“Jesus principiou assim
os seus sinais em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e os seus
discípulos creram nele” Jo 2.11
Apesar de estar
lecionando a pessoas que, em sua maioria, ainda são solteiras, sabemos que a
família tem sido alvo constante de ataque. Muitos alunos podem até mesmo ser
provenientes de famílias que estão vivendo conflitos terríveis. Interceda por
eles e, se julgar oportuno e estiver preparado, aproxime-se e ofereça auxílio.
Traumas vividos no âmbito da família de origem podem bloquear a pessoa na
formação de um novo lar. Outro problema bastante comum é a reprodução daquilo
que antes foi traumático. Interromper tal ciclo destrutivo é um grande desafio.
Aproveite a temática transversal da lição — casamento, família — para destacar
a importância de um lar harmonioso e com a presença constante de Jesus. Quem
sabe você mesmo esteja enfrentando dificuldades no lar. Assim como Jesus
interveio nas bodas de Caná, Ele pode entrar com providência hoje mesmo em sua
casa e realizar um grande milagre.
A lição de hoje inicia
os onze milagres que serão estudados neste trimestre. A peculiaridade desta é
que o milagre objeto de estudo, bem como os próximos seis, são todos do
Evangelho de João. Esta seção do quarto Evangelho é conhecida como “livro dos
sete sinais” (2.1-11; 4.46-54; 5.2-18; 6.1-15; 6.16-21; 9.1-41; 11.1-46). Além
desses sete sinais, há outros números “sete” no Evangelho joanino. Ele contém,
por exemplo, sete sermões do Mestre (3.1-21; 4.4-42; 5.19-47; 6.22-59; 7.37-44;
8.12-30; 10.1-21), e a importantíssima pronúncia e/ou declaração “Eu sou”
também figura sete vezes no texto (6.35; 8.12; 10.7; 10.11; 11.25; 14.6; 15.1).
Uma vez que quanto mais familiaridade com o material, mais lições e conteúdo
dele é possível extrair.
Texto - João 2.1-11
O primeiro milagre
realizado por Jesus evidencia todo o programa de seu ministério.
INTRODUÇÃO
Os Evangelhos, tanto os
sinóticos — Mateus, Marcos e Lucas — quanto o de João, são textos basilares
para a fé cristã, pois apresentam o Senhor Jesus Cristo, sua concepção
miraculosa, seu nascimento, sua mensagem, seu ministério, sua paixão e
ressurreição (Mc 1.1; Lc 1.1-4 cf. At 1.1-3). Mesmo assim, conforme João deixa
bem claro, tais textos não são exaustivos, visto que o Mestre “fez muitas
outras coisas” e, continua o apóstolo do amor, “se cada uma das quais fosse
escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se
escrevessem” (Jo 21.25). Portanto, a série de sete milagres do Evangelho de
João que se inicia hoje não significa que o Filho de Deus tenha realizado
“apenas” estes, pois como o escritor sagrado afirma, “Jesus, pois, operou
também, em presença de seus discípulos, muitos outros sinais, que não estão
escritos neste livro” (Jo 20.30).
1. Um Evangelho
singular.
Cada um dos Evangelhos possui suas peculiaridades. Tal se dá
pelo fato de que eles foram dirigidos a diferentes destinatários e públicos,
além de terem sido escritos por pessoas distintas. O de João é um tratado
universal e tem um caráter mais abrangente e teológico que os demais. Isso pode
ser percebido pelo seu prólogo (Jo 1.1-14). Enquanto Mateus e Lucas, por
exemplo, relatam lances acerca do nascimento e infância de Jesus (Mt 12; Lc
1.26—2.52), o quarto Evangelho, em seu prólogo, trata da preexistência do Filho
de Deus. As divisões deste Evangelho também demonstram sua singularidade. Uma
dessas divisões refere-se aos milagres que o apóstolo do amor relatara.
2. Os sete sinais.
A
expressão “sinais” é utilizada por João com o claro significado de “milagres”
(Jo 20.30). É emblemático que o apóstolo do amor relate “apenas” sete
(2.1—4.54; 5.1—11.57), formando uma seção em seu Evangelho que é comumente
denominada pelos estudiosos como "Livro dos Sinais". Na tipologia
bíblica, e para os judeus, o número sete transmite a ideia de completude e
totalidade.
3. O objetivo dos sinais
no Evangelho de João.
Conforme já foi mencionado em lições anteriores, os
milagres, ou sinais, possuem objetivos que perpassam, e satisfazem, o socorro
do aflito, glorificam a Deus e chegam ao cerne do seu propósito, que é levar as
pessoas a crerem “que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo,
tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Este é justamente o objetivo de o
apóstolo do amor ter relatado os sete milagres em seu Evangelho: demonstrar a
messianidade de Jesus e com isto levar as pessoas à fé e, finalmente, à vida
eterna.
1. Jesus e a vida
social.
É sabido que entre outras coisas, cabia ao discípulo seguir o
modelo de vida do seu mestre (Lc 6.40). Neste sentido, Jesus é a referência
absoluta de todos que se propuseram a segui-Lo (Mt 16.24, cf. Ef 4.13). E como
Ele viveu? Em termos sociais, por exemplo, a postura do Mestre é inequívoca,
Ele não se comportou como um eremita, pois comia com pessoas discriminadas e
frequentava a casa de todo o tipo de gente (Mc 2.1,2; Lc 7.33,34,36-39;
19.1-10). Não obstante ir a tais lugares, o Senhor não se contaminava com nada
e nem praticava o que tais pessoas faziam, pois sua visita tinha objetivo (Hb
4.15 cf. Lc 19.9,10).
2. O casamento
valorizado pelo Mestre.
A prova de que Jesus tinha “vida social” é que
João registra o importante fato de que o seu primeiro milagre se deu justamente
em uma festa de casamento (Jo 2.1-11). É no mínimo curioso que o Mestre tenha
escolhido um momento tão corriqueiro para principiar seu ministério, pois tal
poderia ter se dado em uma das muitas sinagogas ou mesmo no Templo em
Jerusalém. No entanto, ao assim fazê-lo, Jesus demonstra igualmente o quanto
Deus valoriza a instituição do casamento e a formação de uma nova família (Mc
10.6-9).
3. A diferença
ministerial entre Jesus e João Batista.
A diferença na dinâmica de interação
social entre Jesus e João Batista é marcante: enquanto o primeiro imiscuía-se
nas relações interpessoais, o segundo vivia no deserto (Mt 3.1; 11.7,18,19).
Contudo, tal diferença aponta para uma distinção bem mais profunda entre ambos
os ministérios. Enquanto João Batista marcava o fim do Antigo Concerto, sendo o
seu último profeta (Mt 11.13), Jesus Cristo, como Filho de Deus, inaugurava um
novo tempo, iniciando um Novo Concerto (Mt 26.26-29; Hb 8.13; 9.15). Assim, a
vida social de ambos dizia respeito ao chamado e ao ministério que cabia a cada
um.
1. “Fazei tudo quanto
ele vos disser”.
João registra que estando o Mestre acompanhado de sua mãe
e dos seus discípulos, realizaram-se umas bodas em Caná da Galileia e eles
foram convidados. Entretanto, algo embaraçoso ocorreu: o vinho que era servido
na festa acabou. Uma vez que a festa de casamento podia se prolongar por até
uma semana (Gn 29.27,28), essa questão não era um problema simples, pois
violava uma das regras da hospitalidade. O fato foi comunicado a Jesus por sua
mãe e devido à resposta do Mestre, muitos pensam tratar-se de rispidez, mas na
verdade, quando se analisa o versículo quatro à luz de outros textos do
Evangelho joanino (5.25; 7.30; 8.20; 12.23,27; 13.1; 17.1), fica claro que a
palavra do Filho de Deus tem um sentido mais profundo. Ao dizer “Fazei tudo
quanto ele vos disser”, Maria tinha certeza que o Mestre interviria mudando
aquela situação, bastava apenas que os empregados, por mais que não
compreendessem, obedecerem ao que Ele dissesse (v.5). De fato, Jesus orientou
os empregados que enchessem de água as seis talhas de pedra que havia na casa e
que tirassem em seguida uma porção e levassem do conteúdo para o mestre-sala
provar (vv.6-8).
2. O milagre.
A
narrativa diz que tão logo o mestre-sala provou da “água” trazida pelos
empregados, chamou o esposo e, em tom de surpresa, disse a ele: “Todo homem põe
primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu
guardaste até agora o bom vinho” (v.10). O mestre-sala desconhecia o que
realmente ocorrera, mas os empregados que encheram as seis talhas com água,
sabiam perfeitamente de onde viera a enorme quantidade de vinho da mais alta
qualidade para a festa (v.9). De forma discreta, sem nenhum alarde, Jesus
realizara um grande milagre.
3. O significado do
milagre.
O apóstolo do amor revela que dessa forma Jesus iniciou os seus
“sinais” e “manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (v.11).
Uma leitura ligeira do texto deixa escapar importantes detalhes que lançam luz
em seu significado. O versículo seis diz que no local havia “seis talhas de
pedra, para as purificações dos judeus”. A religião oficial de Israel possuía
muitos ritos que se fundamentavam não na Lei, mas na “tradição dos anciãos”,
sendo um deles o hábito de lavar-se com finalidades ritualísticas e não simplesmente
higiênicas (Mc 7.1-4). Ao utilizar para algo social os recipientes cujo
objetivo era religioso, Jesus declara que no âmbito do Reino de Deus nada é sem
importância, e que a verdadeira purificação não é exterior, mas interior, posto
que a água servia para lavar “por fora” e o vinho deveria ser ingerido pelos
convidados. Com este ato de transformar a água em vinho, o Mestre demonstra que
o seu ministério envolve o cotidiano e que a transformação se dá em todos os
âmbitos e dimensões, sendo a intervenção do Senhor a melhor parte, ainda que
mude costumes religiosos e sociais, como as talhas religiosas usadas para a
festa e o vinho bom distribuído por último (vv.6-10).
CONCLUSÃO
O primeiro milagre de
Jesus é um resumo de todo o seu ministério, pois denota seu propósito — a transformação
da realidade, seja ela pessoal ou ambiental — resultando na glória de Deus (Mc
7.37; Jo 9.1-4). Foi exatamente isto que ocorreu com a realização deste
primeiro milagre do Senhor, ou seja, através dele o Mestre “manifestou a sua
glória” e, como resultado, “os seus discípulos creram nele” (v.11).
“Jesus transforma a água em vinho (2.1-11)
O fato de que as grandes talhas que João menciona fossem de pedra (2.6) é significativo e indica que a água que eles continham era provavelmente usada para a purificação ritual, pois recipientes de pedra, ao contrário dos de barro ou metal, não contraem ‘impurezas’. Assim, a transformação desta água em vinho tem significado simbólico: a água que representava a religião do Antigo Testamento foi transmutada por Jesus em um vinho que representava a abundante bênção de Deus. A validade deste símbolo está estabelecida nas Escrituras, que frequentemente retratam o reino escatológico de Deus como um banquete (Mt 5.6; 8.11,12; Mc 2.19; Lc 22.15-18), do qual uma característica básica era a profusão de vinho (cf. Is 25.6). Simbolismo semelhante é encontrado nos comentários que Filo, o filósofo judeu do século I, faz sobre Melquisedeque. Em Leg. Alleg. 3.79, Filo escreve que Melquisedeque ‘trará vinho em lugar de água e dará às nossas almas uma bebida pura, para que elas possam tornar-se possuídas por aquela divina intoxicação que é mais sóbria que a própria sobriedade’.
Ao transformar a água que representa a antiga economia em vinho que representa a vinda do reino de Deus, Jesus ‘manifestou sua glória, e os seus discípulos creram nele’” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2007, p.204).
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho
Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho
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