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sábado, 7 de abril de 2018

Ética Cristã e Ideologia de Gênero

“E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou” Gn 1.27

Ética cristã e Ideologia de Gênero

O que é?

Em primeiro lugar, a ideia de “gênero” como construção histórica e social, segundo a consultora cultural, Marguerite A. Peeters, remonta uma fabricação intelectual, sem fundamento na realidade. O gênero proposto pelos ideólogos não é uma realidade identificável. É uma abstração da realidade, mera teoria sem lastro no dia a dia da vida. Aqui está o perigo, na verdade a sordidez de um plano “diabólico”: Forçar a “crença” numa teoria social a fim de usar, principalmente, crianças e adolescentes como cobaias humanas é de uma perversidade sem limites.

Um falso fundamento

O jornal Gazeta do Povo, do Estado do Paraná, publicou um estudo (o mais importante sobre o tema) — Ideologia de Gênero: estudo do American College of Pediatricians — em que a teoria de que o gênero é uma construção social não tem base científca e que a sua aplicação na educação de crianças e de adolescentes traz danos muitas vezes irreversíveis à saúde. Ter esta consciência é importantíssimo para os que se sentem atacados por essa teoria social. Assim, a ideologia de gênero não tem base científica e, por isso, como afirmamos, este é um de muitos aspectos que confirmam sua distorção da realidade.

A trincheira da ideologia de gênero

Como toda teoria que visa alterar o comportamento social, a trincheira da ideologia de gênero é a educação de crianças e de adolescentes. Na escola é que os pais se depararão com a agressividade dessa teoria. Trata-se, sim, de uma guerra cultural e ideológica. Querem tomar a mente das crianças e dos adolescentes a fim de pôr em prática uma agenda hegemônica cultural. E a trincheira para esse plano é a Escola. Não por acaso que toda iniciativa do avanço da ideologia de gênero visou aprovar leis que obriguem a inserção do tema no Plano Nacional de Educação e nos currículos locais de educação (municípios).

O papel da igreja e da família

Na igreja e na família é onde se encontra a resistência de imposições hegemônicas. Por isso que estas duas instituições, ao longo dos séculos, sempre foram, e continuarão a ser, atacadas. A igreja e a família são instituições que devem resistir em Deus ao avanço dessa agenda. O ministério de ensino da igreja, por meio do discipulado cristão, e a vivência da família segundo os preceitos das Sagradas Escrituras são o antídoto para proteger a nossa geração.  Revista Ensinador Cristão nº 73

A doutrina da criação do ser humano revelada nas Escrituras Sagradas, em que a distinção dos sexos é o padrão, não pode ser relativizada.

Leitura Bíblica em classe - Isaías 5.18-24

Muitos em nome da diversidade ou do direito à opinião solapam a ideia de verdade objetiva das coisas. A estratégia é dar ênfase a um fato que não se pode negar, mas ignorar a obviedade de tantos outros. Por exemplo, quem pode negar a diversidade cultural? Quem pode negar o direito à opinião? Entretanto, também é verdade que existem culturas que degradam o ser humano, bem como opiniões que são desqualificadas e completamente absurdas. Outrossim, a história mostra que pessoas que pautaram-se pela Palavra de Deus tiveram valores éticos-espirituais muito claros.



As Ciências Sociais ensinam que as desigualdades sociais entre os sexos são o resultado de relações históricas de opressão e preconceito. A esse entendimento dá-se o nome de “questão de gênero”. Essa concepção não reconhece que as características físicas e biológicas de alguém devam ser usadas como parâmetro comportamental. Nessa perspectiva, refutam a ideia de que o “sexo masculino” deva se comportar como menino e de que o “sexo feminino” deva se comportar como menina. Alegam que o comportamento social esperado de homens e mulheres é estabelecido pela cultura e não pelas questões físicas e biológicas.

I. O QUE É A IDEOLOGIA DE GÊNERO

A ideologia de gênero pretende desconstruir os papéis dos sexos masculino e feminino. A ideologia de gênero, também conhecida como “ausência de sexo”, é um mal presente na sociedade pós-moderna e indica o grau da corrupção da espécie humana.

A palavra “ideologia” é composta pelos vocábulos gregos eidos, que indica “ideia”, e logos, com o sentido de “raciocínio”. Assim, ideologia significa qualquer conjunto de ideias que se propõe a orientar o comportamento, a maneira de pensar e de agir das pessoas, seja individualmente, seja em sociedade. Em um sentido amplo, a ideologia se apresenta como aquilo que seria ou é ideal para um determinado grupo.

Na busca da hegemonia política, o filósofo e político italiano Antônio Gramsci (1891-1937) Gramsci recomenda a reforma intelectual e moral da sociedade por meio de pessoas influentes como políticos, músicos, artistas, famosos, jornalistas e por todos os meios disponíveis que possam manipular a opinião pública. Mediante essas ações, é possível modificar o senso comum do “certo” e do “errado”. Com o uso intenso da mídia, das artes da literatura, das escolas, universidades e por via de palavras de ordem e a massificação de uma “nova cultura”, cria-se o “homem coletivo”, que passivamente assimila a “filosofia nova” e passa a pensar como todo o mundo. A partir desse momento, quem ousar discordar do “senso comum modificado” sofrerá o patrulhamento ideológico.

Esse patrulhamento tem como objetivo desqualificar quem faz oposição e pensa diferente. O propósito é desprestigiar quem se manifesta contrário à ideologia. As pessoas que oferecem resistência são estigmatizadas e são acusadas com termos pejorativos tais como “fundamentalista”, “homofóbico”, “preconceituoso”, “machista”, “racista” e “reacionário” dentre outros. Desse modo são construídas muralhas invisíveis que amordaçam o cidadão temeroso da censura. Assim, a liberdade de expressão é controlada pelas grades do “politicamente correto”.

2. Ideologia de Gênero

A palavra “gênero” tem origem no grego genos e significa “raça”. Na concepção da Lógica, o termo indica “espécie”. Usualmente, deveria indicar o “masculino” e o “feminino”. Nesse sentido, a expressão é inofensiva, porém, na sociedade pós-moderna, tal significado é relativizado e desvirtuado em “ideologia de gênero”. Essa ideologia também é conhecida como “ausência de sexo”. Esse conceito ignora a natureza e os fatos biológicos, e alega que o ser humano nasce sexualmente neutro. Afirmam que os gêneros — masculino e feminino — são construções culturais impostas pela sociedade.

Quanto à sexualidade, a ideologia ensina que o gênero e a orientação do desejo sexual não são determinados pela constituição anatômica do corpo humano. Nesse caso, consideram que a atração pelo sexo oposto corresponde a determinados estereótipos e papéis sociais previamente estabelecidos pelo contexto histórico, político e cultural da sociedade.

A ideologia de gênero e sua propagação
Como acontece com toda a ideologia, a identidade de gênero vem sendo amplamente divulgada pela grande mídia em busca da construção do “homem coletivo”. Na tentativa de desqualificar seus oponentes, imprime-se, por exemplo, a ideia de que o relacionamento afetivo entre pessoas de mesmo sexo é objeto de discriminação e preconceito homofóbico. Desse modo, instituiu-se a denominada “mordaça gay”, em que, por meio do “patrulhamento ideológico”, cidadãos de bem convivem com o cerceamento de sua liberdade de expressão, nada podendo dizer em contrário à ideologia de gênero sob pena de ser considerado preconceituoso.

3. Marxismo e Feminismo como Fonte dessa Ideologia

O marxismo exerceu forte influência no feminismo, especialmente o livro A Origem da Família, a Propriedade Privada e o Estado (1884), em que a família patriarcal é tratada como sistema opressor do homem para com a mulher. Desse modo, a ideia central do conceito de gênero nasceu com a feminista e marxista Simone de Beauvoir, autora da obra “O Segundo Sexo” (1949), em que é afirmado que “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Assim, do contexto social marxista que deu origem à “luta de classes” surgiu na pós-modernidade a ideologia culturalista como sendo “luta de gêneros”, ou seja, uma fantasiosa “luta de classes entre homens e mulheres”.

O conceito marxista de família
O conceito marxista acerca da família patriarcal está desenvolvido no livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), elaborado pelo sociólogo alemão Karl Marx, porém organizado e assinado por Friedrich Engels, dado à morte de Marx antes da publicação da obra (ENGELS, 2014, p. 1-3). Nesse livro, ele pretende explicar a gênese da realidade familiar por meio de um viés de liberdade sexual desraigada e casamento dissolúvel. Marx dividiu os tipos familiares de quatro maneiras, quais sejam: família consanguínea, família punaluana, família sindiásmica e família monogâmica. Sua veraz crítica e seu conceito de patriarcado é com a família monogâmica, pois em seu entendimento ela “baseia-se no triunfo do homem” e “os laços conjugais não podem ser rompidos por qualquer uma das partes” (ENGELS, 2014, p. 67). Na visão marxista, esse modelo de matrimônio escraviza o cônjuge a ter relações sexuais apenas com o seu cônjuge, e, na opinião do sociólogo, isso é uma discrepância, tendo em vista que a liberdade sexual é necessária para a sociedade (ENGELS, 2014, p. 70-72). Desse modo, a intenção de Marx é desconstruir o sistema patriarcal e promover a liberdade sexual. Por isso, afirma-se que a ideologia de gênero é desdobramento do marxismo que também pretende eliminar o modelo familiar monogâmico, patriarcal e heterossexual.

A francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), considerada uma das mais importantes feministas da história, escreveu, como já afirmado, uma polêmica obra a respeito do feminismo, o livro O Segundo Sexo (1949). Filósofos afirmam que as mais de 800 páginas de seu livro podem ser sintetizadas pela frase já imortalizada pelos adeptos da ideologia de gênero: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. Beauvoir afirma em sua obra que “todo ser humano do sexo feminino não é, portanto, necessariamente mulher; cumpre-lhe participar dessa realidade misteriosa e ameaçada que é a feminilidade.” (BEAUVOIR, 2009, p. 13). Diante de tal construção teórica e filosófica, surgiu o conceito feminista de gênero, isto é, que a pessoa do sexo feminino não nasce mulher, sendo a construção social da sociedade machista que a transforma em mulher. A partir daí nasceu a expressão “empoderamento”, para sinalizar a luta pela igualdade de gêneros e a busca da libertação sexual, em que todos podem fazer opção de querer ser homem ou mulher.

II. CONSEQUÊNCIAS

A ideologia de gênero pretende desconstruir os papéis de homens e mulheres e assim descontinuar o casamento e a família tradicional. As Escrituras Sagradas ensinam que o pecado provoca graves consequências e o ser humano recebe em si mesmo o resultado de seus erros (Rm 1.27).

1. Troca de Papéis entre Homens e Mulheres

A ideologia de gênero ensina que os papéis dos homens e das mulheres foram socialmente construídos e que tais padrões devem ser desconstruídos. Essa posição não aceita o sexo biológico (macho e fêmea) como fator determinante para os papéis masculino e feminino. Sob esse aspecto, alguém pode ser biologicamente homem e desejar desenvolver comportamento típico de mulher e vice-versa. Faz-se ainda apologia à prática do homossexualismo e do lesbianismo. Tal posição despreza os papéis biblicamente constituídos (Rm 1.25-32; Ef 5.22-33).

O perigo da inversão de valores
Na época do profeta Isaías, a ordem social, o estado moral, ético e espiritual do povo de Judá era lamentável e em muito se assemelha aos dias que vivemos. O mal era caracterizado pela inversão dos valores. O profeta fora enviado a uma nação que se recusava ouvir a palavra de Deus (Is 1.2-6,10-17; 6.9-13). Nesse cenário de podridão moral e espiritual, Deus levantou um atalaia para profetizar contra a nação. Dentre as reprimendas, o profeta vaticinou “seis ais” que confrontavam o comportamento inadequado daquele povo.

O primeiro “ai” era contra o materialismo desenfreado e o enriquecimento ilícito (Is 5.8-10). O segundo “ai” duplamente anunciado condenava a bebedeira e a embriaguez que conduzia à ociosidade (Is 5.11,12,22). O terceiro “ai” repreendia os que zombavam da verdade e duvidavam do juízo divino apostando no ceticismo (Is 5.18,19). O quarto “ai” era um alerta acerca da perversão dos valores. Tratava-se de uma dura advertência acerca do extremo perigo do relativismo cultural (Is 5.20). O quinto “ai” era uma condenação aos presunçosos que se julgavam sábios e únicos donos da verdade (Is 5.21). E o sexto e último “ai” repreendia a corrupção, o suborno e a perversão do direito (Is 5.23). Essas atitudes reprováveis e imorais causaram a derrocada daquela nação (Is 5.24,25).

Em nosso tempo, a situação não é diferente; a sociedade está em estágio de putrefação moral e ética, pois a verdade vem sendo modificada por intensa manipulação do pensamento. Homens inescrupulosos afrontam a verdade de Deus e a sua Palavra promovendo ideologias contrárias à revelação divina. A ideologia de gênero, com a sua inversão de valores, tem invadido, inclusive, diversos setores da igreja que se autodenomina cristã. O farisaísmo — como dissimulação da verdade — tem adentrado em nosso meio. A reprimenda de Cristo os classificando como “Condutores cegos! Coais um mosquito e engolis um camelo” (Mt 23.24) vem sendo ignorada por um número considerável da igreja e de sua liderança. Contudo, as Escrituras são categóricas em revelar que não haverá escape para os transgressores. Aos que relativizam a verdade, a Palavra de Deus vaticina: “não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita” (2 Pe 2.1-3). A igreja não pode fechar os olhos para a inversão dos papéis de homens e mulheres divinamente revelados nas Escrituras (Ef 5.22-33).

2. Confusão de Identidade para o Ser Humano

Os adeptos dessa ideologia fazem questão de criar conceitos relativistas. Afirmam que a sexualidade (desejo sexual) e o gênero (homem e mulher) não estão relacionados com o sexo (órgãos genitais). Desse modo, a identidade de gênero e a orientação sexual passam a ser moldadas ao longo da vida. Por exemplo, a criança passa a decidir depois de crescida se quer ser menino ou menina. No entanto, essa indefinição acerca da própria identidade produz efeito dramático no ser humano por causa da confusão de papéis, e provoca sérios problemas de ordem espiritual e psicossocial. Tal ideologia induz, inclusive, à insolência de a criatura questionar o seu Criador (Rm 9.20).

Identidade de gênero
Biblicamente, a orientação e o desejo sexual estão direta e intrinsecamente relacionados às características físicas do sexo (masculino e feminino), e não com o construto cultural da sociedade. O conceito de “identidade de gênero” não aceita o sexo biológico (masculino e feminino) como fator determinante da sexualidade. Ensinam que os indivíduos desenvolvem sua “identidade de gênero” durante o processo de socialização com a cultura na qual estão inseridos. Assim, o propósito dessa ideologia na área da moralidade é desassociar o sexo da sexualidade e com isso provocar a inversão dos valores também do casamento e da família.

3. Desvalorização do Casamento e da Família

A ideia é de que o desaparecimento dos papéis ligado ao sexo provoque um destruidor impacto sobre a família. A ideologia considera que a atração pelo sexo oposto, o casamento e a família correspondem a determinados estereótipos e papéis sociais previamente estabelecidos pela sociedade. Tudo passa a ser relativizado e permitido, isto é, ninguém poderá afirmar que algum modo de relações entre os sexos possa ser mau ou antinatural. O casamento heterossexual e a família tradicional são totalmente desconsiderados. Esses e outros males são resultados da depravação humana e sinais da iminente volta de Cristo (2 Tm 3.1-5).

A depravação da sexualidade
Quando se adota a identidade de gênero como parâmetro ou medida, os valores e os conceitos morais tornam-se relativos. Caso fosse verdadeiro que o ser humano tenha capacidade para “autoconstruir” seu próprio gênero “nenhum modo de relação sexual poderá ser considerado puro ou impuro, certo ou errado” (SCALA, 2011, p. 65). Assim, instala-se o relativismo e a resultante inversão/alteração de valores (Is 5.20). A partir disso, não se poderá restringir a liberdade sexual de ninguém. A começar pelo postulado básico da “identidade de gênero” de que não existe uma identidade biológica em relação à sexualidade e que todas as relações sexuais são apenas o construto da sociedade, então toda relação sexual consentida será considerada moralmente boa e, portanto, lícita e aceitável, não sendo passível de crítica ou condenação por parte da sociedade e das autoridades públicas.

Em vista disso, serão desconstruídas as relações familiares, o casamento, a reprodução, a educação, a religião, a sexualidade, dentre outros. Práticas que hoje são moralmente condenadas passarão a ser consideradas igualmente lícitas tanto do ponto de vista moral, legal e jurídico. Depravações sexuais como zoofilia (sexo do homem com animais); necrofilia (atividade sexual com cadáver) e até a pedofilia (sexo de adultos com criança) serão toleradas como resultado da aceitação da “ideologia de gênero”. Convém aqui registrar que a prática da zoofilia é tipificada como crime (Art. 32, Lei 9.605/1998), a necrofilia (Art. 212, Código Penal Brasileiro), bem como a pedofilia, é considerada crime contra vulnerável previsto no Código Penal Brasileiro (Art. 217-A), além de ser tipificada como doença na categoria “Transtornos da preferência sexual” listada na Classificação Internacional de Doenças (CID-10, Código F65.4).

Apesar de estarmos conscientes desses fatos, sabemos que a cultura se modifica e seus conceitos e valores podem ser relativizados. Entretanto, as Escrituras Sagradas ensinam que as verdades divinamente reveladas independem da cultura, e, portanto, não são passíveis de alteração. Para o cristão, a autoridade e a inspiração divina das Escrituras são fatos inquestionáveis.

O reformador alemão Martinho Lutero (14831546) compreendia que o sentido de “Sola Scriptura” era literal, ou seja, somente a Escritura – e não a Escritura somada à interpretação dos homens ou a cultura dos povos – é a fonte de revelação cristã. Sua defesa era pela centralidade da palavra de Deus. (LUTERO, v. 2, 2010. p. 403). O reformador holandês Jacó Armínio (1560-1609) igualmente defendeu a centralidade das Escrituras e ensinou que todas as doutrinas necessárias para o cristão já nos foram transmitidas pela revelação da Palavra de Deus (ARMÍNIO, v. 1, 2015, p. 377). Portanto, para o cristão as doutrinas bíblicas se constituem em única autoridade infalível de fé e prática.

III. O IDEAL DIVINO QUANTO AOS SEXOS

A Palavra de Deus revela que o homem foi criado macho e fêmea (Gn 1.27). Entre outros propósitos divinos estava a união heterossexual entre um homem e uma mulher. Portanto, a revelação divina contida na Bíblia Sagrada está acima da ideologia de gênero e transcende a cultura pós-moderna relativizada de nossa época.

1. Criação de Dois Sexos

Deus criou dois sexos anatomicamente distintos: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea oscriou” (Gn 1.27). Portanto, biologicamente, o sexo está relacionado às formas do corpo humano e aos órgãos genitais. Assim sendo, os seres humanos nascem pertencendo ao sexo masculino ou ao sexo feminino. O homem é designado como macho e a mulher como fêmea. Por conseguinte, não podemos alterar a verdade bíblica para acomodar a ideologia de gênero, pois a cultura permanece sob o julgamento de Deus (1 Pe 4.17)

Não podemos mudar a verdade
Paulo alerta a igreja de Corinto: “nada podemos contra a verdade, senão pela verdade” (2 Co 13.8). No contexto dessa passagem, tanto o “evangelho” quanto a “retidão moral” é apresentado como conceito da verdade. Essa expressão paulina indica que rejeitar a verdade, seja ela no campo da ética, seja da moral, implica combater contra aquEle que é a verdade — Cristo e seu evangelho. Portanto, não é possível anular a verdade, ainda que alguma ideologia o queira fazer. Aqui está evidenciado um princípio geral: não importa o que o homem faça para torcer a verdade, no final, quer queira quer não, a verdade triunfará sobre a falsidade e o engano. Pode até ser que a verdade fique oculta ou subjugada por um determinado espaço de tempo, mas por fim ela ressurgirá triunfante.

Por conseguinte, diante da exortação paulina, não podemos alterar a verdade bíblica para acomodar a fé cristã aos valores da cultura secular. Nem tampouco devemos ceder ao conformismo e assistir passivamente à deturpação da verdade. Não estamos autorizados a acrescentar ou retirar algo da verdade revelada por Deus (Ap 22.18,19). As Escrituras são enfáticas ao revelar que Deus criou apenas dois sexos: macho e fêmea (Gn 1.27). Portanto, enquanto a Igreja estiver na terra, temos que oferecer resistência à tentativa de deturpação da verdade.

2. Casamento Monogâmico e Heterossexual

Ao instituir o casamento, Deus ordenou: “o homemdeixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn2.24, NVI). Isso significa que a união monogâmica (um homem e uma mulher) e heterossexual (um macho e uma fêmea) sempre fez parte da criação original de Deus. A diferenciação dos sexos visa à complementaridade mútua na união conjugal: “nem o varão é sem a mulher, nem a mulher, sem o varão” (1 Co 11.11). Assim, mudam-se as culturas e os costumes, mas a palavra do nosso Deus permanece inalterável (Mt 24.35).

O modelo da família cristã
A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil crê, professa e ensina que a família é “instituição criada por Deus, que tem por princípios reguladores e estruturantes a monogamia [...] e a heterossexualidade” (SOARES, 2017, p. 205). Por essas razões, nossa confissão de fé rejeita a homossexualidade (1 Co 6.10) e qualquer configuração social que se denomina família cuja existência é fundamentada em prática, união ou qualquer conduta que atenta contra a monogamia e a heterossexualidade, consoante ao modelo instituído pelo Criador e ensinado pelo Senhor Jesus (Mt 19.4-6). Esse tema será discutido novamente com maior profundidade no capítulo 9, que abordará o planejamento familiar.

3. Educação dos Filhos com Distinção dos Sexos

Educar não consiste apenas em suprir os meios de subsistência e proporcionar o bem-estar necessário. Cabe também aos pais educar os filhos na admoestação do Senhor (Ef 6.4), promover o diálogo e o amor mútuo (Ef 6.1,2). A família cristã não pode perder a referência bíblica na educação de seus filhos. Explicar e orientar que homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos sexuais distintos que os diferenciam sexualmente é responsabilidade dos pais. Deve-se ensinar, ainda, o respeito e a não discriminação, mas também a diferenciação entre os sexos a fim de coibir a inoportuna “luta de gêneros” (Gn 1.27; 1 Co 11.11,12; Ef 5.22-25).

A ideologia de gênero na educação secular
Nesse aspecto, os pais ou os responsáveis pelos estudantes devem redobrar a atenção. Ativistas labutam para implantar a “ideologia de gênero” nas escolas por meio de material didático e uma nova pedagogia voltada para a desconstrução sexual e o doutrinamento das crianças e alunos em geral. No Brasil, em 2014, durante a tramitação no Congresso Nacional do PNE (Plano Nacional de Educação), que dita as diretrizes e metas da educação para os próximos dez anos, após diversas pressões de parlamentares cristãos, a ideologia de gênero foi retirada do texto. Após uma série de debates, o Ministério da Educação manteve a ideologia de gênero na Base Nacional Comum Curricular, porém, agora na disciplina de ensino religioso. A Base Nacional se limita, por enquanto, ao ensino infantil e fundamental (basenacionalcomum.mec.gov.br).

Por fim, o que se pode afirmar é que a ideologia de gênero pretende relativizar a verdade bíblica e impor ao cidadão aquilo que deve ser considerado como ideal. Acuada pelo “patrulhamento ideológico”, parcela da sociedade não esboça reação, faz concessões em nome do “politicamente correto”, e o mal vem sendo propagado. No entanto, os cristãos possuem o dever de reagir e “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3).


Fonte:
Livro de Apoio – Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Douglas Baptista
Lições Bíblicas 2º Trim.2018 - Valores Cristãos - Enfrentando as questões morais de nosso tempo - Comentarista: Douglas Baptista


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