“Lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho
do amor e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de
nosso Deus e Pai” 1Ts 1.3
“‘Sabendo... que a vossa
eleição é de Deus; porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras,
mas também em poder’ (1Ts 1.4,5). Paulo notou que as qualidades cristãs
interiores acham expressão na maneira como o crente vive a sua vida. Agora ele
apresenta um aspecto semelhante. O Evangelho vem como palavras, mas não
simplesmente com palavras. O Espírito Santo infunde estas palavras com poder, e
os dois têm um impacto visível. Nessa passagem do Evangelho, os termos ‘foi’
(1.5), ‘recebendo’ (1.6), e então ‘soou’ (1.8) vieram daqueles que foram tão
poderosamente afetados por aqueles que se tornaram ‘nossos imitadores e do
Senhor’ (1.6). Eles mesmos anunciam... ‘como dos ídolos vos convertestes a
Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro’ (1.9). A mensagem do Evangelho
foca a nossa atenção em Cristo e na salvação que Deus nos oferece nEle. Os
primeiros evangelistas cristãos não acatavam a idolatria, mas apresentavam a
Jesus. A decisão de converter-se a Deus era crítica; a decisão de rejeitar a
idolatria era uma consequência. Às vezes perdemos de vista essa ordem de
conversão. A salvação não é uma questão de converter-se do álcool a Deus. É uma
questão de se converter a Deus (e então) abandonar o álcool” (RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª
Edição. RJ: CPAD, 2012. p.455).
A nova experiência de vida dos tessalonicenses está
intimamente ligada a uma forte comunhão com Deus, mas também um amor espontâneo
entre eles e Paulo.
A lição de hoje tratará a respeito do relacionamento de um
experiente líder cristão com uma comunidade de novos convertidos. Como percebemos
por meio da leitura das cartas à igreja em Tessalônica, em momento algum Paulo
desprezou as aflições que inquietavam aqueles cristãos apesar de, em alguns
casos, serem questões muito triviais com relação à fé. Esta postura do apóstolo
deve-nos ser inspiradora. Paulo serviu aquela igreja, apesar de — segundo uma
lógica humana — ele ter o direito de solicitar aos crentes daquela comunidade
que o sustentasse, inclusive financeiramente. A oportunidade que o Senhor nos
concede de servir aos jovens de nossas igrejas não pode ser encarada como um
fardo ou mesmo um ministério menor, mas como um chamado para servir àqueles que
hoje precisam muito de nosso apoio, misericórdia e atenção.
Texto Bíblico - 1 Tessalonicenses 1.2-10
INTRODUÇÃO
Logo no início de sua
primeira Epístola aos Tessalonicenses, Paulo preocupa-se em tornar claro
àqueles irmãos seu cuidado e amor por eles. Como demonstrará o apóstolo, estes
sentimentos tinham uma dupla origem: em primeiro lugar, naturalmente, brotavam
do coração do Pai — de onde deriva toda e qualquer experiência de amor
verdadeiro que vivenciamos. Em segundo lugar, mas não menos importante, a
afeição daquele pastor por aquele grupo de novos convertidos era resultado da
nobreza espiritual destes.
É necessário lembrarmos que
quando falamos da Igreja em Tessalônica estamos tratando de uma comunidade que
nasceu debaixo de forte perseguição, que muito cedo ficou “órfã” de uma
referência espiritual e isto no meio de uma sociedade hostil e avessa aos
valores cristãos. Entretanto, a despeito deste conjunto de circunstâncias
contrárias, a Igreja em Tessalônica floresceu. Os irmãos daquela cidade
abandonaram suas tradições idólatras e propuseram-se a viver a radicalidade do
Evangelho em sua versão literal; aspirando, com muita singeleza de coração, o
Dia do Senhor.
1. Um líder que pode chamar
seus liderados de amigos.
A experiência de Paulo em
Tessalônica aponta para um modelo bíblico de relacionamentos; o apóstolo não é
só um pastor que tem amigos (algo raro atualmente), mas que seus amigos são os
membros da comunidade que ele lidera. Paulo não se coloca em outro nível, acima
dos outros, quase como um super-herói; pelo contrário, o apóstolo trata os
Tessalonicenses como amigos queridos, pessoas com as quais ele não queria
manter apenas uma relação institucional, e sim uma amizade mutuamente
edificante. Não eram apenas os crentes daquela igreja que eram edificados pelos
ensinamentos e ministério do apóstolo, mas o próprio Paulo, através da vida
daqueles irmãos declarava-se abençoado e edificado.
2. Paulo um líder que se
alegrava através da vida dos irmãos.
Seus relacionamentos
trazem-lhe alegria, paz e edificação, ou, ao contrário, são fonte de dores e
problemas? Entre Paulo e os tessalonicenses essa questão estava muito clara: a
alegria que aqueles irmãos traziam a Paulo não era pelo que eles tinham, mas
por aquilo que eles eram. E o que eles eram? Amados de Deus e de Paulo. Grande
parte dos relacionamentos na atualidade vem desgastando-se em virtude de
expectativas erradas; não devemos aproximarmo-nos dos outros em vista de
benefícios ou interesses pessoais, mas antes nossa alegria deve ser o
privilégio de conviver com pessoas, principalmente com aquelas cujo coração já
foi transformado pelo amor do Pai (Fp 4.1). Devemos alegrar-nos por pessoas,
nunca por bens materiais ou instituições.
3. Uma amizade que tem como
fundamento Cristo.
Só há uma razão para
explicar o tipo de amizade edificante que surgiu a partir do encontro entre
Paulo e a comunidade em Tessalônica: Cristo! Ora, como pessoas de locais
diferentes, com uma formação cultural diversa, que permaneceram próximas durante
um curto espaço de tempo conseguem desenvolver um relacionamento tão sólido, se
não através da graça de Cristo, que as faz perceber umas às outras como
importantes e especiais (Rm 12.5; 1Co 12.25)? Todas estas convulsões sociais
que vivenciamos hoje: intolerância, xenofobia, discriminação, são resultado de
uma compreensão errada do amor de Cristo em relação ao próximo, a qual ao invés
de perceber o outro como o próximo, compreende-o como o estranho, o diferente,
o inimigo. Somente o poder de Jesus em nossos corações é capaz de redirecionar
nossos relacionamentos para retornarmos ao plano original do Pai para a
humanidade. Acreditemos no poder do amor, o qual é capaz de causar uma
transformação no mundo (Jo 13.35).
Ponto Importante
Percebemos que não eram apenas os tessalonicenses que eram
ricamente abençoados nesse relacionamento, mas o próprio Paulo faz questão de
reconhecer o quanto sua vida era tocada e animada por Deus através dos amáveis
irmãos em Tessalônica.
1. Fé operosa.
A experiência salvífica dos
tessalonicenses não foi algo circunscrito ao campo teórico, a um evento que
envolvia elementos meramente abstratos. Ao contrário, o impacto da presença do
Evangelho naquela comunidade produziu mudanças visíveis, constatáveis por
qualquer indivíduo, pois conduziu os tessalonicenses a uma salvação
não-egoísta, mas ao contrário, uma experiência de doação e comprometimento em
fazer um mundo melhor para si e para os outros (1Ts 1.7,8). Esta pode ser uma
compreensão da expressão utilizada por Paulo em 1 Tessalonicenses 1.3. Não é de
uma fé morta, estática, apática de que fala o apóstolo, mas de uma vivência
dinâmica, viva e transformadora.
2. Amor abnegado.
Os tessalonicenses
receberam a verdade do Evangelho na convicção de que não era mais para si que
eles deveriam viver, e sim para Cristo e para o serviço do outro (1Ts
4.9,10,12). Não há amor egoísta; se é amor, necessariamente é altruísta. Uma
postura que pensa apenas em si, que procura exclusivamente o autobenefício,
jamais poderá ser denominada de amor; talvez seja ganância, inveja, cobiça; o
amor, no entanto, é capaz de vivenciar perdas para garantir o bem-estar do
outro (1Co 13.4). Os irmãos desta comunidade foram capazes de vencer o ódio por
meio do amor, a traição através do perdão (1Co 13.6-9). As relações em nossas
igrejas devem ser constituídas naturalmente, sem estratégias artificiais,
promotoras de ilusões para ambas as partes. O amor não engana, mas antes, trata
com verdade.
3. Esperança que não é
ansiosa.
A convicção de que nada
deste mundo é permanente, e que, no entanto, é para a eternidade que
caminhamos, não nos isenta de nossas responsabilidades imediatas, como por
exemplo, o trabalho (2Ts 3.10-12). Há pessoas que diante da notícia de uma
mudança, não conseguem pensar ou fazer mais nada, paralisam suas vidas,
tornam-se improdutivas e inúteis, aprisionadas pela expectativa do novo ou
diferente. A esperança que tomava os corações daqueles irmãos tinha um
fundamento sólido: Jesus Cristo (1Ts 5.8). Tudo aquilo que realizamos, segundo
a orientação do Salvador, certamente será próspero. A ansiedade é resultado de
uma fé que não se estabeleceu em Cristo, mas nas riquezas, poderes ou
influências dos homens. Nossa confiança no futuro, contudo, deriva da fé na
obra realizada amorosamente na cruz do Calvário (1Ts 2.19).
Ponto Importante
Nossa fé dever ser operosa, não por nós mesmos, mas em função
do fluir do ser de Deus para nossas vidas.
1. A transformação que não
se pode esconder.
O testemunho de Paulo sobre
os tessalonicenses é forte. Entretanto, este não era o ponto de vista isolado
de um amoroso pastor; as igrejas circunvizinhas (1Ts 1.7) e a população pagã da
região também eram testemunhas de que a salvação em Cristo mudou radicalmente a
postura dos irmãos em Tessalônica (1Ts 1.8). Ora, foi o próprio Jesus que
anunciou a impossibilidade de se esconder os resultados da bênção de Deus na
vida daqueles que o reconhecem como SENHOR (Mt 5.14). O impacto do poder da
salvação na vida de uma pessoa, ou neste caso, de uma comunidade inteira, é
incalculável; não se pode mensurar o quanto de mudança, e em que áreas e
níveis, tal encontro é capaz de repercutir (2Co 5.17).
2. A causa da nova vida.
Sistemas religiosos não
libertam pessoas. Frases de efeito e palavras de ordem podem até possuir algum
poder retórico, mas são incapazes de construir qualquer realidade para além da
ilusão (1Co 2.4). Somente a genuína Palavra, que anuncia tanto a morte sacrifical
quanto o retorno triunfal de Cristo, é poderosa para ressignificar toda
história de vida de uma pessoa (1Ts 1.5). Não foi uma estratégia ou método para
crescimento de igrejas que fez a diferença na vida dos tessalonicenses, mas
apenas a pregação do Evangelho puro e simples. Em tempos como os nossos, o
caminho para um crescimento saudável da Igreja é retornar aos padrões bíblicos
do Novo Testamento apresentados aqui em 1 Tessalonicenses: pregação avivada,
testemunho individual eloquente, oração e liberdade para operação do Espírito
Santo (1Ts 5.17,19).
3. A nova vida exclusiva
para Cristo.
Não há acordo entre o
Senhor Jesus e as entidades da maldade (Mt 6.24). A postura dos tessalonicenses
foi muito corajosa; abandonar radicalmente as divindades vigentes de sua
comunidade significava romper com todo o quadro cultural em que eles estavam
inseridos. Reconhecer como falsos deuses aqueles que até pouco tempo eram seus
patronos sociais exige muita convicção. Existem mudanças processuais,
libertações lentas, antigas práticas culturais arraigadas que exigem tempo para
ser abandonadas; contudo, com relação à adoração ao verdadeiro Deus não existem
negociações (1Rs 18.21). Nada pode estar acima de nossa relação com Cristo. Há,
na contemporaneidade, um esforço contínuo, da mentalidade que rege o mundo, na
direção de adequar práticas sociais reprováveis ao contexto da aceitação
cristã. Assim como os tessalonicenses, todavia, não devemos abrir mão de nenhum
dos princípios revelados por Cristo.
CONCLUSÃO
Os acontecimentos
maravilhosos que envolveram os tessalonicenses não foram resultantes da ação
humana, mas um ato gracioso do amor do Pai. Porém, uma vez salvos, aqueles
irmãos resolveram viver intensamente seu chamado à salvação de modo que se
tornaram modelo para as comunidades a sua volta. O mais importante em nossa
relação com Deus é o quanto estamos dispostos a doar-nos a Ele, por seu Reino e
filhos.
“A ação de graças de Paulo,
sempre damos graças a Deus por vós todos (v.2) é mais que forma educada usada
comumente em carta convencional escrita naqueles dias. Ela ilustra a relação
afetuosa e pessoal do apóstolo com os seus convertidos, e um intenso sentimento
de alegria e solicitude. Esta passagem é testemunho vívido da igreja
missionária primitiva, mostrando como a força totalmente transformadora do
evangelho se comportava em ambiente pagão. [...]
As evidências externas dos
valores cristãos interiores e eternos têm de aparecer na vida diária destes
convertidos: as atividades transformadas, a labuta amorosa, a resistência sob
pressão. Inversamente, a eficácia surpreendente do testemunho (6-10) só pode
ser explicada pela efusão de qualidades divinamente implantadas.
A verdadeira fé se mostra
por obras correspondentes; mas meras ‘boas obras’ que não emanem da fé
carecerão de frutificação espiritual; o amor divinamente implantado fará surgir
ações vigorosas de grande custo; motivos menores que estes fracassarão sob
prova. A esperança cristã manterá os homens firmes sob tensão; o mero idealismo
humano esfacela-se sob pressão (Cl 1.4,5; Hb 10.22-24; 1Pe 1.21,22; Ap 2.2-4)”
(Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 9, Gálatas a Filemom.
RJ: CPAD, 2006. pp.360,361).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil
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