“Portanto, quem despreza isto não despreza ao
homem, mas, sim, a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo” 1Ts 4.8
Deus nos convoca para uma compreensão de
santidade que transcende os cerimoniais religiosos e os rituais de purificação
humanos.
Texto Bíblico - Tessalonicenses 4.1-4
INTRODUÇÃO
Depois de ter redigido a parte principal
desta sua primeira carta, na qual as temáticas centrais eram o louvor e a
gratidão a Deus pela experiência de salvação que desfrutavam os
tessalonicenses, Paulo passa a fazer alguns esclarecimentos a respeito de
assuntos pontuais para a vida dos irmãos daquela igreja. O início desse novo
momento da epístola é demarcado através da primeira palavra de 1
Tessalonicenses 4.1, que é traduzida por “finalmente”, “quanto ao mais”, “de
resto”, “ademais”. O apóstolo parece orientar os membros daquela jovem igreja a
respeito de algumas dúvidas teológicas que eles possuíam e provavelmente a
respeito de algumas questões práticas que Timóteo destacou em seu relatório de
retorno a Paulo. Estudar as inquietações dos tessalonicenses torna-se muito
relevante, especialmente quando percebemos que estas ainda são muito
pertinentes para a Igreja atual.
1. Um modelo que é transmitido e
compartilhado.
A preocupação de Paulo era que os tessalonicenses
permanecessem no mesmo conjunto de princípios fundamentais que receberam no
início de sua fé, pois se eles assim fizessem, tudo permaneceria bem. Em tempos
de fórmulas mágicas ou estratégias mirabolantes, devemos nos fortalecer na
confiança de que o Evangelho que nos foi transmitido é verdade espiritual
suficiente para nossa edificação. Não necessitamos de complementos ou novas
revelações (Gl 1.6-9). As boas-novas de Cristo não são uma verdade complexa e
de difícil compreensão que apenas alguns privilegiados terão a capacidade de
discerni-las; antes, é um fato simples e de fácil assimilação: Deus nos ama de
maneira incondicional. O Evangelho é simples e descomplicado.
2. Vivendo para agradar a Deus.
O
objetivo de Paulo neste momento de sua carta àquela comunidade era lembrar aos
irmãos de que a finalidade de nossas vidas não é atingir metas pessoais ou
sonhos individuais, e sim, agradar a Deus em tudo quanto fizermos. Ter uma vida
santa é viver segundo o propósito do Senhor (2Tm 1.9). Por isso não tenhamos
receio de obedecer a Cristo, sabendo que tal opção de vida nos conduzirá à
felicidade e à realização pessoal. A manifestação do Reino de Deus em nós é
produtora de vida, libertação e alegria (Sl 16.8-11); certamente passaremos por
desafios e lutas, mas nada, nem ninguém, terão o poder de destruir os
fundamentos eternos que o Senhor já estabeleceu em nossas vidas por meio da
salvação em Cristo Jesus (Rm 8.35-39). Compreendamos que se viver é um
privilégio, viver em Cristo é a experiência mais sublime que podemos vivenciar.
3. Vida transbordante, vida em santidade.
A
presença do Senhor é reconfortante e abençoadora para nós. Se há uma metáfora
bíblica que exemplifica de maneira clara a vida cristã, esta é a imagem do
transbordamento. Analogias que se referem a rios caudalosos em terras secas (Is
41.18); colheitas produtivas em tempos de crise (Dt 28.8); prosperidade
material (Sl 112.1-3). A medida de nossa alegria é a fartura (Sl 16.11), a
porção do perdão que nos atinge é transbordante (Lc 6.38), o amor que nos salva
é incomensurável (Jo 3.16). Vida cristã é sinônimo de vida santa, não há
compatibilidade entre viver em Cristo e viver no pecado (Rm 6.1,2; 11-15). Por
isso a nossa experiência de fé é aquela que aponta para uma abundante graça (Rm
5.20). Não é possível estar cheio de Deus, e continuar carregando ainda ódios,
mágoas e ressentimentos. Esta é a causa de algumas pessoas não experimentarem a
plenitude do Espírito, é preciso esvaziar-se de muita coisa antes.
Ponto Importante
Não devemos temer o que Deus preparou para
nós; por mais desafiador e espantoso que seja, certamente isto será sempre o
melhor.
1. A santificação como vontade de Deus.
Não
foi para uma vida de pecados que fomos vocacionados por Deus (1Jo 3.8,9).
Aqueles que são guiados pelos valores decadentes do mundo não conseguem
aperceber-se da presença do Senhor; veem apenas tragédias, dores e maldades. No
nosso caso é diferente, pois por meio da semente da santidade que brotou em
nosso ser conseguimos ver Deus em tudo ao nosso redor: reconhecemos as
grandezas de Deus na natureza (Sl 19.1); na transformação ocorrida em nossas
vidas percebemos a presença do Senhor (2Co 3.18); em tudo o que existe, ao
vivermos em santidade, somos capazes de reconhecer a glória de Deus. Uma vez
que Deus nos tornou santos devemos fazer de nossa vida um altar de louvor a
Ele, de maneira que, assim como o Sumo Sacerdote da Antiga Aliança, todos
quantos olharem para nós lembrem-se do lema de nossa vida: “SANTIDADE AO
SENHOR!” (Êx 39.30).
2. Santificação que se exige de solteiros e
casados.
Há em 1 Tessalonicenses 4.3-5 uma explícita e contundente
exortação paulina quanto a pureza sexual. Não nos concentraremos no debate a
respeito do que significa o termo vaso no v.4, pois o mais relevante é
compreender que o Senhor conclama os seus filhos a reconhecerem a sexualidade
como um componente tão sagrado do ser humano quanto tudo o mais que nos envolve
é. Não há nada de profano ou pecaminoso no relacionamento sexual entre os
casados. Lembre-se disso: seu corpo é templo e morada do Espírito Santo (1Co
3.16), não profane o templo de Deus, você! (1Co 6.15-19; Hb 13.4).
3. Vivendo num nível diferente de
espiritualidade.
Se de fato nossa espiritualidade é viva, é necessário que
o padrão moral e comportamental do povo de Deus não seja o mesmo daquele que é
adotado pelo mundo. Essa é a orientação de Paulo àquela jovem comunidade (1Ts
4.5). Aqueles que estão cegos em seus delitos e pecados possuem uma maneira
distorcida de encarar aspectos essenciais da vida, como a sexualidade, por
exemplo, que não condizem com nossa maneira de compreender a realidade. Fomos
vocacionados à salvação para, através de nosso testemunho, anunciarmos os
valores de um Reino superior, de cima, do céu (Mt 5.13-16; Jo 3.31).
Ponto Importante
A santificação produzida por Deus em nossas
vidas não tem efeitos apenas para o futuro; na verdade, os efeitos da obra de
Cristo já repercutem agora em nós.
1. Negócios honestos.
Santidade,
todavia, não é algo que se refere apenas ao corpo ou a exterioridade das
pessoas. Devemos ser santos e honestos também em nossos negócios (1Ts 4.6). A
corrupção é uma prática usual em nosso país; entretanto, nós temos de ser
diferentes (Ml 3.18). Não podemos defender o lucro a todo custo, a pirataria, o
desvio de verba, a balança injusta (Pv 11.1; Mq 2.2). Somos um ser integral,
logo, é impossível ter um padrão de santidade nos momentos litúrgicos, isto é,
na igreja, e não apresentar um testemunho santo em nossa vida fora do templo.
Na verdade, fomos chamados para anunciar as verdades do Reino aos que estão
distantes de Deus, se, em virtude de um comportamento inadequado, não somos
capazes de fazer isso, nosso cristianismo é falso e nossa fé morta (1Co 8.9; Tg
2.17). É impossível ser cristão e não ser santo.
2. Relacionamentos sadios.
Não existe
santidade na vida de quem promove violência, injustiça e discórdia. Como alguém
pode declarar-se nascido de novo, mas ser responsável pelo fim de um casamento,
pela promoção de inimizades entre pessoas, por semear a contenda entre irmãos?
Isto é simplesmente impossível (Pv 6.16-19). Deus nos chamou para
relacionamentos mutuamente edificantes, não devemos ser fardos para ninguém.
Como anuncia Paulo, o Senhor é vingador do injustiçado (1Ts 4.6). Numa
referência direta a Levítico 25.17, o apóstolo assegura que as trapaças humanas
podem passar desapercebidas pelas demais pessoas, todavia, jamais serão
desconsideradas pelo Senhor que é Deus da Justiça (Is 61.8). Ele “vingará” o
violentado, restituirá o roubado, justificará o fraudulentamente acusado (Hb
10.30). Nossa esperança se estabelece no Senhor, em época como a nossa em que
instituições sociais e seus compromissos com a equidade estão fragilizados.
3. Santificação como experiência de viver no
Espírito.
O poder santificador do Espírito nos torna progressivamente mais
santos (1Co 6.11). Somos convocados por Deus para uma experiência de
santificação instantânea e constante (Jo 17.19). O fato de o mundo estabelecer
relacionamentos fraudulentos e moralmente decadentes, além de ser um
desrespeito ao outro — obra do amor do Criador, imagem e semelhança da própria
divindade — torna-se um afrontoso pecado contra o Espírito Santo. Ao tratarmos
outras pessoas fora do nível de amor e respeito que elas merecem, como filhos e
filhas de Deus, estamos voltando-nos contra o próprio Senhor (1Ts 4.8). A
adoração a Deus sem comunhão com o próximo é puro rito religioso vazio,
desprovido do real sentido do culto a Deus. Deste modo, viver no Espírito é uma
experiência de comunhão verdadeira com o Criador e seus filhos.
Ponto Importante
Em um mundo de ódio, preconceitos e posturas
cada vez mais radicalizadas, somos convidados para ser agentes do amor, movidos
pelo Evangelho de Cristo, por uma íntima compaixão que nos faça ver as pessoas
que, se não forem evangelizadas, não terão qualquer oportunidade de ver o rosto
de Deus.
CONCLUSÃO
Não existe santidade quando há isolamento,
ódio e negação do outro. Se somos as pessoas deixadas por Deus nesta sociedade
para que ela não apodreça em seus extremismos sociais, cabe-nos a tarefa de
iluminar os corações entenebrecidos por preconceitos e discriminações, e dar
sabor às vidas desesperançosas de justiça, bondade e paz. Ser santo é estar a serviço
do bem-estar do outro.
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil
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