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quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Crenças Religiosas

Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas” Mc 7.8

TEXTO BÍBLICO: Gálatas 1.6-12

6 — Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho,
7 — o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.
8 — Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
9 — Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
10 — Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.
11 — Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens,
12 — porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.

INTRODUÇÃO

Hoje, depois de dois mil anos, o conceito original de Cristianismo foi sociologicamente perdido, pois tudo que se faz sob o “símbolo da cruz”, chama-se de Cristianismo, não sendo feita nenhuma depuração, mas no início não foi assim. Ser cristão significava viver como Cristo e jamais o negar, ainda que para isso tivessem de morrer! Não se contaminariam com a cultura do mundo. Eles sempre estavam juntos, vivendo integralmente a contracultura do evangelho. Esse foi o segredo da Igreja Primitiva: produziu uma revolução cultural, pois quando a pessoa é transformada por Cristo, o mundo ao seu redor é mudado. O evangelicalismo deste tempo pós-moderno precisa voltar ao Cristianismo puro e simples.

Muitas das crenças religiosas ditas evangélicas do nosso tempo não mais reproduzem a cosmovisão do Reino de Deus, por se conformarem com o sistema deste mundo.

I. CRESCIMENTO EVANGÉLICO E CRENÇAS RELIGIOSAS

1. Século I.
O crescimento vertiginoso do Cristianismo, no Século I, trouxe a necessidade de se fazer alguns ajustes, para acomodar todas as vertentes étnicas e culturais emergentes. Diante disso, os apóstolos se reuniram em assembleia, na Cidade de Jerusalém, para resolver esse impasse, e ali estabeleceram os comportamentos que deveriam ser praticados por todos (At 15.20-22).

As recomendações apostólicas eram um extrato de amor, santidade e comunhão entre os cristãos do mundo, um ponto de convergência comportamental. Os cristãos primitivos construíram a unidade sem negociar a verdade, pois queriam seguir juntos, com uma cosmovisão sólida e coerente, para que crescessem consistentemente, delineando a identidade cultural cristã. Eles conciliaram o que era aparentemente inconciliável, porque o Espírito Santo alinhou os entendimentos.

2. Séculos XX e XXI.
O Brasil experimentou, ao longo das últimas décadas, um vertiginoso crescimento numérico da igreja evangélica. De acordo com o IBGE, em 1980 algo em torno de 6,6% dos brasileiros eram evangélicos; em 1991, o percentual passou a 9,0%; no ano 2000, subiu para 15,4% da população e no último censo, em 2010, o índice saltou para 22,2%, um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26,2 milhões para 42,3 milhões). Talvez hoje os evangélicos brasileiros já totalizem mais de 50 milhões de pessoas!

No Século I, a igreja cristã cumpriu a Grande Comissão e a comissão cultural, levando o evangelho da salvação e transformando a cultura do mundo antigo. Hoje, entretanto, não se visualiza a existência de uma contracultura produzida uniformemente pelas igrejas evangélicas. Prova disso é que, não obstante esse impressionante crescimento numérico, os índices de criminalidade, prostituição infantil, trabalho escravo, corrupção, dentre outras mazelas sociais, não têm diminuído. Numa análise matemática, o crescimento evangélico não está fazendo diferença na cultura nacional. Algo, então, precisa ser mudado, pois esse não é o efeito prático do Cristianismo puro e simples.

3. Sincretismo evangélico.
Algumas crenças religiosas evangélicas pós-modernas são eminentemente sincréticas, ou seja, misturadas com elementos cultuais da sociedade, notadamente dos elementos cultuais místicos dos católicos, espíritas, dos cultos afros e até das religiões indígenas. Uma miscelânea de ideias e conceitos antagônicos, que buscam o resultado a qualquer custo. Daí advém a realização de novenas, o uso do sal grosso, rosa ungida, a deificação de líderes (cujo suor pode curar), a formulação de poções feitas com dezenas de ingredientes “mágicos”, dentre inúmeras outras práticas, que indicam que os “convertidos” permanecem prisioneiros do misticismo, embora tenham alterado o rótulo religioso.

Com a chegada do Cristianismo verdadeiro há, sempre, uma revolução cultural, pois quando uma pessoa é transformada por Cristo, o mundo ao seu redor é mudado.

II. OS MALES DO SINCRETISMO CULTURAL E RELIGIOSO

1. Pregação da cultura do mundo.
A pregação cristã deve se basear exclusivamente nas Escrituras (Sola Scriptura), mas quando o sincretismo religioso surge, elementos culturais e doutrinários são incorporados gerando apostasia. Exemplo disso são pregações que ensinam e estimulam o amor ao dinheiro e às riquezas.
Isso caracteriza a igreja utilitarista, ou seja, se os resultados numéricos (e financeiros) forem positivos, então o método e a doutrinação podem (e devem) continuar.

Nessa esteira, muito tem proliferado a famigerada teologia da prosperidade, a qual coloca os bens materiais em posição de destaque na vida, estimulando a busca deles. Inclusive, é bom lembrar que não foi Jesus quem disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”, mas o próprio Diabo (Mt 4.9). Todo cuidado é pouco.

2. Humanismo secular.
Consequência indissociável do sincretismo de certas crenças ditas evangélicas é o aparecimento do humanismo secular, — o homem se torna o centro de todas as coisas.

O humanismo tira a primazia de Deus e faz o homem assentar-se soberano; então, assim, a obra de Deus se transforma em “ministério” desta ou daquela celebridade, o púlpito da congregação se transforma em palco e o culto, em show. Como se não bastasse, são outorgados títulos ufanistas aos líderes, tais como apóstolo, patriarca, sumo-sacerdote, e até rei, dentre outros, de maneira a identificá-lo acima dos demais líderes cristãos. Isso é humanismo secular e trata-se de uma apostasia à fé cristã.

3. Uma longa história.
A história do sincretismo do fenômeno religioso é bastante antiga. Quando Moisés demorou a descer do monte, os israelitas fizeram um bezerro de ouro “egípcio” e disseram que aquele era o Senhor. Jeroboão I, ao criar os altares em Dã e Betel, iguais ao de Damasco, convenceu o povo que aqueles lugares seriam os substitutos do Templo em Jerusalém. As consequências em ambos os casos foram terríveis.

Paulo, quando escreveu aos Gálatas repreendeu-os severamente pelo sincretismo daquela igreja. Eles estavam colocando as experiências religiosas acima das Escrituras. Então o apóstolo dos gentios recomendou que não aceitassem outro evangelho, nem que fosse pregado por um anjo (Gl 1.6-8). Qualquer “revelação” que contrariasse a “cosmovisão judaico-cristã” deveria ser considerada uma maldição.

Paulo advertiu sobre o perigo do sincretismo religioso, alertando que qualquer “revelação” que contrariasse o Evangelho deveria ser considerada uma maldição

III. O PERIGO DO ADULTÉRIO ESPIRITUAL

1. Tempos trabalhosos.
Uma vez consolidada a corrupção de uma prática cristã, seja ela cultural, seja doutrinária, aos olhos do Senhor surge um adultério espiritual, o que Deus não tolera. Abundantes são os casos, na Bíblia, em que homens cometeram adultério espiritual e foram severamente punidos. Podem-se citar os acontecimentos envolvendo Nadabe e Abiú, os filhos de Eli, Uzá, Uzias, dentre outros.

Episódio igualmente impressionante foi o de Ananias e Safira (At 5.1-7). Eles mentiram para o apóstolo Pedro, em um ambiente de culto, o que ocasionou suas mortes imediatamente, porque não havia apenas avareza, mas também um sentimento de zombaria, de desprezo pelas coisas do Senhor, um adultério espiritual. Isso acendeu o zelo de Deus. O juízo foi rápido, em cumprimento ao que está escrito: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).

2. Subcultura.
O sincretismo evangélico tende a produzir apenas uma subcultura do mundo, e não uma contracultura do Reino, ou seja, as pessoas passam a viver com particularidades culturais cristãs, sem, todavia, desprenderem-se do modo de vida dominante no mundo. Há uma conformação aos moldes sociais (Rm 12.2), uma aceitação tácita da cultura secular. Tal fato pode ser observado em algumas crenças religiosas do tempo atual que, por exemplo, não enxergam pecado na prática do sexo antes do casamento, aceitam a realização do aborto e do casamento homossexual, admitem toda forma de sensualidade e desejo da carne.

3. Cristianismo puro e simples.
O resultado prático de se viver o cristianismo na sua forma original é o estabelecimento de uma contracultura capaz de responder efetivamente a qualquer questionamento de ordem emocional, espiritual ou social. Está escrito que os crentes primitivos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão [...] E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.42,47).

As denominações evangélicas não devem, em nome da liberdade cristã, dar ocasião ao pecado, pois sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).


CONCLUSÃO

A revolução do Cristianismo continua em ação, porém tem-se observado a ausência de identidade com Cristo de algumas crenças religiosas “cristãs”, o que é dramático. Em qualquer tempo, o indivíduo que se entregar ao Senhor, como fizeram os primeiros cristãos, experimentará algo extraordinário, inigualável, e receberá uma nova vida em Cristo (2Co 5.17), criando ao redor de si uma contracultura transformadora.


SUBSÍDIO I
“O verdadeiro Cristo e a verdadeira fé bíblica estão sendo rapidamente substituídos por alternativas doentias, oferecidas por um grupo de mestres que pertencem ao denominado ‘Movimento da Fé’.

Este câncer vem sendo alimentado por uma constante dieta que poderia ser chamada de ‘cristianismo das refeições rápidas’ — belas na aparência, mas fracas em substância. Os provedores dessa dieta cancerígena têm utilizado o poder das ondas de rádio e televisão, bem como uma pletora de livros e fitas criteriosa e agradavelmente embalados, a fim de atrair suas presas para o jantar. E os desavisados têm sido chamados a amar não o Mestre, mas aquele que está na mesa do Mestre.

Durante anos venho pregando sobre este assunto com uma urgência dramática. Em adição, lembro-me das incontáveis horas passadas com o Dr. Walter Martin (fundador do Instituto Cristão de Pesquisas — EUA), antes de sua morte, discutindo tal catástrofe e suas implicações para a fé cristã histórica.

Para evitar esta crise, precisamos mudar nossa percepção de Deus como um meio para se chegar a um fim, reconhecendo que Ele é um fim em si mesmo. Precisamos mudar duma teologia baseada em perspectivas temporais para uma teologia alicerçada sobre verdades eternas” (HANEGRAAFF, Hank. Cristianismo em Crise. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, pp.14,15).

SUBSÍDIO II
“O perigo é que a cultura popular cristã por imitar os costumes da cultura dominante em estilo, mudando somente o conteúdo. O mercado de música está transbordando com Rock, Rap, Blue, Jazz, Heavy Metal cristãos. As prateleiras das livrarias estão cheias com ‘ficção cristã’, desde histórias de aventuras infantis até romances quase picantes. Parque temáticos cristãos oferecem uma alternativa à Disney e vídeos cristãos para crianças e para pessoas que praticam exercícios são muito vendidos. Em alguns aspectos, esse é um desenvolvimento saudável, mas temos sempre de perguntar: Estamos criando uma genuína cultura cristã, ou estamos apenas criando uma cultura paralela com aparência cristã?  Estamos impondo um conteúdo cristão para uma forma já existente? Pois a forma e o estilo sempre enviam uma mensagem própria.

Quando criamos uma cultura popular cristã, temos que ter cuidado para não simplesmente inserir o conteúdo cristão em qualquer estilo corrente no mercado. Ao invés disso, deveríamos cultivar alguma coisa distintamente cristã tanto no conteúdo quanto na forma. Temos de aprender a identificar as cosmovisões expressadas em várias formas para podermos criticá-las e produzir uma alternativa que seja realmente bíblica” (COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora, como Viveremos? 2ª Edição. RJ: CPAD, 2000, pp.549,550).

Fonte: Lições Bíblicas 3º Trimestre de 2017 Título: Tempo para todas as coisas — Aproveitando as oportunidades que Deus nos dá - Comentarista: Reynaldo Odilo 

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