“Muitos, pois, dentre os judeus que
tinham vindo a Maria e que tinham visto o que Jesus fizera creram nele” Jo
11.45
“Pergunta-se: Por que os outros três
evangelhos não relatam o grande milagre da ressurreição de Lázaro? Uma das
respostas é: porque o Espírito Santo levou João a registrar esse milagre, que
preenche sua parte no propósito do livro. O milagre da ressurreição de Lázaro
não tinha lugar no plano dos outros três escritores. Lembremo-nos que há cinco
outros milagres relatados por João, que não se mencionam nos outros Evangelhos.
E há trinta e três milagres nos outros Evangelhos, não registrados por João.
[...] Tirai a pedra (v.39): Era proibido, pelo Talmude, abrir um
túmulo, depois de fechá-lo com a pedra. E isso para se evitar contaminar-se
cerimonialmente. Mas Aquele que tocou o esquife do filho da viúva de Naim (Lc
7.14), e que tocou o leproso (Mt 8.3), mandou que retirassem a pedra do túmulo
de Lázaro — anulando o formalismo dos judeus. Jesus, levantando os olhos para o
céu, disse... (vv.41,42): Isto não é uma oração mas ação de graças a Deus, pela
resposta à oração, resposta já recebida. Vd. Mc 11.24 (Vers. Bras e Vers. Ver.
Autor.): Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim.
Recebestes é no tempo passado. Recebemos enquanto oramos e o vemos depois com
os olhos. Cristo, diante do túmulo de Lázaro, orara até receber e só restava
agradecer a Deus a resposta que ia ver logo com os próprios olhos” (BOYER,
Orlando. Espada Cortante.Lucas, João e Atos. Volume 2. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 2007, pp.311,312).
O sétimo e último sinal do quarto
Evangelho é o mais significativo de todos, pois devolveu a vida a Lázaro,
mostrando todo o poder do Filho de Deus.
Acostumados com a importante e
necessária prática do planejamento, vez por outra somos surpreendidos por algum
acontecimento que nos desperta para o inegável fato de que, na realidade, não
temos controle algum, não apenas sobre o futuro, mas também sobre o que quer
que seja. Sem conhecer os contornos da estrada da existência que vai se
delineando conforme os dias vão passando, muitas vezes nos pegamos absortos com
os acontecimentos. Para o bem ou para o mal, quantas vezes já não exclamamos:
“Nunca pensei que isto fosse acontecer comigo”. Se os que não conhecem a Deus
atribuem os acontecimentos ao “acaso”, aos que creem tal maneira de pensar não
faz sentido, pois acreditam na providência divina. Não obstante, uma vez que
são insondáveis as formas de Deus agir, até mesmo o crente, vez por outra,
incorre no erro de falar daquilo que escapa ao seu conhecimento. O último sinal
do quarto Evangelho ensina-nos que Deus, muitas vezes, age de maneira contrária
à lógica, mas que ao final tudo concorre para a glória do nome dEle.
Como Jesus teve acesso tão rápido ao
sepulcro onde jazia Lázaro?
A maioria dos estudiosos defende que havia no
próprio terreno das casas, sobretudo das pessoas de posse, esculpido em rochas
o túmulo dos entes queridos.
Texto Bíblico - João 11.28-40,43,44
INTRODUÇÃO
O sétimo milagre do Evangelho de João
coroa de forma magistral os relatos dos sinais do texto joanino, culminando com
o maior deles, pois devolveu a vida a alguém que havia morrido há quatro dias
(Jo 11.39).
I. A ENFERMIDADE PARA A GLÓRIA DE DEUS
1. Jesus é notificado da enfermidade de
Lázaro.
A cada sinal realizado, Jesus se indispunha ainda mais com as
classes religiosas que, temendo perder seu domínio, depois deste grande feito,
acabaram reunindo-se numa coalizão de forças entre sacerdotes e fariseus,
formaram um conselho e reconheceram o que não dava mais para esconder — o que
poderia ser feito para barrar o Senhor visto que Ele fazia “muitos sinais” (Jo
11.47)? Apesar de os milagres beneficiarem o povo, sobretudo os mais
necessitados (At 10.34-38), o medo dos religiosos era que todos passassem a
crer em Jesus e isso fizesse com que o poder imperial os achassem dispensáveis
e não mais necessários para os interesses e acordos políticos (Jo 11.48). Foi
nessa infame reunião que, diz o apóstolo do amor, depois de afirmar que
convinha que um homem morresse pelo povo, o “sumo sacerdote naquele ano,
profetizou que Jesus devia morrer pela nação” (Jo 11.51), selando de vez o
destino entre eles, pois “Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o
matarem” (Jo 11.53).
Dividido em duas partes, o relato do sétimo
sinal tem longos 44 versículos (Jo 11.1-44). A despeito de o texto bíblico da
lição conter apenas a segunda parte do relato, o contexto exposto na primeira é
de primordial importância para se valorizar ainda mais a narrativa. João
informa que se encontrava doente um homem chamado “Lázaro, de Betânia, aldeia
de Maria e de sua irmã Marta” (Jo 11.1). Estas, conhecidas e amadas do Senhor,
mandaram-lhe avisar que Lázaro, a quem Jesus igualmente amava, estava enfermo
(Jo 11.3,5). Isso indica que o Senhor já conhecia essa família. Todavia, mesmo
após ser notificado, Jesus “ficou ainda dois dias no lugar onde estava” (Jo
11.6).
2. A doença que veio para a glória de
Deus.
Felizmente, a demora de Jesus em ir até Betânia não se trata de
insensibilidade, antes tem uma razão de ser, isto é, como o próprio Mestre
disse: “Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o
Filho de Deus seja glorificado por ela” (Jo 11.4b). Na verdade, conforme o
Senhor revela, o real motivo de Ele não se apressar em ir ao povoado e curar
Lázaro antes que este viesse a falecer, foi o amor que Ele tinha pelos seus
discípulos, pois estes teriam a oportunidade ímpar de assistir um portentoso
milagre e assim poderiam acreditar definitivamente que o Senhor era o Filho de
Deus (Jo 11.15).
3. O duplo significado da morte neste
texto.
É natural que haja algum estranhamento no fato de Jesus ter dito
que a doença não era para “morte” e Lázaro ter vindo a óbito. Vale perceber
que, particularmente, neste texto, a “morte” possui dois sentidos e não
significa simplesmente a cessação da vida biológica, mas tem um significado bem
mais profundo, conforme se depreende da resposta do Senhor a Marta (Jo
11.25b,26). Falando, entretanto, especificamente da morte de Lázaro, o Mestre
disse que aquele apenas “dormia”, algo que levou os discípulos a não entenderem
a expressão, achando que o doente estivesse se recuperando (Jo 11.11-13). Para
desfazer o equívoco “Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto” (Jo
11.14). Portanto, vê-se que há dois sentidos para a expressão “morte” na
narrativa: morte natural e morte eterna.
1. O inusitado convite de Jesus.
Quando
o “tempo de Deus” se completou, Jesus então convidou os seus discípulos a
retornarem à Judeia e eles, completamente confusos, tentaram dissuadir o Senhor
“lembrando-lhe” que há pouco quiseram apedrejá-lo naquela localidade (Jo
10.31,39 cf. 11.7,8). A preocupação dos discípulos se dava pelo fato de Betânia
distar de Jerusalém cerca de dois a três quilômetros (Jo 11.18). O Mestre então
lhes esclarece por meio da metáfora do dia, já anteriormente utilizada (Jo
9.4,5), que há necessidade de se fazer o que Ele fora designado para executar
(Jo 11.9-11). A resposta de Tomé, discípulo lembrado pela dúvida (Jo 20.24- 29)
— “Vamos nós também, para morrermos com ele” (Jo 11.16) — que figura para
muitos como uma incógnita, na verdade, trata-se de uma expressão de coragem, e
resignação e não uma ironia.
2. O encontro de Jesus com Marta.
É
curioso notar que em Lucas 10.38-42, Marta encontra-se excessivamente ocupada
com as coisas corriqueiras da vida e até solicita ao Mestre que diga a Maria
para esta vir lhe auxiliar. Neste episódio, entretanto, ela vai ao encontro do
Senhor mesmo antes dEle chegar na aldeia, “Maria, porém, ficou assentada em
casa” (Jo 11.20). Ambas, todavia, lamentam-se da mesma forma a respeito de
Jesus não ter chegado a tempo de impedir que Lázaro viesse a óbito (Jo
11.21,32). Se na ocasião da narrativa de Lucas, Maria dispôs-se a estar aos pés
do Mestre para aprender, nesta oportunidade é Marta quem nos oportuniza um
importante e instrutivo diálogo (Jo 11.21-27). É perigoso formar uma visão de alguém,
ou ainda pior, uma caricatura, por um único lance da vida da pessoa.
O fato de Maria ter ficado “assentada em
casa”, certamente está relacionado com a recepção dos judeus que tinham ido a
Betânia consolar a ambas (Jo 11.19,31).
3. Um diálogo altamente teológico.
O
que acontece na sequência após Marta ter ido se encontrar com o Senhor é um
diálogo de teor altamente teológico. Apesar de ter dito que sabia que tudo
quanto Jesus pedisse a Deus, o Pai lhe concederia, no momento decisivo, tal
crença parece não ter se mostrado tão segura (Jo 11.22,39). O Mestre então diz
que trará Lázaro novamente à vida e Marta responde que sabe que o seu irmão “há
de ressuscitar na ressurreição do último Dia” (Jo 11.23,24). A crença na
ressurreição não era novidade para os judeus (Is 26.19; Dn 12.2), porém, por
entender a morte apenas no sentido natural, este evento era exclusivamente
situado no futuro. Jesus revela uma verdade completamente distinta: Ele mesmo é
a ressurreição e a vida e quem nEle crê, “ainda que esteja morto, viverá; e
todo aquele que vive e crê [...] nunca morrerá” (Jo 11.25,26). Portanto, morte
e vida, nas palavras do Senhor a Marta, revestem-se de um significado bem mais
profundo, pois indicam que, como já foi dito, existem dois tipos de morte e
também de vida: naturais e eternas. O Mestre falava, obviamente, da vida eterna
que era uma realidade para os que nEle criam (Jo 3.16,36). À pergunta do Senhor
se Marta cria no que Ele acabara de pronunciar, ela respondeu não apenas de
forma afirmativa, mas com uma confissão: “Sim, Senhor, creio que tu és o
Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo” (Jo 11.27).
1. Um homem com sentimentos.
Após
fazer tal confissão, Marta então se dirige a casa e avisa a Maria que o Mestre
desejava vê-la. Maria, sem demora alguma, corre ao encontro do Senhor, que
ainda nem havia chegado à aldeia (vv.28-30). Os judeus que a consolavam
seguiram-na pensando que ela fosse ao sepulcro chorar, e acabaram
encontrando-se também com o Senhor Jesus que, observa João, “quando a viu
chorar e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em
espírito e perturbou-se” (v.33). Se essa observação parece “subjetiva”, o que
acontece na sequência não deixa dúvida quanto ao fato de Jesus ser um homem
sensível.
Após inquirir acerca do local onde
sepultaram Lázaro, o apóstolo do amor registra que “Jesus chorou” (v.35), daí a
afirmação dos judeus: “Vede como o amava” (v.36b). Diferentemente dos mestres
da antiguidade que se esforçavam para passar uma imagem de impassibilidade, o
Senhor não teve receio algum em chorar e comover-se por ver Maria e os judeus
chorando.
2. A dúvida dos judeus e de Marta.
Vendo
que Jesus chorava, alguns dos judeus questionaram: “Não podia ele, que abriu os
olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?” (v.37b). Eles até
levantam a hipótese de o Senhor, por ter dado vista ao cego, caso tivesse
chegado a tempo, também ter curado a Lázaro; mas trazê-lo de volta parece estar
completamente fora de cogitação. Neste momento, ao chegar ao sepulcro havia uma
pedra na entrada e uma vez mais o Mestre se comoveu (v.38). Sem titubear, Jesus
ordenou que removessem a pedra do sepulcro, mas Marta então protestou que já
fazia quatro dias que Lázaro morrera e que por isso já cheirava mal (v.39), o
Mestre, todavia, respondeu-lhe: “Não te hei dito que, se creres, verás a glória
de Deus?” (v.40b).
3. O grande milagre.
Após removerem
a pedra, Jesus faz uma breve oração, onde deixa claro sua intimidade com o Pai
(vv.41,42). Na prece, o Senhor revela que a oração não fora feita por uma
necessidade de comunicação entre ambos Ele e o Pai, e sim por causa da
“multidão ao redor”, ou seja, para que as pessoas creiam que Deus o enviara.
Logo depois de orar, o Mestre grita: “Lázaro, vem para fora” (v.43b). No mesmo
instante, Lázaro despertou e “saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas,
e o seu rosto, envolto num lenço” (v.44). O Senhor então mandou que o soltassem
e o deixassem ir. Se o povo já admirara o milagre de dar vista ao cego
realizado por Jesus, este agora era sobrenaturalmente superior, pois devolvera
a vida a um morto, não de poucas horas, mas alguém que já havia morrido há
quatro dias, isto é, não havia dúvida alguma acerca da impossibilidade de este
voltar à vida a não ser por um milagre divino.
CONCLUSÃO
A lição de hoje encerra o ciclo dos sete
sinais elencados pelo apóstolo do amor. Não apenas aos seus destinatários
originais, mas também a nós, nos dias de hoje, tais sinais trazem edificação e
fazem com que creiamos no Senhor como o Filho de Deus, e assim tenhamos vida em
seu nome (Jo 20.31).
“Quando Jesus declarou: ‘Teu irmão há de
ressuscitar’, Marta recitou: de modo muito triste, um artigo do credo judaico:
‘Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia’. O único alívio
que sentia era uma esperança para o futuro distante, baseada numa doutrina.
Jesus, no entanto, fez com que ela desviasse sua atenção do artigo do credo
para fixá-la nEle: ‘Eu sou a ressurreição e a vida’, o que nos faz entender que
o Cristianismo consiste mais em confiar numa Pessoa divina do que assentir a
proposições teológicas. Não há proveito em procurar assenhorear-se da teologia
sem primeiro aceitar Cristo como Senhor. Podemos crer numa doutrina sem
entregar nossa vida a ela em plena confiança; podemos entendê-la sem que ela
nos transforme o coração; como Marta, podemos crer na ressurreição sem ter
verdadeira fé naquele que é a Ressurreição e a Vida. A causa das lágrimas
de Jesus. Tais lágrimas fazem parte da humanidade de Jesus. Apesar de ser Filho
de Deus, Ele sofreu todas as aflições dos homens, embora sem a prática do
pecado. ‘E o Verbo se fez carne’. Sua humanidade não era fictícia; participou
realmente da nossa natureza. As lágrimas brotaram de real compaixão, foram a
resposta do coração de Jesus ao apelo da tristeza. Suas lágrimas também foram
causadas pela tristeza — tristeza pelos danos causados pelo pecado e pela
morte” (PEARLMAN, Myer. João. O Evangelho do Filho de Deus. 1ª
Edição. RJ: CPAD, 1995, pp.138-140).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho
Aqui eu Aprendi!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário será postado assim que o autor der a aprovação.
Respeitando a liberdade de expressão e a valorização de quem expressa o seu pensamento, todas as participações no espaço reservado aos comentários deverão conter a identificação do autor do comentário.
Não serão liberados comentários, mesmo identificados, que contenham palavrões, calunias, digitações ofensivas e pejorativas, com falsidade ideológica e os que agridam a privacidade familiar.
Comentários anônimos:
Embora haja a aceitação de digitação do comentário anônimo, isso não significa que será publicado.
O administrador do blog prioriza os comentários identificados.
Os comentários anônimos passarão por criteriosa analise e, poderão ou não serem publicados.
Comentários suspeitos e/ou "spam" serão excluídos automaticamente.
Obrigado!
" Aqui eu Aprendi! "