“Que não vos movais facilmente do vosso
entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por
epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto” 2Ts 2.2
“ANTICRISTO — [Do gr. anti, contra,
ou em lugar de, e christos, o ungido] Opositor por antonomásia de Cristo.
Também pode significar aquele que se coloca no lugar de Cristo. Lendo a
Primeira Epístola Universal de João, temos a impressão de que este personagem
sempre esteve presente ao longo da história do povo de Deus: ‘Filhinhos, esta é
a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos
se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora. Saíram dentre nós,
mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido
conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.
Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento. Não vos
escrevi porque não soubésseis a verdade. mas porque a sabeis, e porque nenhuma
mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o
Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho’ (1Jo 18.22)”
(ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário de Escatologia Bíblica. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 1998, p.22).
Pensar a respeito do futuro leva-nos a uma
reflexão profunda sobre o presente, na certeza de que os sinais da vinda do
Senhor estão estabelecidos.
Leitura Bíblica em classe - 2 Tessalonicenses
2.1-12
INTRODUÇÃO
O capítulo dois de 2 Tessalonicenses é
dedicado à escatologia. Duas questões sobressaem-se: o Dia do Senhor e a figura
do Anticristo. A abordagem que Paulo dá a esta temática é diferente daquilo que
ele faz em 1 Tessalonicenses. As novas explicações dadas por Paulo manifestam,
mais uma vez, o imenso cuidado que o apóstolo tinha para com aquela comunidade,
pois ao invés de desistir de esclarecer o tema, ou simplesmente repeti-lo, o
coração pastoral de Paulo leva-o a procurar outros argumentos para elucidar as
dúvidas, a respeito das últimas coisas, daqueles irmãos.
I. POR
QUE FALAR NOVAMENTE A RESPEITO DOS ÚLTIMOS DIAS?
Paulo demonstra em 2 Tessalonicenses 2.1, que
a Igreja Primitiva tinha em seu interior uma oração constante, a qual
centrava-se no desejo pela volta do Senhor Jesus. Qualquer igreja que não
dedica tempo adequado à reflexão sobre a doutrina das últimas coisas será
facilmente envolvida por um discurso imediatista, que defende o resultado a
qualquer custo. Nós, contudo, devemos ser guiados pelos princípios da Palavra,
os quais apontam para um minucioso processo desenvolvido por Deus ao longo da
história. Devemos viver assim como Paulo e seus contemporâneos, pensando e
esperando pela vinda do Senhor em nossa geração, mas se assim não acontecer,
certamente usufruiremos do maravilhoso privilégio de estarmos preparados para a
ressurreição dos santos.
2. Porque alguns falsos ensinos estavam
confundindo os irmãos.
Pode-se inferir por aquilo que é dito no
versículo dois que havia uma série de informações distorcidas, oriundas de
fontes duvidáveis, que estavam confundindo o coração dos irmãos em Tessalônica.
As palavras de Paulo tinham como intenção reforçar os fundamentos doutrinários
que já haviam sido postos. O apóstolo contrapunha-se ao princípio estratégico
de toda heresia: tomar uma parte da verdade, distorcê-la, e transformá-la em
uma perniciosa mentira (2Pe 2.1). Os crentes em Tessalônica já tinham ouvido
Paulo ensinar-lhes sobre as coisas futuras. Todavia, falsos pregadores, movidos
por um maligno sentimento de aproveitar-se da generosidade e cordialidade
daqueles novos convertidos, como se verá em outras lições, anunciavam o retorno
iminente de Cristo como pressuposto para não trabalharem e viverem às custas de
outros.
3. Porque é um tema complexo.
Debater a respeito dos últimos acontecimentos
da história da humanidade é um enorme desafio, pois é uma questão sempre
apresentada a partir de um olhar profético, envolto por revelações, visões, e
por isso, muitas interpretações. Paulo já havia falado muito sobre essas
questões com os irmãos em Tessalônica (v.5), mesmo assim era necessário
aprofundar ainda mais os debates. A complexidade das questões escatológicas
tende a levar as pessoas a dois extremos: ou a um afastamento completo, por
meio do qual alguns evitam todo e qualquer debate alegando ser um tema profundo
e de difícil tratamento. Outros, por sua vez, vivem fascinados por tais
problemas e mensalmente elegem um anticristo. Esses, em todo acontecimento de
repercussão mundial, veem um cumprimento profético, etc. Devemos procurar uma
postura moderada, especialmente, centrada na Palavra de Deus.
Pense!
O imediatismo de nossos dias tenta nos roubar
o direito de fazer uma reflexão profunda a respeito do futuro. Superemos o
perigo de uma vida instantânea e lancemo-nos na busca constante e incansável
por tudo aquilo que o Senhor generosamente tem nos preparado desde antes da fundação
do mundo.
Ponto Importante
Se a igreja contemporânea calar-se a respeito
do debate acerca das questões futuras, os ensinamentos heréticos oriundos de
grupos heréticos se multiplicarão. Por mais desafiador que seja, nosso
compromisso deve ser com o Deus da Palavra.
II. O
DIA DO SENHOR
Não são predições humanas que indicarão a
chegada do Dia do Senhor. Tal evento certamente acontecerá, mas como o próprio
Cristo já anunciou, será algo impossível de ser previsto por meio de uma data
específica, apesar de falsos profetas tentarem adivinhar o dia (Lc 21.8). Será
algo repentino e surpreendente (Mt 24.44). Ao longo da história humana foram
várias as tentativas frustradas de indicação do Dia do Senhor. Ao invés de
dedicarmos um precioso tempo a supostos cálculos, teorias sobre Israel e outras
questões desnecessárias, devemos nos concentrar em manter uma vida piedosa e
centrada na vontade de Deus, tal como Paulo orientava os crentes de Tessalônica.
Mais importante do que saber o dia e a hora do retorno do Rei é estar preparado
para tal momento.
2. O que acontecerá antes.
Paulo esclarece aos tessalonicenses a
respeito de alguns acontecimentos que precederão o grande Dia do Senhor, dentre
eles os dois principais: aumento exponencial da apostasia e a manifestação
plena do Anticristo (v.3). A Palavra de Deus, em vários momentos específicos,
aponta para esse processo de retrocesso em diferentes áreas: na espiritualidade
de nossa sociedade, aumento de conflitos armados (Mt 24.6); desestruturação
familiar (Mc 13.12); processo de dessensibilização dos indivíduos (Mt 24.12).
Esses acontecimentos caracterizam a sociedade que presenciará o Dia do Senhor.
Todo e qualquer prognóstico otimista é contrário ao que é anunciado pelas
Escrituras. Não sabemos o dia nem a hora, mas podemos discernir o tempo:
aproxima-se cada vez mais a vinda do Senhor.
3. Será um tempo de juízo para os que não
creram na verdade.
O Dia do Senhor aqui é descrito por Paulo
numa linguagem muito próxima a do profetismo do Antigo Testamento, tanto com
relação à vinda dos povos opressores para o estabelecimento do cativeiro, como
num anúncio escatológico (Is 13.6; Jr 46.10; Jl 2.1; Sf 1.14). Ao ser
compreendido como momento de estabelecimento da justiça de Deus, o Dia do
Senhor tem como inevitável característica da aplicação a sentença do Pai sobre
aqueles que, conscientemente, negaram a eficácia da verdade e preferiram o
erro. Não se trata de uma destinação prévia à condenação, mas antes, como o
emprego da punição requerida por aqueles que arbitrariamente optaram por uma
vida sem Deus e sem salvação. O Dia do Senhor certamente virá!
Pense!
A ilusão que grande parte dos movimentos
heréticos cria é que, promovendo o anúncio de uma data para o retorno de
Cristo, certamente as pessoas preocupar-se-ão em serem mais piedosas. O fato é
que se não vivermos como se Cristo voltasse hoje, de nada importa saber que Ele
virá amanhã.
Ponto Importante
A decadência moral e espiritual de nossa
sociedade é um indício do quê? Na verdade, desde a Queda do homem, a natureza
sofre ansiando a redenção e a humanidade luta para manter os resquícios da vida
edênica. Não devemos temer o futuro, uma vez que é para a eternidade de alegria
que nós caminhamos.
III. O
ANTICRISTO
Há na descrição do Anticristo, tanto aqui em
2 Tessalonicenses, como em 1 João e Apocalipse, um conjunto de características
que apontam para este espírito de emulação que domina o Anticristo (v.4). Não sendo
o Salvador, ele pretende em tudo parodiá-lo: Se a vinda de Jesus é segundo o
poder de Deus (Ap 19.11-16), a chegada do Anticristo é segundo a eficácia de
Satanás (v.9); se Cristo é aquEle que se chama Fiel e Verdadeiro (Ap 19.11), o
Anticristo vem firmado na operação da mentira e do engano (v.10). Mas também é
preciso lembrar que, enquanto o Reino do Senhor estabelecer-se-á para sempre
(Sl 145.13), a atuação do Anticristo será desfeita, facilmente, pelo poder da
palavra do Altíssimo e pelo esplendor de sua vinda (v.8). O Anticristo busca
incessantemente plagiar as ações do Cristo para, uma vez confundindo os
incautos, arrebanhar para si uma multidão de alienados, opressos pelo mal.
2. É a materialização de uma espiritualidade
decadente.
Ao denunciar a perniciosidade dos ensinos
gnósticos que se multiplicavam no seio da igreja no final do primeiro século,
especialmente os difundidos por aqueles que haviam sido cristãos, e agora
apostatavam da fé (1Jo 2.18-23), João denuncia que já opera entre eles uma mentalidade
demoníaca, uma espiritualidade diabólica, a qual o apóstolo denomina de
“espírito do anticristo” (1Jo 4.3). A figura apontada por Paulo em 2
Tessalonicenses seria a personificação deste modelo antideus de sociedade, que
se estabelecerá diante da vinda do Senhor. É como se, novamente numa nítida
paródia de Cristo, no Anticristo se estabelecesse a síntese de toda a
malignidade que é possível o indivíduo comportar. De fato, o Anticristo nada
mais será que o ícone de uma cosmovisão, o símbolo encarnado do espírito que se
opõe a Deus.
3. A operação do Anticristo hoje.
Aquilo que João e Paulo enfrentaram há 2.000
anos estamos enfrentando hoje. Os anticristos continuam em operação entre nós
tentando, sistematicamente, desconstruir tudo o que tenha significância e
importância para Deus e seu povo na atualidade. Deste modo, os ataques
acontecem no campo da educação, das artes, da política, economia, etc. Quantas
supostas “igrejas” têm surgido, acobertando e justificando os mais absurdos
comportamentos e práticas supostamente em nome de um Evangelho contemporâneo?
Ao invés de ficarmos, pateticamente, em busca de denominar o personagem
histórico que se revelará como o Anticristo, é melhor denunciarmos as práticas
decadentes da espiritualidade anticristã que deseja, de maneira insistente,
estabelecer-se em nossa sociedade.
CONCLUSÃO
A reflexão sobre o Dia do Senhor e o
Anticristo para a igreja em Tessalônica tinha uma enorme importância
comunitária. Foi, provavelmente, por meio de uma heresia escatológica que se
estabeleceu naquela comunidade uma celeuma de ordem coletiva. Nunca devemos
menosprezar a relevância do ensino da Palavra, por mais desafiador e espinhoso
que seja o tema, nosso papel é pregar toda a verdade.
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil
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