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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Depressão, a doença da alma

"Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presençaSl 42.5


Caro leitor(a), Professor, nossa lição trata de uma das doenças mais perniciosas de nossos dias, a depressão. Tendo como base a vida do profeta Elias, o comentarista discorre a respeito do assunto. Leia atentamente toda a história do profeta e grife os textos que assinalam suas grandes realizações espirituais, mas também suas fraquezas tal qual encontramos em Tg 5.17,18.

Vejamos algumas características dos crentes esgotados: apatia, ira, ressentimento, vulnerabilidade às doenças, desilusão, antipatia, mau humor, agressividade, isolamento, intolerância e aversão aos outros. Algumas delas também estiveram presentes no profeta.

Leitura Bíblica: 1 Reis 19.1-8

Depressão: Distúrbio caracterizado por debilidade física, desânimo, sensação de cansaço e ansiedade.

A despeito de alguns pensarem que o crente jamais se deprime, a própria Bíblia menciona diversos casos de servos de Deus que passaram por severas crises dessa doença, que se mostra cada vez mais ativa nesses últimos tempos.
Como enfrentá-la?
Quais são suas causas?
É sobre esse importante assunto que iremos estudar.

Deus não criou o ser humano para viver desanimado ou deprimido, mas para uma vida saudável e feliz.

I. AS CAUSAS DA DEPRESSÃO
Observemos alguns elementos que podem levar-nos à depressão.

1. Oposição.
Quando Elias chegou a Jezreel e soube que Jezabel intentava matá-lo (1 Rs 19.1,2), tomou atitudes que revelaram seu estado depressivo. Sempre que realizamos ou estamos prestes a realizar algo importante para Deus, enfrentamos o ataque do Inimigo. Essas investidas inesperadas ou oposição sistemática visam enfraquecer nossa confiança na proteção divina, levando-nos a desistir de lutar e assim impedir o progresso da obra de Deus (Jo 16.33; 1 Pe 5.8).

2. Frustração.
O sentimento de incapacidade ou fracasso, diante da realização de um trabalho aparentemente inútil, pode levar-nos à depressão. A ideia que se tem é que a vida não faz o menor sentido. Elias perdera o ânimo e o interesse de viver: "toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais" (1 Rs 19.4). Humanamente falando, não somos diferentes do profeta; compartilhamos a mesma natureza (Tg 5.17).

3. Medo.
O pavor incontido do que nos possam fazer os adversários, e a possibilidade de sermos perseguidos, ridicularizados, caluniados, ou até mortos podem levar-nos à depressão. Foi o que aconteceu com o profeta Elias (1 Rs 19.1,2,10).

4. Angústia.
Quando enfrentamos um problema de difícil solução e não vislumbramos uma saída, tendemos à tristeza e a angústia. E justamente nesse momento que a crise depressiva se instala (Jó 3.11; 6.11; 17.1; Sl 13.1-3; 56; 57.6,7).

A oposição, a frustração, o medo e a angústia são alguns sentimentos que podem levar o indivíduo à depressão.

II. REAÇÕES NATURAIS DIANTE DA DEPRESSÃO
1. Fugir.
Moisés, incompreendido pelos filhos de Israel e procurado por Faraó, fugiu para Midiã (Êx 2.15). Fugir é a primeira reação quando nos sentimos incapazes diante do inimigo (1 Rs 19.3). Davi tomou a mesma atitude. Durante prolongada crise, fugiu para Aquis, rei de Gate, fazendo-se de louco. Ler 1 Sm 21.10-15; 27.1-7; 29.1-11; Sl 34; 56. Muitos, por não confiarem plenamente em Deus, usam o sono, o isolamento, o entretenimento, e tantas outras coisas para fugir da realidade. Caso o leitor esteja enfrentando um problema difícil, a ponto de desejar esconder-se em uma cisterna (1 Sm 13.6), saiba que o Senhor tem um escape para você (Sl 91; Hb 13.5).

2. Esconder-se.
Elias realizou grandes feitos perante o Senhor: extirpou a idolatria de Israel (1 Rs 18.19-40) e fez chover sobre a terra, após um longo período de seca (1 Rs 18.41,42; 17.1; Lc 4.25; Tg 5.17,18). Todavia, isso não impediu que o profeta ficasse apavorado diante das desprezíveis ameaças de Jezabel (1 Rs 19.4,9).

3. Desistir.
Muitos, quando deprimidos, ficam alienados, ou fechados dentro de si mesmos, como num casulo. O abandono da comunhão com os irmãos pode ser um sintoma de depressão: "... deixou ali o seu moço" (1 Rs 19.3). Elias não devia ter dispensado seu auxiliar, nem deveria ter ido para o deserto (1 Rs 19.3.4). A solidão agrava a depressão. Um bom confidente e santo irmão e amigo é uma boa linha de defesa, pelo fato de ter alguém para dialogar e orar juntos. A depressão priva a pessoa do relacionamento com os irmãos e amigos. Ela reprime o desejo de viver (1 Rs 19.4).

Fugir, esconder-se e desistir são algumas reações naturais diante da depressão.

III. ENFRENTANDO A DEPRESSÃO
1. Confiando firmemente no Senhor.
Deus é soberano, nada ocorre sem a sua permissão (Dn 4.34-37). O crente que confia na soberania de Deus, mesmo nos momentos difíceis, como os vividos por Elias, não se deprime, mas descansa naquEle que tudo pode (Mt 19.26). O Senhor jamais nos abandona. Ele não havia abandonado seu profeta, nem seu povo fiel.

2. Orando e jejuando.
O crente fiel pode deparar-se no seu dia-a-dia com situações que somente são resolvidas através da oração (Mt 9.15; Jr 29.12,13; Et 4.16). O jejum e a oração são armas espirituais poderosas para trazer cura e alívio aos corações abatidos.

3. Evitando a autocomiseração.
De acordo com a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, quando formos tentados a pensar que somos os únicos fiéis que restam para realizar algo, não devemos nos lamentar. A autocomiseração diluirá o bem que porventura fizermos. Elias considerava-se a única pessoa que ainda era autêntica para com Deus. Solitário e desanimado esqueceu-se de que outros permaneceram fiéis em meio à impiedade de sua nação (1 Rs 19.18).

4. Entregando a vida e o futuro a Deus.
O deprimido deve, sem demora e pela fé, levar a Cristo o fardo opressor de sua angústia, convicto de que Ele o livrará e de tudo cuidará (Sl 42; Is 53.4,5; Mt 11.28,29). Ter convicção de que Deus nos ama e que Ele se importa conosco, fortalece e consolida a nossa fé, principalmente quando circunstâncias desagradáveis nos ameaçam e, por fim, nos atingem.

Além de evitar a autocomiseração e entregar a vida ao Senhor, o cristão deve confiar em Deus, orar e jejuar a fim de enfrentar e vencer a depressão.

IV. SAINDO DA DEPRESSÃO
Após ouvir, atentamente, as queixas de Elias, Deus o encorajou. Da mesma forma o Senhor quer restaurar seu ânimo trazendo alívio para sua alma abatida.

1. Restauração física.
Através de um anjo, Deus proveu alimento e água para o profeta. Em seguida, o Senhor lhe proporcionou um sono reparador (1 Rs 19.4-6). O bem-estar físico e psíquico de Elias era fundamental (Sl 103.14).

2. Mudança de ambiente.
Deus tirou Elias do deserto conduzindo-o a Horebe, cerca de 300 km de Berseba (1 Rs 19.7,8). Elias precisava de tempo e de um novo ambiente, para considerar sua vida sob um novo ponto de vista. Um ambiente estressante e uma rotina rígida e interrupta afeta a saúde física e mental da pessoa. É imprescindível ao deprimido mudar de ambiente, modificar sua rotina, reduzir seu trabalho e desfrutar de um período de férias para passar mais tempo com sua família (Ec 2.21-26; 3.1-8; Mc 6.30,31).

3. Bem-estar espiritual.
O vento, o terremoto e o fogo no monte Horebe eram uma demonstração da suficiência e do poder de Deus; a voz mansa e suave, por sua vez, falava do grande amor do Pai (1 Rs 19.11,12). Talvez uma caverna (v.9) não seja o local mais adequado para Deus revelar-se a alguém, todavia, nas situações mais adversas da nossa vida, o Senhor pode vir ao nosso encontro para nos tirar da depressão. O profeta saiu daquele lugar com uma nova visão acerca do seu Deus (1 Rs 19.13-18; Sl 23.4,5).

A restauração física, a mudança de ambiente, a modificação da rotina, a redução das horas de trabalho e um período de férias são algumas atitudes que combatem a depressão.

CONCLUSÃO
"Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos..." (Tg 5.17 - ARA), inclusive, à depressão. O Deus de Elias também é o nosso Deus. Assim como deu vitória ao profeta, nos concederá também!


Vocabulário
Autocomiseração: Piedade, pena, dó ou compaixão de si mesmo.
Entretenimento: Divertimento, distração.
Extirpar: Arrancar pela raiz; desarraigar, desenraizar.
Ridiculizar: Pôr em ridículo; escarnecer ou zombar.


Subsídio Devocional

"LIDANDO COM O ESTRESSE

1. Use seus recursos espirituais.
Pergunte-se: 'Estou orando e estudando a Palavra? Minha vida devocional está indo bem?' Sua vida espiritual e disciplinas são seus recursos espirituais.

2. Anote num papel as situações estressantes de sua vida.
Não deixe nada de fora. Podem ser conflitos pessoais, obrigações e outros assuntos que o estejam afligindo. Ore por cada item da lista e lance suas ansiedades sobre Jesus.

3. Reexamine suas prioridades.
As prioridades em nossas vidas devem ser (1) nosso relacionamento com Deus, (2) nosso relacionamento com a esposa e filhos e (3) nosso ministério.

4. Faça mudanças.
Quando examinamos todas as nossas responsabilidades e exigências de tempo, freqüentemente vemos a necessidade de fazer algumas mudanças. Algumas responsabilidades podem ser delegadas a outras pessoas competentes. Outras podem ser adiadas ou mesmo canceladas. Se você está dominado pela abundância de ocupações de sua agenda, analise que compromissos podem ser mudados. Foi o que Jetro comentou a seu genro Moisés: Totalmente desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque este negócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer' (Êx 18.18)".
(GOODALL, W. I. Dominando o estresse e evitando o esgotamento. In CARLSON, R. (et al) O pastor pentecostal. RJ: CPAD, 1999, pp.173-4.)

APLICAÇÃO PESSOAL
Após muitas e incansáveis realizações espirituais, Elias cansou-se. Nem mesmo a lembrança dos milagres passados trazia refrigério àquele profeta de Deus. A autocomiseração, a solidão, o esgotamento físico e mental, a incerteza da eficácia de suas realizações e o desanimo o dominavam lentamente (1 Rs 19.4-14). Esqueceu-se dos grandes milagres operados pelo próprio Deus em sua vida. Estava, o profeta, frustrado, abatido e deprimido. Mas como julgar o sucesso ministerial?
Acaso Elias não era bem-sucedido?
O teólogo Silas Daniel afirma que o sucesso ministerial caracteriza-se 'pelo fiel cumprimento da chamada divina e não necessariamente pela quantidade do que foi conquistado. Não deve ser medido apenas pelas bênçãos recebidas hoje, mas pelas que virão e pelo cumprimento fiel das nossas responsabilidades. Passa pela qualidade do nosso serviço a Deus e não necessariamente pela quantidade do nosso serviço’. (Como vencer a frustração espiritual, pp.126-8.) Não desanimes! 'Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho da caridade que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis' (Hb 6.10).

Fonte: As Doenças do nosso século. As Curas que a Bíblia oferece. Lições Bíblicas 3º trim.2008 - Comentarista Pastor Wagner dos Santos Gaby

Sugestão de leitura:
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