Membros / Amigos

Conheça mais de nossas Postagens

Research - Digite uma palavra ou assunto e Pesquise aqui no Blog

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A herança das filhas de Zelofeade

"As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; e a herança de seu pai farás passar a elas." Números 27:7


Zelofeade era um pai da tribo de Manasses, a menor tribo de Israel, numericamente falando. No livro de Números capitulo 27 ele é citado por suas cinco filhas: Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza. Estas procuraram Moisés para reivindicarem o direito a herança: Zelofeate havia morrido no deserto de Moabe e segundo a lei daquela época, filhas mulheres não tinham direito a herança.

“Nosso pai morreu no deserto, e não estava entre os que se congregaram contra o Senhor no grupo de Coré; mas morreu no seu próprio pecado, e não teve filhos. Por que se tiraria o nome de nosso pai do meio da sua família, porquanto não teve filhos? Dá-nos possessão entre os irmãos de nosso pai. ” Números 27: 3,4.

Primeiramente e antes de tudo digo que este artigo não tem objetivos feministas de aludir à causa de igualdades de direitos mediante gêneros masculino e feminino. Também não tem por objetivo combater o sistema patriarcal do Oriente na antiguidade. O que se pretende enfatizar aqui é a providência Divina atuando frente as desigualdades sociais que existem desde sempre em qualquer tempo e lugar. As filhas de Zelofeate são representantes de uma transformação social ímpar, consequência de uma cooperação familiar necessária. São um exemplo de fé porque ousaram se apresentar diante de um tribunal constituído por Deus a fim de serem auxiliadas.


As cinco filhas de Zelofeade estavam em luto,angustiadas, mediante a perda do pai e a incerteza do futuro. Elas eram descendentes de José do Egito, sobre elas repousava a promessa de Deus de herdar a terra prometida de Canaã. Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza eram conhecedoras da fé dos antepassados e da relação tão próxima de Deus com seus pais.

Genealogia das filhas de Zelofeade:

-José
-Manassés
-Maquir
-Galaad
-Héfer
-Zelofeade
-Filhas de Zelofeade.

Estas cinco mulheres se organizaram e compareceram diante dos sacerdotes em frente a tenda da congregação:


“E chegaram as filhas de Zelofeade, filho de Hefer, filho de Gileade, filho de Maquir, filho de Manassés, entre as famílias de Manassés, filho de José; e estes são os nomes delas; Maalá, Noa, Hogla, Milca, e Tirza; E apresentaram-se diante de Moisés, e diante de Eleazar, o sacerdote, e diante dos príncipes e de toda a congregação, à porta da tenda da congregação.” Números 27:1,2

Na porta da tenda elas ficaram de pé diante de Moisés e dos sacerdotes. Posição de oração, de espera, de reverência. É incrível a atitude delas, pois não recorreram a tribunais meramente humanos, não se acomodaram e nem temeram. A lei, instituída, tradicional, as excluía. Nunca antes na história daquela nação haviam feito uma reivindicação tão “descabida”. 

O que também é louvável no episódio das filhas de Zelofeade é o comportamento de Moisés e dos sacerdotes daquela congregação. Havia a possibilidade de eles expulsarem-nas, renegarem-nas  por infração a lei. Mas não, eles ouviram a causa atentamente e intercederam por elas:


“E Moisés levou a causa delas perante o Senhor. E falou o Senhor a Moisés, dizendo: As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai; e a herança de seu pai farás passar a elas. ”Números 27:5-7

Deus respondeu a oração das filhas de Zelofeade concedendo-lhes herança entre os filhos de Israel.

Aqui esta uma maravilhosa lição ministerial de líderes intercedendo por pessoas aflitas, necessitadas. Aqui a graça e o amor de Deus atuando sobre as desigualdades sociais, quebrando paradigmas, superando a previsibilidade humana. Deus é o Governo sobre todos os governos terrenos.

As filhas de Zelofeade tinham uma causa “impossível” e foi buscando a justiça de Deus que conseguiram alcançar aquilo que só poderia ser alcançado mediante a fé. Entreguemos nossas causas a Deus, prostremo-nos diante de Seu tribunal a fim de sermos auxiliados.

A união familiar garantiu a herança. Elas tinham um objetivo comum, tinham tanto respeito e amor pelo pai que lutaram por preservar sua semente e memória. As filhas de Zelofeade são referenciais familiares para dias de crise. Elas não foram abatidas pela difícil situação, pelo contrário: se uniram a fim de se fortalecerem.  A oração e os laços de amor para com Deus e o próximo também podem nos garantir herança no Reino de Deus, na Canaã celestial.

Que assim seja,


Deus o abençoe.

***

Texto da excelente escritora Wilma Rejane
via A TENDA NA ROCHA

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Plenitude, Tradução João Ferreira de Almeida, São Paulo, Sociedade Bíblica do Brasil, 1995. Baseado no livro de Números, capitulo 27, Antigo Testamento.

Aqui eu aprendi!

sábado, 27 de janeiro de 2018

Jesus é superior a Josué - O meio de entrar no repouso de Deus

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência” Hb 4.11

Jesus é superior a Josué — O meio de entrar no repouso de Deus

O livro de Josué narra a conquista parcial da terra prometida, a terra de Canaã, sua distribuição e o estabelecimento do povo israelita nela. A narrativa do texto mostra batalhas sangrentas para conquistar a terra. Os cananeus não a entregariam gratuitamente. Entretanto, ao longo do livro é possível perceber que Deus honrou Israel, fazendo-o vencer os inimigos idólatras e obter a dádiva da terra prometida ao seu povo. Ali, começaria a se cumprir a promessa da Aliança de Deus com os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.

Nesse contexto que a promessa de descanso, ou repouso, isto é, a promessa de conquistar e permanecer na terra prometida, que não foi plenamente realizada, foi cumprida por intermédio de Josué ao povo de Israel, mas unicamente numa perspectiva terrena, incompleta e finita. Aqui, o capítulo 4 de Hebreus faz o maior contraste com o “repouso” proposto no livro de Josué.

A Carta aos Hebreus mostra que “o repouso prometido por Deus não é somente o terrestre, mas também o celestial” (vv.7,8; cf.13.14). Para os crentes, resta ainda o repouso eterno no céu (Jo 14.1-3; cf. Hb 11.10,16). Entrar nesse repouso final significa o cessar do labor, dos sofrimentos e da perseguição, tão comuns em nossa vida nesta terra (cf. Ap 14.13); significa participar do repouso do próprio Deus e experimentar a eterna alegria, deleite, amor e comunhão com Deus e com os santos redimidos. Será um descanso sem fim (Ap 21.22)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1905).

O descanso provido por Josué foi terreno, temporário e incompleto; o descanso provido por Cristo é celestial, eterno e completo.

Leitura Bíblica em classe - Hebreus 4. 1-13

O texto de Hebreus 4 mostra o que a história de Josué representa para a Igreja de Cristo. Enquanto o ministério do sucessor de Moisés foi de caráter terreno, temporário e incompleto — primeiro porque Israel não conquistou toda a terra; depois, as guerras continuaram —, Jesus Cristo proveu um descanso celestial, eterno e completo. Na lição desta semana, é preciso fazer o contraste entre os ministérios de Jesus e Josué, conforme abaixo:

JOSUÉ  Terreno → Temporário → Incompleto

JESUS  Celestial → Eterno → Completo

Devido à popularização da teologia da prosperidade, bem como o aumento da “politização ideológica” dos movimentos evangélicos, é comum alguns cristãos virarem as costas para a dimensão celestial e eterna do ministério de Jesus, alegando que se dermos ênfase ao “céu” formaremos cristãos “escapistas”. O problema é que eles se esqueceram de combinar isso com o autor de Hebreus. A natureza celestial, eterna e esperançosa do ministério de Cristo é cristalina nas Escrituras! Por isso, embora a obra de Cristo tenha consequências presentes como uma antecipação das bênçãos futuras, claro que podemos vivê-las hoje, aqui e agora, não tenha receio de enfatizar a natureza do porvir da obra de Cristo, pois Ele nos prometeu a vivência da comunhão no Reino Celestial (Mt 26.28,29).


Comentário Hebreus 4. 1-16

O autor já havia feito uma serie de exortações, tomando a rota do Êxodo sob a liderança de Moisés como ponto de partida. Tendo o grande legislador hebreu morrido, coube a Josué, um dos seus auxiliares mais próximos, a missão de levar o povo a entrar na Terra Prometida (Js 1.1). Para o antigo povo de Deus, a entrada em Canaã significava o descanso da jornada e o cumprimento da promessa de Deus, só que o autor de Hebreus destaca que esse descanso, de fato, nunca ocorreu em sua plenitude. E não ocorreu porque assim teria de ser, mas, sim, porque a incredulidade e a rebeldia não permitiram. Deus não decretara nada daquilo que negativamente marcara seu antigo povo. Da mesma forma, os destinatários da carta aos Hebreus não podiam responsabilizá-lo pelo fracasso daqueles que ficariam para trás. O autor alerta que a coisa parecia repetir-se, não mais rumo à conquista da terra, mas, agora, na trajetória rumo ao Céu.

Esse descanso é entendido pelos intérpretes como a entrada na nova aliança. Nesse aspecto, o autor mostra que alguns se excluíram dele porque não receberam com fé a mensagem do evangelho (4.1,2). Essa falta de compromisso com a mensagem da cruz colocava-os numa posição de perigo. George Howard Guthrie (nascido em 1959) observa que é um descanso no qual todos devem esforçar-se para entrar (4.11) — já que a entrada na nova aliança exige um posicionamento corajoso ao lado de Cristo e de sua Igreja — mas, por outro lado, implica no descanso das próprias obras (4.10). Guthrie ainda destaca que a carta aos hebreus deixa claro que isso exige uma fé obediente que está disposta a afastar-se do erro para abraçar a Palavra de Deus. Esse descanso possui uma dimensão presente, no qual se participa agora pela fé (4.3) e que terá sua consumação no fim dos tempos.1

“Temamos, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fique para trás" (v. 1). De uma forma recorrente, como o faz em vários pontos dessa carta, o autor usa outra vez de um contundente tom exortativo. Temamos é a tradução do grego phobethomen, derivado de phobeomai, que ocorre 95 vezes no Novo Testamento. Joseph Henry Thayer (1828-1901) traduz como: temor, medo, ser atingido pelo medo, ficar alarmado.2  Nessa carta, esse termo aparece novamente nos capítulos 11.23,27 e 13.6. O sentido é de alguém que sente receio, temor ou medo diante de alguma situação que inspira cuidados. Dessa forma, é traduzido para descrever o temor que o apóstolo Paulo demonstrou diante de uma real possibilidade de dano que Satanás poderia causar aos crentes de Corinto. "Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3). F. F. Bruce destaca que a intenção do autor é mostrar que os crentes

"farão bem em temer a possibilidade de perder a grande bênção que nos está prometida, da mesma maneira que a geração de israelitas que morreu no deserto perdeu a Canaã terrestre, embora fosse o objetivo que tinham diante de si quando saíram do Egito”.3

Esse sentido é obtido a partir da expressão “pareça que algum de vós fique para trás”. Guthrie destaca que o que suscitava temor no autor é que alguns dos membros da comunidade pareciam não ter alcançado o prometido descanso. Guthrie observa que o autor não está afirmando categoricamente que alguns deles deixaram de alcançar o prometido descanso, mas que é necessário exercer a prudência já que essa possibilidade é real.4

“Porque também a nós foram pregadas as boas-novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram" (v. 2). Ao referir-se à "palavra da pregação”, o autor destaca o modo como Deus comunicou-se e revelou-se a seu povo no antigo pacto, e não exatamente ao conteúdo da mensagem pregada, que, evidentemente, era diferente das Boas-Novas anunciadas no Novo Testamento.5  Ali, a revelação era parcial; aqui, total. Deus revelara-se aos antigos hebreus, mas eles não quiseram escutar. Da mesma forma, os novos hebreus, que receberam uma revelação em tudo superior, não estavam também atentando ao que fora dito. A razão foi a incredulidade que não permitiu a palavra produzir efeitos naqueles que a ouviram.

"Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso" (v. 3). A expressão "os que temos crido” é um particípio aoristo e tem o sentido de "nós que nos tomamos crentes”.6  Os cristãos que perseveram e não recuam ganham o direito de entrar no descanso de Deus. A. T. Robertson destaca que o verbo “entramos" está no presente futurista e, nesse texto, tem o sentido de “nós temos a segurança de entrar [no descanso], os que cremos”. O descanso de Deus é uma realidade já presente, mas a sua plenitude só terá efeito no futuro. Deus proveu um descanso para seu povo, mas esse repouso não é para os indolentes, negligentes e descrentes, e sim para os que fazem a jornada até o fim. Richard S. Taylor (1912-2006) destaca acertadamente que esse descanso provido por Deus não deve ser interpretado como garantia de que “não importa o que façamos, Ele vai dar um jeito de levar-nos até lá”. Pelo contrário, essa evidência da grandeza de Deus deixa-nos completamente indesculpáveis em nossa descrença temerosa. Esses parágrafos intensos são uma forte tentativa de chacoalhar os cristãos hebreus em sua falsa segurança, ao mostrar-lhes que não possuem imunidade contra os perigos da cerca espiritual.8

Neste capítulo, observamos que o autor refere-se a três tipos de descansos:

(1) A entrada do povo de Deus na Terra Prometida sob a liderança de Josué;

(2) O descanso sabático — quando Deus acabou a obra da Criação; e

(3) O descanso trazido por Cristo.

A patrística também via a obra de Cristo como o ponto culminante desse descanso. Dessa forma, João Crisóstomo (347-407 d.C) destacava que havia três descansos: um do sábado, em que Deus descansou de suas obras; um segundo, da Palestina, quando entraram os judeus nela e descansaram das muitas triangulações e fadigas; e o terceiro, que é o verdadeiro descanso: o Reino dos céus, onde quem o obtiver descansará realmente das fadigas e dos sofrimentos. Aqui, ele faz menção aos três. E por que ao falar de um rememora os três? Para mostrar que o profeta fala deste último. Ele não se referia ao primeiro, pois diz: não sucedeu isso nos tempos antigos? Nem tampouco ao segundo, o que teve lugar na Palestina; como iria referir-se a este se já houvesse tido lugar também? Só resta o que se refere ao terceiro.9

J. Wesley Adams resume o pensamento do autor sobre a tipificação desse descanso:

1. O descanso em Canaã é um tipo ou símbolo do repouso espiritual que Deus promete a seu povo, em Cristo;

2. Esse repouso espiritual é prefigurado pelo descanso sabático de Deus;

3. Esse descanso espiritual — como outros aspectos do Reino de Deus — envolve tanto a realidade presente quanto a esperança futura do povo de fé.10

“Porque, em certo lugar, disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia" (v. 4). Recorrendo ao método judaico de fazer hermenêutica, o autor remete a Gênesis 2.2. Já vimos que essa forma de citar as Escrituras não demonstra imprecisão por parte do autor; apenas expõe o seu estilo literário. Os intérpretes destacam que o "repouso” de Deus não significa ociosidade da parte dEle, mas, sim, que não há nada mais a acrescentar àquilo que Ele fez.11  Após concluir sua obra no sétimo dia da criação, Deus descansou de sua obra e continua ainda nesse descanso.

“E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso" (v. 5). Mesmo estando esse descanso disponível para todos os homens, o autor mostra que alguns se excluíram dele. A razão foi a dureza de coração, a desobediência e a incredulidade. Todavia, esse descanso continua acessível para aqueles que creem.

"Visto, pois, que resta que alguns entrem nele e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas-novas não entraram por causa da desobediência” (v. 6). Aqui, o autor explica o versículo anterior. A geração do êxodo não pode entrar no descanso de Deus, mas a promessa do descanso continua de pé. Cabe aos crentes da nova aliança entrar nessa promessa.

“Determina, outra vez, um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração” (v. 7). O versículo 7 volta à citação do Salmo 95. Para o autor, a promessa do descanso divino não havia cessado com a entrada do povo na Terra Santa, visto que, aproximadamente 500 anos depois, Davi faz uma atualização dessa promessa no Salmo 95. Se não mais houvesse a promessa de um descanso para o povo de Deus ao longo de sua história, o Espírito Santo não teria inspirado o rei-poeta a fazer a atualização dessa mesma promessa.

Os profetas da Antiga Aliança mantinham a expectativa de dias de paz e descanso para o povo de Deus, que ocorreria com a vinda do Messias. O autor de Hebreus já havia lembrado que, antigamente, Deus falara aos pais pelos profetas e que, naqueles dias, Ele falava pelo Filho. A chegada da nova aliança significava a entrada nesse descanso. Para o autor, a expressão "um certo dia, Hoje...”, dita por Davi de forma profética, não se restringia aos dias daquele monarca, mas, sobretudo, à chegada da Nova Aliança. Nem Josué — nem tampouco nenhum outro líder hebreu — foi capaz de conduzir o povo de Deus a um descanso pleno.

"Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria, depois disso, de outro dia” (v. 8). O livro de Josué mostra as grandes conquistas efetuadas por ele, mas destaca que “ainda muitíssima terra ficou para possuir” (Js 13.1). Josué, sem dúvida, proveu uma forma de “descanso” físico, político e social, mas o verdadeiro descanso era uma promessa para o povo da nova aliança.

"Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” (v. 9). Aqui no versículo 9, o autor usa a palavra sabbatismos, derivada de sabbath (Sábado) para referir-se ao descanso ou repouso em vez de katapausis, usada nos demais versículos desse capítulo, que mantém o mesmo significado.12  Fica evidente que o autor não se refere ao repouso sabático semanal, o que contrariaria todo o seu argumento nessa carta, que é um alerta aos seus leitores a não retomarem às práticas judaizantes (Cl 2.16). Por outro lado, se o autor estivesse se referindo ao descanso sabático semanal, não haveria necessidade alguma de dizer que esse descanso era algo ainda a ser alcançado (resta um repouso (sabbatismos) para o povo de Deus), visto que o Sábado era uma prática rigorosamente observada no judaísmo dos dias de Jesus.

“Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas” (v. 10). Esse repouso é uma referência ao dia anelado pelos profetas e que agora se cumpria com a vinda do Filho de Deus. Da mesma forma que Deus descansou de suas obras, não tendo mais necessidade de acrescentar nada às coisas que Ele criara, os crentes que entraram na nova aliança também não precisam mais de mérito pessoal ou humano para entrar no descanso provido por Jesus Cristo, o Filho de Deus. O versículo 11 é encerrado com uma advertência.

“Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência" (v. 11). Adam Clarke comenta in loco: "A palavra indica todo esforço físico e mental com referência ao assunto. Para que não caia da graça de Deus, do evangelho e suas bênçãos e pereça para sempre”.13

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (v. 12). Na sua exposição, o autor faz uma das maiores declarações sobre a palavra de Deus. Alguns comentaristas não conseguiram ver o elo existente entre o versículo 12 e os demais versículos deste capítulo, mas o melhor entendimento desse texto é aquele que encontramos nas notas de John Wesley sobre a carta aos Hebreus. Wesley observa que a palavra de Deus pregada no versículo 2 e reforçada com advertências no versículo 3 é viva e eficaz, é acompanhada pelo poder do Deus vivente e comunica vida ou morte àqueles que a ouvem; é mais cortante do que espada de dois gumes e penetra o coração mais do que a espada pode penetrar o corpo; que penetra totalmente e deixa aberto; a alma e o espírito, as juntas e medulas — os lugares mais escondidos da mente.14  Nada pode ficar fora do alcance da Palavra de Deus.

“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar” (v. 13). O autor usa três termos gregos para mostrar o poder revelador da palavra de Deus: aphanes (oculto, não manifesto, escondido); gymnós (nu, aberto, às claras) e trachelizo (expor, descobrir). Aqui, o sentido é de deixar algo totalmente exposto, sem nada a esconder. Para o expositor bíblico A. T. Robertson, significa que o microscópio de Deus pode pôr em evidência o mais diminuto micróbio de dúvida e pecado.15  Tendo em vista que a palavra trachelos significa "pescoço” e é usada, nesse contexto, como algo que está desnudo, descoberto, a metáfora pode referir-se a um animal que tinha seu pescoço exposto para o sacrifício ou a um lutador que era dominado pelo pescoço.16  Em ambos os casos, a metáfora expõe o domínio e o poder revelador da Palavra de Deus.

“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão” (v. 14). O versículo 14 introduz o assunto sobre o qual o autor devotará maior atenção: a doutrina do sacerdócio de Cristo. Essa seção inicia-se aqui e estende-se até o capítulo 10 e versículo 18. O descanso do qual o autor acabara de falar e do qual todos os cristãos participam por direito da aliança só se tornou possível porque Jesus, como sumo sacerdote, adentrou os céus. O termo grego dielelythota, derivado de dierxomai, ocorre 42 vezes no Novo Testamento Grego.17  Esse termo verbal é usado para retratar um fato que ocorreu no passado, mas que tem seus efeitos no presente. Aqui, o sentido é que Jesus penetrou os céus, por ocasião de sua morte e ressurreição, e ainda está lá.18  No passado, Jesus levou vicariamente a pena de nossos pecados; no presente, Ele é o nosso grande sumo sacerdote que continua a interceder por nós. Esse sumo sacerdote está nos céus, porém não distante do povo. Os cristãos são exortados a manterem-se firme na sua confissão, que aqui mantém o sentido de profissão de fé.

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (v. 15). O autor reconhece a fragilidade humana e sua vulnerabilidade diante das tentações. Aqui, o verbo grego peirazo, traduzido como "testar”, "tentar”, deve manter esse último sentido por estar associado à hamartia (pecado) no final do versículo. O autor faz referência a Jesus nos dias de sua humilhação e também às tentações as quais esteve sujeito. Tendo Ele sido tentado em tudo, pode socorrer os que também são tentados. A imagem aqui é extraída do sistema sacerdotal no qual o sacerdote intercedia pelas fraquezas do povo. Richard S. Taylor observa oportunamente que Jesus não foi tentado em todas as particularidades ou em cada situação possível. Por exemplo, Ele não foi tentado como marido, ou pai, ou dono de uma propriedade, ou empregador, ou soldado porque não exerceu nenhuma dessas funções. Taylor observa que Jesus foi tentado nas três áreas básicas da suscetibilidade humana: corpo, alma e espírito. Dessa forma, Jesus conhecia a tentação no campo do apetite do corpo, no campo dos relacionamentos humanos e no campo dos relacionamentos espirituais. Eu - os outros - Deus: Ele foi tentado nesses três pontos. O que deveria governá-lo? Seu desejo por pão? Seu desejo por aceitação? Seu desejo por poder? Ou a sua lealdade a Deus?19  É exatamente nessas áreas onde ocorre o campo de batalha de todo cristão. Como nós, Jesus foi tentado, porém não sucumbiu à tentação!

“Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno" (v. 16). Tendo, pois, Jesus como esse grande Sumo Sacerdote misericordioso, o cristão é convidado para que, com ousadia, chegue-se ao trono da graça. A palavra "cheguemos” traduz o termo grego proserxhometha, derivado de proserchomai, que ocorre 87 vezes no Novo Testamento grego, sendo sete vezes em Hebreus. É usado em Mateus 9.20 para descrever a ação da mulher hemorrágica quando se aproximou de Jesus: “E eis que uma mulher que havia já doze anos padecia de um fluxo de sangue, chegando por detrás dele, tocou a orla da sua veste”. Na Septuaginta, é usado para descrever a aproximação que o sacerdote mantinha com Deus durante o culto.20  Da mesma forma que o sacerdote levita adentrava no santuário para ministrar a Deus e da mesma forma que a mulher hemorrágica demonstrou coragem, ousadia e fé para aproximar-se do trono da graça, o cristão também deve aproximar-se de Deus através da mediação de Jesus Cristo.


A palavra chave desta lição é “descanso”. Todos nós nos fatigamos na caminhada da vida. O problema, portanto, não é se cansar, mas permitir que fatores diversos interrompam a nossa jornada de fé. Com os israelitas o desânimo veio como consequência da infidelidade, incredulidade e desobediência. As mesmas coisas podem acontecer conosco se não atentarmos para a santa, viva e eficaz Palavra de Deus. Nessa jornada temos como guia não um Moisés ou um Josué, mas Jesus, o autor e consumador da nossa fé.


Notas
1 GUTHRIE, George H. Hebreus - Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. Editora Vida Nova.
2 THAYER, Joseph. Greek - English Lexicon of the New Testament. Baker Book House, Grand Rapids, Michigan, USA, 1977.
3 BRUCE, F. F. La Epistola a los Hebreos. Libros Desafio. Grand Rapids, Michigan. EE.UU, 2002.
4 GUTHRIE, George H. Hebreos - del texto bíblico a uma aplicación contemporânea. Editorial Vida, Miami, Flórida, EUA, 2014.
5 GUTHRIE, Donald. Hebreus - introdução e comentário. Editora Vida Nova, São Paulo.
6 Veja uma exposição completa na obra: Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego - Mateus a Apocalipse. Editora Targumim/Hagnus, São Paulo, 2009.
7 ROBERTSON, A. T. Comentário al Texto Griego del Nuevo Testamento. Editorial CLIE, Barcelona, Espanha.
8 TAYLOR, Richard S. Hebreus - Comentário Bíblico Beacon. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, Rio de Janeiro, 2014.
9 CRISÓSTOMO, João. Hebreos - La Biblia Comentada por Los Padres de La Iglesia. Editora Ciudad Nueva.
10 ADAMS, J. Wesley. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
11 ADAMS, J. Wesley. Op.cit. pp. 1564.
12 A palavra descanso, repouso, ocorre 9 vezes nesse capítulo, sendo 8 ocorrências como katapausis e uma vez como sabbatismos. Enquanto katapausis mantém sentido de uma paz estabelecida ou um estado de descanso, a palavra sabbatismos significa "repouso sabático” (Comentário Bíblico Beacon, CPAD).
13 CLARKE, Adam. Hebreos - Comentário de la Santa Biblia, tomo III - Nuevo Testamento. Editora Casa Nazarena de Publicaciones. Lenexa, Kansas, EUA.
14WESLEY, John. Hebrews - Explanatory Notes & Commentary. Bristol Hotwells, Reino Unido, 1754.
15 ROBERTSON, A. T. Hebreos - Comentário al Texto Griego del Nuevo Testamento. Editorial CLIE. Barcelona, Espanha.
16 Veja uma exposição detalhada na obra: Chave Linguística do Novo Testamento Grego. Editora Vida Nova.
17 HUGO, M. Petter. Concordancia Greco-Espanola dei Nuevo Testamento. CLIE.
18HAUBECK, Wilfrid & SIEBENTHAL, Heinrich Von. Nova Chave Linguística do Novo Testamento Grego. Editora Targumin.
19TAYLOR, Richard S. Hebreus - Comentário Bíblico Beacon. Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro.
20 TAYLOR, Benhard A. The Analytical Lexicon to the Septuagint - a complete parsing guide. Zondervan Publishing House. Grand Rapids, Michigan, EUA, 1994.

Fonte:
Lições Bíblicas 1º Trim.2018 - A supremacia de Cristo - Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus - Comentarista: José Gonçalves
Livro de Apoio – A Supremacia de Cristo - Fé, Esperança e Ânimo na Carta aos Hebreus - José Gonçalves

Aqui eu Aprendi!

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

A Tentação de Jesus

“Então, o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e o serviram” Mt 4.11

“Depois de seu batismo e afirmação por Deus, Jesus foi levado para o deserto pelo Espírito de Deus, e ali jejuou por quarenta dias e noites. Há um paralelo direto com Israel, o povo de Deus, no Antigo Testamento. Depois de eles atravessarem o mar Vermelho (batismo) e fazerem uma aliança com Deus (afirmação da missão e identidade), os israelitas passaram quarenta anos no deserto, onde a fé e a obediência a Deus foram testadas (Dt 8.2). Agora, o verdadeiro Filho de Deus também tinha de experimentar esse teste, mas, de forma distinta de Israel, Ele teria de confiar perfeitamente no Pai e obedecer a Ele de forma plena (Hb 4.15).

Mateus e Lucas registram três tentações específicas que Satanás apresentou a Jesus; ainda assim, nosso Salvador, em cada caso, resistiu citando versículos de Deuteronômio (8.3;6.16,13). As tentações de Satanás levaram os primeiros seres humanos a duvidar da Palavra de Deus, mas Jesus firmou-se na verdade da Palavra. Em cada uma das tentações, Jesus foi desafiado sobre a compreensão de sua missão e identidade (‘Se tu és o Filho de Deus [...]’). Primeiro, Satanás tenta Jesus para que provesse pão para si mesmo, mas Jesus responde citando Deuteronômio 8.3. Os israelitas no deserto murmuraram para ter pão e, só de forma muito relutante, confiaram na Palavra de Deus para prover o maná que necessitavam” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013, p.81).

A narrativa da tentação de Jesus enaltece a importância do conhecimento e do uso da Palavra de Deus contra os ataques do Inimigo.

Texto Bíblico - Mateus 4.1-11

INTRODUÇÃO

As pessoas tendem a acreditar que a tentação de Jesus foi apenas momentânea. No entanto, Ele foi tentado pelo Diabo durante toda a sua vida terrena.

Segundo o Evangelho de Mateus, a primeira tentação de Jesus está relacionada com as necessidades de sustento material e tem conexão com o povo hebreu na travessia do deserto. A última está relacionada à idolatria. Tal tentação nos mostra o risco que corremos ao dar lugar ao impulso de se desfrutar das glórias do mundo, em detrimento da adoração a Deus. Precisamos estar atentos.

I. A TENTAÇÃO DOS HEBREUS NO DESERTO

1. A relação de Mateus 4.1-4 com a caminhada dos israelitas no deserto.
Existe uma relação direta entre a narrativa de Mateus 4.1-11 e a narrativa da travessia dos hebreus pelo deserto, em especial nos capítulos 6, 7 e 8 de Deuteronômio.

O texto de Mateus 4.1-11 está diretamente relacionado ao livro de Deuteronômio, que narra a história dos hebreus enquanto caminhavam no deserto rumo à Terra Prometida. A única exceção é o Salmo 91.11,12. Conhecer as Escrituras foi fundamental para as respostas de Jesus ao Adversário. Ele reage cada tentação citando a Palavra de Deus e extraindo o princípio de cada passagem mencionada. É recomendado estudar a tentação de Jesus em paralelo com os textos de Deuteronômio.

2. A tentação de Israel no deserto durou 40 anos.
A tentação de Jesus se assemelha ao Haggadah, um dos mais importantes textos da tradição judaica. No início da Páscoa, judeus de todos os cantos da Terra se reúnem para lê-lo ao redor da mesa. Ele contém a narrativa do êxodo do Egito. Uma celebração da passagem dos israelitas da escravidão para a liberdade, passando pelo deserto.

Os hebreus saíram da escravidão do Egito, onde abundava a injustiça, com a incumbência de criar uma sociedade justa na terra que o Senhor os mandaria. Eles tiveram, necessariamente, de passar pelo deserto e permanecer nele por 40 anos, porém muitos dentre o povo, diante das condições adversas do deserto, colocaram em dúvida a proteção e o cuidado de Deus, tentando-o por diversas vezes (Êx 16.3-8). Por isso, a maioria das pessoas que saíram do Egito não entrou na Terra Prometida. Aprendemos que o deserto é lugar de fome (Mt 4.2-4), porém também é lugar de provisão, aliança, purificação e encontro com Deus (Êx 19.1-19; Os 2.14).

3. A tentação de Jesus no deserto por 40 dias.
Os quarenta dias de jejum de Jesus recordam os quarenta anos de Israel no deserto. O jejum por 40 dias não era uma inovação, pois Moisés (Êx 24.18) e Elias (1Rs 19.8) também jejuaram este mesmo tempo. O número 40 é utilizado várias vezes na Bíblia (Gn 7,4,12; Êx 24.18; Dt 9.9) e quando se refere a dias ou anos pode significar um período necessário e suficiente para determinada ação.

Jesus foi desafiado, como Filho de Deus, a fazer uso de seus atributos divinos para satisfazer suas necessidades humanas, mas Ele rebate a tentação utilizando a Palavra de Deus. Enquanto o povo hebreu murmura contra Deus por causa da fome, Jesus segue submisso a Deus a fim de cumprir sua missão.

Conhecer as Escrituras foi fundamental para as respostas de Jesus ao Inimigo. A Palavra de Deus é uma arma eficiente contra as tentações.

Leia também sobre o assunto  JEJUM 

II. A TENTAÇÃO DO USO DO TEMPLO PARA EXPLORAÇÃO

1. A tentação de mercantilizar a religião (Mt 4.5,6).
O local da segunda tentação é o lugar mais alto do Templo. O pináculo demonstra a responsabilidade de estar no ponto mais alto do poder religioso, e quem assume tal “poder” precisa ter muito cuidado, pois também será tentado pelo Diabo para usá-lo mal. O Inimigo cita o Salmo 91, em que Deus promete proteger o justo. No entanto, isso não quer dizer que o cristão será beneficiado em troca de sua fidelidade. Infelizmente muitos pregam um relacionamento mercantil com Deus. Jesus descartou esse procedimento afirmando que os seus discípulos também passariam por aflições (Jo 16.33).

A sociedade atual é consumista, tendo como principais características o imediatismo, e em resposta a essa sociedade algumas instituições religiosas oferecem uma teologia consumista. Promessas de experiências inovadoras, com resultados imediatistas, em maior quantidade e menor esforço. Em troca, exigem a fidelização dos “consumidores espirituais”, além de sua passividade, cumplicidade e submissão cega. Essa relação de poder beneficia somente algumas pessoas, que não se interessam pelos fiéis, mas pelo sistema de poder que monopolizam. Diferente da teologia pregada por Jesus, que privilegiava a solidariedade, a vida em comunidade, simples e sem excesso de consumo. A mercantilização da sociedade tem moldado práticas religiosas antibíblicas e prestado um serviço ao materialismo.

2. A tentação de fazer de Deus um instrumento de ostentação.
Em uma das respostas de Jesus, Ele cita Deuteronômio 6.16: “Não tentareis o SENHOR, vosso Deus [...]”. O texto se refere ao episódio ocorrido em Massá (Êx 17.1-7), onde os israelitas tentaram a Deus, exigindo que Ele provasse o seu poder providenciando água para beber. Infelizmente, muitos ainda acham que podem determinar o que Deus deve fazer. Muitos falsos profetas usam do autoritarismo em supostas “visões e revelações”, visando à manutenção dos benefícios e interesses próprios. Eles se apresentam como pessoas com o suposto poder de manipular a ação de Deus (“tentam” a Deus). Estes se apresentam como pessoas de fé, mas na realidade se comportam como ateus, pois agem como se Deus não existisse para julgar o seus atos pecaminosos.

3. As distorções que prejudicam o cristianismo.
A atuação dos falsos profetas que querem mercantilizar a fé cristã e a ideia errônea de “manipular a Deus”, acabam por prejudicar o Cristianismo e a pregação da Palavra de Deus. Jesus curou e libertou muitas pessoas, mas Ele nunca tirou vantagem ou usou sua posição de profeta para manipular as pessoas com seus discursos. Mateus 7.28,29 afirma que as multidões se maravilhavam com o seu ensino e reconheciam sua autoridade como divina, pois não estava baseada na sua persuasão, mas no exemplo de vida.

Jesus tinha autoridade e nunca usou de suas qualificações em seu benefício próprio.

III. A TENTAÇÃO DO USO INDEVIDO DO PODER

1. O poder dos impérios e reinos deste mundo.
A grande altura do monte e a visualização de todos os reinos dão a sensação de poder. O ser humano tem a tendência de desejar o poder; a diferença é que alguns têm equilíbrio, enquanto outros não se importam com os meios para conquistá-lo.

2. O poder conquistado à custa da opressão e exploração do povo não provém de Deus.
O texto dá a entender que o Diabo domina os reinos do mundo, pois ele tem a petulância de oferecê-los a Jesus, como se estivessem em seu poder. Que mundo é esse? Provavelmente, Mateus está falando do controle da vida política, social, econômica e religiosa. Portanto, um mundo que necessita da intervenção divina para ser justo.

O Diabo tenta negociar esse poder, mas Jesus rejeita e o vence. Sua vitória final é na cruz, ou seja, no cumprimento da sua missão e com o recebimento de um corpo glorificado. O próprio Mateus descreve que esse Jesus ressurreto recebeu o poder e a autoridade, pois é o Criador de todas as coisas. Esse poder e autoridade são ilimitados, pois é sobre a Terra e também sobre o céu (Mt 28.18).

3. O poder idolátrico dos reinos deste mundo.
Todos aqueles que aguardavam a promessa messiânica tinham sua atenção voltada para a cidade de Sião. Essa atenção e centralidade estavam relacionadas com o fato de Sião ser um centro de adoração de todos os povos e um lugar de bênçãos. Um reino com o poder de prover as necessidades dos povos do mundo, com certeza receberia as “glórias” desses povos. Tal poder era e é realmente tentador. Com a tentação de Jesus também podemos aprender que mesmo alguém que pensa no bem do próximo também pode ser tentado a receber glórias para si. Por isso, a importância de se estar em sincronia com Deus e sua vontade.

Jesus estava estava totalmente comprometido em cumprir a vontade do Pai, mesmo que fosse necessário sofrer dores, perseguição e morrer na cruz. A cruz de Cristo deve ser o real motivo pelo qual realizamos a obra de Deus.

Pense!
Por que muitas pessoas que iniciam seu ministério na obra de Deus com amor e lealdade, com o aumento do “poder” e da fama, acabam por se perderem?

Ponto Importante
Jesus estava consciente que para cumprir sua missão e os propósitos de Deus deveria trilhar pacientemente o caminho da cruz e não o da glória humana.


CONCLUSÃO

Nesta lição aprendemos que a fidelidade a Deus deve preceder a satisfação pessoal e de bens materiais. Aprendemos também que Deus não pode ser tentado pelo mal e seu nome não deve ser usado em benefício próprio. Como crentes não devemos buscar a glória para nós, mas glorificar a Deus.

Precisamos estar sempre vigilantes, pois todos os cristãos passam pelo modelo das tentações de Jesus e o caminho da vitória também é o mesmo: conhecer a Palavra de Deus e fazer a vontade divina.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Jesus experimenta três tentações específicas.
A primeira envolve suas necessidades físicas (Lc 4.3,4). O Diabo presume que Jesus é o Filho de Deus — ‘Se tu és o Filho de Deus’ significa ‘Visto que Tu és o Filho de Deus’. Claro que Jesus pode exercer o poder de Deus e transformar uma pedra do chão em pão. O Diabo sugere que o uso deste poder para aliviar a fome era verdadeira prova de que Jesus é o Filho de Deus. Mas se Jesus transformasse uma pedra em pão, tal milagre revelaria sua falta de fé na bondade de Deus. Ele teria obedecido a Satanás em vez de ser obediente a Deus. Ele teria usado seu poder para satisfazer as necessidades pessoais em vez de usá-lo para a glória de Deus.

Jesus resiste à tentação do Diabo citando Deuteronômio 8.3. O ponto de sua resposta é que o bem-estar humano é mais que assunto de ter comida suficiente. O mais importante é obedecer à Palavra de Deus e confiar no Senhor que cuida de nós. Jesus obedece à Palavra de Deus, embora implique em fome física”

A segunda tentação é a oferta que o Inimigo fez a Jesus de autoridade sobre os reinos da terra (Lc 4.5-8). Num momento de tempo, ele traz à presença de Jesus todos os reinos do mundo. Afirma que eles lhes foram dados e que ele tem o direito de dispor deles como quiser. A afirmação do Diabo é meia-verdade. Embora ele tenha grande poder (Jo 12.31; 14.30), não tem autoridade para dar a Jesus os reinos do mundo e a glória deles. Ele promete que Jesus pode se tornar o governante da terra se tão somente Ele o adorar. Satanás tenta ludibriar Jesus para obter poder político e estabelecer um reino no mundo maior que o dos romanos.

O Reino que Jesus veio estabelecer é muito diferente. É um reino no qual Deus reina, e é formado por homens e mulheres livres da escravidão do pecado e de Satanás”

A terceira tentação tem a ver com provar a verdade da promessa de Deus (Lc 4.9-12). Jesus se deixa levar voluntariamente com o maligno até o ponto mais alto do templo. A localização precisa no templo é incerta, mas do ponto mais alto do templo Satanás instiga Jesus a pular: ‘Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo’ (v.9). A sugestão dele é esta: ‘Antes de tu te dispores em tua missão, é melhor que te certifiques da proteção de Deus. Então, por que não pulas e não te asseguras de que Deus tomará conta de Ti?’. O maligno foi refutado duas vezes com as Escrituras, então ele cita o Salmo 91.11,12 para garantir que Deus o protegerá de qualquer dano. Este é um exemplo de torcer as Escrituras para servir a um propósito, pois o Salmo 91 não garante que Deus fará milagres sob as condições que estipularmos” (Comentário Bíblico Pentecostal. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, p.338).


Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 1º Trimestre de 2018 - Título: Seu Reino não terá fim — Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus - Comentarista: Natalino das Neves

Aqui eu Aprendi!

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Mecânico e o Doutor

NADA COMO, UM DIA APOS O OUTRO...

REFLEXÃO

Um mecânico está desmontando o cabeçote de uma moto, quando ele vê na oficina um cirurgião cardiologista muito conhecido.

O renomado cirurgião está olhando o mecânico trabalhar.

Então o mecânico para e pergunta:
- ´Ei, doutor, posso lhe fazer uma pergunta?´

O cirurgião, um tanto surpreso, concorda respondendo 'Claro que sim!'. Indo até a moto na qual o mecânico está trabalhando.

O mecânico se levanta e pergunta:
- 'Doutor, olhe este motor. Eu abro seu coração, tiro suas válvulas, conserto-as, ponho-as de volta e fecho novamente, e, quando eu termino, ele volta a trabalhar como se fosse novo. Como é então, que eu ganho tão pouco e o senhor tanto, quando nosso trabalho é praticamente o mesmo??'

Então o cirurgião dá um sorriso, se inclina e fala bem baixinho para o mecânico:
- ´Você já tentou fazer como eu faço, com  o motor funcionando?´
texto 'adaptado' de domínio publico - autor desconhecido

Pense nisso!
QUANDO A GENTE PENSA QUE SABE TUDO PERCEBEMOS QUE AINDA TEMOS MUITO À APRENDER.

Prossigamos em conhecer o nosso SENHOR. 

Ele sabe onde e como fazer. Deixa ELE cuidar de você!

"Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." João 10:14-18

Deus te abençoe!

"Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém." João 21:25

Aqui eu Aprendi!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...