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sábado, 21 de abril de 2018

Conservando uma vida frutifera

“Porque, agora, vivemos, se estais firmes no Senhor” 1Ts 3.8

“O desafio é tanto pessoal quanto coletivo. Paulo está guiando a partir da frente de batalha, mostrando, com sua dedicação pessoal e disposição de sofrer, que Deus não é derrotado pela oposição do ser humano nem pelas circunstâncias difíceis deles. Mas a igreja, como um todo, também tem de ser um exemplo de fidelidade e testemunho. Muitas vezes, ela é a atividade conjunta de um grupo de cristãos que causa um grande impacto nos outros. Assim, minha vida pessoal é um exemplo que encoraja os irmãos em Cristo e que mostra Jesus para o mundo? Nossa vida na igreja é harmoniosa e dedicada a servir a Cristo em palavras e obras? Hoje em dia não está muito em voga pensar na volta de Cristo — nem mesmo pensar na jornada através da morte que todos nós empreenderemos. A volta de Jesus, no entanto, representa um foco para o ministério de Paulo e a vida de muitos cristãos perseguidos ou destituídos. Mas Paulo não oferece uma promessa de esperança futura apenas para ajudar as pessoas a lidar com a angústia atual; é muito mais que isso. Ao manter o foco na volta de Jesus, temos um objetivo, uma meta. Temos uma tarefa a fazer — ajudar a edificar o Reino de Deus — em um período de tempo limitado (e desconhecido) (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2013. p.364).

Muito mais desafiador do que plantar uma Igreja é consolidá-la de tal forma que as pessoas permaneçam na vocação de Deus, mesmo diante de adversidades, perseguições e frustrações.

A palavra-chave desta lição é “frutificação”. Diante desse vocábulo, enquanto professores(as) devemos fazer a seguinte pergunta: Qual o fruto do trabalho que estou realizando para Deus? Por vivermos em uma sociedade imediatista, muitas vezes nossos corações satisfazem-se apenas com aquilo que se pode perceber com facilidade, de modo muito evidente; entretanto, é necessário termos a maturidade para acreditar que os resultados, especialmente aqueles de repercussão espiritual, estão para além daquilo que os olhos podem ver. Deste modo, acredite, seu ministério é muito importante, não apenas para um grupo de jovens com quem você se reúne semanalmente, mas também para sua igreja local, e ainda para o Reino de Deus como um todo. São extraordinariamente positivas as consequências do serviço de homens e mulher como você que, com dedicação e zelo, empenham-se em fazer as verdades da Bíblia Sagrada compreensíveis e relevantes para nossa geração de jovens.

Texto Bíblico - 1 Tessalonicenses 3.6-13

INTRODUÇÃO

O amor verdadeiro dos tessalonicenses, associado à necessidade de uma fuga repentina em virtude da forte perseguição que se levantou, deixaram em suspenso o coração de Paulo quanto à permanência e consolidação da fé dos novos cristãos daquela cidade. De tal forma que, diante de um grande impedimento que se impôs com relação à sua ida pessoal a Tessalônica — o qual o próprio apóstolo considerava uma ação diretamente promovida pelo Maligno (1Ts 2.18) — Timóteo foi enviado àquela igreja para de lá trazer notícias a Paulo. Quão grande não foi a alegria do apóstolo ao receber de seu jovem auxiliar o relatório de viagem. Os tessalonicenses estavam bem espiritualmente, usufruindo da profunda alegria que caracteriza a vida daqueles que vivenciam uma experiência real de salvação. É sobre os fatores que levaram os tessalonicenses a uma experiência de fé consolidada que refletiremos nesta aula.

I. LIDERANÇA FRUTÍFERA, IGREJA FRUTÍFERA

1. Paulo, um líder de líderes.
Se há uma característica peculiar do ministério de Paulo que se pode destacar, esta é a capacidade de perceber o potencial de novos líderes. São tantos, cujas listas estão presentes em quase todas as cartas que ele escreveu. Por isso, pensemos apenas no paradigmático caso de Timóteo. Oriundo de uma família de dupla tradição religiosa e cultural (At 16.1); reconhecido por sua juventude (1Tm 4.12); um inexperiente obreiro em sua primeira viagem missionária (At 17.14). Enquanto alguém poderia ver tais adjetivos como desqualificantes para a vocação de Timóteo, Paulo viu além, e compartilhou com o jovem obreiro suas experiências, conhecimentos e sonhos. A confiança do apóstolo era tamanha que, diante de sua impossibilidade de ir a Tessalônica, envia seu filho na fé — delegando-lhe autoridade para ensinar e exortar (1Ts 3.2).

2. Paulo, um líder de coração pastoral.
As palavras do apóstolo em 1 Tessalonicenses 3.8 são, simultaneamente, fortes e amorosas. Paulo não esconde o sentimento de apaziguamento que as notícias de Timóteo trouxeram-lhe. A vida ganha novos horizontes diante da percepção de que a semente do Evangelho entre os tessalonicenses floresceu e que o testemunho deles já frutificava em outras cidades. Palavras como estas à igreja em Tessalônica não foram exceção na trajetória de Paulo; outros textos como 1 Coríntios 4.9-14; Efésios 3.13; Gálatas 4.19, evidenciam o comprometimento deste homem não apenas com a vocação que possuía, mas com as pessoas que eram o objetivo primário deste chamado. Este é um dos motivos pelos quais aquela igreja prosperou espiritualmente, havia uma visão de Deus, cumprida debaixo do mais abnegado e dadivoso amor.

3. Paulo, um líder a ser imitado.
Atualmente ainda existem pessoas para as quais podemos olhar e dizer: “Este irmão/irmã inspira-me a ser um cristão melhor!”. Muitos são aqueles que podemos literalmente imitar. Paulo, era uma dessas pessoas especiais (1Co 4.16; 11.1). Para aqueles novos cristãos, foi natural tomar o apóstolo como um ideal de cristão e de ministro. Hoje, ao invés de líderes que imponham sua vontade, necessitamos de homens e mulheres de Deus que nos inspirem a ser melhores — não mais excelentes que os outros, mas melhores que nós mesmos todos os dias. O imitar neste caso não é irracional ou negativo, mas um movimento positivo, de entusiasmar o povo. Será que hoje, somos padrão a ser imitado pela sociedade, ou perdemos de tal modo nossos referenciais que não somos mais modelo para esta geração?

Ponto Importante
O amor deve ser a lógica que fundamenta nossas relações; por isso não importa quão pequena ou limitada seja uma igreja, ela merece ser amada e abençoada.

II. UMA IGREJA QUE FRUTIFICOU

1. Apesar das tribulações.
Problemas dos mais variados como já vimos, envolveram a fundação e continuação do trabalho em Tessalônica (1Ts 3.7). Mas isso não foi suficiente para barrar o crescimento da obra de Deus. Não devemos esperar boas oportunidades brotarem do nada para nossas vidas serem automaticamente transformadas; é necessário trabalho e fé. As tribulações que caracterizaram esse primeiro momento da Igreja Primitiva não foram capazes de impedir o florescer do Reino de Deus (At 14.22). Se assim aconteceu com Jesus, nosso Mestre, e com os nossos primeiros irmãos, não podemos esperar nada diferente no que diz respeito a nós e nossa relação com a sociedade atual (Mt 10.24,25). Por isso devemos ter a convicção de que, apesar das várias aflições no mundo, a vitória de Jesus já nos basta (Jo 16.33).

2. Apesar da falta de um acompanhamento integral.
Paulo era consciente de que sua distância com relação aqueles irmãos tinha, de certa forma, deixado lacunas na formação cristã deles (1Ts 3.10). Apesar desse fato, isto não foi um impedimento para que, em meio a muitas limitações, os tessalonicenses procurassem desenvolver sua fé. É claro que o ideal para a formação de uma nova igreja sadia é um discipulado completo, uma assistência absoluta, mas nem sempre isso é possível em virtude de uma variável de questões. Cabe então a um discipulador consciente de seus desafios investir no ensino dos componentes mais fundamentais e indispensáveis da fé cristã (1Pe 2.2). Outras questões acessórias e secundárias devem ser reservadas para outras circunstâncias. As adversidades reais não devem impedir-nos de aspirar nossos ideais apontados por Cristo.

3. Apesar das oposições.
Havia, em Tessalônica, uma forte oposição à mensagem de Cristo (1Ts 3.4,5) por parte de um grupo de religiosos contrários a Paulo e à sua pregação (1Ts 2.14-16). Segundo informa-nos o autor de Atos, o que movia essas pessoas era a inveja em virtude da expansão do Evangelho na cidade (At 17.5). Esses então, uniram-se a um grupo de desordeiros sociais e estabeleceram uma resistência declarada ao Cristianismo que crescia entre a população. Qual o resultado de toda essa oposição? Maior crescimento do Evangelho. Ser perseguido por amor ao Evangelho é uma prova de que o Reino de Deus é nosso (Mt 5.10-12); todas as vezes que optamos por viver a profundidade do Cristianismo, acabamos por confrontar valores e conceitos desta sociedade, a qual, por vezes, nos rejeitará (2Tm 3.12). Lembremos, não devemos ser nós a hostilizar os outros, contudo, devemos ter a consciência de que nosso compromisso com Deus incomodará a muitos.

Ponto Importante
É necessário anunciarmos o Evangelho. Mas saiba que como os valores do Reino colidem com a cosmovisão de nossa sociedade, muitas vezes, o embate vai se tornar inevitável.

III. O QUE FAZER PARA CONTINUAR FRUTIFICANDO?

1. Não abandonar a fé.
Somente uma opção definitiva por viver da fé fez com que os tessalonicenses pudessem continuar firmes em Cristo (1Ts 3.6,7). Este é um princípio tão relevante para o Cristianismo que a Bíblia o enuncia em quatro contextos diferentes (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38). Não são nossas constatações ou nossas certezas racionais que nos fazem persistir no Evangelho, mas antes, é nossa viva esperança no que nosso Deus nos fará, e a convicção de que não é por vista que vivemos, mas por fé. A grandiosidade de nossa fé encontra respaldo no amor e cuidado de Deus que jamais falharão. O único modo de continuarmos firmes e frutíferos no Reino de Deus é reconhecendo que nossa segurança está no Senhor dos Exércitos. Não abandonemos a fé, antes, creiamos na contínua atenção de Deus a nós.

2. Assumir uma vida de santidade.
Em meio a um contexto tão adverso e conturbado, somente por meio de uma vida de dedicação a Deus aquela comunidade poderia crescer (1Ts 3.13). O que os adversários da jovem igreja queriam era uma série de motivos e pretextos para desacreditar a mensagem anunciada por eles. Lembremos desse áureo princípio do Cristianismo: a vida do mensageiro precisa condizer com o nível de mensagem que ele porta, se não, suas palavras não passarão de hipocrisia e religiosidade vazia. Foi por isso que Cristo encarnou-se, para demonstrar que a beleza da obra do Pai não se encontra em discursos teóricos, mas numa existência redimida e transformada. É imprescindível optarmos por uma vida santa, sem a qual, nunca teremos a real compreensão de quem é Deus (Hb 12.14).

3. Insistir no amor.
Não há crescimento espiritual sem amor. Todo e qualquer tipo de “inchaço”, multiplicação numérica, não terá nenhum sentido se não for mediado por um profundo e divino amor (Ef 4.15,16). Paulo, conhecedor desta verdade, tem uma oração em especial para com os tessalonicenses, o pedido ao Pai é que eles cresçam em amor, no amor, pelo amor e para o amor (1Ts 3.12). Há um aspecto extremamente relevante nas palavras do apóstolo concernentes ao crescimento em amor dos tessalonicenses: é que este amor não deve ser vivido apenas no interior da igreja, mas também com todos os que habitam naquela cidade. Somente uma pregação cheia do amor de Deus pode conduzir as pessoas a um encontro real com Ele. É claro que não devemos confundir amor com permissividade, todavia, deve ficar claro que o amor também é bem diferente do ódio ou de um discurso amaldiçoador (Rm 12.14).

CONCLUSÃO

Não é sobre uma fórmula mágica a ser repetida para multiplicação de igrejas. Não se trata de uma suposta “revelação” divina sobre como o Reino de Deus deve ser anunciado. A Carta de Paulo ao Tessalonicenses é um testemunho histórico para o Cristianismo que, em tempos de oposição, aflições e fragilidade, somente por meio do verdadeiro amor a Igreja do Senhor Jesus poderá viver plenamente a vontade do Pai.


Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre de 2018 - Título: A Igreja do Arrebatamento — O padrão dos Tessalonicenses para estes últimos dias - Comentarista: Thiago Brazil


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