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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

499 anos - Reforma Protestante

499 anos - 31 de Outubro - 1517 / 2016

Reforma Protestante, uma volta às escrituras

A Reforma não foi uma inovação na igreja, mas uma volta à doutrina dos apóstolos. Não foi um desvio de rota, mas uma volta às Escrituras. A Reforma colocou a igreja de volta nos trilhos da verdade

Cena do filme "Lutero", em que o personagem vive o tão citado episódio, no qual ele prega uma folha com as 95 teses da Reforma Protestante na porta de uma igreja. (Imagem: Youtube / Reprodução)


A Reforma religiosa do século dezesseis, foi deflagrada quando o monge agostiniano, Martinho Lutero, fixou nas portas da igreja de Wittenberg, na Alemanha, as noventa e cinco teses contra as indulgências e os desmandos do papado. A Reforma não foi uma inovação na igreja, mas uma volta à doutrina dos apóstolos. Não foi um desvio de rota, mas uma volta às Escrituras. A Reforma colocou a igreja de volta nos trilhos da verdade. Quais foram as grandes ênfases da Reforma?

Em primeiro lugar, a singularidade das Escrituras. O conhecido Sola Scriptura, acentua que as Escrituras são a nossa única regra de fé e prática e que devemos rejeitar, peremptoriamente, qualquer doutrina que não esteja fundamentada na Palavra de Deus. Não podemos acrescentar nada às Escrituras nem retirar delas qualquer de seus ensinamentos. A Palavra de Deus é inspirada, inerrante, infalível e suficiente. Sua origem não é humana, mas divina. É inerrante quanto ao seu conteúdo, infalível quanto às suas profecias e suficiente quanto ao seu propósito. Não precisamos nem podemos acrescentar nossas experiências nem as tradições da igreja à Palavra de Deus. Não são nossas experiências que legitimam as Escrituras, mas elas é que julgam as nossas experiências.

Em segundo lugar, a singularidade da Fé. O conhecido Sola Fide, enfatiza que a salvação é recebida por meio da fé e não através das obras. Não somos aceitos por Deus por causa das nossas obras. Somos aceitos em Cristo, por causa de seus méritos, e recebemos essa salvação gratuita por meio da fé. A fé não é a causa meritória da nossa salvação, mas a causa instrumental. Não somos salvos por causa da fé, mas através da fé. A causa meritória da salvação é o sacrifício substitutivo de Cristo, enquanto a fé se apropria dos benefícios desse sacrifício. A fé é a mão estendida de um mendigo para receber o presente do Rei. Vale destacar que a fé salvadora é, também, um dom de Deus. O apóstolo Paulo é meridianamente claro a esse respeito: “Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).

Em terceiro lugar, a singularidade da graça. O conhecido Sola Gratia, destaca que não somos salvos pelas obras que fazemos para Deus, mas pela obra que Cristo fez por nós. Graça é um dom precioso concedido a alguém que não merece, mas precisa. Deus nos amou quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. Deus nos buscou quando estávamos perdidos. Deus nos deu vida quando estávamos mortos. Atraiu-nos para ele, quando todas as inclinações da nossa carne eram inimizades contra ele. Seu amor foi incompreensível, pois sendo nós filhos da ira, ele nos amou infinitamente, e enviou-nos seu Unigênito Filho para morrer em nosso lugar, para nos adotar como filhos e nos receber em sua família, constituindo-nos filhos do seu amor. Isso é graça! Graça bendita, maravilhosa graça!

Em quarto lugar, a singularidade de Cristo. O conhecido Solus Christus, evidencia que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o único Mediador entre Deus e os homens. Ele é a Porta do céu, o Caminho que nos leva ao Pai. Por sua morte na cruz, rasgou o véu do santuário e abriu-nos um novo e vivo caminho para Deus. Jesus é o único Salvador e não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Jesus é único Senhor do universo. Diante dele se dobra todo joelho no céu, na terra e debaixo da terra, para que toda língua confesse que ele é o Senhor para a glória de Deus Pai.

Em quinto lugar, a singularidade de Deus. O conhecido Soli Deo Gloria, destaca que tudo foi criado por Deus e existe para a glória de Deus. O fim último da nossa própria existência é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. O homem não é o centro do universo, Deus é. A salvação é pela graça, pela fé, para as obras, com o único propósito de que Deus seja glorificado por toda a eternidade. Diz o apóstolo Paulo: “Porque dele, por meio dele e para ele são todas as coisas”.A Deus, portanto, honra, glória e louvor, agora, e pelos séculos eternos!

Fonte: GUIAME - Hernandes Dias Lopes

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A separação de um povo para Adoração exclusiva

Porque povo santo és ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que sobre a terra há” Dt 7.6

“Depois da morte dos 12 patriarcas, os israelitas tiveram de esperar 400 anos até que uma nova geração de líderes estivesse pronta. E, conforme sabemos, não é sempre que aparece um libertador com a fidelidade de Moisés, um sacerdote com a postura de Arão, ou um general com a coragem de Josué. É imperioso que a nação seja submetida a alguns processos históricos, sociológicos, políticos e teológicos, visando o seu amadurecimento. Tais processos são bastante morosos; requerem décadas e, às vezes, séculos. Era imprescindível, pois, que os hebreus deixassem a fase tribal, a fim de se erguerem nacionalmente. Doravante, Deus não trataria mais diretamente com os patriarcas, mas haveria de tratar, através de seus profetas, com a nação. Os pais, contudo, jamais deixariam de ser lembrados como a principal referência teológica, ética e histórica dos hebreus. Nos momentos de crise e dificuldade, o Senhor apresentar-se-ia como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Sua menção serviria, também, para lembrar aos israelitas que as alianças firmadas pelo Senhor com os antigos continuavam tão firmes quanto às leis que regem o Sol, a Lua, a Terra e as estrelas. Não é da noite para o dia que aparecem homens da estirpe de Moisés” [1]

Todas as pessoas e instituições sobre a terra possuem uma finalidade que dota de sentido sua existência; para a nação de Israel, existir significa louvar e adorar ao único Deus verdadeiro.

Leitura Bíblica: Êxodo 19.1-8

Na continuação de nossas reflexões a respeito do louvor e adoração a Deus, analisaremos na aula de hoje a gênese do povo de Israel como comunidade formada exclusivamente para a glória de Deus. Nascido das promessas anunciadas a Abraão e sua descendência, o povo de Israel é uma prova histórica da ação benevolente de Deus em favor daqueles que lhe servem amorosamente. Partiremos do episódio da saída do Egito para demonstrar a natureza do relacionamento de Deus com o seu povo que desafiadoramente exigia daquelas pessoas o rompimento com os costumes politeístas da época e as chamava para uma experiência de adoração reservada apenas a Deus.

"Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós." 2 Coríntios 1:20

INTRODUÇÃO

Miraculosamente Abraão, que era apenas um peregrino guiado pela voz de Deus, torna-se pai de uma multidão incontável (Hb 11.12). Aquela pequena família, que se alocou nas terras egípcias em busca de sobrevivência durante um período de fome, tornou-se um numeroso povo que causava medo aos governantes das terras do Nilo (Êx 1.10,11).

Com a bênção divina, nem a opressão do Egito nem seu controle de natalidade perverso, foram capazes de fazer estéril a semente santa abençoada por Deus. Mas abandonar a dependência — econômica e política — do Egito e aventurar-se num retorno a uma terra tão distante quanto os sonhos mais idealizados de qualquer israelita, era um enorme passo de fé; não mais para um homem e sua família, mas para centenas de milhares de pessoas.
É sobre essa trajetória, que exigiu ruptura com o comodismo e a construção de instrumentos coletivos de fé, que nossa lição se refletirá neste domingo.

I. ISRAEL, POVO DE DEUS, POR DEUS E PARA DEUS

1. Quem fez este povo?
Antropologicamente, afirma-se que um povo é o resultado de uma conjunção de fatores culturais, étnicos e econômicos que unem determinado grupo de pessoas que habita certo território através de vínculos e interesses comuns, que extrapolam os laços familiares. Segundo a fé cristã, estes fatores antropológicos, no caso do povo de Deus, foram diretamente coordenados pelo Altíssimo que, para o propósito específico que Ele determinou, fez surgir Israel. A riqueza de detalhes com que a Bíblia narra a formação do povo de Israel — as esterilidades das três matriarcas (Gn 11.30; 25.21; 30.1,22-24), as peregrinações e a escravidão — tem como função principal revelar a contínua intervenção de Deus nessa história, com o intuito final de deixar inconteste que a existência de Israel é ação da graça e poder de Jeová.

2. Por que Israel?
É evidente que dentre os milhares de povos já existentes àquela época, o Senhor poderia escolher qualquer um destes para torná-lo propriedade peculiar sua. Então, por que Israel foi o escolhido? Segundo Deuteronômio 7.6-10, foi a fidelidade do Senhor, ou como bem interpretam alguns tradutores, foi o “amor-leal” de Iavé para com às promessas feitas a Abraão, Isaque e Israel. Como argumenta o autor de Deuteronômio, não foram motivações materiais ou históricas que mobilizaram o Senhor a escolher Israel como sua possessão especial, mas isto foi resultado exclusivamente de um ato gracioso, que para sempre apontaria para a grandeza do Deus adorado por aquele povo, e nunca para algum tipo de mérito ou qualidade do povo em si. Esta evidência bíblica deve nos levar a refletir sobre o privilégio que alcança aquele que recebe promessas feitas pelo Senhor Deus.

3. Para que este povo foi constituído?
Não sendo obra do acaso, a existência de Israel tem uma clara razão de ser: louvar e adorar exclusivamente ao SENHOR (Dt 14.2; 1Cr 17.22). Diante de um conjunto de povos absolutamente politeístas, a “separação” que Deus exige de Israel não é algo essencialmente territorial, até porque em vários momentos da história do povo eles não terão sequer um torrão de terra, ou mesmo étnico, pois a interação entre a descendência de Abraão e outros povos será geralmente intensa. A separação do povo de Deus terá um caráter cúltico-espiritual; Israel deve evitar ao máximo influências externas que lhe desviem de sua vocação primária: adorar exclusivamente a Jeová. Por isso as tradições, festas, leis sociais, em suma, tudo em Israel deveria apontar para o Senhor e para o seu relacionamento com o seu povo especial.

II. A FORMAÇÃO E A SEPARAÇÃO DE ISRAEL

1. Da necessidade de sair do Egito.
O refúgio no Egito durante mais de quatrocentos anos foi algo extremamente salutar para os descendentes de Jacó. De uma pequena família numerável em Êxodo 1.1-5, Israel torna-se uma multidão de centenas de milhares (Êx 12.37). Quando Moisés reporta-se ao faraó solicitando a liberação do povo de seus afazeres para ir ao deserto, a finalidade é apenas uma: “[...] Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto” (Êx 5.1). Os anos de escravidão estavam afastando Israel do foco de sua existência, a adoração ao Senhor. O Egito não era mais o lugar onde deveriam permanecer; era chegada a hora de voltar às terras prometidas ao patriarca Abraão. Mas sair das terras de faraó não significa apenas sair da escravidão, mas também abandonar casas, propriedades, uma vida já estabelecida a gerações. E agora, o que fazer?

2. A necessidade de desfazer velhas relações para estabelecer novos vínculos.
A permanência do povo no Egito garantir-lhes-ia estabilidade econômica e bem-estar familiar. Era um momento de escravidão, mas havia as “panelas de carne” e “pão” da terra de faraó (Êx 16.3). Havia, entretanto, uma ordem divina: saiam do Egito! Adorar a Deus envolve, muitas vezes, tomadas de decisões radicais que nos custam a comodidade da tradição, o conforto de tudo permanecer como está. A convocação de Deus para Israel no Egito é um símbolo da vontade dEle para seu povo. Israel não deveria servir a ninguém mais, apenas a Jeová (Êx 23.13). Não devia vender sua liberdade por cebolas ou alhos do Egito (Nm 11.5). A exclusividade de Israel para adoração a Deus é uma exigência desafiadora de ser cumprida num contexto social politeísta.

3. O estabelecimento de novos valores.
Antes de o povo deixar o Egito, era necessário que estivessem convictos de que se dedicar exclusivamente ao Senhor era o fundamento da sua liberdade. Não estavam sendo livres para o pecado, ou para submeterem-se ao julgo de outro déspota que se auto-intitulasse deus. A maravilhosa libertação de Israel tinha como finalidade gravar nos corações daquela geração, e das vindouras, que somente um Deus deveria ser reverenciado — exatamente aquele que lhes proporcionará o fim da escravidão — Jeová. A Páscoa deveria ser um memorial de celebração e uniria um aglomerado de pessoas como povo, as quais dali em diante passariam décadas sem território ou Estado, mas que estariam unidos pelos valores de fidelidade, gratidão e adoração ao Deus que os livrou da terra da exploração.


III. SOMOS A NAÇÃO DA CRUZ

1. Israel como metáfora histórica da Igreja.

Nossa discussão até aqui deixou claro que Deus formou e sustentou um povo para viver exclusivamente para seu louvor. Apesar da existência histórica de Israel, e da atual vigência das promessas de Deus a este povo, esta comunidade terrena pode ser utilizada como metáfora para falar da grande família que o Senhor deseja estabelecer na terra que, em o Novo Testamento, ganha o nome de Igreja. As promessas de Israel são específicas e restritas a este povo, todavia, em o Novo Testamento, a referência ao povo de Deus amplifica-se e ganha contornos universais — não mais regionais e culturais. A Igreja, como grupo de pessoas que reúne os salvos em Cristo, não é um Estado político ou uma civilização específica, mas o ajuntamento daqueles que foram alcançados pelos efeitos do sacrifício vicário de Jesus (Ef 2.11-22).

2. A Igreja como povo santo.

Em 1 Pedro 2.9,10, essa analogia da Igreja como povo ganha contornos vivos. Ao falar de uma série de procedimentos éticos a serem vivenciados por aqueles que nasceram de novo (vv.1,2), além da necessidade do reconhecimento da singularidade da obra redentora de Jesus (vv.3-9). Pedro declara que os partícipes, da Igreja que antes “não eram povo”, agora foram feitos “povo de Deus”. Novamente percebe-se aqui a ação de Cristo na constituição e manutenção do seu povo. A identificação do Senhor com esta comunidade não se dará por uma marca física (Gn 17.10) ou ligação étnica, mas exclusivamente por meio da fé na pessoa bendita de Jesus (Jo 1.12,13). Assim como Israel, somos separados — não de nossas relações ou papéis dentro de nossa sociedade — mas para uma vida plena de louvor e adoração a Deus.

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia." 1 Pedro 2:9,10


A finalidade da Igreja é adoração, mas não podemos cair no erro de achar que Igreja é apenas o prédio ou a comunidade em que nos congregamos. Igreja somos todos nós, por isso, todas as ações que realizamos no cotidiano devem ter como objetivo último fazer o nome de Cristo ser louvado através de nós.



CONCLUSÃO


É impossível dissociar a fé do povo de Israel de sua história. A formação, constituição e sustentação de Israel foi obra das benevolentes mãos de Deus. Tal como Israel, devemos, enquanto povo de Deus desta geração, reconhecer sua misericórdia como o fundamento de nossa vida e prosperidade. Aquilo que somos é resultado direto do amor do Pai, por isso devemos viver eternamente para adorá-lo.


"Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus." João 1:12,13



Não devemos confundir as promessas específicas de Deus para o povo de Israel, com aquelas que possuem um caráter universal e que atingem todos os Filhos de Abraão, tanto os que são pela carne como os que são pela fé. Compreendamos que não há predileção de Deus, mas fidelidade à Palavra.



SUBSÍDIO - Genealogia

"Adão até Noé"

























"Noé até Abraão"


"Abraão até Moises"


"Genealogia de Jesus Cristo"






















Fonte:
[1] Claudionor de Andrade - O Começo de Todas as Coisas. 1ª Ed.RJ, CPAD:2015, p.102
Revista Lições Bíblicas Jovens 4º Trim/2016 - Em Espírito e em Verdade - A essência da Adoração Cristã - CPAD - Comentarista Thiago Brazil
Bíblia Defesa da Fé
Bíblia de Estudo Pentecostal

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Abraão, Ló e as Campinas do Jordão

As consequências das escolhas precipitadas


O longânimo é grande em entendimento, mas o de ânimo precipitado exalta a loucura” Pv 14.29

O livre-arbítrio é um presente de Deus ao ser humano, pois este foi criado de maneira autônoma, de modo que Deus jamais permitiria um ser humano autômato. Entretanto, aqui está a maior tensão da principal criação de Deus. Embora dotado de livre-arbítrio, um dom de Deus, o ser humano fez e continua a fazer o mau uso daquilo que deveria ser para a glória de Deus.


As Escrituras Sagradas dão testemunhos de várias personagens bíblicas que fizeram más escolhas e boas escolhas. As más escolhas geralmente foram tomadas num contexto de precipitação ou extraordinária pressão. Lembra-se da decisão equivocada de Abraão, que por influência da sua mulher, Sara, resolveu deitar-se com Agar e fez com que ela concebesse um filho chamado Ismael? Se o nosso pai da fé soubesse o problema que a decisão acarretaria à sua família, certamente não decidiria assim. Entretanto, qual era o contexto de Abraão? Um homem avançado em idade, onde sua mulher também era avançada em idade e não tinha nenhum filho herdeiro para assumir sua herança.


Quando temos a consciência de que a vida está passando e findando, naturalmente lembramo-nos dos herdeiros que deixaremos, ou de quem administrará a nossa herança. Mas Deus havia feito uma promessa de que Ele daria um filho fruto do casamento entre Abraão e Sara. Crer no improvável é uma prova, uma resistência de fé. Num primeiro momento, ambos falharam na perseverança da fé e optaram por tomar a pior decisão.


Devemos aprender com as Escrituras que qualquer decisão importante que tomarmos, não devemos fazê-la debaixo de pressão ou precipitadamente. A precipitação é um grande mal que deve ser evitado sempre. Quando nos precipitamos não raciocinamos, não prestamos atenção ao bom senso, não andamos por fé, mas apenas por vista. Quem tem a mente de Cristo deve sempre manter os pés no chão, pedir orientação a Deus e aguardar o calor dos acontecimentos passarem. Fácil?! Não, não é uma tarefa fácil, mas sem dúvida trata-se de uma atitude responsável e madura que leva em conta o fator global da circunstância e não somente parte dela, nem prioriza o fator emocional do acontecimento.


Mostrar aos nossos alunos o perigo de tomar uma decisão precipitada é o objetivo central desta lição. Para isso, use exemplo da própria vida ou outros vários que a Bíblia dispõe e enriqueça a sua aula para conscientizar o seu aluno sobre ter esse cuidado importantíssimo com a vida. Boa aula! - Revista Ensinador Cristão nº68 pg.38


Não sejamos precipitados em nossas escolhas, pois a precipitação gera crises e erros irreparáveis.


Leitura Bíblica: Gênesis 13.7-18


Amando ao Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e te achegando a ele; pois ele é a tua vida e a longura dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque e a Jacó, que lhes havia de dar. - Deuteronômio 30.20


O caminho que Abrão teria que percorrer traçado por Deus não era um caminho sem as dificuldades próprias que surgem na caminhada. Mas seria um caminho sob a égide de Deus, e Abrão não teria o que temer, porque Deus cuidaria dele e tudo quanto possuía. Entretanto, Abrão se deixou dominar pelo sentimentalismo familiar e permitiu que seus parentes interferissem na sua caminhada traçada por Deus para a “Terra Prometida”.

Quando Deus o chamou, fez-lhe um desafio em que a obediência seria o ponto-chave do sucesso do projeto de Deus na sua vida. Esse projeto revelado a Abrão acerca da Terra Prometida não incluía seus parentes, mas Abrão não conseguiu dizer não para os seus familiares, e estes criaram várias dificuldades ao longo da sua peregrinação desde que saiu de Ur dos Caldeus (Gn 12.1). Havia um sobrinho chamado Ló que tinha família formada e estava instalado naquela terra. Ele era ambicioso e sonhador, por isso, sem que Abrão pudesse explicar que o plano não o incluía, Ló juntou seus pertences, levando mulher, filhos, servos e servas, seu gado e tudo quanto poderia carregar em seus animais seguindo a mesma rota do caminho de Abrão. Na realidade, o plano original de Deus para Abrão foi interceptado por aqueles parentes que lhe trouxeram muitos problemas. Essa interferência foi mantida por muitos anos, mas Deus, paciente e amoroso, soube esperar o momento certo para agir e liberar Abrão e Sarai daquelas amarras familiares.

No capítulo 13, Abrão ainda era identificado pelo nome de família, Abrão”, bem como sua esposa, “Sarai”. Depois alguns anos, desde que saiu de Harã, já com 99 anos de idade, Deus promove um encontro pessoal com Abrão, lhe faz promessas e muda o seu nome de Abrão para “Abraão”, com o significado de “pai de uma multidão de nações”. Também trocou o nome de Sarai para “Sara”, cujo significado é “mãe de nações”, e lhe promete um filho em sua velhice (Gn 17.1,4,5,15). Da semente de Abrão formaram-se muitas nações.


Entretanto, essa história vem demonstrar ao povo de Deus hoje, a Igreja, que as interferências humanas e materiais podem prejudicar os projetos de Deus para a nossa vida. Abrão deveria, tão somente, obedecer e fazer a vontade de Deus e, então, todas as coisas fariam seu curso normal porque Deus garante o que diz. Embora Deus determine todas as coisas, Ele o faz respeitando a vontade do homem, seu livre-arbítrio. Por isso, cada um de nós é responsabilizado pelas decisões que tomamos. Deus tem sua vontade soberana e pode determinar o que quiser, mas, ao mesmo tempo, Ele faz valer suas misericórdias quando não correspondemos plenamente o que Ele nos ordena fazer. Por isso, Deus não desistiu de Abrão porque sabia que ele o amava e queria fazer a Sua vontade. Deus sabia também que Abrão, como homem, tinha as limitações próprias que poderiam criar algumas dificuldades.


O CUIDADO COM NOSSAS ESCOLHAS

Interferência de Provações Imprevisíveis

Nossas escolhas podem influenciar nossas decisões para bem e para o mal. Muito das nossas escolhas tem a ver com a questão da vontade, a nossa vontade e o confronto com a vontade de Deus. Todos queremos fazer a vontade de Deus, mas sabemos que fazer a vontade de Deus, quase sem exceção, envolve riscos, ajustes, decepções, sucessos e derrotas e, também, mudanças. Normalmente amamos tudo aquilo que for familiar e conhecido por nós; gostamos em especial das coisas que podemos controlar. Nossas escolhas pessoais envolvem esses elementos. Em relação a Deus, queremos entregar a Ele nossos desejos e alinhá-los com o seu querer. Porém, quando temos de escolher um caminho de renúncia que Ele nos mostra para percorrer, temos dificuldades com a aceitação desse desafio. Abrão, mesmo percebendo a dureza do caminho que lhe mostrara, creu em Deus, mas, como homem, cometeu alguns deslizes que resultaram em consequências ruins.

Há momentos na vida de um servo de Deus que se tornam difíceis, principalmente quando se precisa tomar decisões. A fé nas promessas de Deus era o estímulo maior para a peregrinação de Abrão à Terra Prometida. Entretanto, ele teria que se manter fiel ao plano original de Deus e saber que as provações seriam inevitáveis.


Ao deparar-se com “a fome na terra”, deixou de buscar de Deus a direção para a sua vida e tomou a decisão de ir para o Egito, terra que tinha pastagens para o seu gado e muita riqueza. Ele baixou seus olhos para as coisas da terra e, então, fraquejou na fé quando, mesmo com o empobrecimento da terra onde estava vivendo, não lhe faltava nada. Ele mudou a visão da Terra Prometida por uma visão limitada e materialista. Foi dominado por um sentimento de ambição material ao ouvir da prosperidade da terra do Egito. Decidiu então sair de terra de Canaã e tomar o caminho do Egito sem consultar a Deus. Abrão permitiu que a força da carne o dominasse e seu coração se enchesse de ambição. Dominado por essa força carnal, ele decidiu quebrar seus princípios éticos e morais e, para sobreviver sem ser incomodado, mentiu e usou de engano (Gn 12.11). No Egito, Abrão não levantou um altar ao Senhor como sempre fez desde que havia saído de Harã. Por pouco não perde tudo, inclusive com a ameaça de morte.

O caminho fora da vontade de Deus induz aos caminhos tortuosos e pecaminosos. Sem dúvida, Abrão entristeceu a Deus e não o consultou sobre qualquer decisão que tomou naquela terra. Mesmo assim, Deus, que o amava, não desistiu dele. Pelo poder soberano divino, o Senhor interferiu naquele momento histórico em que Abrão e Sarai corriam o risco de serem mortos por terem enganado o próprio rei do Egito. O Senhor enterneceu o coração de Faraó para que o casal não fosse punido no Egito. O cuidado de Deus ainda estava com o casal quando Abrão entendeu que precisava começar tudo de novo e pedir o perdão de Deus pelo seu descaminho.

Abrão, então, deixou o Egito e voltou para Betel, e naquele lugar onde Deus o abençoara tão abundantemente, ele lembrou-se do Senhor e, mais uma vez, levantou um altar de pedras ao Senhor” (Gn 12.4). Quando havia saído de Betel e tomou o caminho do Egito, Abrão não ofereceu culto algum a Deus. Apesar dessa fraqueza de atitude, Deus não o abandonou e manteve seu propósito com ele. Porém, Abrão ainda enfrentou algumas dificuldades.


Interferência no Plano de Deus
Depois que Abrão decidiu voltar, também Ló o acompanhou de volta a Canaã. Ambos progrediram e aumentaram seus gados e riquezas, mas começou a haver conflito entre os pastores de ambos porque o espaço geográfico ficou pequeno para eles. Abrão, desde que voltara do Egito, mais que nunca, entendeu que Ló não fazia parte do plano de Deus e ainda estava provocando problemas.

A lição difícil que se aprende nessa história é que o fruto da desobediência é sempre amargo. Abrão estava vivendo essa experiência por ter se deixado dominar por situações que poderia ter evitado quando se dispôs sair da sua terra em Ur dos Caldeus. A interferência de Ló começou a provocar problemas de ordem social dentro da família. O tempo todo o seu sobrinho Ló havia saído com tudo o que possuía, gados e pessoas para servi-lo e, onde chegavam, os seus pastores procuravam as melhores pastagens em prejuízo do gado de Abrão. Começou a haver choque de interesses, e Ló não teve o menor respeito por seu tio Abrão quando seus pastores começaram a contender com os pastores dele.


Ao deparar-se com o problema, Abrão entendeu a gravidade do conflito e entendeu que era a hora de definir a situação. Então, procurou fazer isso da melhor forma possível, confiando na provisão e promessa de Deus que lhe daria sabedoria para solucionar esse conflito. Essa interferência não invalidou a promessa de Deus para Abrão, mas ele entendeu que, se não podia voltar ao início de tudo, pelo menos podia amenizar o problema confiando que Deus o perdoaria. É sempre perigoso quando permitimos interferências no plano de Deus para a nossa vida.


Interferência de Sentimentalismos

Quando alguém toma consciência do plano de Deus, deve desvencilhar-se de qualquer coisa relacionada à sua vida pessoal que possa vir a ser um obstáculo ao plano divino. No caso de Abráo foi o sentimento familiar que bloqueou sua decisão de apenas obedecer a Deus e sair do meio de seus parentes indo para a terra que o Senhor lhe havia prometido. Ao estabelecer esse requisito a Abrão, ele deveria ter saído imediatamente daquela terra.

O desafio e a promessa envolviam a conquista de uma terra de leite e mel (Gn 12.1), mas ele ficou empolgado e revelou o projeto de Deus à família. A revelação do projeto fez pulsar a ambição de toda a família, a partir do próprio pai Terá, além de Ló, sobrinho de Abrão, filho de seu irmão Naor. Então Abraão, pressionado por seus parentes e, principalmente, pelo pai Terá, não conseguiu sair só com sua esposa. Ele não conseguiu desvencilhar-se de seus parentes. Sentimentos familiares interferiram no plano original e ele não conseguiu dizer para a família que não estavam incluídos. Quando permitimos que os nossos sentimentos pessoais interfiram no plano de Deus para a nossa vida, não conseguimos evitar as consequências dessa atitude.


Interferência no Espaço e Geográfico que Era Destinado para Abrão

A vontade de Deus para Abrão era uma vontade específica que deveria, tão somente, ser obedecida sem permitir que interferências a impedissem de ser concretizada. Entretanto, as interferências no plano original de Deus para Abrão foram várias, a começar pelos parentes; depois, pelo espaço físico que deveria pertencer apenas a Abrão e sua mulher. Mas o texto de Génesis 13.6 diz literalmente que: “E não tinha capacidade a terra para poderem habitar juntos, então, começaram a surgir os conflitos dentro desse espaço.

Há uma lei na ciência da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Metaforicamente entendemos que Deus havia estabelecido um espaço dentro do seu plano para Abrão e, portanto, aqueles familiares no contexto do plano original de Deus eram excedentes e não faziam parte do plano divino. Na realidade, toda essa situação tornou-se uma intromissão no plano de Deus, e Abrão se viu obrigado a aceitar, trazendo-lhe péssimos resultados. Não se tratava apenas de um espaço físico comprimido entre Abrão e Ló, mas significava uma intromissão no espaço que Deus havia destinado apenas para Abrão e sua esposa Sarai.


Em nossos tempos, no meio cristão, especialmente no seio da igreja, desenvolvem-se desacordos e contendas por causa de campo de trabalho eclesiástico. Se não houver uma solução cristã capaz de neutralizar a contenda, parte-se para a separação de interesses.


Conflitos Modernos nos Espaços Eclesiásticos

Lamentavelmente, existem interferências e invasões de igrejas em campos alheios em que a ética parece ter sido aposentada na cabeça de algumas lideranças, que justificam suas atitudes em nome do crescimento da igreja. Não respeitam limites nem agem com bom senso, sem levar em conta pelo menos um limite geográfico que respeite o campo de trabalho do outro. Essas interferências não têm respaldo bíblico nem apoio do Espírito Santo, porque tais atitudes promovem conflitos que não glorificam a Deus.


RUPTURAS GERADAS POR ESCOLHAS MAL FEITAS

Em meu livro Abraão, a Experiência de nosso Pai na Fé (CPAD), apresentei como resultado negativo do conflito entre Abrão e Ló algumas rupturas que culminaram com a quebra de relações familiares e a separação inevitável entre ambos. Além das interferências circunstanciais a que havia se submetido, as rupturas provocadas pela contenda com Ló fizeram com que Abrão, mais uma vez, levantasse um altar e ali invocasse o nome do Senhor a fim de obter de Deus a graça para saber administrar aquela situação entre ele e Ló. Abrão não queria cometer nenhuma injustiça, mas sabia que, inevitavelmente, a decisão que tomaria traria pesar e separação entre ambos. Ao oferecer sacrifício ao Senhor, Abrão foi fortalecido em sua fé (Gn 12.8). Anteriormente, Abrão já havia experimentado o dissabor da sua estada no Egito, mas agora, o Senhor desperta a sua mente para o reinicio de sua caminhada de fé para a conquista final do plano original. Entretanto, esse reinicio seria palmilhado por algumas rupturas produzidas por aquela contenda. Destacamos, pelo menos, três rupturas.


A Primeira Ruptura Foi Social

Não foi fácil para Abrão decidir a separação, porque ele tinha um coração generoso a despeito da atitude egoísta de Ló, sua família e seus pastores. Mas ele precisou decidir, mesmo sabendo do que iria incidir como resultado daquela decisão. É natural que, quando tomamos uma decisão que atinge o nosso emocional, nos assaltem duvidas e hesitações que poderiam imobilizá-lo. Eram dúvidas que respondiam a temores íntimos e que poderiam impedi-lo de agir com convicção. São os medos interiores que embargam nossas ações e podem prejudicar o nosso futuro. Mas Abrão foi capaz de superar esses medos, e mesmo com o coração partido, ele precisou escolher a separação do seu sobrinho.

A separação entre ambos foi, na verdade, produzida pela contenda entre os seus pastores, de Ló e de Abrão, por causa das pastagens e água que não eram suficientes para os dois. Abraão tinha consciência de que seu erro iniciou quando saiu de Harã para ir a terra que Deus havia lhe prometido. Ló começou a agir de forma egoísta a ponto de perder o respeito ao seu tio Abrão. Aceitou os argumentos de seus pastores de ovelhas e cabras e permitiu que a contenda agisse como um vírus que contagiou a relação com os pastores de Abrão. Brigaram por causa dos poços abertos sob a sua tutela e queriam se apossar desses poços. Abraão entendeu que seria impossível viver pacificamente com seu sobrinho quando os interesses estavam acima do respeito familiar e do temor a Deus.


A Segunda Ruptura da Concessão

Para evitar maiores confusões, Abrão estava consciente de que o que estava acontecendo era o fruto de sua falha em ter permitido que Ló o acompanhasse. Mas, acima de tudo, Abráo estava debaixo da bênção de Deus e estava disposto a pagar o preço pelo erro passado. Quando ofereceu sacrifício ao Senhor em Betel, Abrão estava em paz consigo mesmo porque naquele monte ele havia renovado seu pacto com Deus (Gn 13.4). A partir de então, ele estava pronto para assumir as responsabilidades de seus atos e decidir sobre coisas que não mais restringiriam sua obediência completa ao plano original feito por Deus.

Abraão sabia que sua decisão implicaria na concessão de coisas, mesmo com perdas, para que o plano divino não fosse obstruído por qualquer outra circunstância. Para que não houvesse mais constrangimento entre ambos, eles deveriam separar-se geograficamente (Gn 13.8,9). Partiu de Abrão a oportunidade oferecida de escolha. Em sua decisão, Abrão preferiu fazer concessões que propiciassem a paz entre ambos, mesmo que separados geograficamente.


A Terceira Ruptura Foi a Cobiça de Ló

Com essa concessão do velho Abrão para o seu sobrinho Ló, percebe-se que a cobiça de Ló foi um dos motivos da contenda entre ambos. À sombra da prosperidade de Abrão, o seu sobrinho Ló ia tirando proveito com o aumento de sua fazenda e de sua riqueza, mas Ló não tinha visão espiritual do projeto de Deus que só Abrão sabia e conhecia. Não foi leal com seu tio quando não puderam mais conviver na mesma terra. Por isso, com a opção da escolha concedida por Abrão, Ló expôs sua ambição carnal e material, e não teve a menor consideração pelo seu tio Abrão.

A palavra “cobiça” pode ser identificada na Bíblia como “avareza, avidez, ganância”. Na verdade, a cobiça que dominou a mente e o coração de Ló era tão forte que ele não teve escrúpulos em tirar proveito do seu tio Abrão. Mas o velho Abrão temia ao Senhor, e sabia que Deus cuidaria dele e o abençoaria onde ele colocasse os pés. Essa ruptura da cobiça aconteceu nas relações familiares e entre seus pastores, porque ela sempre produz contenda e infecciona todo um ambiente de paz (Pv 17.14; Fp 2.3,4). A cobiça de Ló o tornou ardiloso e insensível; por isso, seu coração endureceu e a contenda provocada trouxe muitos espinhos que feriram as relações de convivência entre as famílias.


Um dos mandamentos de Deus para o povo de Israel, alguns séculos depois, destacava a cobiça como algo que deveria ser punido no meio do povo. Era o décimo mandamento que condenava e proibia a cobiça de tudo quanto é coisa que envolvesse a casa do vizinho, sua esposa, servos, gado ou qualquer outra coisa alheia (Êx 20.17). Existe uma história no Antigo Testamento acerca do rei Acabe que, cobiçando a vinha de Nabote, não teve qualquer escrúpulo juntamente com sua diabólica mulher Jezabel em mandar matá-lo para possuir a vinha de Nabote, que era uma herança de seus pais (1 Rs 21.1-16). No Novo Testamento, a cobiça é condenada como uma forma de idolatria (Cl 3.5, NTLH).

Na Carta aos Romanos 7.7, Paulo fala da cobiça como uma força da carne que precisa ser bloqueada para obter uma vida cristã vitoriosa. Jesus condenou a cobiça, quando fala de “avareza” em um dos seus discursos: “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (Mc 7.21-23). Em 1 Timóteo 6.10, o apóstolo Paulo declara que “o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males”. Foi o caso de Ananias e Safira, que mentiram por causa da cobiça e avareza de seus corações (At 5.1-11). No caso de Ló, sua cobiça o fez perder o bom senso e o respeito pelo seu tio.


DUAS ESCOLHAS


Abrão chegou a um ponto no qual não podia mais voltar atrás; tinha que escolher uma decisão que pudesse resolver o problema do conflito entre ele e Ló. Na história da Literatura sul-americana, no Chile, o poeta Pablo Neruda declarou certa ocasião: “Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”. Ele disse, ainda: “Escrevo isso porque acredito mesmo que podemos decidir sobre aquilo que é melhor para nós”. Uma vez que as nossas escolhas definem as consequências que teremos que viver mais à frente.


A Escolha de Ló
Saber fazer as escolhas é sinal de sabedoria. Por outro lado, devemos entender que tudo o que escolhemos fazer gera consequências para nós e atinge as pessoas do nosso convívio. Até que ponto a nossa escolha afetara as pessoas ao nosso redor. Parece-nos que Ló, dominado pela avareza em seu coração, não percebeu o mal que estava fazendo para si mesmo e acabaria atingindo as pessoas do seu convívio.

O texto diz que levantou Ló os seus olhos e viu toda a campina do Jordão”. Pela ética familiar, o direito de escolha era de Abrão, mas Abrão preferiu oferecer a Ló a oportunidade de escolher. Abrão subiu a um lugar alto e mostrou a Ló os dois lados das terra à vista, do lado oriental e do lado ocidental (Gn 13.10,11). A visão egoísta e materialista, sem pestanejar, focalizou as melhores terras do lado Oriente, onde estavam as campinas do Jordão, próximas das cidades de Sodoma e Gomorra. Havia grandes e vastos campos para o seu gado e para o plantio. Abrão não duvidou da promessa de Deus e olhou o outro lado onde havia enormes montanhas e que não inspiravam qualquer sonho para a terra de Canaã e habitou ali (Gn 13.12).


Ter atitude de respeito, compreensão, contribuição, cooperação, amizade, amor, tolerância e gratidão são elementos positivos que encurtam o caminho de quem faz a vontade de Deus. A escolha egoísta de Ló, não muito depois daquela decisão, com poucos anos naquela terra que havia escolhido em prejuízo de seu tio Abrão, converteu-se em morte e destruição para as cidades de Sodoma e Gomorra. Ao escolher o que entendia ser a melhor parte, nas campinas do Jordão, não podia imaginar o dedo de Deus naquele lugar onde perdeu tudo o que tinha, inclusive a família. Diz a Bíblia que Ló armou as suas tendas até Sodoma e passou a habitar naquela cidade (Gn 13.12). As consequências inevitáveis aconteceram e, mesmo que Ló procurasse ter uma vida de retidão onde vivia, não conseguiu dominar o ímpeto de sua família, perdendo a autoridade sobre sua mulher e suas filhas, as quais se corromperam com o estilo de vida depravado daquela cidade (Gn 19.14,16,17). Ló escolheu segundo o espírito do mundo representado por Sodoma e Gomorra.


A Escolha de Fé de Abrão
Abrão, um homem de fé, confiou na provisão de Deus e, por isso armou as suas tendas, e veio, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e edificou ali um altar ao Senhor”. Nos lugares que lhe restaram na terra de Canaã, não havia campinas verdejantes nem terra fértil para o plantio. As fontes de água eram poucas, porque era uma região pedregosa e montanhosa, mas Abrão sabia que, aquilo que parecia ser o pior, era, de fato, o melhor, porque, ao depender de Deus, o aparente prejuízo foi transformado em lucro.

No Egito, Abrão teve que viver por “vista”, e não “por fé”. Por isso, sua visão apenas horizontal para a prosperidade das terras egípcias roubou a sua visão vertical para Deus. No Egito, ele enfrentou dissabores morais e espirituais que marcaram a sua vida. Ló, enquanto estava à sombra de seu tio Abrão, tinha a bênção de Deus, mas buscou liberdade para reger sua própria vida, a prosperidade conquistada não durou muito tempo. Naquelas belas campinas do Jordão, Ló perdeu sua família, seus bens e até a honra, mas Abrão recebeu a promessa de uma família que encheria a terra. Quando Deus é o primeiro em nossa vida, não importa quem é o segundo ou o último. O que parecia perda com a escolha gananciosa de Ló, na verdade, converteu-se em lucro para o patriarca.



Vista da montanha e o pilar "a mulher de Ló"
SUBSÍDIO BÍBLICO
Sodoma, região escolhida por Ló
“A tradição localiza Sodoma na extremidade sul do Mar Morto. A desolação e a esterilidade dessa região fornecem um testemunho do julgamento pelo ‘fogo e enxofre’ sofrido por este local. Evidências geológicas nessa região de formações de sal, asfalto, enxofre e petróleo confirmam o registro bíblico. A parte oeste da região está dentro das fronteiras da moderna Israel. A cidade de Sidom funciona como um resort de saúde e um campo de repouso. Uma montanha peculiar quase exclusivamente de puro sal identifica Sodoma, e os guias locais referem-se a ela como ‘a mulher de Ló’”. Dicionário Bíblico Wycliffe. CPAD, p.1846.


CONCLUSÃO


Jesus, em um dos seus discursos, fez uma séria advertência aos seus discípulos, lembrando a triste e decadente história de Ló e sua família em meio a uma geração corrompida, como foi a de Sodoma e Gomorra. Com poucas palavras, apenas disse: “Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lc 17.32). Em nossos dias, muitos cristãos se deixam levar pela avareza e tornam seus corações ambiciosos, porque se deixam dominar pelo espírito do mundo moderno, mas Jesus adverte-nos, dizendo: “E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia” (Lc 21.34).


Abraão creu no invisível e foi abençoado pelo Senhor. A terra que ele teve que escolher era inóspita e pedregosa, e não parecia produzir riqueza alguma, mas Abrão aprendeu a depender de Deus, que o fez prosperar e crescer. Nessa história, a despeito de algumas situações de fraqueza a que se rendeu Abrão, em nenhum momento deixou de temer ao Senhor. Se, por um pouco, oscilou na fé e se descuidou da relação com Deus, seu caráter passou por uma drenagem e limpeza para que ele aprendesse a não depender de ações temperamentais. A partir de então, ele pôde iniciar a retomada do caminho da fé. As decisões erradas de outrora seriam apenas lembranças de algo que ele não cometeria mais. Seu caminho estava agora livre para alcançar a vitória do Senhor.


Deus deu o livre-arbítrio ao homem para que, com inteligência e temor em seu coração, saiba escolher e decidir sobre sua vida.



Fonte:
Lições Bíblicas - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Livro de Apoio - O Deus de toda provisão - Esperança e Sabedoria Divina para a Igreja em meio às crises - 4º.trim_2016 CPAD - Comentarista Elienai Cabral
Revista Ensinador Cristão-nº68
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia de Estudo Defesa da Fé
Dicionário Wycliffe

Sugestão de leitura:

Aqui eu Aprendi!
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