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sábado, 7 de julho de 2018

A beleza e a glória do Culto Levítico

“Então, entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; depois, saíram e abençoaram o povo; e a glória do SENHOR apareceu a todo o povo” Lv 9.23


A beleza e a glória do culto levítico

Há uma teologia do culto nas Escrituras

O comentarista do trimestre, pastor Claudionor de Andrade, mostra que havia uma teologia do culto levítico que perpassou toda a história monárquica da nação de Israel. Assim, ao inaugurar-se o Santo Templo, houve um trabalho precedente que desenvolveu a ordem litúrgica, o artesanato de instrumentos de louvores e a composição da música: tudo isso na esteira da teologia levítica do culto. Neste sentido, há ensinamentos para nós hoje a partir de Levítico.

O que Deus espera de nossa Adoração?

Há um “ditado” muito corrente na igreja hispânica, aqui na América Latina, em que se diz: “a Adoração tem de sê-la e parecê-la”.
Vivemos um tempo em que há dois perigosos extremos. O primeiro, o perigo do formalismo frio, engessado e meramente simbólico. O segundo, o oposto disso, em que a adoração pública seja realizada sem as devidas atenções para a rica e preciosa teologia do culto presente no Antigo e em o Novo Testamento.

Quando se fala que a Adoração tem de “sê-la” quer dizer que, em primeiro lugar, ela tem de partir do que há de mais forte, acumulativo e essencial no interior do ser humano: “Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças” (Mc 12.30). Esse primeiro mandamento está conectado com a seguinte verdade evangélica: “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.23).

Quando se diz que a Adoração deve “parecê-la”, leva-se em conta que toda a adoração a Deus tem uma manifestação intelectual e corporal. O apóstolo Paulo sinalizou isso em 1Coríntios 14.26: “Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Nesse aspecto, estão contempladas as virtudes da reverência, do temor e da santidade quando prestamos um culto a Deus.

Por isso, é inadmissível num culto verdadeiro a Deus haver qualquer atividade paralela. Isso era inconcebível no Antigo e em o Novo Testamento. Por exemplo, seria inconcebível a um sacerdote, enquanto este apresentasse o sacrifício no altar, o outro estivesse resolvendo questões administrativas. Seria completamente fora de lógica, e uma blasfêmia para os apóstolos, concomitante ao ato da Santa Ceia, ocorrer outros afazeres de caracteres comerciais. Revista Ensinador Cristão nº74

O verdadeiro culto divino não se impõe pelo ritualismo nem por sua pompa, mas pelo quebrantamento de coração e pela integridade de espírito. A glória de Deus não pode faltar.

Leitura Bíblica em classe - Levítico 9.15-24

Na lição de hoje repetiremos a respeito do culto divino. O que é mais importante em um culto? A liturgia? Aqueles que estão prestando um serviço a Deus? O que realmente agrada ao Senhor? Essas são indagações importantes, que precisamos fazer se queremos adorar a Deus da forma que Ele merece e que lhe agrada. Contudo, você professor(a), precisa estar atento para que não venha fazer de suas aulas um espaço de debates teológicos inúteis. Precisamos de reflexão, de debates que promovam a interação da classe. Também precisamos ouvir mais nossos alunos, no entanto que o nosso alvo seja sempre o crescimento espiritual deles.

No decorrer da aula, ressalte o cuidado que devemos ter para não cairmos no formalismo, pois Deus não está preocupado com a forma, mas com o coração daqueles que se achegam a Ele, é necessário que aqueles que desejam cultuar ao Senhor o faça em espírito e em verdade (Jo 4.24).


Levítico era o manual do culto no Antigo Testamento. 


Em virtude de sua natureza didática e tipológica, o culto levítico tinha de ser majestoso e belo; um reflexo da glória do Deus de Israel. Sua liturgia, por isso mesmo, era para ser vista, ouvida e tocada. Nalguns ritos e cerimônias, até o olfato e o paladar do adorador eram contemplados.

Apesar de tantos recursos pedagógicos, somente alguns vieram a descobrir a essência dos procedimentos levíticos: a plena comunhão entre Deus e o seu povo. Esses raríssimos homens e mulheres tornaram-se conhecidos, na literatura profética, como o remanescente fiel.

Neste capítulo, veremos que o culto ao Deus de Abraão não era uma demanda a ser apresentada apenas para Israel; é uma reivindicação de Jeová a todos os habitantes da Terra. Nesse processo, a nação hebreia participaria (como de fato parcial e hesitantemente participou) como intermediária entre os gentios e o Deus Único e Verdadeiro.

Veremos ainda por que o culto é necessário. Neste ponto, somos obrigados a responder a velha pergunta: Por que o homem, mesmo que se confesse ateu, é um ser religioso? E, para concluir, viremos a constatar que o culto levítico, apesar do fracasso temporal de Israel, cumpriu seus propósitos eternos.

I. O Culto a Deus no Coração Humano

Neste tópico, veremos que o culto divino, para ser perfeito, tem de ser precedido pelo cultivo do coração humano. No âmbito teológico, cultuar e cultivar são sinônimos; harmonizam-se belamente.

1. Definição do culto divino.
A palavra “culto” advém do vocábulo latino cultus que, originário do verbo colere, descreve o esmero que o lavrador, na antiga Roma, dispensava a terra, a fim de torná-la arável. Inspirados por essa belíssima etimologia, os romanos não demoraram a associar o cultivo do solo às lides religiosas.

Teologicamente considerado, o culto pode ser definido como as honras, deferências e louvores que o homem, já cultivado pela Palavra de Deus, tributa ao Deus da Palavra. No ato cultual, o homem externa o seu reconhecimento a Deus como o Criador, Senhor e Mantenedor de todas as coisas. Para ser verdadeiro, o culto há de ter como fundamento a doutrina dos profetas e apóstolos, conforme a encontramos na Bíblia Sagrada.

Rigorosamente, os louvores carreados a um ídolo não podem ser considerados culto, pois somente Deus é digno de toda adoração: Ele tudo criou e a tudo mantém. Quanto aos ídolos, que tributos merecem? Logo, o culto a um ídolo não é culto, mas idolatria; algo esdrúxulo, bizarro, grotesco.

Se a criatura tem de venerar o que a criou, conclui-se que o ídolo, por ser criação do homem, deveria adorar a esse mesmo homem. Silogisticamente, o homem está para o ídolo, assim como Deus está para o homem. A diferença é que somente Deus pode criar a partir do nada. O homem limita-se a recriar coisas de matérias e refugos já existentes. É por isso que o ídolo, embora exista, não passa de um objeto vil e desprezível.

2. Jesus e o cultivo do coração humano.
O nosso relacionamento com Deus requer cuidados e zelos agriculturáveis. Exige atenção, sabedoria, paciência. Foi por isso que o Senhor Jesus assemelhou a pregação do Evangelho ao semear (Mt 13.3-18). Nessa faina, o Semeador ansiará por obreiros e diaristas, para que uma parte da sementeira, ao menos, venha a germinar (1 Co.3.6).

Mas quem, de fato, está a sulcar o coração humano? O Senhor Jesus responde a essa pergunta com surpreendente beleza: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1, ARA). Se nos voltarmos a Isaías, deparar-nos-emos com o próprio Deus a sulcar o coração de Israel, a fim de fertilizá-lo, para que a boa semente germine: a Palavra da Fé. A descrição do profeta é de uma sublimidade que transcende a poesia:

Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu amado a respeito da sua vinha. O meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo.  Sachou-a, limpou-a das pedras e a plantou de vides escolhidas; edificou no meio dela uma torre e também abriu um lagar. Ele esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas. Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.  Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? (Is 5.1-4, ARA)

O cultivo do coração de Israel, levado a efeito pelo próprio Deus, não foi suficiente para reconduzi-lo, naqueles dias já distantes e rebeldes, ao culto verdadeiro. A alma israelita em nada diferia daquele terreno pedregoso e cheio de cardos descrito pelo Senhor na Parábola do Semeador.

Sim, o culto divino tem muito a ver com o cultivo da terra. Para se cultuar a Deus tem de se cultivar, antes, o coração do homem.

Dessa explanação, concluímos que o culto ao Deus Único e Verdadeiro não vinga como as ervas daninhas, nem como o joio que, nem bem é lançado ao solo, alastra-se e já sufoca o bom plantio. O culto divino exige uma lavragem zelosa, paciente e constante da alma; um trabalho que, iniciado com o semeador, prossegue com o que rega e com o que, vigilante e atento, impede o inimigo de lançar a cizânia durante as vigílias solitárias e já tomadas pelas trevas (1 Co 3.6).

3. O coração humano e o conhecimento de Deus.
A melhor forma de se cultivar o coração humano encontra-se no livro de Oseias: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3).

Quanto mais conhecemos a Deus, mais aprofundamos a nossa comunhão com Ele. O coração de Moisés estava de tal forma cultivado pela presença divina que, segundo o derradeiro registro do Deuteronômio, ele já não orava ao Senhor, mas, com o Senhor, falava cara a cara (Dt 34.10-12). O conhecimento que o profeta tinha de Deus transcendia o mero assentimento teológico; era algo experimental, profundo e cotidiano.

4. Os cultivadores do coração humano.
Foi para cultivar o verdadeiro culto, no coração hebreu, que o Senhor providenciou profetas, sacerdotes e reis. Cada um desses pedagogos tinha a obrigação de educar o povo na Palavra de Deus e mantê-lo ante o Deus da Palavra. Era uma educação tão perfeita, que levava o israelita a crescer tanto diante de Deus como perante os homens. Samuel, apesar do ambiente em que fora criado, alcançou esse ideal (1 Sm 2.21,26).

Vinha o profeta, e ensinava a nação a guardar os mandamentos divinos. Em seguida, chegava o sacerdote que, intercedendo pelo povo, tornava-o propício diante do Senhor. Quanto ao rei, possuindo este um mandato cristológico, tinha por obrigação sustentar o ofício profético e manter o ministério sacerdotal. Doutra forma, os ministros divinos não teriam condições de desempenhar a sua função. Na Igreja de Cristo, temos obreiros igualmente valiosos, cuja função também é educar-nos na Palavra de Deus (Ef 4.11-16).

No ato de congregar, cultivamo-nos mutuamente por intermédio do louvor, da oração, da celebração da Santa Ceia e, principalmente, da exposição da Palavra de Deus. Sem as Sagradas Escrituras, a liturgia é inútil.

II. O Culto Levítico

O culto levítico é o resultado de um processo litúrgico que, iniciado por Adão, culminou no chamado dos descendentes de Levi, cujo ministério precípuo consistia em zelar pela adoração ao Deus Único e Verdadeiro. Neste tópico, veremos os antecedentes do culto hebreu.

1. O culto adâmico.
Se Adão não tivesse dado ocasião ao pecado, suas oferendas a Deus, no Éden, teriam consistido apenas em sacrifícios pacíficos e de louvores. Ao invés de ofertas cruentas, limitar-se-ia ele a apresentar ao Senhor as primícias de seu trabalho no paraíso: a exuberância do reino vegetal.

Ao desobedecer ao Criador, o pai da raça humana percebeu que, além das ofertas de paz, teria de apresentar ao Senhor, também, sacrifícios por suas transgressões. Doutra forma, como poderia ele fazer-se propício diante do Santíssimo Deus? Aliás, na morte do animal, ou animais, cujas peles serviram-lhe de vestes, Adão e Eva vieram a entender o mecanismo da expiação (Gn 3.21).

Adão, apesar de sua culpa universal, jamais deixou de ser tratado por Deus como filho amado (Rm 5.12; Lc 3.38). Sem o seu exemplo de arrependimento e de adoração, os cultos que se seguiram, na História Sagrada, não teriam sido possíveis.

2. O culto noético.
O culto com que Noé servia ao Senhor tinha, como genealogia, uma sequência de homens santos, piedosos e ousados em sua adoração. O primeiro dessa lista foi Abel, cujo sangue clamou da Terra aos Céus (Gn 4.10). Assim como a morte de Estêvão deflagrou o crescimento da Igreja (At 11.19.20), de igual modo acontecera com o martírio de Abel; o seu exemplo foi imitado por homens como Enos, filho de Sete, cuja vida levou a linhagem piedosa de Adão a um reavivamento (Gn 4.26).

O culto de Noé era tão excelente que só poderia ser equiparado ao de Jó e ao de Daniel (Ez 14.14). Aliás, esses foram os três varões mais piedosos de toda a História Sagrada. A adoração noética sobressaía-se pela graça divina e constituía-se num poderoso libelo contra uma geração perversa, corrompida, irrecuperável e blasfema (Gn 6.8,9; Hb 11.7).

Sobrevivendo ao Dilúvio e à apostasia de Cam, o culto noético teve, como herdeiros imediatos, a Sem, a Jó e, finalmente, a Abraão, nosso pai na fé (Gn 9.26; Jó 1.1). Cronologicamente, o patriarca Jó precedeu ao patriarca hebreu, pois, em suas lamúrias, cita Adão, mas não menciona Abraão (Jó 31.33).

3. O culto abraâmico.
O culto de Abraão teve início quando ele ainda era um gentio como eu e você, querido leitor (At 7.2). Os próprios israelitas, aliás, reconhecem que o seu grande patriarca não passava de um pagão entre outros pagãos (Dt 26.5). Mas, reconvocado em Harã, obedeceu prontamente ao Senhor (Gn 12.1-4). Já firme na fé, pôs-se a peregrinar por uma terra que, embora sua, tratava-o como estrangeiro (Hb 11.9). Mas, para o crente Abraão, o que mais lhe importava era a sua confiança em Deus. Ele sabia que, além de sua herança terrestre, aguardava-o uma cidade, nos Céus, cujo artífice era o Senhor Todo-Poderoso.

O auge do culto abraâmico deu-se quando o patriarca encontrou-se com Melquisedeque, depois de uma renhida batalha contra uns régulos orientais. Ali, na já querida Salém, ele foi reconhecido pelo rei-sacerdote como servo de Deus e legítimo representante do verdadeiro culto (Gn 14.19,20).

Celebra-se, ali, a proto-ceia do Senhor Jesus, unindo, numa única liturgia, os representantes de ambos os testamentos (Gn 14.18). Nessa celebração, encontrava-se já presente, nos lombos de Abraão, o responsável pelo culto oficial de Israel, conforme a interpretação do autor da Epístola aos hebreus: “E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste” (Hb 7.9,10, ARA).

Para mim, o capítulo 14 de Gênesis é o texto de ouro da religião divina. Nessa narrativa, Melquisedeque ergue-se como sacerdote do Deus Altíssimo. E, nessa condição, traz o pão e o vinho consagrados ao crente Abraão, que, pela fé, celebra a redenção do corpo e do sangue de Jesus Cristo. Ao fazê-lo, mostra a eternidade do sacrifício vicário do Filho de Deus. Naquele ato, Levi, em Abraão, curva-se ao Novo Testamento.

Com base nesse texto sagrado, declaramos que existe apenas uma religião abraâmica: a religião do Deus Único e Verdadeiro. Esta, por seu turno, manifestou-se plenamente na vinda de Jesus Cristo, conforme explica muito bem o autor da Epístola aos Hebreus, na introdução de sua carta. Portanto, considerar o Islã uma religião abraâmica é desconhecer o espírito do Antigo Testamento. Rigorosamente falando, nem o próprio Judaísmo, como hoje o conhecemos, é uma religião abraâmica. Foi o que o próprio Cristo deixou patente aos seus contemporâneos (Jo 8.40).

4. O culto levítico.
Herdeiro direto da devoção abraâmica, o culto levítico pode ser definido como a instituição oficial da verdadeira religião confiada a Israel pelo próprio Deus. Seu objetivo não é apenas litúrgico, mas essencialmente teológico, conforme exorta o profeta Oseias aos seus contemporâneos (Os 6.3). Apesar de sua imponência e exterioridade, a adoração levítica é voltada ao interior de cada adorador de Jeová, que sempre buscou estar presente entre o seu povo.

Segundo a narrativa sagrada, o culto levítico foi instituído pela celebração da Páscoa, na noite que precedeu a saída dos filhos de Israel do Egito. E, tendo como fundamento esse fato, conduziu litúrgica, didática e teologicamente os israelitas a se apresentarem ao mundo como um povo escolhido, profético, sacerdotal e real. Um povo, aliás, que deve a sua redenção unicamente a Jeová.

III. As Finalidades do Culto Levítico

O culto divino, no Antigo Testamento, tinha quatro finalidades básicas: adorar ao Único e Verdadeiro Deus, reafirmar as alianças divinas, professar o credo mosaico e aguardar o Messias. Era uma celebração teológica e messiânica.

1. Adorar ao Único e Verdadeiro Deus.
Ao reunir-se para adorar a Deus, a comunidade de Israel demonstrava duas coisas: a aceitação do Único e Verdadeiro Deus e a rejeição dos deuses pagãos (Sl 86.10; 97.9).

Enfim, o culto levítico afastava os israelitas da idolatria e aprofundava a sua comunhão com o Senhor (Sl 96.5). Esse era o teor dos cânticos congregacionais do Santo Templo.

2. Reafirmar as alianças antigas.
Se os filhos de Israel, por exemplo, entoassem o Salmo 136, professariam ser herdeiros das alianças que o Senhor firmara com Abraão, Isaque, Jacó e Davi. E, assim, cultuando ao Senhor, lembravam-se de que Deus comanda a História. Em boa parte de seus cânticos, os filhos de Israel relembram a presença de Deus em sua vida familiar e comunal (Sl 47.9). Veja o Salmo 105.

3. Professar o credo divino.
Em seus cultos, os israelitas, guiados pelo ministério levítico, professavam o seu credo: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (Dt 6.4, ARA). Nesta sentença, resume-se toda a teologia do Antigo Testamento. É necessário que voltemos a recitar e a cantar o nosso credo.

4. Aguardar o Messias.
No livro de Salmos, há uma elevada cristologia, que descreve a paixão, a morte, a ressurreição e a glorificação do Senhor Jesus Cristo como Rei dos reis (Sl 22.1-19; 16.10; 110.1-4; 2.1-8). Um israelita crente e predisposto a servir a Deus jamais seria surpreendido com a chegada do Messias, pois o culto levítico era essencial e tipologicamente cristológico.

IV. Os Elementos do Culto Levítico

Em seu auge, o culto divino do Antigo Testamento era composto por estes elementos: sacrifícios, cânticos, exposição da Palavra, oração, leitura da Palavra e bênção. Isso não significa, porém, que todo esse conteúdo estivesse presente em todas as celebrações.

1. Sacrifícios.
O culto inaugural do Santo Templo, que teve início com a chegada da Arca Sagrada, foi marcado por uma grande quantidade de sacrifícios de animais (1 Rs 8.5). De forma sem igual, o rei Salomão e todo o Israel demonstraram suas ações de graças ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó.

2. Cânticos.
Em seguida, os cantores e músicos puseram-se a louvar ao Senhor, entoando provavelmente os cânticos que Davi e outros salmistas haviam composto (2 Cr 5,12,13). Nesse período, a arte musical de Israel era a mais desenvolvida de toda região oriental.

3. Exposição da Palavra.
Logo após, Salomão dirigiu-se ao povo, fazendo uma síntese da História Sagrada até aquele instante. Ele mostra a clara intervenção de Deus em cada etapa da existência de Israel (2 Cr 6.1-13).

4. Oração.
O rei dirige-se, agora, a Deus em oração, agradecendo-o por aquele momento, e intercede não só por Israel, mas pelos gentios que, ouvindo acerca da intervenção divina na vida de seu povo, para ali acorreriam (2 Cr 14.31).

5. Leitura da Palavra.
Após o cativeiro babilônico, já no tempo de Esdras e Neemias, a Palavra de Deus começou a ser lida publicamente como parte da liturgia do culto (Ne 8.1-8). Nesse período, os sacerdotes puseram-se também a explicar a Lei ao povo de Deus. Antes disso, a leitura das Escrituras limitava-se aos montes Gerizim e Ebal (Dt 29.11).

6. Bênção.
O culto levítico era encerrado com a bênção araônica (Nm 22.6). Ao serem assim abençoados, os filhos de Israel conscientizavam-se de que eram propriedade particular do Senhor.

V. Culto Levítico na Grande Tribulação

Nos meios evangélicos conservadores, aguarda-se com muita expectativa a restauração escatológica do culto levítico. Que ela virá, não temos dúvidas, mas em tempos angustiantes.

1. A interrupção do culto judaico.
O culto levítico foi suspenso em duas ocasiões diferentes.

A primeira deu-se em 586 a.C. Nessa data, os exércitos de Nabucodonosor, após sitiarem longamente Jerusalém, destruíram a capital do Reino de Judá e deitaram por terra o Templo de Salomão. Como se não bastasse tamanha dor, os babilônios exilaram o escol da sociedade judaica. Essa interrupção cultual, apesar de humilhante, não durou mais que sete décadas (Jr 25.11,12).

A segunda ocorreu no ano 70 de nossa era, quando os exércitos do general romano Tito destruíram por completo a Cidade Santa e o Templo Sagrado. Desde então, os judeus aguardam ansiosamente a restauração de seu reino, de sua capital e do culto levítico, que só pode ser realizado no interior da Casa de Deus em Jerusalém. O Judaísmo sobrevive, hoje, apenas didática e magisterialmente nas sinagogas espalhadas pelo mundo.

2. A restauração do Santo Templo.
A restauração da nacionalidade israelita já é história contada, romanceada e cotidiana. Desde 14 de maio de 1948, o Estado de Israel vem pontificando entre os demais países como nação forte, desenvolvida e rica; um exemplo para os demais povos. Quanto à Jerusalém, o que podemos dizer? Ela é a capital de Israel desde junho de 1967, por ocasião da Guerra dos Seis dias. Quer a ONU reconheça, quer deixe de reconhecer o atual status da Cidade Santa em relação a Israel, isso em nada mudará a realidade profética e histórica dos filhos de Abraão.

No que tange, porém, ao Templo de Deus, a situação torna-se bem mais complicada. Como reerguer o Santuário Divino se, ali, onde outrora fora erguido, encontra-se hoje uma mesquita muçulmana? Não é fácil responder a essa pergunta. Não obstante, a profecia bíblica não deixa dúvidas: o Santo Templo em breve será reerguido. Veja como Daniel trata o assunto: “Ele fará firme aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele” (Dn 9.27, ARA).

A profecia é clara. Na Septuagésima Semana, o Templo, com todas as suas liturgias e oferendas, estará funcionando plenamente em Jerusalém. Mas, na metade dessa mesma semana, o Anticristo romperá a aliança com Israel para instaurar um reino diabólico que, a partir de Jerusalém, dominará todo o sistema religioso mundial. É por isso que a Cidade Santa, nesse período, será conhecida espiritualmente como Egito e Sodoma (Ap 11.8). O apóstolo Paulo diz o mesmo em sua Segunda Epístola aos Tessalonicenses (2.1-12). Devemos olhar a restauração do culto levítico, no período da Septuagésima Semana, não como ação divina, mas como ato oportunista de Satanás. Apesar de o Templo ser chamado Casa de Deus, não será reerguido pelo Deus da Casa, pois nesse santuário, mais ecumênico e político que propriamente religioso, o Diabo, por intermédio do Falso Profeta, respaldará todas as ações da Besta que emergirá do mar, conforme lemos no capítulo 13 de Apocalipse.

Das profecias mencionadas, inferimos que o restabelecimento do culto levítico, nessa ocasião, não levantará a ira dos muçulmanos nem da cristandade apóstata. Pelo menos até o início da segunda metade da Septuagésima Semana. No entanto, após os judeus romperem com o homem do pecado, o mundo todo, orquestrado pelo Anticristo, levantar-se-á contra Israel. Garante a profecia que, nesse momento, o arcanjo Miguel, príncipe dos exércitos do Senhor, comandará a defesa dos filhos de Abraão (Dn 12.1). Será um período tão difícil aos judeus, que o profeta Jeremias refere-se a ele como o tempo da angústia de Jacó (Jr 30.7).

A restauração do culto levítico, no período da Grande Tribulação, levará em conta apenas a Lei de Moisés, em si, e não o seu cumprimento em Jesus Cristo. Portanto, não terá qualquer efeito messiânico nem soteriológico; seu objetivo, conforme já dissemos, será mais ecumênico e político do que religioso. Como se vê, até o próprio Diabo acha-se interessado no restabelecimento do culto divino, desde que o centro desse culto seja ele, e não o Deus que merece toda a glória, louvor e ações de graças.

VI. O Culto Levítico no Milênio

Neste tópico, buscaremos responder a esta pergunta: qual a diferença entre o Templo da Grande Tribulação e o do Milênio? Se, de acordo com a Epístola de Hebreus, os sacrifícios e dons da Antiga Aliança não passavam de sombras das coisas futuras, por que retroceder a esses recursos que, hoje, são vistos como meramente didáticos? É o que tentaremos responder nas linhas a seguir.

1. O restabelecimento do Milênio.
Terminada a Grande Tribulação, haverá um período de 45 dias até que o Senhor Jesus, juntamente com os seus santos, desça a Terra, para estabelecer o Milênio. Pelo menos é o que eu entendo desta profecia final de Daniel: “Depois do tempo em que o sacrifício diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Dn 12.11,12, ARA). Leia novamente Daniel 9.27.

Vê-se, pois, que o culto levítico, na Septuagésima Semana, será interrompido após três anos e meio. E, a partir daí, até o término dessa mesma semana profética, haverá outros três anos e meio, mais um misterioso acrescimento de 45 dias. Por que esse mês e meio? Até agora, não descobri. Vejo, nessa passagem, uma das profecias mais difíceis da Bíblia Sagrada. O certo é que o remanescente fiel do Senhor, provindos das 12 tribos, terá de amargar mais 45 dias de espera, perseverança e fé na intervenção divina. No final desse tempo, o Reino Milenial será uma realidade, e não uma utopia escatológica, como imaginam muitos teólogos incrédulos.

2. O culto levítico no Milênio.
Ezequiel dedica os derradeiros capítulos de seu livro a descrever o Reino de Israel no final dos tempos. No capítulo 40, por exemplo, o profeta descreve o Templo de Deus como estando situado num monte alto e bem destacado no cenário das terras sagradas. Que monte seria este? O Sião? Ou o das Oliveiras? Não nos é possível responder com precisão a essa pergunta. Mesmo porque a escatologia bíblica é uma ciência que se revela aos poucos; quanto mais a percorremos, mais nos acercamos de suas verdades (Dn 12.4).

O Templo do Milênio, ao contrário do da Grande Tribulação, será a expressão do amor de Deus por Israel. E, desse magnífico santuário, sairão as leis e mandamentos do Senhor para reger todas as nações da Terra, durante o reinado de mil anos de Nosso Senhor.

3. Os sacrifícios e oferendas levíticas no Milênio.
À luz das epístolas aos gálatas e aos hebreus, como entender esta passagem de Ezequiel:

“Durante sete dias, prepararás cada dia um bode para oferta pelo pecado; também prepararão um novilho e, do rebanho, um carneiro sem defeito”? (Ez 43.25, ARA).

Não parece isso uma contradição com essa afirmação de Hebreus:

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”? (Hb 1.1,2, ARA)

Para entendermos os nove últimos capítulos de Ezequiel, à luz de nossa escatologia, precisamos ver o restabelecimento do culto levítico, no Milênio, não mais como sombra dos bens futuros, como ocorria no Antigo Testamento, mas como um memorial do que aconteceu em o Novo Testamento. Ou seja: todas as vezes que os levitas, no Milênio, sacrificarem ao Senhor, não mais o farão perspectivamente, aguardando a chegada do Messias, mas retrospectivamente, olhando para o Calvário, onde Cristo foi oferecido, de uma vez por todas, por toda a humanidade. Da mesma forma não fazemos, hoje, quando celebramos a Ceia do Senhor? Esta, apesar de não ser um sacrifício, remete-nos de imediato ao Sacrificado — Jesus, Senhor Nosso.

Conclusão

O livro de Levítico, embora já cumprido nas Escrituras do Novo Testamento, ainda tem muitas lições a ensinar-nos. Se o lermos à luz, por exemplo, da Epístola aos Hebreus, entenderemos a didática que o Senhor usou para conduzir os filhos de Israel ao Calvário. Infelizmente, estes não foram capazes de entender a essência das oferendas e sacrifícios do Tabernáculo e do Santo Templo. O que era temporário viam eles como algo permanente.

Nós, que já recebemos Jesus Cristo como Salvador, regozijamo-nos, porque, agora, não mais necessitamos de sacerdotes humanos para achegarmo-nos a Deus. Hoje, por intermédio do sangue de Cristo, temos livre acesso ao trono da graça. Amém.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO
Culto
1. Definição etimológica e antropológica.
A palavra culto é originária do vocábulo latino ‘culto’, e significa adoração ou homenagem que se presta ao Supremo Ser. No grego, temos duas palavras para culto: ‘latréia’, significando adoração; e ‘proskuneo ’, reverenciar, prestar obediência, render homenagem.

2. Definição teológica.
O culto é o momento da adoração que tributamos a Deus; marca o encontro do Supremo Ser com os seus adoradores. Eis porque, durante o seu transcurso, cada membro da congregação deve sentir-se e agir com o integrante dessa comunidade de adoração — a Igreja de Cristo.

Se o culto aos ídolos induz o ser humano às mais abjetas práticas, a adoração cristã enleva-nos ao coração do Criador. O teólogo Karl Barth via o culto cristão como ‘o ato mais importante, mais relevante e mais glorioso na vida do homem’” (ANDRADE, Claudionor. As Disciplinas da Vida Cristã: Como alcançar a verdadeira espiritualidade. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008, pp.58,59).

Fonte:
Livro de Apoio – Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Claudionor de Andrade
Lições Bíblicas 3º Trim.2018 - Adoração, Santidade e Serviço - Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico - Comentarista: Claudionor de Andrade

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