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sábado, 19 de agosto de 2017

A Igreja de Cristo

Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” Mt 18.20

A Igreja de Cristo

O que é a Igreja?
A expressão Igreja vem do grego ekklesia cujo significado é “assembleia pública”. A expressão ekklesia tinha a ver com a reunião pública dos cidadãos gregos para decidirem questões da sociedade local.
Os escritores do Novo Testamento viram nessa expressão uma maneira viável de se referir ao grupo de pessoas que se decidiram por Jesus e Sua Palavra, de modo que a palavra ekklesia, aportuguesada para Igreja, passou a designar todas as pessoas, de várias partes do mundo, que depositaram a sua confiança em Jesus. Esse é o entendimento quando lemos os textos bíblicos que se referem a Igreja como Corpo de Cristo manifestado no mundo (Mt 16.18; At 20.28; Ef 5.32). Por isso vale a pena tomarmos contato com o teólogo e missiólogo, George Peters, quando ele escreve: “[...] Igreja ideal. [...] Aquela instituição de pessoas que foi chamada a Deus através do Evangelho de Jesus Cristo, conduzida a uma amizade eterna com Jesus Cristo pela fé, e foi batizada no corpo de Jesus Cristo pelo Espírito Santo. Ela é o templo de Deus habitado pelo Espírito Santo [...]” (Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2000, p.247).

Três ilustrações que caracterizam a Igreja em o Novo Testamento

Há três expressões que aparecem ao longo do Novo Testamento que caracterizam a Igreja:

O corpo de Cristo:
Com essa expressão o autor sacro refere-se ao fato de que se Cristo é o cabeça da Igreja, nós, seus servos, somos o corpo que obedece solenemente a cabeça: “Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja” (Cl 1.24).

O templo de Deus:
Essa expressão mostra que um templo, ou santuário, é o lugar em que Deus é cultuado e habita em toda a parte. Assim como o Senhor morou no tabernáculo no deserto, Deus agora vive, por seu Espírito, na Igreja (Ef 2.21,22; 1Co 3.16,17).

A noiva de Cristo:
a expressão é usada como uma ilustração para contar a união e a comunhão de Deus com o seu povo (Ef 5.25-27; Ap 22.17). Como Deus tratava a nação de Israel como sua esposa, o apóstolo Paulo apresenta o noivo, Jesus Cristo, em pleno cuidado com a sua noiva, a Igreja.

Essas expressões são imagens ou figuras de linguagem, recursos linguísticos adotados pelos santos escritores, a fim de nos ajudar na aquisição da revelação de Deus para o ser humano por intermédio de Sua Palavra. Por isso, o seu uso não deve ser forçado ou exagerado. Revista Ensinador Cristão nº71

Cremos na Igreja, que é o corpo de Cristo, una, santa e universal assembleia dos fiéis remidos de todas as eras e todos os lugares.

Texto Bíblico: 1 Coríntios 12.12-20,25-27

Caro professor, é de suma importância para o aluno ter uma compreensão bíblica e teológica a respeito da natureza da Igreja de Cristo. Hoje, há algumas ideias equivocadas quanto algumas instituições que se chamam “igrejas”. Muitos confundem a Igreja de Cristo com tais instituições. Um dos objetivos da lição desta semana é exatamente esclarecer essa questão. O que é a Igreja de Cristo? Qual a diferença entre a sua natureza visível e a sua natureza invisível? Qual o papel do membro dentro do Corpo de Cristo?
São algumas questões que devem nortear a aula desta semana. O nosso desejo é que a sua classe compreenda melhor o maravilhoso privilégio de pertencer ao Corpo de Cristo, a Igreja do Senhor.


Afinal, o que é Igreja?
É toda congregação ou assembleia que se reúne em torno do nome de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, professando sua fé nEle publicamente e de forma diversificada, aberta a todas as pessoas, a qual inclui o batismo e a Ceia do Senhor (nas reuniões específicas). Trata-se da igreja no sentido completo da palavra. Como Jesus mesmo prometeu, Ele está presente na igreja por meio do Espírito Santo até a consumação dos séculos (Mt 18.20; 28.20).

A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes marcou o início da jornada da Igreja, e vemos o seu final glorioso no epílogo da história humana, em Apocalipse. Todos nós fazemos parte dessa história.

A IGREJA é a comunidade do Senhor Jesus Cristo formada por pessoas de todos os lugares ao longo dos séculos. Ela já existia no plano divino antes dos tempos dos séculos, mas iniciou a sua jornada histórica no dia de Pentecostes (Atos 2), com um grupo de 120 discípulos e discípulas, incluindo os apóstolos que estavam reunidos no cenáculo em Jerusalém aguardando a “promessa do Pai” (At 1.4, 5, 13-15). A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes marcou o início da sua longa jornada (At 2.1-12) com a conversão de “quase três mil pessoas” (At 2.41) como primícias de uma grande colheita que se iniciava naquela ocasião.

A igreja, como corpo espiritual de Cristo, é um organismo vivo com suas reuniões em torno do Senhor Jesus e suas ordenanças; como congregação ou assembleia, é também uma organização, com sua forma de governo. O ponto de partida de sua proclamação é a ressurreição de Cristo. A existência da Igreja não é resultado de um entusiasmo coletivo, mas a manifestação do poder de Deus.

A IGREJA

O termo grego ekklēsía, usado no Novo Testamento para “igreja”, vem do verbo ekkaleō, “chamar, convocar”, que a Septuaginta traduziu do hebraico qārā‘ el, “chamar para” em: “E chamaram Ló e disseram-lhe...” (Gn 19.5). A ekklēsía, “eclésia, assembleia, ajuntamento, igreja”, era a Assembleia do Povo na antiga Grécia que funcionava como poder legislativo, mas formada por todos os cidadãos; apesar disso, segundo Mário Curtis Giordani, “na prática, era relativamente pequeno o número de cidadãos que compareciam às reuniões” (GIORDANI, 1986, p. 172). Mas os tradutores da Septuaginta empregaram ekklēsía para traduzir o hebraico qāhal, “assembleia, multidão humana reunida”, em referência à congregação de Israel, além de outros termos que aparecem com menos frequência no Antigo Testamento.

O Novo Testamento grego usa ekklēsía para se referir à congregação de Israel: “Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar” (At 7.38). Só mais uma vez ekklesía se aplica à comunidade de Israel no Novo Testamento (Hb 2.12). Três vezes se usa para o ajuntamento ou a assembleia provocada por Demétrio contra o apóstolo Paulo no teatro em Éfeso (At 19.32, 39, 41); e 110 vezes o termo se refere à Igreja. Nesse sentido, a comunidade do Senhor é uma congregação especial formada por pessoas de todas as épocas e de todos os lugares chamadas pelo Senhor Jesus para pertencerem a Cristo (Rm 1.6), ter comunhão com ele (1 Co 1.9) e fazer parte da família espiritual de Deus (Ef 2.19), como afirma a Declaração de Fé. O termo “igreja” refere-se também a um grupo de crentes em cada localidade geográfica (Rm 16.16; 1 Co 1.2; Gl 1.2).

A Igreja é um organismo, um corpo espiritual em que todos os crentes em Jesus estão unidos uns aos outros e todos eles com a sua cabeça, que é o Senhor Jesus Cristo: “o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo” (Ef 1.22, 23); “ele é a cabeça do corpo da igreja” (Cl 1.18). Trata-se de uma congregação espiritual cujos membros foram remidos pelo sangue de Jesus, que veio a existir no palco da história como resultado da obra da cruz, do triunfo da ressurreição de Cristo e da vinda do Espírito Santo; é exatamente o que o Senhor Jesus chamou de “minha igreja” (Mt 16.18). Em resumo, “a Igreja é a assembleia universal dos santos de todos os lugares e de todas as épocas, cujos nomes estão escritos nos céus: “À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados” [Hb 12.23]” (Declaração de Fé).

É o novo povo que o Senhor Jesus formou dentre judeus e gentios (Ef 2.12- 14) em torno de Si mesmo como o próprio corpo de Cristo (1 Co 12.12-27), para adoração e louvor da glória de Deus e para anunciar o evangelho da salvação ao mundo inteiro (Ef 1.11, 12; Mc 16.15). Cada crente em Jesus é a morada de Deus: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3.16); “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1 Co 6.19); “no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito” (Ef 2.22).


A Adoração
Os crentes em Jesus se reúnem para a adoração pública e coletiva. Os dois principais verbos gregos para “adorar”, no Novo Testamento, são proskyneo, que significa “adorar, render homenagem”, no sentido de prostrar-se (Ap 19.10), e latreuo, que significa “servir” a Deus (Ap 22.3). À luz da Bíblia, podemos definir adoração como serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras (Sl 92.1-5) e por aquilo que Deus é (Sl 100.1-4). Não há diferença entre “servir” e “adorar” nem entre “prostrar-se” e “adorar”. Os principais elementos de um culto são: oração, louvor, leitura bíblica, pregação ou testemunho, oferta e manifestação dos dons do Espírito Santo (1Co 14.26).


AS ORDENANÇAS

A ordenança é um rito simbólico universal e pessoal que aponta para as verdades centrais da fé cristã. São duas as ordenanças da Igreja. A primeira é o batismo em águas: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19); e a segunda, a Ceia do Senhor: “Tomando o pão e tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Este é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Depois da ceia tomou do mesmo modo o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós” (Lc 22.19, 20).

Essas duas cerimônias ou ritos sagrados são conhecidos também como sacramentos por alguns grupos protestantes e também pelos católicos. Mas a Igreja Católica acrescentou mais cinco sacramentos, ao passo que os protestantes mantiveram os dois ritos bíblicos. No entanto, nem sempre os dois termos são intercambiáveis, pois isso depende da interpretação e cada grupo sobre o assunto. O termo sacramentum vem do latim que originalmente era para um juramento público de fidelidade do soldado romano, mas, antes disso, era o nome dado ao depósito feito em lugar sagrado pelas partes envolvidas numa questão jurídica até o pronunciamento da sentença. Os pais latinos empregaram essa palavra para o vocábulo grego mystērion, “mistério, secreto”, que veio a significar ordenança ou rito sagrado. Para muitos, esses rituais transmitem graça espiritual ou salvífica levando a pessoa da morte espiritual para a vida. Para os grupos que pensam dessa maneira, ordenanças e sacramentos não são termos alternativos. A Assembleia de Deus não emprega o termo “sacramento”, mas a palavra“ ordenança”, do latim ordo, “fileira, ordem”, conforme o capítulo XI da sua Declaração de Fé.

Essas ordenanças não produzem nenhuma mudança espiritual em quem se submete ao batismo e participa da ceia do Senhor. Mas isso não diminui a sua importância; antes, pelo contrário, elas são de grande valor. Esses rituais são ordens de nosso Senhor Jesus Cristo, pois ele mesmo pediu para ser batizado (Mt 3.14, 15). E também se trata de um símbolo da nossa união com ele e ao mesmo tempo a confissão pública dessa união (Rm 6.3-5). A ceia do Senhor é o memorial de sua morte em nosso lugar (1 Co 11.23-26). Essas são razões pelas quais os crentes nunca tratam dessas coisas sagradas com leviandade. Assim, o batismo em águas e a ceia do Senhor foram instituídos por ordem de Jesus para que fossem observados na Igreja, não porque transmitem algum poder místico ou graça salvífica, mas porque simbolizam o que já aconteceu na vida de quem aceitou a salvação de Cristo.


O Batismo

O batismo em águas é o rito que simboliza o início da vida espiritual. É um testemunho público de “nossa identificação com Jesus, em sua morte e ressurreição, que tornou possível a nossa vida que temos nEle (Rm 6.1-4)” (MENZIES & HORTON, 2001, p. 93).

Trata-se de um ato significativo e importante em que o crente em Jesus é mergulhado nas águas, o corpo inteiro de uma só vez, “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19), conforme ordenou o Senhor Jesus. Muitos debates surgiram ao longo dos séculos sobre o modus operandi desse ritual, como o batismo por imersão, por aspersão e assim por diante. Mas o Novo Testamento deixa claro que o ato era realizado por imersão: “porque havia ali muitas águas; e vinham ali e eram batizados” (Jo 3.23); “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água” (Mt 3.16); “E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe” (At 8.38, 39). A ilustração paulina do batismo em águas reforça a do batismo por imersão: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6.3, 4); “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2.12). Todas essas declarações são evidências de um batismo por imersão.

O batismo era efetuado conforme a fórmula ordenada pelo Senhor Jesus: “batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19), e isso é confirmado num antigo documento da Igreja, chamado Didaquē11, ou Instrução dos Doze Apóstolos: “Depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente” (Didaquē, 7.1, 2). Hoje, os unicistas batizam só em nome de Jesus e colocam essa forma de batismo como condição para a salvação.

O batismo “em nome de Jesus” não é uma fórmula. A prova disso é que não existe um padrão nessas palavras para que seja possível uma fórmula. A expressão só aparece quatro vezes no Novo Testamento: “em nome de Jesus Cristo” (At 2.38), “em nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5) e “em nome do Senhor” (At 10.48). Isso apenas significa ser o batismo realizado na autoridade do nome de Jesus. Afinal, tudo o que fazemos é em nome de Jesus (Cl 3.17), isto é, na sua autoridade, como a oração (Jo 14.13; Ef 5.20), a pregação do evangelho (Lc 24.47; At 8.12), a cura de coxos (At 3.6), de paralíticos (At 9.34) e de enfermos (Tg 5.14, 15) e a expulsão de demônios (At 16.18), entre outros milagres.

O batismo não é essencial para a remissão de pecados. A frase “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (At 2.38) tem sido motivo de controvérsias sem fim. Uma leitura isolada parece isso mesmo. Muitos pais da Igreja a interpretavam dessa maneira. Isso aparece no Credo Niceno- Constantinopolitano (ver capítulo 4). Mas, segundo A. T. Robertson, a exegese do texto permite outro significado. Ele afirma que a preposição grega eis, traduzida por “para”, aqui, tem amplo significado, por isso deve ser compreendida à luz do contexto. Há outro emprego tão correto quanto o de propósito ou objetivo. Veja o uso dessa preposição em três versões diferentes de um mesmo versículo bíblico: “Quem recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo” (Mt 10.41 – ARC); “no caráter de profeta... no caráter de justo” (ARA); “por ser profeta... por ser justo” (TB). A mesma preposição é usada aqui para “na qualidade de profeta ... na qualidade de justo, no caráter de profeta... no caráter de justo ... por ser profeta... por ser justo”. Poderíamos dizer ainda: “em nome de profeta... em nome de justo”. Os ninivitas “se arrependeram com a pregação de Jonas” (Mt 12.41). O “com” nessa passagem é a mesma preposição eis. Diante disso, Robertson é da opinião que o apóstolo apelava ao “batismo para cada um daqueles que já se haviam arrependido, e que isso foi feito em nome de Jesus Cristo com base no perdão dos pecados que eles já tinham recebido” (ROBERTSON, tomo 3, 1989, p. 50).

A salvação é pela fé somente (Ef 2.8, 9). O Novo Testamento mostra que o batismo não salva: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16.16). A segunda cláusula não diz: “Quem não for batizado será condenado”. João batizava as pessoas depois de manifestarem “frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.8; Lc 3.8); as pessoas batizadas no dia de Pentecostes haviam primeiramente recebido a palavra (At 2.41). O malfeitor crucificado ao lado do Senhor Jesus não foi batizado; no entanto, Jesus lhe disse: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43).

A prática do batismo infantil se fundamenta basicamente na interpretação de que o batismo é um meio da graça salvadora, para uns; e outros o interpretam como sinal e selo da aliança, que teria sido substituído pela circuncisão dos israelitas, mas está escrito: “Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl 6.15). Essas interpretações não se sustentam biblicamente. O batismo é somente para os crentes em Jesus e é necessário primeiro crer nele e também pedir para ser batizado (At 8.36-38). Para isso, é necessário arrependimento e fé. A criança não preenche esses requisitos. O Novo Testamento mostra o batismo seguido da fé (At 2.41; 8.12). Isso não deixa margem para o batismo infantil. Os que defendem essa prática costumam apelar para o testemunho de Lídia (At 16.15), do carcereiro de Filipos (At 16.33, 34), de Crispo, o principal da sinagoga de Corinto, juntamente com os demais que receberam a Jesus como seu Salvador (At 18.8) e a família de Estéfanas que o apóstolo Paulo batizou (1 Co 1.16).

Nenhum desses testemunhos remete a crianças; é uma interpretação forçada querer introduzir batismo infantil nessas passagens bíblicas.


A Ceia do Senhor

A Ceia do Senhor é o rito da comunhão e significa a continuação da vida espiritual (1 Co 11.20). A Ceia do Senhor foi instituída diretamente pelo Senhor Jesus após a refeição da Páscoa na companhia de seus discípulos (Mt 26.26-28). Desde então a Igreja vem celebrando esse memorial e proclamando a nova aliança: “Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (1 Co 11.25). Essa solenidade envolve o passado, a morte de Jesus; o presente, a nossa comunhão; e o futuro, a sua vinda – “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11.26).

As palavras de Jesus “Isto é o meu corpo” (Mt 26.26) e “Isto é o meu sangue” (Mt 26.28) são os seus dois elementos da ceia do Senhor. O Senhor Jesus estava pessoalmente com os seus discípulos quando disse essas palavras. Isso mostra que o corpo e o sangue aqui não são literais; trata-se de uma linguagem metafórica (1 Co 5.8). Os católicos romanos ensinam que, no ato da consagração, o pão e o vinho são literalmente transformados no verdadeiro corpo e sangue de Cristo, uma mudança metafísica; eles afirmam que essa mudança é na essência ou substância, não nos acidentes, como eles chamam, mantendo o pão a forma, a textura e o sabor do pão. Essa doutrina é chamada de transubstanciação, aprovada no Concílio de Latrão IV em 1215 e reafirmada no Concílio de Trento no século 16. Durante a Reforma Protestante, surgiram novas interpretações. Lutero rejeitou a doutrina da transubstanciação, mas defendia a ideia de que o corpo e o sangue de Jesus estão presentes “em, com e sob” o pão e o vinho, mas as moléculas não são transformadas em carne e sangue. Essa doutrina foi chamada mais tarde de consubstanciação. No entendimento dos católicos romanos, o pão e o vinho são o corpo e o sangue físico de Cristo; na concepção luterana, o pão e o vinho contêm o corpo e o sangue físico. As igrejas reformadas defendem a presença espiritual do corpo e do sangue, mas o apóstolo Paulo não fala sobre essa presença na reunião porque Jesus já está presente conosco e principalmente nos cultos (Mt 18.20; 28.20; Jo 14.23). Zwínglio, reformador suíço contemporâneo de Lutero, ensinava que esses elementos são emblemas que representam o corpo e o sangue de Jesus. Na verdade, esses elementos são metafóricos e representam o corpo e o sangue de Jesus. A Ceia do Senhor é um momento sublime de relacionamento e comunhão com Jesus.

11 Trata-se de um compêndio de preceitos morais e de instrução sobre a organização das comunidades cristãs sobre diversos assuntos, como batismo, ceia do Senhor, oração, jejum e assim por diante. O texto foi produzido entre os anos 70 e 120, mas, segundo Eusébio de Cesareia, não é obra de nenhum apóstolo (História eclesiástica, livro 3.XXV).


CONCLUSÃO

Diante do exposto, concluímos que Deus estabeleceu a sua morada, primeiramente no tabernáculo e depois no Templo, ambos consagrados a Ele, e que da mesma forma o Espírito Santo também estabeleceu a sua habitação no corpo do cristão individual. Entre gentios e judeus, o Senhor Jesus formou um novo povo (1Co 10.32), de modo que o gentio deixa de ser gentio quando se converte ao evangelho de Jesus Cristo (1Co 12.2; Ef 2.11). A missão principal da igreja é adorar a Deus e propagar o evangelho a todas as nações da terra (Mt 28.19,20).

Fonte: Lições Bíblicas CPAD Adultos - 3º Trimestre de 2017 - Título: A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Livro de Apoio - Comentarista: Esequias Soares
Revista Adultos 3ºTrim.2017 - A razão da nossa fé — Assim cremos, assim vivemos - Comentarista: Esequias Soares

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