“Pelo
que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua
vocação e cumpra todo desejo da sua bondade e a obra da fé com poder” 2Ts
1.11
Por vivermos em um país pacífico e receptivo
aos princípios do Evangelho temos, muitas vezes, dificuldade de compreender com
clareza o que de fato é ser perseguido por amor a Cristo. Uma estratégia para
utilizar-se nesta lição é pesquisar em sites especializados informações sobre
como é a vida de cristãos em países fechados para a pregação do Evangelho.
Existe inclusive uma mobilização nacional por igrejas que vivem em contextos de
perseguição que é o DIP (Domingo da Igreja Perseguida). Este sempre ocorre no
domingo após a comemoração do Pentecostes — em alusão ao contexto de Atos 4.
Promova entre seus alunos um momento de
conscientização missionária, com o foco voltado para nações onde declarar-se
cristão é assumir para si uma sentença de morte. Ore em sala por nossos irmãos
perseguidos, e demonstre que os desafios enfrentados pelos tessalonicenses são
compartilhados por muitos ainda hoje.
Não
existem contrariedades que sejam capazes de destruir o projeto de Deus para
nós.
Texto Bíblico - 2 Tessalonicenses 1.3-12
INTRODUÇÃO
Provavelmente, alguns meses depois da escrita
de 1 Tessalonicenses, a persistência de três problemas leva Paulo a escrever
uma nova carta à Igreja em Tessalônica com o objetivo de novamente denunciar
tais situações. As dificuldades enfrentadas pelos tessalonicenses englobam três
grandes áreas: política-cultural, teológica e social; são estes: uma ferrenha
perseguição promovida por judeus e pelo império, uma interpretação
completamente errônea com relação a parousia (a vinda do Senhor), e o
desagradável testemunho pessoal de alguns irmãos que simplesmente não queriam
mais trabalhar.
Neste primeiro capítulo o apóstolo dedica-se
a uma palavra de ânimo e fortalecimento àqueles irmãos que, desde a saída de
Paulo daquela cidade, passavam por severas situações de intolerância, mas mesmo
assim continuavam firmes no propósito de servir a Deus. Sobre esta situação,
Paulo os conforta afirmando que o Senhor fará justiça.
1. Com uma fé amadurecida.
A fé dos tessalonicenses não estagnou (2Ts
1.3). Apesar das severas tribulações, das heresias que se infiltravam naquela
comunidade, eles cresceram em confiança diante do Senhor. A máxima de Paulo
direcionada à Igreja em Corinto em 1 Coríntios 11.19 parece fazer todo sentido
em Tessalônica: é na crise que os verdadeiros e fiéis se manifestam, assim como
os fraudulentos e hipócritas também (1Tm 5.24,25). Um contexto de adversidades
não deve nos intimidar, antes, devemos encará-lo como uma possibilidade de
aprofundarmo-nos na fé em Jesus Cristo. A vivência de oposições deve colaborar
para nosso amadurecimento, isto é, quando vivemos em tempos difíceis passamos a
valorizar as coisas certas, assim como a desconsiderar como relevante aquilo
que não edifica. As muitas dificuldades que os tessalonicenses enfrentavam
serviram de combustível para o desenvolvimento da fé daqueles irmãos.
2. Com um amor que se multiplica.
Um dos erros mais comuns, mas ao mesmo tempo
mais perigosos que cometemos em tempos difíceis, é permitir que o ódio ganhe
espaço em nosso ser. Os sentimentos de injustiça, desrespeito e medo que se
levantam contra nós, não podem ser alimentados, senão, enraízam em nossos
corações impedindo-nos de compreender com clareza a vontade de Deus (Hb 12.15).
Lembremo-nos: nossos inimigos não são terrenos ou humanos, mas espirituais e
diabólicos (Ef 6.12). Ao contrário disso, diante da crise, o amor entre os
tessalonicenses se multiplicou, e não apenas, como alguém poderia pensar, de
maneira egoísta, internamente, mas também para com a comunidade que estava à
volta deles. Por meio do amor aquela comunidade se fortalecia e conseguia
superar suas limitações e oposições. Não se vence o mal com mal, mas por meio
do bem, do amor, da justiça e da misericórdia.
3. Com uma paciência inspiradora.
A reação daquela jovem igreja perante tantas
tribulações era exemplar; o próprio apóstolo testemunha que durante sua estadia
em outras igrejas daquela região, a postura dos irmãos em Tessalônica servia de
inspiração. De modo especial, Paulo fala sobre a paciência daquela comunidade,
que mesmo em meio a “perseguições e aflições” (2Ts 1.4) persiste pacientemente
confiando em Cristo. Este é o segredo de uma vida vitoriosa: nunca agir
precipitadamente em momentos de tensão, mas ao contrário, orientar-se por uma postura
paciente. Nossa paz não se deriva de posses, poderes ou palavras. Temos a
capacidade de parcimoniosamente enfrentar os percalços da vida porque temos um
supremo alívio vindo do Senhor (Jo 16.33). A paciência dos tessalonicenses, que
se fundamentava numa fé inabalável no amor de Deus, deve inspirar-nos a crer
que nenhum problema é capaz de mudar o que o Senhor sente por nós.
Pense!
Não somos chamados para sermos cristãos
infantis.
Ponto Importante
Em tempos de ódios culturais aflorados,
precisamos, mais do que nunca, ser multiplicadores do amor.
1. Que a tribulação converta-se em
instrumento de testemunho de nossa fé.
Levando em consideração tudo o que aquela
igreja enfrentava, mui especialmente a intolerância por parte da população
local, o que poderia garantir que eles estavam no caminho certo? Esse é um
sério questionamento com o qual comumente nos deparamos em tempos de
adversidade: será que estou fazendo as escolhas corretas? Que garantias tenho
que Cristo está comigo se estou enfrentando tudo isso? A resposta para estas
questões, segundo o próprio Paulo afirma (2Ts 1.5; Sl 11.5), são as
tribulações. Isto é, as lutas que enfrentamos, e superamos com paciência e fé
(v.4), é o testemunho que fala mais alto acerca de nossa espiritualidade e
dignidade em Cristo. Não devemos procurar problemas. Todavia, não devemos
temê-los quando esses chegam, pois Cristo está conosco.
2. Que a devida justiça seja exercida sobre
os perseguidores.
Em um contexto ostensivo e de ferrenha
oposição, devemos ter a certeza de que o Senhor está ao lado do justo, e que
por isso o ímpio jamais prosperará (2Ts 1.6,8,9). O aparente bem-estar do
injusto não deve angustiar nossos corações, pois a estabilidade de tal
felicidade é frágil e de rápida desestruturação. A alegria e descanso que o Pai
tem programado para nós, todavia, são eternos, estáveis e abençoadores. Não nos
cabe a execução de nenhum juízo, e sim a prática cotidiana da justiça. A ação
de julgar é exclusiva do Pai (Hb 10.30), quanto a nós, basta-nos acreditar que
nenhum culpado será tomado como inocente, e nenhum puro será condenado pelo
Senhor como perverso (Na 1.3). No dia do juízo, justos e ímpios, serão
separados pelo Senhor, os primeiros para descanso eterno, já esses últimos,
infelizmente para desprezo e castigo eternos (Mt 25.33-45).
3. Que o dia do descanso virá.
As tribulações um dia terão um fim! (2Ts
1.7,10)
Nossa jornada, por mais cheia de percalços
que possa ser, terá um ponto final, pois o plano eterno de Deus desenrola-se
desta forma. Não é para o caos e o descontrole que tendem todas as coisas, o Senhor
ainda coordena o universo, Ele está assentado no trono (Sl 11.4; 96.10). Para
os seus santos, o Altíssimo tem preparado lugar de descanso e paz (Hb 4.1-11).
É para essa esperança que devemos direcionar nossos corações, isto é, não é
aqui que acaba nossa história. As muitas lutas e tribulações que enfrentamos
não serão capazes de impedir o estabelecimento da eterna vontade do Pai. Nossa
trajetória tem um rumo, nossos passos possuem uma direção certa; não demorará
muito, e nós ouviremos do Senhor o chamado eterno para morarmos para sempre ao
lado daquele que infinitamente nos ama.
Pense!
Não é necessário desejar o mal de ninguém.
Cada um colherá aquilo que pessoalmente plantou.
Ponto Importante
Não devemos fazer uma apologia ao sofrimento,
como se devêssemos desejá-lo, contudo, é preciso ter consciência de que
enfrentaremos problemas.
1. Tenham sua vocação confirmada.
Não vem dos tessalonicenses o direito à
salvação; esta é uma obra exclusivamente realizada por Deus (Ef 2.8). Contudo,
o Eterno exige de seus filhos um padrão ético elevado; a vida digna para qual
somos chamados também é uma realização de Deus em nosso ser. Sendo o Altíssimo
o protagonista de todos os atos referentes à salvação, a oração de Paulo é para
que os tessalonicenses aguardassem, de modo ativo (com testemunho, obediência e
fervor), a ação salvadora do Senhor (2Ts 1.11). Grandes coisas o Salvador tem a
realizar na vida de todos os seus filhos. Nosso esforço, desta maneira, deve
estar em crer naquilo que o Senhor é poderoso para fazer. Sabendo que é Ele
quem continuamente restaurará nosso ser à imagem do Pai enquanto aguardarmos a
salvação.
2. Vivam a vontade de Deus.
Paulo esclarece aos tessalonicenses que a
vocação daqueles irmãos tem como finalidade cumprir a vontade do Pai. Esta é
uma importante intercessão que o apóstolo faz por aquela jovem igreja, pois
cotidianamente somos confrontados com essa situação a ser resolvida: obedecemos
a voz do Mestre ou fazemos tudo do nosso jeito? É claro que qualquer pessoa
responderá que é melhor fazer a vontade do Senhor. Contudo, muitas vezes o
plano de Deus nem sempre é o mais fácil ou conveniente a nós. Que nos
inspiremos no clamor de Paulo pelos tessalonicenses para crer que a mais
excelente escolha é cumprir cada plano do Senhor (Sl 143.10). Sempre viveremos
tribulações e adversidades, mas isso não quer dizer que estamos sozinhos. Na
maioria das vezes, continuar de pé em tempos de calamidade é a prova mais
contundente de que Deus está conosco (Sl 118.6,7).
3. Glorifiquem ao Senhor com suas vidas.
Aquela era uma Igreja que enfrentava fortes
dificuldades. A possibilidade de haver algum tipo de repercussão negativa na
espiritualidade daqueles novos irmãos era algo real. Todavia, a intercessão de
Paulo pelos tessalonicenses direcionava-se no sentido de que estes
reconhecessem que suas vidas tinham como finalidade a glória de Deus, e por
isso, não deveriam permitir que nada lhes separassem do amor do Pai (Rm
8.35-39). Tal como os irmãos de Tessalônica, devemos viver de maneira que tudo
que façamos seja para o louvor do Senhor. Muito mais importante que glorificar
a Deus apenas com palavras ou discursos é viver inteiramente para a honra do
Senhor.
Pense!
A salvação não vem de nós, é uma dádiva de
Deus.
Ponto Importante
Somos comissionados para uma vida de doação
ao Reino e ao seu Rei.
CONCLUSÃO
Os desafios que aquela jovem igreja
enfrentava eram enormes. Se fizéssemos uma avaliação meramente humana da
situação, o prognóstico seria dos piores. Todavia, aquela comunidade não andava
por critérios humanos, mas por obra de Deus. Inspiremo-nos no exemplo de
Tessalônica para enfrentar nossas lutas particulares, sempre crendo que o
Senhor é nosso bondoso Pai, que jamais nos abandona.
“A Completa Recompensa Virá (1.6-10)
Saber que qualquer
tipo de injustiça cometida um dia terá seu julgamento é um grande incentivo que
gera um sentimento de bem-estar. Deus deseja que a justiça corra como um
ribeiro impetuoso (Am 5.24). Seus filhos podem ter certeza de que a impiedade
não escapará do julgamento, nem a justiça deixará de ser recompensada. Paulo
reafirma os dois lados da justiça de Deus. Primeiramente fala do lado negativo
— aqueles que perturbarem os tessalonicenses não escaparão impunes (v.6). Esse
ato de Deus não deveria ser visto como um ‘embrulho de brutalidade cruel’ que
proporcionará alegria, embora a simplicidade da expressão no versículo 6 possa
levar a tal pensamento (também os vv.8,9; 2Pe 2.12-17; Jd vv.10-13). Talvez
estas expressões bíblicas sejam como os salmos imprecatórios, que exigem
dolorosos julgamentos sobre os opressores (por exemplo, Sl 3; 58; 59), não
porque alguém esteja sedento de sangue, mas por se esperar tão ansiosamente que
a justiça de Deus resgate o seu povo do mal. O salário do pecado será pago pelos
perseguidores — a não ser, é claro, que lhes aconteça o mesmo que aconteceu a
Saulo, ou seja, que se arrependam durante a sua jornada” (ARRINGTON, French L.
e STRONSTAD, Roger (Ed). Comentário Bíblico Pentecostal. 4ª Edição.
RJ: CPAD, 2006. p.1414).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil
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