus assumisse o poder em Jerusalém. Então, Jesus adverte aos discípulos a fim de que eles não brigassem por posição, pois os valores do seu Reino eram superiores aos dos homens, e quem quisesse ser o primeiro, deveria ser servo de todos (v. 27). Jesus lhes falava a respeito do Reino dos Céus, mas eles estavam focados nas coisas deste mundo.

2. A entrada em Jerusalém, uma fase de transição.
Os discípulos ainda não haviam compreendido o real propósito da missão de Jesus, mesmo depois de Ele predizer algumas vezes a respeito de sua paixão e ressurreição. Por isso, depois da morte de Jesus os discípulos ficaram tão decepcionados e desanimados. Segundo o Evangelho de Marcos e Lucas, dois deles resolveram deixar Jerusalém e seguir para Emaús (Lc 24.13,21).

Mateus narra a chegada de Jesus em Jerusalém de forma que lembra a entrada das comitivas dos reis de Israel e as greco-romanas. Estas entradas incluíam: marchas triunfais, honrarias militares, bem como a chegada de um rei ou soberano montado em uma mula. A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém marcaria um momento importante de transição para a sua paixão.

3. Jesus planejou sua entrada em Jerusalém.
Ainda em Betfagé, no Monte das Oliveiras, Jesus dá uma ordem a dois dos seus discípulos: “Ide à aldeia que está defronte de vós e logo encontrareis uma jumenta presa e um jumentinho com ela; desprendei-a e trazei-mos” (Mt 21.2). Percebe-se que Jesus já tinha tudo planejado, diferente de alguns crentes que fazem tudo de modo improvisado.

A primeira impressão que temos, ao ler o relato de Mateus, é que Jesus conhecia o dono dos animais, pois Ele orienta os discípulos dizendo: “E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor precisa deles; e logo os enviará” (Mt 21.3). Mas, fazia parte do costume da época o sistema de angária, ou seja, as pessoas tinham obrigação de ceder ou alugar animais de carga para o serviço dos soberanos.


II - A ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS MONTADO EM UM JUMENTINHO, UM ATO MESSIÂNICO (Mt 21.4,5)

1. Os profetas e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.
Mateus é o único evangelista sinótico que registra que o jumentinho estava preso a uma jumenta. O fato de o animal estar junto à mãe demonstrava que ele ainda não tinha sido desmamado e que nunca havia sido montado. É importante ressaltar que somente Mateus e João registram que as ações de Jesus cumprem as profecias.

O Evangelho de João 12.15,16 deixa claro que os discípulos só conseguiram relacionar a entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumento, com os textos proféticos, somente depois da morte do Salvador. Mateus cita na primeira linha o texto de Isaías 62.11, e as demais são de Zacarias 9.9.

2. A humildade do Messias.
Ao contrário de todas as expectativas messiânicas dos judeus, Jesus, em diferentes ocasiões, demonstrou que seu reinado seria de paz e humildade. O Comentário Bíblico Pentecostal afirma esta ideia ao asseverar que “o jumentinho é um transporte de paz e não de guerra.”

A entrada de Jesus em Jerusalém, montado em um jumentinho, de certa forma, se assemelhava às comitivas reais, mas o Salvador já havia deixado claro que Ele veio ao mundo não para ser servido, mas para servir (Mt 20.28). Jesus estava propagando o Reino de Deus, cujos propósitos e valores são diferentes dos reinos deste mundo.

3. Os discípulos obedecem as recomendações do Mestre.
Os dois discípulos obedeceram rigorosamente às ordens de Jesus. Tal obediência foi importantíssima para o cumprimento das profecias e para que o planejamento que Jesus havia feito desse resultado. Sem a obediência dos liderados não existe liderança eficiente.

III – JESUS É RECEBIDO COMO REI MESSIÂNICO (Mt 21.8-11)

1. A entrada triunfal de Jesus e sua comitiva.
A entrada repentina de Jesus em Jerusalém causou um grande alvoroço na cidade, pois era algo inusitado e que atraiu um público significativo. Tal fato se assemelha à entrada de Salomão quando este foi constituído rei e desceu a Giom, utilizando a mula que pertencia o seu pai, o rei Davi (1 Rs 1.33). A ação das pessoas, de espalharem roupas pelo chão na estrada diante de Jesus, também se assemelhou a unção de Jeú quando este foi declarado rei (2 Rs 9.13). Jesus foi recebido como um Rei, porém, como Ele afirmou a Pilatos: “[...] O meu Reino não é deste mundo” [...] (Jo 18.36).

2. Jesus é aclamado como Rei Messiânico.
Quando Jesus entrou em Jerusalém a multidão que o seguia o exaltou com partes do Salmo 118.26. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, “hosana é a versão grega transliterada da expressão hebraica, ‘salva-nos’” (Sl 118.25). Mateus enfatiza a ação das pessoas ao cortarem e espalharem ramos e gritarem “hosana”, pois tais ações eram muito utilizadas nas festividades judaicas. Infelizmente, a multidão que gritou “hosana”, foi a mesma que também gritou: “Crucifica-o!” “Crucifica-o!” Escolheram soltar Barrabás, um salteador e homicida, e pediram a prisão e morte de Jesus. Por isso, o crente não deve se iludir com a fama e a bajulação das multidões. O importante é conhecer e viver os princípios bíblicos e procurar agradar sempre a Deus.

3. A recepção de Jesus é vista como uma ameaça pelos líderes religiosos de Jerusalém.
O alvoroço das pessoas, a aclamação do povo e o reconhecimento de Jesus como uma figura messiânica, abalaram a segurança das principais autoridades religiosas de Jerusalém.

Jesus passou a ser uma ameaça ainda mais perigosa. Somente Mateus registra o questionamento da multidão a respeito de quem era Jesus. A resposta foi: “Este é Jesus, o Profeta de Nazaré da Galileia” (v. 11). Em determinado período do seu ministério, Jesus atuou mais distante do principal centro religioso da sua época, mas agora Ele chega a Jerusalém e “alvoroça” a cidade com sua presença.

Lucas registra o pedido dos fariseus para que Jesus repreendesse seus discípulos: “[...] Mestre, repreende os teus discípulos [...]” (Lc 19.39). Mas Jesus os repeliu dizendo que se eles se calassem até as pedras clamariam (Lc 19.40). Agora não haveria mais volta, Jesus daria prosseguimento a sua morte de cruz e ao sacrifício que proporcionou a nossa salvação.


CONCLUSÃO

Na lição de hoje, aprendemos que Jesus realizou sua missão de forma planejada a fim de cumprir com o seu propósito: observar as Escrituras. Sua entrada em Jerusalém, ao contrário de todas as expectativas, demonstra que o seu Reino não era desse mundo, por isso era um reino de paz, humildade e justiça.


SUBSÍDIO
A questão mais importante é que Jesus deliberadamente se identifica como o Messias e, assim, cumpre a profecia. Até aqui não é feita menção nos Evangelhos de Jesus viajar montado num animal; com certeza Ele não precisaria ir montado num jumentinho para perfazer a distância de Betfagé aos portões da cidade, a qual poderia ter sido percorrido à pé. Dos escritores sinóticos, só Mateus nota que as ações de Jesus cumprem a profecia (Mt 21.4,5; cf. também Jo12.14,15). Isto é característico do registro frequente de Mateus aludir o cumprimento de profecia com sua expressão introdutória: ‘Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta’. A primeira parte de sua citação é de Isaías 62.11 e a segunda, de Zacarias 9.9. O monte das Oliveiras é o local da volta do Messias (veja Zc14.4). No uso que Mateus faz de Zacarias 9.9, ele omite as palavras ‘justo e Salvador’, e a descrição subsequente de um Messias vitorioso, preferindo enfatizar Jesus como humilde (Mt 5.5; 12.18-21). O jumentinho é um transporte de paz, não de guerra; o conquistador vem como pacificador humilde. [...] o fato de outro ‘Filho de Davi’, Salomão, ter montado a mula de Davi, seu pai, quando foi coroado na fonte de Giom no mesmo vale ao longo do qual Jesus esta agora indo montado no jumentinho (1 Rs 1.38) não teria passado despercebido pela audiência judaica de Mateus” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.116).

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

Aqui eu Aprendi!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Morre o Evangelista Billy Graham

Morre Billy Graham, aos 99 anos

Conselheiro de presidentes, ele era considerado o maior evangelista do mundo moderno

Billy Graham foi um dos maiores evangelistas dos últimos tempos. (Foto: BGEA)
Faleceu nesta quarta-feira (21) o evangelista mundialmente conhecido Billy Graham. Ele tinha 99 anos, e morreu em sua casa em Montreat, na Carolina do Norte (EUA). A notícia foi dada por Jeremy Blume, porta-voz da Associação Evangelística Billy Graham.

Nos últimos anos ele vinham lutando contra o mal de Parkinson e desde 2005 não realizava mais as cruzadas públicas que o tornaram famoso. Em 2013 transmitiu os últimos programas televisivos, na campanha “Minha Esperança”, criada pelo seu ministério.

A família enviou uma nota à imprensa com palavras escritas pelo neto Will, que também é evangelista:

“Meu avô disse uma vez: ‘Um dia você vai ouvir que Billy Graham morreu. Não acredite nisso. Naquele dia, eu vou estar mais vivo do que nunca! Vou ter apenas mudado de endereço’. Meus amigos, hoje meu avô mudou-se da terra dos mortos para a terra dos vivos. Lamentamos que ele não esteja mais conosco fisicamente, aqui na Terra, mas não nos entristecemos como aqueles que não têm esperança. Meu avô investiu toda a sua vida em compartilhar a promessa da eternidade através de Jesus Cristo, e hoje ele teve a oportunidade de ver essa promessa cumprida quando, ajoelhando-se diante de seu Salvador ouviu as palavras: ‘Muito bem, servo bom e fiel’”.

Grande Legado

William Franklin “Billy” Graham nasceu em 7 de novembro de 1918. Era de família evangélica, tendo se batizado aos 16 anos. Após graduar-se em teologia na Faculdade de Wheaton, foi ordenado pastor batista em 1939. Foi co-fundador da Youth for Christ [Mocidade para Cristo] junto com Charles Templeton.

Começou a viajar como evangelista por todo os Estados Unidos até que em 1949 realizou a primeira grande cruzada. Anos depois, iniciou seu ministério internacional, com missões em Londres que duraram 12 semanas, em 1954. Seus eventos sempre foram em locais públicos, como parques e estádios.

Sempre desfrutou de uma reputação privilegiada, focando-se exclusivamente na mensagem de salvação pela fé em Jesus Cristo. Esteve em lugares que para outros evangelistas parecia impossível. Durante as décadas da Guerra Fria, Graham conseguiu pregar para multidões em países da Europa Oriental e da antiga União Soviética.

Esteve no Brasil com cruzadas no Rio de Janeiro em 1960, 1974. Retornou em 2000 para uma em Recife e a última foi em São Paulo, em 2008.

Ao longo de seu ministério público de 60 anos, estima-se que tenha pregado a 210 milhões de pessoas, em 185 países. Além disso, escreveu dezenas de livros e promoveu a evangelização através de programas de rádio, TV e pela internet.

Um dos mais influentes pregadores do século XX, serviu como conselheiro de diversos presidentes da república americanos e figurou sucessivas vezes em listas de pessoas “mais influentes do mundo” da revista Time.

Casou-se em 1943 com Ruth Graham. O casal teve 5 filhos, 19 netos e 28 bisnetos. Seus filhos Franklin Graham e Anne Graham Lotz também são evangelistas, e deram continuidade ao trabalho do pai.

Fonte: GOSPELPRIME

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

O Eunuco mor e a Rainha de Candace

"E o anjo do Senhor falou a Filipe dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta." Atos 8:26

E o anjo do Senhor falou a Felipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, regressava e assentado em seu carro lia o livro do profeta Isaías Atos 8:26-27.

O eunuco mor e a rainha de Candace  eram gentios, estavam em Jerusalém para adorar o Deus dos judeus e voltavam para casa por um caminho em Gaza, uma estrada deserta e pouco trafegada. Existem algumas perguntas que poderíamos fazer considerando todo o contexto: Por que esses influentes etíopes retornavam a Africa por um caminho deserto? Por que vieram de tão distante para reverenciar O Deus de Israel? Quem era essa rainha e esse mordomo-mor?

Alguns historiadores tiveram a preocupação de recolher dados significativos sobre esses dois personagens. Candace era uma denominação dada para as rainhas mães no reino de Kush, ou Cão. Um clássico escritor romano (Calistenes) deixou registrada sua admiração pelas Candaces. Segundo ele, elas eram mulheres fortes e de uma sabedoria ímpar. Ele cita o diálogo de uma Candace com Alexandre o Grande que teria sido proibido de entrar na Etiópia:" Não menospreze nosso povo, nossa cor, porque nossas almas são tão brancas e brilhantes quanto o branco que há em você".

Dizem que após conhecer (de longe) a defesa formidável e o treinamento dos soldados de Candace, Alexandre teria desistido de enfrentar esse povo: perder a guerra para uma general mulher, seria vergonhoso. Estrabão*, em seu relatório sobre o confronto militar entre romanos e etíopes, descreve uma Candace como a maior estrategista militar que já havia visto.

A rainha da Etiópia e seu mordomo, tiveram que viajar cerca de 200 quilômetros para chegar até Jerusalém. A presença de judeus etíopes na cidade era comum, pois haviam adquirido certa influência, a Etiópia havia se tornado o primeiro centro de culto monoteísta do continente africano e tão fantástico foi o encontro do eunuco com o Evangelista Felipe, que escritores antigos como Jerônimo, contam ter sido o mordomo-mor de Candace um dedicado discípulo de Jesus, tendo apregoado o Evangelho na Arábia Felia e nas proximidades do Mar Vermelho chamada Caprobano (alguns chamam celião), onde supõe-se ter sofrido martírio pelo testemunho. O cristianismo foi reavivado como religião oficial na Etiópia no século IV, de 1644 a 1974 com a queda do imperador Haile Sellasie em 1974.

Um encontro real com Deus

O mordomo-mor era um oficial da corte, negro e castrado (eunuco). Um etíope interessado e estudioso das Escritura que parecia ter voltado de Jerusalém, incomodado com a passagem do livro de Isaías sobre o Cordeiro mudo levado ao matadouro (Isaías 53:7-8). As leituras nas sinagogas e templo, nessa época, eram feitas em voz alta e os pergaminhos do profeta Isaías que anunciam a vinda do Messias, devem ter sido centro de alguma pregação ouvida pelo eunuco que foi pelo caminho repetindo a passagem de Isaías.

E o anjo do Senhor falou a Filipe dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. Atos 8:26.

A estrada era deserta, mas o mordomo não estava sozinho, nem invisível aos olhos de Deus. Filipe é avisado de forma sobrenatural que deveria encontrar o mordomo e explicar-lhe a passagem de Isaías.

Não existe lugar nenhum inacessível e oculto para Deus. Ele resgata vidas em todo e qualquer lugar da terra e utiliza as mais variadas formas de falar conosco.

O mordomo não podia entrar livremente no templo por ser considerado defeituoso. Só podia adorar do lado de fora. Não se sabe ao certo de que forma aconteceu a visita da rainha e do mordomo em Jerusalém, mas a estrada solitária, parecia refletir de fato, o estado de espírito em que se encontravam.

Apesar da posição de destaque, os judeus muito rigorosos e zelosos com a lei, devem ter proporcionado certo distanciamento entre a rainha de Candace, seu mordomo e a elite religiosa de Jerusalém.

Mas se os homens se mostram distantes de nós, por algum motivo preconceituoso, Deus não faz acepção de pessoas. O pecado e a rebeldia em ouvir Deus, são fatores que nos afastam Dele e não nossa condição física, social ou mesmo de nacionalidade.

Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Isaías 59:1-2

Deus nos encontra nos lugares desertos. Na estrada, a caminho de Gaza, o mordomo lia Isaías em sua carruagem, nem rainha, nem condutor, ninguém era capaz de acalmar seu espírito e resolver o conflito existencial que instigava seu ser sobre a salvação. Ele lia e relia os versos de Isaías e sabia que ali havia algo mais, uma revelação. E Deus providenciou Felipe para ajudar o eunuco.

Podemos estar rodeados de pessoas, mas ainda assim não estarmos felizes. Podemos mesmo, ter uma profissão de destaque, influência na sociedade e ainda assim, viver como em uma estrada deserta e ninguém, será capaz de resgatar nossa alma da solidão, só mesmo Deus.


Ele enviou Felipe a Gaza porque ouviu a oração, a angústia e o anseio do mordomo por conhecer o Messias. Deus também viu o esforço do mordomo e da Rainha ao se deslocarem de uma distância tão grande para irem ao templo. Digamos que o templo representa uma religião, mas ela não nos salva. Ela pode revelar que há um vazio em nós, uma necessidade de encontrar o Deus que preencha esse vazio, mas assim como o mordomo e a rainha voltavam para casa, por caminho deserto, a religião também faz com que pessoas continuem desertas em si mesmas e também no olhar sobre o mundo e o outro.

Deus sabe onde estamos e quais são nossas angustias, mas é preciso que oremos a Ele.

O mordomo-mor e a Rainha de Candace podem ter sido vitimas de preconceitos por parte dos judeus que chamavam samaritanos de impuros por serem idolatras e cananeus de cachorrinhos pelo mesmo motivo. Deus, contudo os acolheu com amor eterno, não deixou  que partissem vazios de Jerusalém. O historiador Fouard conta que a rainha de Candace também teria se convertido pelo testemunho do seu mordomo-mor.

E sobre o significado do nome mordomo-mor, há algo que vale a pena conhecer. Essa palavra, vem do grego "dunastes" (strong 1413) significando ministro real, alto funcionário da corte. Essa Palavra também é usada para descrever o reino de Cristo como uma eterna mordomia. Assim, como cristãos, somos servos e tão dedicados a nosso Senhor como o mordomo-mor deveria ser a sua Rainha.

Que Deus o abençoe.

Consultei:
Bíblia de Estudo Plenitude, Revista e corrigida, 1995, SBB
Mulheres Negras na Antiguidade de Ivan Van Sertima, 1990

Texto da Escritora Wilma Rejane 'A Tenda na Rocha'

*Estrabão ou Estrabo
- foi um historiador, geógrafo e filósofo grego. Foi o autor da monumental Geografia, um tratado de 17 livros contendo a história e descrições de povos e locais de todo o mundo que lhe era conhecido à época. Wikipédia


Sugestão de leitura (comentado pela estimada irmã Neiva):
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