“Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos” Mc 13.22
“Os Verdadeiros Profetas e os Falsos Profetas
(7.15-23)
A advertência de Jesus sobre os falsos profetas
tem uma lição oportuna para a igreja atual. Só Mateus registra a advertência
sobre os falsos profetas que são lobos vestidos (endyma) como ovelhas (probaton).
Estas duas palavras fazem parte do vocabulário preferido de Mateus: Ele usa o
termo endyma para dizer que as roupas são necessidade básica (Mt
6.25,28) e para identificar especificamente as pessoas que usam vestuário
exclusivo como parte do Reino de Deus (Mt 3.4; 22.11,12; veja também Mt
28.2,3); ele usa o termo probaton para descrever os eleitos ou o povo
de Israel (e.g., Mt 10.6; 15.24; 25.32,33). Neste ponto Jesus enfatiza que às
vezes os falsos profetas não podem ser discernidos só por palavras ou ações.
Embora façam grandiosos milagres (Mt 7.22), podem ser falsificações.
O Evangelho de Mateus torna o fruto dos
profetas a verdadeira prova de tais ministérios. O caráter é essencial. O
evangelista comenta muitas vezes o tema de árvores boas e ruins e seus frutos;
seu interesse em produzir justiça o compele a repetir o tema. [...] Em Mateus
12.33,35 Jesus une a acusação dos fariseus (de que Ele faz o bem pelo poder do
mal) com dar maus frutos e a chama de blasfêmia contra o Espírito Santo” (ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal:Novo
Testamento. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, p.61).
Os frutos, e não a retórica, são os sinais de que alguém é, ou não, profeta de Deus.
Há quem pense e imagine que a existência de
falsos profetas entre o povo de Deus é fenômeno recente. No entanto, uma rápida
pesquisa demonstra não apenas que eles sempre existiram, mas deixa claro que,
no Antigo Testamento, o Senhor, por intermédio de Moisés, estipulou regras
claras para se identificar um falso profeta (Dt 13.1-3; 18.20-22). Os próprios
profetas também se viram às voltas com os falsos profetas e, por isso mesmo,
ofereceram regras para se crivar e verificar a autenticidade de alguém que
dizia falar em nome de Deus (Is 8.19,20; Jr 28.9). Nos dias de Jesus e dos
apóstolos esta advertência também se mostrou necessária (Mc 13.22,23; 2Pe
2.1-3). E em nossos dias, será que não precisamos estar atentos por causa dos
que querem enganar em nome de Deus? A fórmula para se identificar os falsos
profetas no passado continua a mesma. Não são os prodígios, os sinais e as
maravilhas que eles supostamente realizam que os credencia como profetas do
Altíssimo, mas sim a fidelidade ao Senhor e à sua Palavra. De igual forma, é
preciso evitar o outro extremo que é justamente não acreditar na operação
divina por causa dos que enganam. O ideal é conhecer a Escritura e também o
poder de Deus (Mt 22.29).
Leia também:
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Apesar de não ser biblicamente recomendável,
até mesmo entre os que servem a Deus existem espécies de “fã-clubes”. Há alguns
que são tão fanáticos pelo “ídolo” gospel que chegam a digladiar-se até mesmo
entre si. Existem outros que não suportam uma única observação bíblica que, de
forma sadia, poderia corrigir a postura não apenas deles, mas igualmente da
pessoa que eles admiram. Com esta informação em mente, solicite à classe que
abra a Bíblia em 1 Coríntios 1.12,13. É possível identificar quatro grupos
principais: Paulo, Apolo, Cefas (Pedro) e “Cristo”. Esses grupos organizavam-se
como verdadeiros “fã-clubes”, admirando a teologia elaborada por pessoas que
tinham em cada um desses representantes quem elas mais admiravam. Não era
apenas uma identificação, mas eles achavam-se superiores em relação aos outros.
Uns viam Paulo, como um grande ensinador, Apolo como um grande pregador, Pedro
como um grande pastor e um quarto grupo que se achava piedoso por seguir apenas
“Cristo”. Entretanto, Paulo os adverte como “carnais” (1Co 3.1-4) e questiona:
“Está Cristo dividido?” (1Co 1.13). Se o Corpo de Cristo é um só, como pode
haver divisões? Depois de orientá-los acerca do cuidado com este tipo de
postura de “fã-clube”, encerre dizendo ser incorreto haver desavenças por causa
disto.
TEXTO BÍBLICO: Mateus 7.15-20
15 — Acautelai-vos, porém, dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos
devoradores.
16 — Por seus frutos os conhecereis.
Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 — Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, e toda árvore má produz frutos maus.
18 — Não pode a árvore boa dar maus
frutos, nem a árvore má dar frutos bons.
19 — Toda árvore que não dá bom fruto
corta-se e lança-se no fogo.
20 — Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis.
INTRODUÇÃO
Prática que é, a justiça do Reino não admite
palavras sem coerência com as ações. Por isso, o Mestre avança em sua conclusão
do Sermão do Monte expondo agora uma maneira para se reconhecer os falsos
profetas (Mt 7.15-20). Não são suas credenciais, nem sua capacidade de oratória
que revelam quem eles, de fato, são. Jesus apresenta os sinais inequívocos para
se identificá-los e reconhecê-los. Tal atitude do Mestre deve ser urgentemente
observada nos dias atuais, pois não são poucos os enganadores que usam,
indevidamente, o nome santo do Senhor sem ter, entretanto, compromisso algum
com Ele.
1. Perturbadores antigos.
Estar à volta
com pessoas que pretendiam manipular — sob o manto de uma falsa espiritualidade
— é uma luta constante dos verdadeiros profetas de Deus. Desde o Antigo
Testamento, o povo de Deus sofre com a atuação dos falsos profetas (Nm
22.1-24.25; Mq 3.5; Jr 23.9-32). Ao se estudar o texto bíblico facilmente se
verifica que este é um dos grandes males que sempre assolou o povo de Deus. No Novo
Testamento há vários exemplos. Um deles, cuja medida, aparentemente, radical
adotada por Paulo para erradicá-los na Ilha de Creta chama a atenção. Para lá o
apóstolo dos gentios enviou Tito com a finalidade de colocar em ordem as coisas
que ainda faltavam ser ajustadas, separar pessoas para auxiliar na realização
da obra de Deus, mas também coibir a atuação dos maus obreiros e falsos
profetas, “tapando-lhes a boca” (Tt 1.5-11), isto é, tirar-lhes a oportunidade
de usar a palavra na igreja. Ao se observar o texto bíblico, é possível
verificar que os maus obreiros estavam agindo motivados por “torpe ganância”,
ou seja, por dinheiro (Tt 1.11). Assim, o que parece ser, à primeira vista, uma
medida implacável é, na realidade, um ato de amor, pois o apóstolo dos gentios
tinha como objetivo, não meramente repreendê-los de forma severa, e sim
torná-los “são na fé” (Tt 1.13).
2. Lobos devoradores.
A metáfora utilizada
pelo Mestre ao dizer que os falsos profetas são lobos devoradores que se vestem
de ovelhas, é exclusividade dEle registrada por Mateus (v.15). Contudo, a
figura do “lobo” é uma imagem usual na Bíblia para exemplificar pessoas mal-intencionadas
(Ez 22.27; Sf 3.3; Mt 10.16; Lc 10.3; At 20.29). Ao despedir-se dos anciãos da
Igreja em Filadélfia, falando particularmente aos responsáveis por aquele
rebanho, Paulo afirma que nunca deixou de pregar e ensinar o que Deus lhe
entregava para que dividisse com aquela congregação, e que depois de sua
partida “lobos cruéis” se infiltrariam na igreja e não perdoariam o rebanho, ou
seja, os devovariam (At 20.17-38). Infelizmente, em nossos dias, a realidade
parece não ser muito distinta.
3. A introdução dos lobos entre as ovelhas de
Deus.
Provavelmente por ser um animal dócil e de fácil domesticação (2Sm
12.3), tanto a ovelha como o cordeiro são utilizados para exemplificar o povo
de Deus (Sl 74.1; 78.52; 79.13; 119.176; Is 13.14; 40.11; Jr 12.3; Ez 36.37,38;
Am 3.12; Mq 2.12; Zc 11.16; 13.7; Mt 18.11,12; 25.1-3 etc.) e até o próprio
Mestre (Is 53.7). Por isso, Jesus observa de forma preventiva o ardil do falso
profeta (v.15). Uma vez que o Senhor está em busca das ovelhas perdidas (Is
53.6; Jr 50.6; Zc 10.2,3; Mt 9.36; 10.6; 15.24; Jo 10.16; 1Pe 2.2), e incumbe
os discípulos de darem continuidade a essa missão, é fato que o melhor disfarce
de um falso profeta para introduzir-se entre o rebanho é se passar por ovelha.
É imprescindível não perder de vista o fato de
que os lobos devoradores não se apresentam assim, mas fingem-se de dóceis
ovelhas.
1. A metáfora dos frutos.
A utilização da
ideia de “frutos” como exteriorização do caráter, ou resultado final das ações,
é um recurso comum desde o período do Antigo Testamento (Pv 1.31; Is 3.10; Jr
17.10; Os 10.13 etc.).
2. A figura das árvores boas e más.
De
igual forma, a tipificação de árvores boas e más como figuras das pessoas, é
igualmente uma maneira didática utilizada para exemplificar o caráter, o
resultado das ações ou ainda o ressurgimento ou extinção de um reino ou nação
(Gn 49.22; Sl 37.35; Pv 11.30; 13.12; 15.4; Ct 2.3; Is 7.2; 10.33; 44.23;
55.12; 56.3; 65.22; Jr 11.19; 17.8; Ez 17.24; 31.1-18; Dn 4.1-37; Zc 11.2; Mt
3.10, etc.).
3. Identificando os falsos e os verdadeiros
profetas.
Sendo os frutos utilizados como metáfora para identificação do
caráter de alguém, após dizer que é justamente por eles que se pode identificar
os falsos profetas (vv.16a,20), o Mestre questiona: “Porventura, colhem-se uvas
dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (v.16b). Aprofundando sua advertência,
Jesus lança mão tanto da figura da árvore má para exemplificar os falsos
profetas e, ao mesmo tempo, deixa uma “pista” para se reconhecer os verdadeiros
profetas, ou seja, a figura da árvore boa. O Mestre assim o faz porque cada
árvore só pode gerar frutos segundo a sua própria espécie e natureza
(vv.17,18). É interessante lembrar que no Antigo Testamento também havia uma
forma de identificar o falso profeta (Dt 13.1-5). É preciso notar que não era
simplesmente o fato de que o tal profeta fizesse algum sinal miraculoso, ou
mesmo um prodígio, o que valeria como forma de reconhecê-lo como um verdadeiro
profeta, antes, a sua devoção, respeito e reverência a Deus é o que contavam. O
Senhor até advertiu o povo dizendo ser permissão dEle que o tal prodígio se
concretizasse para saber se o povo realmente era fiel a Ele. Em outro texto,
uma forma diferente de identificação do falso profeta dizia respeito à profecia
como predição. Se o que o tal profeta dissesse não se cumprisse, ele era
considerado falso (Dt 18.20-22).
Saber distinguir entre a avaliação dos frutos,
para identificar os falsos profetas, e o julgamento definitivo que só pertence
a Deus, também faz parte da maturidade da fé.
1. O dever de gerar bons frutos.
A árvore
boa tem o dever de gerar bons frutos (Lc 3.8-14), pois essa é a sua natureza.
Não basta ter folhas (aparência), e não gerar bons frutos (obras/ações); é
preciso que aqueles que abraçaram o Evangelho de Cristo demonstrem isso de
forma concreta e visível (Mt 21.18-20 cf. Mt 3.8-10).
2. A prática que desvirtua.
O fruto
exemplificado como ações e práticas diz muito da preocupação do Mestre, pois o
mau exemplo “ensina” mais eficazmente que as palavras (Mt 23.1-39). Aos que,
porém, se dedicam com amor e compromisso a essa atividade, há uma linda
promessa (Dn 12.3).
3. O destino da árvore que não produz bons
frutos.
A sentença do Mestre aos que não produzem bons frutos lembra a
mensagem de João Batista (v.19 cf. Mt 3.10). O destino final será o juízo da
condenação eterna, pois diferentemente da figueira condenada pelo Mestre, a
pessoa que conhece o Evangelho e, ainda assim, decide produzir frutos maus, é
inteiramente responsável pela sua condenação (Mt 25.41-46 cf. Mt 13.40-42).
O destino de cada pessoa que tem oportunidade
de obedecer ao Evangelho, pois o conhece, e não o faz, é de inteira
responsabilidade dela.
CONCLUSÃO
O alerta do Mestre é válido para todos os seus
seguidores em qualquer tempo e em qualquer lugar, pois enquanto estivermos
vivendo sob o regime desse mundo pecaminoso, estamos sujeitos a ser enganados
pelos falsos profetas. Portanto, atentemos para a fórmula ensinada pelo Senhor
para os identificarmos, pois ela continua válida.
“Falsos Profetas (7.15-20)
Jesus teve que advertir os seus discípulos
contra aqueles vestidos como ovelhas. Eles ajuntariam o rebanho de crentes,
como se fossem um com eles, mas interiormente (15) seriam lobos devoradores. A
igreja de Jesus Cristo tem sido afligida por esses falsos profetas ao longo de
toda a sua história. Eles às vezes têm feito muito para destruir o rebanho.
Como podem ser reconhecidos? Por seus frutos os conhecereis (16).
Cristo usou a analogia de vinhas e árvores
frutíferas. Cada uma produz seus próprios frutos. Se a árvore for má, os frutos
serão maus. O inverso também é verdadeiro. A árvore que não produz bons frutos
corta-se e lança-se no fogo. Esta é uma advertência solene. Aqueles que não
estão produzindo bons frutos não pertencem a Cristo (19)” (CHILDERS, Charles
L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.) Comentário Bíblico Beacon. Mateus
a Lucas. Volume 6. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2006, p.69).
Fonte: Lições Bíblicas CPAD Jovens - 2º trim.2017 - O Sermão do Monte - A Justiça sob a ótica de Jesus - Comentarista César Moisés Carvalho
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