“Então, Maria, tomando uma libra de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” Jo 12.3
Quem foi Maria de Betânia
É notória a existência de várias “Marias” ao
longo do Novo Testamento. Maria Madalena, Maria a mãe de Jesus, Maria a mãe de
Tiago e de João. A Maria que trataremos nesta lição é a irmã de Lázaro, também
conhecida como Maria de Betânia. O nome “Betânia” se refere a um lugar que
ficava a 6 km de Jerusalém. Alguns episódios que se referem à Maria de Betânia
em o Novo Testamento são os seguintes: quando Jesus chega à casa de Maria e
Marta para jantar (Lucas 10.38-42); quando da morte de Lázaro, o irmão de Maria
(João 11.28-32); quando Maria ungiu os pés de Jesus com unguento de nardo e
puro e os enxugou com os cabelos (João 12.3; cf. Mateus 26.6-13; Marcos
14.3-9).
O perfil de Maria de Betânia
A partir dos textos mencionados acima é
possível traçarmos o perfil de Maria, pois suas ações, de singelas e meigas,
são marcantes e inconfundíveis aos leitores de todas as épocas. Não por acaso,
quando do ato de amor e humildade protagonizado por Maria, o nosso Senhor
expressou-se da seguinte maneira: “Em verdade vos digo que, onde quer que este
evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para
memória sua” (Mt 26.13). A passagem mencionada, certamente, é uma das mais
conhecidas em Novo Testamento.
À luz desse ato de Maria, bem como quando de
outros da irmã de Lázaro, ao receber nosso Senhor para jantar em Betânia, é
possível perceber que ela era essencialmente devotada ao Senhor. Há ações de
Maria que demostram isso de forma testemunhal: (1) Sua devoção delicada aos pés
do Senhor; (2) a atenção e a prioridade integrais a Jesus Cristo; (3) o
derramamento e o quebrantamento do coração de Maria na ocasião em que ela ungiu
os pés de Jesus; (4) a humildade de Maria diante das críticas de sua irmã
Marta. Uma das mulheres mais especiais do Novo Testamento!
Lições modernas a partir de Maria de Betânia
Podemos destacar
vários aspectos da vida que podemos aprender a partir de Maria: a vida
familiar, o relacionamento com o próximo, maior brandura no falar e no se
dirigir às pessoas. Mas destacaria o aspecto litúrgico que podemos aprender com
Maria de Betânia. Uma devoção mais profunda, enraizada na total entrega da alma
e do coração ao nosso Senhor. Sem dúvida nossos cultos seriam mais enriquecidos
a partir da espiritualidade de Maria, irmã de Lázaro.
Maria, de Betânia, é exemplo do crente que dá prioridade a Jesus em sua vida, e lhe oferece o melhor em gratidão por seu amor.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: JOÃO 12. 1-11
Nos evangelhos, há menção de sete Marias.
1. Maria, mãe de Jesus,
2. Maria Madalena,
3. Maria, mãe de Tiago,
4. Maria, esposa de Cleopas,
5. Maria, irmã de Lázaro e de Marta,
6. Maria, mãe de João Marcos e
7. Maria, citada por Paulo em Romanos.
Neste estudo, veremos a pessoa de Maria, irmã
de Lázaro. Era um nome bem comum. Deriva do nome Miriã, no hebraico, que era a
irmã de Moisés e de Arão, e compunha a liderança do povo de Israel na saída do
Egito em direção a Canaã.
Maria, irmã de Lázaro, ou Maria de Betânia, era
uma mulher humilde e, ao mesmo tempo, cheia de energia e ousadia. Tendo Jesus
hospedado-se em sua casa, quando ia para Jerusalém, Maria preferiu ficar
ouvindo a palavra do Mestre enquanto sua irmã envolvia-se nas tarefas
domésticas (Lc 10.39). Ela foi reprovada por Marta, mas recebeu enorme elogio
de Jesus por ter escolhido “a boa parte” (10.41,42). Na mesma semana daquele
acontecimento, vemos os fatos em que Maria, irmã de Lázaro, aparece protagonizando
um dos momentos mais interessantes e polêmicos do ministério de Jesus.
O fato ocorreu na última semana de Jesus antes
de sua morte na cruz do Calvário. Era um período muito tenso em Jerusalém, pois
aproximava-se a Páscoa, a maior festa judaica, e milhares de pessoas invadiam a
cidade para as comemorações pascais (Jo 11.55). Maior motivo para as tensões
era a determinação dos principais dos sacerdotes de matarem Jesus (v. 57), por
inveja, por motivo político em relação a César, ainda que todo o desenrolar dos
acontecimentos estivessem sob o controle de Deus, em cumprimento à sua palavra,
às profecias e também seu plano para a salvação da humanidade.
Naquelas circunstâncias, o evangelista João
narra o que aconteceu em Betânia num jantar que foi oferecido a Jesus. Quem aparece
em primeiro plano é Marta, que ajudou a organizar o evento — como sempre muito
solícita e cuidadosa na demonstração de hospitalidade para com Jesus. Mas quem
toma a cena, de forma bem dramática, é Maria. Ela aparece inesperadamente e faz
algo que deixou os presentes atônitos. “Então, Maria, tomando uma libra de
unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe os
pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (Jo 12.3).
Ela demonstrou ser ousada, cheia de iniciativa,
decidida e generosa. Primeiramente, porque não era comum uma mulher entrar num
ambiente repleto de homens. Ao que tudo indica, ali não era a sua casa. Depois,
porque o valor do perfume derramado sobre os pés de Jesus era caríssimo. O
dispêndio na aquisição daquele unguento era em torno de 300 denários, o valor
dos salários de um trabalhador durante quase um ano inteiro. E ainda, porque
ela passou por cima de todas as convenções e costumes do seu tempo ao
abaixar-se e enxugar os pés de Jesus com os próprios cabelos, que eram
crescidos e abundantes sem dúvida. E todo o ambiente ficou impregnado com o
cheiro agradável e forte daquele unguento.
Além do episódio protagonizado por Maria, que
ficou conhecido como “a unção em Betânia”, e é narrado por João, que dá
respaldo a este capítulo em seu livro no capítulo 12, do versículo 1 a 8,
Mateus faz referência a episódio semelhante no capítulo 26, do versículo 6 a
13, e Marcos no capítulo 14, do versículo 3 a 9, com narrativas diferentes em
alguns aspectos. Há discordâncias se são eventos únicos ou episódios distintos.
No texto em apreço, veremos algumas explicações, a nosso ver, consistentes.
I - O EXEMPLO DE MARIA DE BETÂNIA
1. Maria “escolheu a boa parte”
Não se sabe como Jesus travou conhecimento com
a família dos três irmãos Lázaro, Maria e Marta, que viviam em Betânia, e deles
tornou-se bastante amigo, provando bem de perto de sua amizade fraternal.
Sempre que ia a Jerusalém, o Mestre costumava pousar na casa dessa família. Era
uma família amada por Jesus (Jo II. 5,32). Certa vez, acompanhado de seus
discípulos, Jesus entrou em Betânia. Ali, Ele foi recebido na casa de Lázaro
por sua irmã, Marta. Na ocasião, sua outra irmã, Maria, percebendo a rica oportunidade
de ter Jesus em sua própria casa, deu prioridade ao estar na presença de Jesus,
ouvindo suas sábias mensagens. Aquela não era uma ocasião comum. Jesus só
passava por aquela aldeia chamada Betânia quando ia para Jerusalém. Maria teve
a percepção de que aquele era um momento que deveria ser aproveitado plenamente
por várias razões.
1) Jesus entrou na aldeia. Maria tinha
conhecimento de quem era Jesus desde que suas mensagens ecoaram pela Palestina.
Mateus diz que Jesus andava por todas as cidades e aldeias levando sua
mensagem, fazendo suas jornadas a pé com seus discípulos. Certamente, Ele não
podia privilegiar uma cidade em detrimento de outra, visitando-a várias vezes.
Estar em Betânia era uma ocasião especial. “E percorria Jesus todas as cidades
e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e
curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35). Lucas diz
que o Mestre passava por todos os lugares, mas seu foco era Jerusalém: “E
percorria as cidades e as aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém” (Lc
13.22). Pouquíssimas cidades tiveram a honra de ter Jesus em suas ruas, em suas
praças, e também de tê-lo hospedado em alguma de suas residências. Como Betânia
ficava próxima de Jerusalém, Jesus, em lugar de pousar na capital, preferia
repousar na tranquilidade da aldeia, algumas vezes na casa da família de
Lázaro, seu amigo (Jo 11.11).
2) Jesus na casa de Maria. O texto de Lucas 10
diz que Marta, irmã de Maria, recebeu Jesus em sua casa (10.38). Havia muitas
casas em Betânia, mas receber Jesus e seus discípulos no lar era motivo de
muita alegria e orgulho para uma família piedosa. Certamente, a casa não era
pequena, pois lá tinha lugar para Jesus e seus discípulos. Cremos que, ao
receber Jesus e seus discípulos em sua caminhada, Ele não chegou a casa e começou
logo a pregar. Tudo indica que Jesus foi acomodado nas dependências que a
família destinou a Ele e a seus seguidores, comeu de suas refeições e foi
acolhido com muita hospitalidade, como era comum e altamente valorizado em
Israel (Hb 13.2).
3) Maria prefere ficar aos pés de Jesus. Num
momento apropriado, Jesus aproveitou para ministrar sua palavra naquele lar. O
texto em apreço é muito curto, porém encerra lições preciosas para quem sabe
valorizar a presença de Jesus no seu lar. Lucas diz que Marta recebeu Jesus e
que Maria assentou-se aos pés dEle e ouvia a sua palavra: “E tinha esta uma
irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua
palavra” (10.39). Lucas não faz menção do teor da palavra de Jesus; por isso,
não podemos especular a respeito, mas podemos imaginar que eram lições
preciosas, de grande valor e relevância para aquela família e também para todos
os que ali se encontravam, incluindo os discípulos e o próprio Lázaro. Enquanto
Maria ouvia Jesus, Marta, sua irmã, estava mais preocupada com as atividades
domésticas e, talvez, em como agradar a Jesus, oferecendo-lhe a cortesia do seu
lar. De início, não podemos julgá-la por isso. No entanto, ela demonstrou não
saber aproveitar aquele momento e ainda criticou a irmã, julgando que a mesma
não estava agindo bem, ficando aos pés de Jesus: “Marta, porém, andava
distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Senhor, não te importas
que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude” (10.40). Além
de não priorizar aquele momento de estar ouvindo Jesus, Marta ainda fez uma
insinuação crítica de que Jesus não tinha sensibilidade para com ela e, diante
de todos os presentes, numa atitude descortês, cobrou de Jesus que dissesse a
Maria que fosse ajudá-la.
2. Maria Deu Prioridade a Jesus
Maria é um exemplo de serva de Deus que soube
avaliar as prioridades no relacionamento com Jesus. Ela tinha tarefas
domésticas a realizar assim como Marta, sua irmã, porém entendia também que, se
Jesus estava ali, naquela ocasião, a prioridade era ouvir sua palavra, e não
ficar “distraída em muitos serviços” como Marta ficou. Ao ser questionado por
Marta, que cobrava de Jesus que determinasse que Maria se levantasse de sua
presença e fosse ajudá-la, Jesus respondeu de forma amorosa, porém cheia de
ensino precioso: “[...] Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas
coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe
será tirada” (w. 41,42). A “boa parte” que Maria escolheu foi ouvir Jesus, ficar
a seus pés em atitude de reverência e adoração e procurar não perder uma só
palavra proferida por Ele — uma grande lição para nós, nos tempos presentes,
quando a agitação da vida pós-moderna faz grande parte dos crentes perder a
noção do que é essencial e do que é secundário no seu dia a dia.
3. Mais Martas do que Marias
Podemos afirmar que, no mundo atual, há muito
mais “Martas” do que “Marias”. Hoje em dia, mulheres e homens cristãos têm
muito mais coisas para se distraírem, afadigarem-se e ficarem ansiosos do que
tinham no tempo de Maria. A vida moderna exige que a mulher deixe de ser apenas
dona de casa, esposa e mãe, e assuma posições na vida dos estudos e na
profissão. Não há nada de errado nessa realidade. Mas o tempo para Deus, o
tempo para estar aos pés de Jesus, ouvindo atenciosamente a sua Palavra é muito
mais escasso do que na época de Marta e Maria. Além dos excessos de atividades
em casa, na escola e na igreja, homens e mulheres estão sendo dominados e até
escravizados por redes sociais, por causa do uso excessivo das tecnologias da
informação e da imagem, a ponto de não haver mais tempo para a maior parte das
famílias estar nos cultos de oração, nos cultos de doutrina e na Escola Bíblica
Dominical. As “Martas” são o tipo de crente que, além de se deixarem assoberbar
de tarefas, ainda criticam aqueles que buscam mais as coisas de Deus, as
“coisas que são de cima” — as “Marias” (Cl 3.1).
Se, por parte da família, não houver uma
decisão sábia e firme de dar prioridade às coisas de Deus, em poucos anos,
ocorrerá o que aconteceu na Europa. O Diabo incutirá de vez o materialismo nas
escolas, e os filhos serão dominados pelo ateísmo. As famílias, especialmente
os filhos, perderão o interesse de estar aos pés do Senhor, e a tragédia
espiritual será inevitável. É tempo de seguir o conselho registrado em
Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o
propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Notemos que há tempo “para todo o
propósito” debaixo do céu; não diz que há “tempo para tudo”. Se quisermos agir
como Maria, escolhendo “a boa parte” — a de estar aos pés do Senhor —
precisaremos ter no coração o propósito de dar prioridade à vida devocional, de
ler a Bíblia, de orar, de ir à igreja, de envolvermo-nos no serviço da Obra do
Senhor. O culto doméstico é a forma mais eficaz de reunir a família para
adoração a Deus no lar. Bastam 20 a 30 minutos, no máximo, para a família
louvar a Deus, ler a Bíblia, pedir orações e orar juntos. Essa simples reunião
informal tem sido usada por Deus para fortalecer a família cristã, livrando-a
da desgraça espiritual e moral que tem destruído grande parte dos lares
cristãos.
|| - MARIA, A MULHER QUE UNGIU O SENHOR
Maria, irmã de Lázaro — ou Maria de Betânia —
era uma mulher cujo caráter tinha a marca da sensibilidade, da afetividade
intensa. Ela amava tanto Jesus como amigo e benfeitor da família que, na última
semana, antes da morte do Senhor, ela ungiu-o duas vezes. Jesus estava ameaçado
de prisão e morte pelos chefes dos sacerdotes, e Maria resolveu fazer o que
achou de melhor para demonstrar seu amor pelo seu Mestre.
1. Maria Ungiu os Pés de Jesus
De acordo com a cronologia dos fatos que
antecederam a morte de Cristo, conforme diz a Bíblia, Jesus dirigiu-se a
Betânia, onde Lázaro encontrava-se: “Foi, pois, Jesus seis dias antes da Páscoa
a Betânia, onde estava Lázaro, o que falecera e a quem ressuscitara dos mortos”
(Jo 12.1). Jesus tinha enorme apreço por Lázaro e sua família. Ele,
milagrosamente, por seu eterno Poder, ressuscitou o líder da família quando já
não havia mais a mínima esperança. Esse acontecimento teve um impacto
extraordinário sobre toda a sociedade de sua época. Para o ministério de Jesus,
aquela família tinha significância muito especial. Sempre que ia a Jerusalém ou
a seus arredores, Ele hospedava-se na casa de Lázaro e suas irmãs. Betânia
estava situada aproximadamente a 3 quilômetros de Jerusalém, na estrada que
leva a Jericó.
1) Uma ceia para Jesus.
Embora o texto não diga que a ceia foi na casa
de Lázaro, Marta certamente foi a organizadora da ceia a ser oferecida a
Cristo. Mais uma vez, ela tinha especial cuidado com a hospitalidade e com a
recepção ao ilustre visitante: “Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta
servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele” (Jo 12.2). Sem dúvida
alguma, ela fez o melhor que sabia para atender bem ao grande amigo da família.
2) Maria unge os pés de Jesus.
Tudo indica que, após a ceia cuidadosamente
preparada por Marta, Maria surpreendeu a todos, pois, “[...] tomando uma libra
de unguento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-lhe
os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do unguento” (12.3). O
gesto de Maria considerado extravagante provocou grande rebuliço entre os
presentes, principalmente em Judas Iscariotes, o tesoureiro do grupo de
discípulos. Diz o texto: “Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes,
filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este
unguento por trezentos dinheiros, e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isso
não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão, e tinha a
bolsa, e tirava o que ali se lançava” (w. 4-6). Uma libra de “nardo puro”
equivalia a cerca de “trezentos denários”, como acentuou Judas, ou seja, quase
o salário de um trabalhador durante um ano inteiro. Judas, além de traidor, era
mentiroso e hipócrita. Seu cuidado não era com os pobres e nem com a
assistência social, mas, sim, com sua ambição desenfreada por dinheiro.
3) Jesus aprova o gesto de Maria.
O traidor reprovou a generosidade de Maria, mas
Jesus reconheceu a grandeza das intenções do seu coração agradecido. “Disse,
pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto” (12.7). Pela
fé, de forma profética, Maria ungiu antecipadamente o corpo de Jesus para seu
sepultamento. Sua visão era mais ampla e mais profunda. Marta via em Jesus o
amigo e visitante ilustre; já Maria via Ele como o seu Salvador, que haveria de
morrer em seu lugar e que não tinha familiares que pudessem ungir seu corpo na
sua morte. Ante o argumento falacioso de Judas, pretensamente em defesa dos
pobres, Jesus acrescentou: “Porque os pobres, sempre os tendes convosco, mas a
mim nem sempre me tendes” (v. 8). Maria sabia discernir o tempo e a prioridade
das coisas, e Jesus reforçou essa compreensão. Naquele momento, para ela, o
mais importante era demonstrar sua gratidão e amor a Cristo. Os pobres poderiam
ser atendidos em qualquer tempo. A multidão de judeus acorreu à casa de Lázaro,
por saber que Jesus ali estava, querendo também ver de perto aquele que fora
ressuscitado depois de quatro dias. A repercussão foi tão grande que os
principais dos sacerdotes deliberaram matar a Jesus e também a Lázaro. Um bom
número de judeus creu em Jesus por causa do milagre da ressurreição de Lázaro
(12.9-11).
2. Maria Ungiu a Cabeça de Jesus
Na mesma semana que antecedeu à morte de Jesus,
Maria, mais uma vez, foi movida de profundo sentimento de ternura e valorização
do seu Mestre. Mateus diz que Jesus, após o seu sermão profético proferido em
Jerusalém, concluiu seus discursos e disse aos discípulos: “Bem sabeis que, daqui
a dois dias, é a Páscoa, e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado”
(Mt 26.2 - grifo nosso). Dali, Ele dirigiu-se a Betânia, onde, na casa de
“Simão, o leproso”, ofereceram outro jantar a Ele. Ali, diz o texto, que “uma
mulher” ungiu os seus pés. O evangelista Mateus registra esse fato, dizendo:
“E, estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele
uma mulher com um vaso de alabastro, com unguento de grande valor, e
derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava assentado à mesa” (v. 6,7).
Marcos também diz que esse fato ocorreu “dois dias antes da páscoa” (Mc
14.1,3-9). Há indagações sobre se a “mulher” deste texto é mesmo Maria, irmã de
Lázaro. Mas o texto de João, que registra a ressurreição de Lázaro, diz:
“Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua
irmã Marta. E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com unguento e lhe
tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo”
(Jo 11.1,2).
Os estudiosos do Novo Testamento não são
unânimes em definir se, naquela ocasião, a mulher que ungiu a cabeça de Jesus
era a mesma Maria que ungiu os seus pés (cf. Jo 12.3). Mas Michaels** diz sobre
esse fato, que “O narrador já fez alusão a esse incidente ao apresentar Lázaro
(11.2); todavia, reconta-o agora com pormenores e na sequência apropriada.
Trata-se reconhecidamente da mesma unção que deve ter ocorrido em Betânia, na
casa de um leproso chamado Simão, de acordo com Marcos 14.3-9 e Mateus
26.6-13”. A Bíblia de Estudo Cronológica - Aplicação Pessoal, em nota sobre
Mateus 26.7, confirma esse entendimento: “Esta mulher era Maria, a irmã de
Marta e Lázaro, que vivia em Betânia (Jo 12.1-3)”.*** De igual modo, essa
Bíblia diz, em nota sobre Marcos 14.3, que “A mulher que ungiu os pés de Jesus
foi Maria, a irmã de Lázaro e Marta”.****
Mais uma vez, a devoção extremada de Maria por
Jesus, com seu gesto de intensa generosidade, provocou grande indignação e,
dessa feita, não só por parte de Judas, mas também dos discípulos, que
consideraram aquele ato um “desperdício”. Assim como Judas, eles viram apenas o
valor monetário do precioso unguento, que poderia ser vendido “por grande
preço” e dado aos pobres. Jesus, porém, percebendo a inquietação dos
discípulos, ficou ao lado da mulher, indagando e dizendo: “[...] Por que
afligis esta mulher? Pois praticou uma boa ação para comigo. Porquanto sempre
tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Ora,
derramando ela este unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu
sepultamento. Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for
pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua”
(Mt 26.10-13).
3. Devemos Oferecer o Melhor a Jesus
O exemplo de Maria ensina-nos que devemos
oferecer a Jesus aquilo que temos de melhor em nossa vida. Na ocasião extrema,
sendo iminente a morte de Jesus, Maria quis demonstrar seu amor e sua gratidão
oferecendo algo que tivesse valor elevado, e não qualquer coisa por mera
formalidade ou religiosidade. Ela poderia ter oferecido um unguento de menor
preço, mas ungiu Jesus “com unguento de grande valor, e derramou-lho sobre a
cabeça”. O gesto torna-se mais impressionante, e até extravagante, pois, além
do valor do bálsamo, ela derramou-o sobre a cabeça de Jesus, fazendo com que a
maior parte do perfume caísse ao chão do local, o que provocou a indignação dos
circunstantes. O mais importante na adoração a Jesus é saber se Ele aceita
nosso louvor. E Jesus declarou sua aprovação ao gesto de Maria, dizendo: “Em
verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o
mundo, também será referido o que ela fez para memória sua” (Mt 26.13; Mc
14.9). A adoração a Deus deve ter um caráter de sacrifício, de algo que tenha
valor. O salmista disse: “Oferece a Deus sacrifício de louvor e paga ao
Altíssimo os teus votos” (Sl 50.14, 23). Chama-nos a atenção o que acontece nos
dias presentes. Em igrejas, cantores e grupos musicais só se apresentam se
receberem elevados “cachês” — às vezes, quantias exageradas —, dizendo ainda
que são “levitas”, que oferecem sacrifício a Deus. O sacrifício não é o que se
cobra dos outros, e sim o que se oferece a Deus.
III - O CARÁTER HUMILDE DE MARIA DE BETÂNIA
Com base nos textos citados, podemos concluir
que Maria, irmã de Lázaro, era uma mulher humilde, mesmo sendo possuidora de
ótima condição financeira, a ponto de poder oferecer a Jesus valiosa oferta
como verdadeiro sacrifício de louvor e adoração. No episódio em que ela ficou
assentada aos pés de Jesus (cf. Lc 10.39), revelou um profundo senso de valor
diante do Mestre, considerando prioridade maior ouvir seus valiosos ensinos. Na
ocasião, mesmo ouvindo sua irmã Marta reclamar diante de todos que ela deveria
sair da presença de Jesus para ajudá-la nas tarefas domésticas, Maria não
revidou, criticando a atitude da irmã, mas ficou em silêncio, sendo compensada
por Jesus, que a defendeu dizendo que ela escolhera “a boa parte, a qual não
lhe será tirada” (Lc 10.42). Da mesma forma, quando foi criticada por Judas e,
em outra ocasião, pelos discípulos, pelo seu gesto generoso e extravagante de
amor e adoração a Jesus, ela soube ficar calada. Cristo, porém, falou por ela,
não aprovando a atitude dos discípulos e dizendo que ela fizera aquele ato,
talvez até inconscientemente, preparando Jesus para o seu sepultamento (Mt
26.12).
A oferta de Maria
“A oferta que provavelmente representou a economia de toda a sua vida, quinhentos denários (gregos), era uma quantia bastante grande para uma pessoa comum. O motivo é simples, porém profundamente significativo. Maria queria oferecer o melhor para Jesus”.
Para conhecer mais leia, Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p.689.
CONCLUSÃO
Maria de Betânia, irmã de Lázaro, deixou um
exemplo de como o cristão deve dar prioridade a Cristo em sua devoção sincera.
O cristão deve saber aproveitar os momentos especiais, de oração, de meditação
e de aprender as santas Escrituras. Uma serva de Deus não deve negligenciar os
afazeres domésticos sob sua responsabilidade, mas precisa saber administrar o
tempo e as oportunidades para não se deixar ficar tão assoberbada, a ponto de
não ter tempo para Jesus, sendo, assim, um exemplo para os crentes em todos os
tempos e lugares.
** J. RAMSEY, Michaels. Novo Comentário Bíblico
Contemporâneo-João, p.223.
*** Bíblia de Estudo Cronológica - Aplicação
Pessoal. CPAD. Rio de Janeiro: 2015, p. 1435.
**** Ibid., p. 1436. Maria, Ermã de Lázaro: Uma
Devoção Amorosa
Fonte: Livro de apoio - O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro - Elinaldo Renovato de Lima
Lições Bíblicas CPAD - 2º trim.2017 adultos - O Caráter do Cristão - Moldado pela Palavra de Deus e provado como ouro - Elinaldo Renovato de Lima
Dicionário Bíblico Wycliffe
Bíblia de Estudo Pentecostal - CPAD
A Paz do senhor Jesus,estou maravilhado com esse blog do Pr. Ismael,que deus continue lhe abençoando mais e mais e capacitando-o cada vez mais.
ResponderExcluirHélcio Cézar- Recife-PE
A Paz do Senhor Hélcio Cézar. Obrigado pelo apoio, nos ajude em oração.
ExcluirGrande abraço a todos ai de Pernambuco e da belíssima Recife.
Deus abençoe
abraço fraterno