"Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição," 2 Tessalonicenses 2.3
O livro de Daniel encerra descrevendo um tempo de angústia, sofrimento, engano, genocídios e atrocidades perpetradas por ímpios que não conhecem a Deus e não respeitam a dignidade humana. Mas em meio a esse tempo de angústia há promessa de intervenção divina na história (12.10).
Três versículos devem nos chamar atenção: "E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo" (v.4); "Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim" (v.9); "Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias" (v.12). Estes versículos demonstram o conselho de Deus para o profeta Daniel.
Diante da visão que ele recebera era natural o profeta ter uma atitude de medo acerca do futuro. Mas a palavra de Deus encorajou o profeta, que por certo estava no final da vida, a "ir" até ao fim da existência vivendo em confiança em Deus.
A Escatologia Bíblica não pode paralisar a vida. Quando as profecias concernentes ao futuro foram escritas Deus inspirou os autores com o objetivo de nos trazer esperança. A escatologia não pode fazer terrorismo às pessoas. Quando João recebe a revelação mediante Jesus triunfante, era para lembrar as igrejas que apesar do mal aparente o Senhor nosso Deus é o dono da história e nunca será pego de surpresa, A vida é dom de Deus! Por isso, temos de vivê-la alegremente. Enquanto o nosso Senhor não vem, vivamos a vida com fé, amor (amando a Deus e o próximo) e esperança no aparecimento glorioso do Senhor e Salvador Jesus Cristo! Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD.
"Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão." Daniel 12:10
"A doutrina da ressurreição de Jesus e do corpo é o fundamento da fé cristã e da esperança da Igreja."
No capítulo 12 do Livro de Daniel, não encontramos nenhum aspecto profético em relação às histórias das nações, como encontramos até o capítulo 11.35, excetuando Daniel 9.27. Mas veremos os seguintes temas mencionados no último capítulo de Daniel: O tempo da profecia, a ressurreição dos mortos, a recompensa dos justos e o castigo eterno dos ímpios. [1]
INTRODUÇÃO
Uma descrição do fim do mundo (Daniel 12.1-13)
O capítulo 12 de Daniel é uma seqüência cronológica do capítulo 11. O anjo ainda está revelando a Daniel uma brilhante descrição do tempo do fim. Deus levanta a ponta do véu e revela o fim da história com nuanças gloriosas. As cortinas se fecham e o fim desse drama é a vitória gloriosa do povo de Deus. Vários eventos são descritos nesse capítulo 12. Eles são como balizas que nos direcionam no entendimento do fim da história. De acordo com o sermão profético do Senhor Jesus, o fim do mundo pode ser compreendido por meio do cumprimento de vários sinais: engano religioso, guerras, terremotos, pestilências, apostasia, perseguição, esfriamento do amor, a pregação do evangelho em todo o mundo e o aparecimento do anticristo. Esses sinais proclamam fortemente que estamos vivendo uma espécie de afunilamento da história. [2]
O autor não tinha ideia da grande expansão de tempo que estaria envolvida entre Antíoco e o fim de nossa era. Alguns intérpretes fazem Daniel 11 40-45 referir-se ao futuro anticristo e, assim, saltam muitos séculos para chegar ao fim, que agora é descrito.
“Com a morte de Antíoco Epifânio, começa a consumação final e está em vista a iminência do fim, e Miguel, o anjo guardião dos judeus, se agita. A Grande Tribulação torna-se realmente grande, nos espasmos finais de agonia de um mundo moribundo, que são, ao mesmo tempo, as dores de parto do reino messiânico. A questão inteira termina em uma ressurreição geral, a grande separação entre os salvos e os condenados, e a inauguração do Reino dos santos.
Nesse ponto, termina a visão (vss.1-4), e o profeta recebe ordens para selar o livro. Esse é o fim do apocalipse original, mas a isso foram adicionados três suplementos (vss.5-13):
a) Em uma visão, Daniel viu dois anjos à beira de um rio e perguntou-lhes quanto tempo se passaria até o fim. Ele é informado de que a tribulação se prolongaria por mais três anos e meio. Mas quando ele pede por mais explicações, é convidado a partir,
b) Outro cálculo da duração da abominação fala em 1.290 dias.
c) Um cálculo final transforma isso em 1.335 dias” (Arthur Jeffery, in loc.).
Seja como for, o capitulo 12 passa de coisas temporais para coisas eternas, sendo, assim, uma digna continuação do capítulo 11.
Epílogo: Coisas Pertencentes à Consumação das Eras (12.1 -13) Temos aqui duas divisões principais: vss.1-3 (Israel é libertado) ou vss.1-4 (fim da tribulação e a ressurreição); e vss.4-13 (conclusão). [3]
I - O TEMPO DA PROFECIA (12.1)
1. Qual é o tempo?
“E haverá um tempo de angústia”.
Dois pontos focais devem ser analisados no presente versículo:
1) O período sombrio da Grande Tribulação.
2) O grande livramento de Deus para todo aquele que se encontrar “escrito no livro da vida”.
Observemos o primeiro ponto:
"... tempo de angústia”. O texto em foco deve ser confrontado com Marcos 13.19, onde lemos: “Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá”. Todos os estudiosos das profecias sabem claramente que período está em foco.
- E o da Grande Tribulação. Este período de sete anos, que chamamos de contagem regressiva, é um período de acontecimentos singulares. Há mais profecias concernentes a este período do que a qualquer outro descrito em toda a extensão da Bíblia.
Todos sabemos que a Grande Tribulação será um tempo de angústias sem precedentes na história humana; o seu centro será Jerusalém e a Terra Santa, mas, de um certo modo, envolverá todo o mundo (Ap 3.10). A sua duração será de sete anos, ocupando, assim, a última semana profética da visão de Daniel, conforme cap. 9.24-27. Esse termo “tribulação” é citado com referências escatológicas, como são vistas em Mt 24.21; Mc 13.19; Dn 12.1. (Ver 2Ts 1.6 e ss.; Ap 7.14).
O “Dia do Senhor” que, em 2Ts 2.2 se traduz também por “dia de Cristo” em outras versões, e refere-se exclusivamente a esse tempo do fim. Todos esses acontecimentos aqui narrados, terão lugar, logo após o arrebatamento da igreja do Senhor aqui deste mundo (1Ts 4.17). A vinda da Grande Tribulação sobre a terra será de repente, inesperada; virá sobre todos os moradores da terra, num tempo em que disserem: “Há paz e segurança”. Aquele dia virá como uma destruição do Senhor; isso está em toda a extensão profética, tanto dos profetas como dos apóstolos do Senhor; ele virá como um fogo devorador; será um dia de angústia, de aflição; será o dia da vingança do nosso Deus, conforme está escrito; será um dia de ira e de nuvens, um dia de tristeza e de escuridão, de negrura e de trevas. As estrelas e as constelações do céu não darão a sua luz. O sol escurecerá ao nascer (Is 13.10; Zc 14.7; Ap 19.17). A lua se tornará em sangue. Os céus e a terra serão abalados e a terra será removida do seu lugar (Is 24.20). A indignação do Senhor cairá sobre todos os povos. Ele castigará o mundo pela maldade existente e os ímpios, pela sua iniquidade. Trará aflição sobre os homens, porquanto pecaram contra Deus.
2) “Mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”. O apóstolo João, em sua visão futurística, faz referências especificadas ao “Livro da Vida”. Ele estará presente no Juízo Final do Grande Trono Branco (Ap 20.13). Mas ali João observa que, além do livro das obras, à direita do Juízo, “... abriu-se outro livro, que é o da vida”. O Livro da Vida vem citado nas Escrituras, nas seguintes passagens: Ex 32.33; SI 69.28; Lc 10.20; Fl 4.3. Em Isaías 4.3 e Daniel 7.10 e 12.1 (o texto em foco), deve ter o mesmo sentido. Este livro é chamado de “O Livro da Vida” porque, do ponto divino de observação, é o que ele é (Ap 3.5; 5.13; 8.17; 20.12,15). No Livro da Vida constará o nome da nação israelita. Por essa razão, a Grande Tribulação não apagará o seu nome da face da terra. (ver Mt 24.34). [4]
2. A libertação de Israel.
Mas a Grande Tribulação traz consigo muito mais do que o clímax do mal; ela introduz o triunfo de Deus. Um dos aspectos importantes que o livro de Daniel ensina é que os poderes do mundo celestial estão profundamente interessados e engajados nos afazeres dos homens na terra. E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo. Esse é o arcanjo convocado para socorrer, o Ser glorioso em Daniel 10.13. Vemos o clímax dramático em Apocalipse 12.7-8: “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram”.
Fica claro que o povo de Israel está envolvido no clímax da história. Seguidas vezes encontramos em Daniel as seguintes expressões: o teu povo ou os filhos do teu povo. Ao mesmo tempo é necessário guardar uma perspectiva. Deus tem uma preocupação com toda a humanidade. Os eventos que marcam o clímax das eras são cósmicos; seu impacto é internacional e mundial. A Palestina é, sem dúvida, um estágio da ação divina. Mas toda a terra e os céus constituem a cena da operação final de Deus nessa era. O ponto para o qual a história está se movendo é a culminação do Reino de Deus. [5]
Guerra no Céu (Ap 12.7,8)
Agora a cena volta-se para o céu, para a grande batalha entre Miguel (cujo nome significa "quem é como Deus?") e seus anjos de um lado, e o dragão e os seus anjos de outro. Miguel é chamado de "arcanjo" ou "anjo chefe" por Judas (v.9). Algumas tradições antigas dizem que havia quatro arcanjos, e outras falavam em sete. A Bíblia, contudo, identifica somente um: Miguel.
A batalha é o esforço supremo e último de Satanás para derrotar os anjos de Deus, e inutilizar-lhe o plano. Por enquanto, vêm Satanás e seus demônios exercendo sua autoridade sobre o mundo espiritual, esferas de influência e governantes que jazem nas trevas do pecado (Ef 6.12 ). Mas as pretensões do adversário não conhecem limite. O original grego, porém, indica que o ataque será iniciado pelo arcanjo Miguel. As forças da justiça estão em ação. O domínio de Satanás está chegando ao fim.
O dragão é incapaz de vencer o conflito com o céu. Ele tem poder, mas não pode ser comparado a Miguel. Resultado: qualquer que tenha sido o acesso de Satanás e seus anjos ao céu, este não estará mais disponível, pois "nem mais se achou no céu o lugar deles" (v.8). Encorajemo-nos: Satanás já um inimigo derrotado.
Satanás é Lançado à Terra (Ap 12.9)
Agora, o dragão é claramente definido. Ele é "a antiga serpente" por haver tentado Eva no jardim do Éden. É também chamado "diabo e Satanás". Ele é o caluniador e nosso adversário (ver 1Pe 5.8). É também identificado como o "enganador de todo o mundo". Começou suas trapaças com Eva, e ainda tenta enganar tanto o mundo como a Igreja (2Co 11.3). Mas quando Miguel e seus anjos o derrotarem, ele será lançado à terra juntamente com todos os seus anjos para infernizar com mais intensidade e fúria a humanidade, pois o seu tempo é curto.
Quando os setenta discípulos retornaram a Jesus, e contaram-lhe que até mesmo os demônios se lhes submetiam, viu o Mestre que tais vitórias eram uma antecipação de uma vitória maior. A vitória de Miguel e seus anjos, todavia, não é a derrota final de Satanás. Apesar de não mais ser capaz de entrar nas regiões celestiais, o adversário ainda terá poder sobre a terra. Seu tempo, porém, é curto. Assim que o julgamento se completar, ele será amarrado e lançado no abismo. A terra estará livre de suas tentações e dos seus ardis e planos maléficos por mil anos (Ap 20.1-3). [6]
Palavras de Jesus: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12.31).
3. Os anjos no mundo hoje.
Com respeito aos ministérios específicos dos anjos na terra e em favor da raça humana — especialmente os santos — os detalhes formam um campo muito extenso de investigação que não pode ser empreendido aqui. Embora os anjos estivessem presentes na criação, nenhuma referência é feita aos ministérios deles na terra até o tempo de Abraão. Na companhia do Senhor, eles visitaram o patriarca nos carvalhais de Manre (Gn 18.1,2), e dali partiram para libertar Ló. Os anjos apareceram a Jacó e eram familiares a Moisés. Está escrito que a Lei "foi promulgada por meio de anjos" (Gl 3.19), e foi administrada por "ministério de anjos" (At 7.53). O cuidado que eles têm pelo povo eleito de Deus é afirmado em ambos os Testamentos. No Salmo 91.11,12 está escrito: "Porque a seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra"; e em Hebreus 1.14: "Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?"
Em seu segundo advento, "mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes" (Mt 13.41,42; cf. v. 30).
Também é dito que Cristo "enviará os seus anjos com grande clamor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (Mt 24.31). A presença dos anjos nas cenas do segundo advento é enfatizada geralmente. Está escrito: "Porque o Filho do homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras" (Mt 16.27). "E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus" (Lc 12.8, 9). A estes deve ser acrescentado Judas 14, contexto a que as palavras milhares de santos são melhor traduzidas como santas miríades, e podem se referir a anjos. [7]
"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." João 14:1-3
"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro." 1 Tessalonicenses 4:16
Porque o mesmo Senhor (16; cf. “este mesmo Jesus”, At 1.11, NVI), não um anjo, mas aquele a quem eles amam e servem, aquele que conhece os que lhe pertencem (2Tm 2.19), descerá do céu (cf. Jo 14.1-3). Certos expositores supõem que os três fenômenos auxiliares, o alarido, a voz e a trombeta, são três expressões da uma mesma coisa; mas podemos reputar que cada um tem um significado distinto.
O alarido (“grito de comando”, NTLH; cf. CH, RA) é palavra usada no grego para denotar o brado do comandante aos seus soldados em combate, o grito do cocheiro aos seus cavalos, ou o comando do mestre de um navio aos seus remadores. E uma convocação superior e autorizada, que empolga e estimula. Fala aqui de Cristo como Vencedor (cf. Jo 5.25-29). No único outro lugar da Bíblia que menciona arcanjo (Jd 9), a referência é a Miguel. Nas Escrituras, a trombeta (“som da trombeta”, AEC, BJ, NTLH; cf. BV, CH) de Deus (cf. 1Co 15.52) acompanha caracteristicamente e denota a importância, solenidade ou majestade de grandes ocasiões religiosas (cf. Ex 19.16,19; J1 2.1; Ap 1.10). Não há nada nesta passagem que apóie a ideia de arrebatamento secreto.
Com o grito de comando, dado talvez pelo arcanjo, os que morreram em Cristo serão chamados da sepultura e ressuscitarão primeiro. A pequena frase os que morreram em Cristo apresenta de modo brilhante e conciso uma verdade preciosa: não é que em vida eles estavam em Cristo, mas que na morte eles estão em Cristo e com Cristo. A declaração ressuscitarão primeiro tem relação direta com o subseqüente ato de apanhar de supetão os que estiverem vivos (17), e não diz respeito a uma segunda ressurreição dos demais mortos sobre os quais nada é dito. Paulo trata da doutrina da ressurreição com alguns detalhes em 1 Coríntios 15.
Enquanto o Senhor desce, os crentes sobem para encontrar o Senhor nos ares (17). Só nos resta a entender que, no mesmo ato súbito pelo qual os mortos em Cristo serão ressuscitados, os que ficarmos vivos (ver comentários em 15) seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens (17). Os que estiverem vivos não têm vantagem sobre os que estiverem mortos. Seremos arrebatados é tradução do verbo grego harpazo, que quer dizer “apoderar-se, reivindicar avidamente para si mesmo, arrebatar, apanhar, agarrar e levar a toda velocidade, capturar, pegar de surpresa”. Disto derivamos o termo “arrebatamento”. Haverá uma reunião feliz com os amados falecidos e ressuscitados; os que estiverem vivos serão arrebatados juntamente com eles. Para realizar isto, o corpo dos que estiverem vivos terá de ser transformado (cf. Rm 8.23; 1 Co 15.50-53; Fp 3.21).
As nuvens e os ares significam a atmosfera inferior sobre a terra. Talvez haja sinal de conquista nas expressões, visto que Paulo diz que os ares são o domínio de Satanás (Ef 2.2), e outros textos falam que as nuvens estão associadas com a volta do Senhor em poder (Dn 7.13; Mt 24.30). [8]
II - RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA (Dn 12.2-4).
1. Ressurreição.
Ressurreição no Novo Testamento. No NT, o termo gr. anastasis refere-se à ressurreição do corpo morto à vida. Somente em Lucas 2.34 a palavra é traduzida de outra forma, e mesmo ali o termo ressurreição pode ser a tradução correta. Isto não tem de ser um ajuntamento de parte por parte ou a restituição do antigo corpo de carne, uma vez que o corpo da ressurreição é um corpo com qualidades completamente diferentes do antigo corpo, mas significa a constituição de um corpo como aquele que foi recebido pelo Senhor Jesus Cristo (Fp 3.21), e apropriado para o estado eterno da alma.
O NT claramente ensina uma ordem ou série na ressurreição. Paulo revela em 1 Coríntios 15.20-24 que deve ser "cada um por sua ordem. Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. Depois, virá o fim". Isto concorda com o que o próprio Senhor Jesus Cristo havia dito em João 5.28ss.: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação". Daniel, como já visto, indica duas ressurreições, e Apocalipse 20.4-6 fala de uma primeira ressurreição dos santos como distinta de uma segunda, a dos "outros mortos" ou a do "restante" dos mortos, os perdidos, e diz que a segunda está separada da primeira por mil anos. Em 1 Tessalonicenses 4.16,17 são apenas os mortos em Cristo que são ressuscitados em sua vinda, e estes são imediatamente levados, arrebatados, ao céu (cf. a advertência de Cristo para estarmos prontos para o arrebatamento em Mateus 24.40-44; Marcos 13.28,29; Lucas 21.29-31). [9]
"E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno." Daniel 12:2
Dn 12.2- Esta é uma clara referência à ressurreição dos justos e dos impios, embora o destino eterno de cada grupo seja bem diferente. Até esta época, não era comum ensinar sobre a ressurreição, apesar de todos os israelitas crerem que um dia seriam incluídos na restauração do novo Reino. Esta referência ã ressurreição física dos salvos e dos perdidos foi uma renúncia severa da crença comum (ver também Jó 19.25,26; Si 16.10; e Is 26.19 para outras referências sobre a ressurreição no AT). BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD.
2. As duas ressurreições.
Dn 12.2 O presente versículo fala sobre ressurreição em sentido geral: dos justos e dos ímpios; mas é evidente que, pelo procedimento das regras teológicas dentro da hermenêutica sagrada, uma deve estar distante da outra cerca de mil (1.000) anos; a primeira terá lugar no arrebatamento da igreja, sendo depois complementada por outros exemplares deste gênero (as duas testemunhas e os mártires da Grande Tribulação); enquanto a outra (a dos ímpios), só mil (1.000) anos depois (Jo 5.29; 1 Co 15.23), cada uma por sua ordem.
As Escrituras Sagradas usam pelo menos três (3) termos técnicos sobre “ressurreição”, que são desenvolvidos em vários de seus elementos doutrinários:
Ressurreição de Mortos.
No Antigo Testamento, são:
1) O filho da viúva de Serepta, de Sidom - Elias é a personagem em foco nesta ressurreição - (1Rs 17.21, 22).
2) O filho da Sunamita - Eliseu é o personagem em foco nesta ressurreição - (2Rs 4.34, 35).
3) O homem que foi lançado de improviso na sepultura de Eliseu - os ossos de Eliseu foi o ponto marcante nesta ressurreição - (2Rs 13.20, 21).
4) Para alguns expositores das Escrituras, Jonas morreu e foi levantado da morte, tornando-se assim, uma figura muito expressiva da morte e ressurreição de Cristo (Mt 12.40). "... se isso realmente aconteceu, o fato somente acrescenta mais uma às ressurreições registradas na Bíblia. Para aqueles que crêem em Deus, não há dificuldade em crer em ressurreição, uma vez suficientemente provada” (doutor Torrey). Se assim foi, o personagem nesta ressurreição foi a pessoa de Deus.
No Novo Testamento, são:
5) O filho da viúva de Naim - Jesus foi o personagem em foco nesta ressurreição - (Lc 7.11-17).
6) A filha de Jairo - Jesus foi o personagem em foco nesta ressurreição - (Lc 8.54, 55).
7) Lázaro de Betânia - Jesus foi a figura central nesta ressurreição - (Jo 11.43, 44).
8) Dorcas ou Tabita - Pedro foi o personagem em foco nesta ressurreição - (At 9.40, 41).
9) Um jovem de nome Eutico - o personagem nesta ressurreição foi o apóstolo Paulo - (At 20.9-12).
Ressurreição dentre os mortos.
Esta compreende:
1) CRISTO (1 Co 15.20 e 23).
2) Os que ressuscitaram por ocasião da ressurreição de Cristo (Mt 27.52, 53). Esses santos foram incluídos na palavra “primícias”, dita a respeito de Cristo; “primícias” não pode ser “uma só” mas “um feixe” (Lv 23; 10.1; Sm 25.29), e, por essa razão devem seguir a ordem da ressurreição de Cristo. O leitor deve observar bem a frase: “E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele [Jesus]”. Na ressurreição para a imortalidade, todos têm de seguir a ordem da ressurreição de Cristo (At 26.23), visto que, na qualidade de “colheita”, Cristo foi “o primeiro exemplar”.
3) Os que são de Cristo, na sua vinda (1 Co 15.23, 42).
4) As duas testemunhas escatológicas (Ap 11.11, 12).
5) Os mártires da Grande Tribulação (Ap 20.4). Todos esses são exemplares da primeira ressurreição, que é para a imortalidade; ainda que cada “um por sua ordem”. Paulo chama este gênero de "... a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23).
Ressurreição dos mortos. Esta é geral e abrangente quanto ao tempo. O texto em foco, neste capítulo 12, fala dela como sendo uma ressurreição “para vergonha e desprezo eterno”. Ela alcança a todos os pecadores que morreram em seus delitos e pecados (Dn 12.2; Jo 5.28,29; Ap 20.5). Em Is 26.14, temos a frase de difícil interpretação no que diz respeito à ressurreição: “Morrendo eles, não tornarão a viver; falecendo, não ressuscitarão”. Nós subentendemos que, eles não ressuscitarão para a vida eterna, pois todos hão de ressuscitar um dia; a menos que seja esta uma exceção na Bíblia, como bem podemos ver nas palavras do próprio Deus quanto a Amaleque: “Eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus” (Êx 17.14). [4]
Ap 20.12,13 A expressão “os mortos, grandes e pequenos” provavelmente se refere a todas as pessoas - crentes e não-crentes. Ninguém conseguirá escapar ao escrutínio de Deus. Não se sabe por que “os mortos” são chamados.
Alguns sugerem que este é o julgamento apenas dos não-crentes, porque eles seriam aqueles, ainda mortos, que participariam da segunda ressurreição (20.5). No entanto, é mais provável que isto se refira a todos, pois Deus “está preparado para julgar os vivos e os mortos” (I Pe 4.5). Cristo descreveu o julgamento de todas as pessoas (Mt 25.31-33.46). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2
3. “A ciência se multiplicará”
O saber se multiplicará. Esta parte do versículo tem sido popularmente compreendida como uma referência ao grande aumento do conhecimento nos últimos dias. De fato, os últimos cem anos da história do mundo têm testificado descobertas científicas que põem em eclipse todos os séculos anteriores juntos. Mas a principal referência é ao aumento do conhecimento sobre a profecia e sobre os eventos que este livro apresenta. [3]
A primeira ressurreição refere-se aos justos e a segunda, após o milênio, aos ímpios (Jo 5.29; Mt 25.46; cf. Dn 12.2; Jo 5.28,29; 1Co 15.51,52).
III - A PROFECIA FOI SELADA (12.8 11)
1. A profecia está selada.
Que essa profecia sobre aqueles tempos, embora selada agora, será de grande proveito para aqueles que viverem então (v.4).
Daniel deve agora encerrar as palavras e selar o livro, porque o tempo seria longo antes que essas coisas acontecessem. E era de alguma consolação que a nação judaica (embora, no início de seu retomo da Babilônia tenham sido poucos e fracos, e tenham enfrentado dificuldades em seu trabalho) só tenha sido perseguida por causa da sua religião muito tempo depois, quando havia crescido em força e maturidade. Ele deve selar o livro porque este não seria entendido (e, portanto, seria ignorado), até que as coisas contidas nele fossem cumpridas. Mas ele deve guardá-lo com segurança, como um tesouro de grande valor, escrito para as gerações futuras, para as quais seria de grande utilidade. Porque muitos correriam de um lado para outro, e o conhecimento seria aumentado. Então esse tesouro escondido vai ser aberto e muitos o pesquisarão, e buscarão o seu conhecimento, como se estivessem buscando a prata. Eles correrão de um lado para outro, procurando cópias dele, o examinarão, e verificarão sua veracidade e autenticidade. Eles o lerão diversas vezes, meditarão nele, e o revisarão em suas mentes. Eles debaterão a seu respeito, e falarão dele entre si, e compararão as notas que fizeram a respeito dele, desejando, por qualquer meio, decifrar o seu significado. E assim o conhecimento será aumentado.
Consultando essa profecia naquela ocasião, eles serão levados a buscar outras escrituras, que contribuirão muito para o seu avanço no conhecimento verdadeiro e útil. Porque então saberão se conseguiram prosseguir no conhecimento do Senhor (Os 6.3). Aqueles que quiserem ter seu conhecimento aumentado deverão se esforçar, não deverão ficar parados em ociosidade e desejos pobres, mas deverão correr de um lado para outro, fazendo uso de todos os meios de conhecimento, e aproveitando todas as oportunidades para terem os seus erros corrigidos, as suas dúvidas sanadas, e o seu conhecimento das coisas de Deus desenvolvido, para saberem mais e melhor sobre aquilo que sabem.
E, vemos aqui como há motivos para termos esperanças de que:
1. As coisas de Deus que agora estão encobertas e obscuras vão se tomar claras, e fáceis de ser entendidas. A verdade é filha do tempo. As profecias da Escritura serão explicadas pelo seu próprio cumprimento. Por isso elas são dadas, e para essa explicação elas estão reservadas. Por isso elas nos são ditas com antecedência, para que, quando se cumprirem, possamos crer.
2. As coisas de Deus que são desprezadas e negligenciadas, e descartadas como inúteis, sejam consideradas importantes. O povo descobrirá que elas são de grande proveito, e as pedirão. Assim, a revelação divina, embora tenha sido desprezada por algum tempo, será engrandecida e honrada, sobretudo no juízo do grande dia, quando os livros serão abertos, e aquele livro entre os demais. [10]
Selado (hb. chatham) (Dn 12.9; Is 29.11 ;J r 32.10)
Essa palavra significa selar. Para autenticar um documento e certificá-lo de sua integridade, um rei ou oficial o lacrava com uma aplicação de argila ou cera e estampava essa aplicação com a impressão de seu selo. O documento então carregava a autoridade dessa pessoa e não podia ser aberto sem que o lacre fosse quebrado. Antigamente, cartas (1Reis 21.8), escrituras (Jr 32.10), acordos (Neemias 10.1) e decretos reais (Ester 3.12) eram autenticados com selos. Os anúncios proféticos de Daniel eram selados também, só que simbolicamente (Dn 12.9), indicando sua autoridade e imutabilidade, até que fossem cumpridos. Em Apocalipse, um selo de julgamento é quebrado, indicando que o cumprimento do que está escrito se fez (Ap 5.1-10). [11]
2. O “tempo do Fim”.
Assim, veio a palavra a Daniel: vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias (13; cf. v. 9).
Adam Clarke apresenta uma palavra confortadora:
“Temos aqui um conselho apropriado para cada pessoa.
1) Você tem um caminho — um caminho na vida, que Deus determinou para você; ande neste caminho; este é o seu caminho.
2) Haverá um fim para você de todas as coisas terrenas. A morte está diante da porta e a eternidade está muito próxima; vá até o fim — seja fiel até a morte.
3) Há um descanso preparado para o povo de Deus. Você descansará; seu corpo no túmulo; sua alma no favor divino aqui e, finalmente, no paraíso.
4) Como na Terra Prometida, havia muito para cada pessoa do povo de Deus, assim haverá muito para você. Não se feche para essa promessa, não a negocie, não permita que o inimigo a roube de você. Esteja determinado a se levantar para receber a herança, no fim dos dias. Cuide para guardar a fé; morra no Senhor Jesus, para que você possa ressuscitar e reinar com Ele por toda a eternidade”.
Alexander Maclaren sugere uma Mensagem para o Ano Novo com os seguintes pensamentos do versículo 13:
1) A Jornada — Vai (“siga o seu caminho”, NVI).
2) O Lugar de Descanso do Peregrino — porque descansarás.
3) O Lar Final — estarás na tua sorte, no fim dos dias.
Daniel recebeu a clara confirmação da sua esperança em relação à imortalidade. Séculos, e até milênios, passariam antes do seu cumprimento integral. Mas no fim dos dias, quando a consumação chegar, Daniel estará lá reunido com as multidões dos remidos da terra e do céu. Então ele será, não um espectador de visões, mas um participante dos tremendos acontecimentos na introdução da plena glória do Reino de Deus. No arrebatamento ele observará a glória, a sabedoria e a honra Daquele que desde o princípio determinou o cumprimento da história do Reino de Deus. Ele participará do grande “Aleluia” dos redimidos. Então os “reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo. E ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). [5]
3. Humildade e finitude.
Dn 12.8 “Eu, pois, ouvi, mas não entendi’. O presente versículo, confrontado com o versículo 7 (o anterior), e com o versículo 5 do cap.10, nos dá entender que Daniel seria um dos personagens que estavam na banda do rio, vendo esta maravilhosa visão. Daniel contemplava a visão e ouviu as palavras, que iam sendo proferidas, mas nada entendia! O anjo também ficou sem entender aquela visão tão sublime.
O apóstolo João entendeu muito bem o sentido da voz dos sete trovões, porém, a exemplo de Paulo, foi-lhe vedado escrever ou revelar a mensagem (2Co 12.4 e Ap 10.4). Porém a Daniel, nem isso lhe foi concedido. Existem, no eterno propósito de Deus, mistérios desconhecidos até mesmo pelos anjos. Mas Daniel sabia que “as coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus”, por isso, com toda a humildade, pediu a interpretação dessas coisas (Dt 29.29). [4]
Daniel demonstrou a sua humildade e reconheceu a sua finitude! Não devemos sentir-nos inferiores a outras pessoas quando não entendermos um assunto bíblico. O que não devemos é inventar teorias que contrariam as Escrituras. E para isso é preciso entender o que a Bíblia diz.
As palavras de Daniel são uma grande advertência para quem lida com as profecias e a interpretação da Bíblia em geral. Atentemos para as palavras de Jesus quando foi indagado pelos discípulos a respeito da restauração do reino a Israel: "Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder" Atos 1.7 [1]
CONCLUSÃO
Neste trimestre estudamos o livro de Daniel. Vimos como a soberania de Deus age na história. Aprendemos sobre a importância de mantermos um caráter íntegro na presença de Deus e diante dos homens. Vivendo à luz da esperança do arrebatamento da Igreja, é urgente vigiar, orar e dedicar-nos ao estudo da Palavra de Deus.
Jesus Cristo voltará! Esta era a esperança dos apóstolos e da Igreja Primitiva. E igualmente era a esperança de muitos cristãos até o século IV. Mas por muitos anos, parte da Igreja se descuidou a respeito desta esperança. Contudo, com o advento da Reforma Protestante, a esperança quanto à vinda de Jesus foi renovada na Igreja. Com o Movimento Pentecostal Clássico deu-se a explosão dessa mensagem. Em nosso país, qual o pentecostal que não conhece a célebre frase: “Jesus Cristo salva, cura, batiza com o Espírito Santo e breve voltará”? Maranata! Ora vem Senhor Jesus!
Subsídio Teológico
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão (Dn 12.2). Essa é a revelação mais clara da doutrina da ressurreição no Antigo Testamento. Ela nos lembra que é Cristo que ‘trouxe à luz a vida e a incorrupção’ (2Tm 1.10). Alguns intérpretes acreditam que a ressurreição mencionada aqui é uma ressurreição parcial relacionada somente aos judeus que morreram na tribulação. Calvino insiste em que esse estreitamento do escopo é injustificável. Para ele, esse texto ressalta o aspecto do mal e do bem, ou seja, alguns serão separados para a vida eterna e outros para a vergonha e condenação eterna. Ele entende que a palavra muitos significa ‘os muitos’ ou ‘todos’ e que aqui se tem em mente a ressurreição geral” (PRICE, Ross; GRAY, C. Paul (et al).Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. 1ª Edição. Volume 4. RJ: CPAD, 2005, pp.543-44).
I - O TEMPO DA PROFECIA (12.1)
1. Qual é o tempo?
“E haverá um tempo de angústia”.
Dois pontos focais devem ser analisados no presente versículo:
1) O período sombrio da Grande Tribulação.
2) O grande livramento de Deus para todo aquele que se encontrar “escrito no livro da vida”.
Observemos o primeiro ponto:
"... tempo de angústia”. O texto em foco deve ser confrontado com Marcos 13.19, onde lemos: “Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá”. Todos os estudiosos das profecias sabem claramente que período está em foco.
- E o da Grande Tribulação. Este período de sete anos, que chamamos de contagem regressiva, é um período de acontecimentos singulares. Há mais profecias concernentes a este período do que a qualquer outro descrito em toda a extensão da Bíblia.
Todos sabemos que a Grande Tribulação será um tempo de angústias sem precedentes na história humana; o seu centro será Jerusalém e a Terra Santa, mas, de um certo modo, envolverá todo o mundo (Ap 3.10). A sua duração será de sete anos, ocupando, assim, a última semana profética da visão de Daniel, conforme cap. 9.24-27. Esse termo “tribulação” é citado com referências escatológicas, como são vistas em Mt 24.21; Mc 13.19; Dn 12.1. (Ver 2Ts 1.6 e ss.; Ap 7.14).
O “Dia do Senhor” que, em 2Ts 2.2 se traduz também por “dia de Cristo” em outras versões, e refere-se exclusivamente a esse tempo do fim. Todos esses acontecimentos aqui narrados, terão lugar, logo após o arrebatamento da igreja do Senhor aqui deste mundo (1Ts 4.17). A vinda da Grande Tribulação sobre a terra será de repente, inesperada; virá sobre todos os moradores da terra, num tempo em que disserem: “Há paz e segurança”. Aquele dia virá como uma destruição do Senhor; isso está em toda a extensão profética, tanto dos profetas como dos apóstolos do Senhor; ele virá como um fogo devorador; será um dia de angústia, de aflição; será o dia da vingança do nosso Deus, conforme está escrito; será um dia de ira e de nuvens, um dia de tristeza e de escuridão, de negrura e de trevas. As estrelas e as constelações do céu não darão a sua luz. O sol escurecerá ao nascer (Is 13.10; Zc 14.7; Ap 19.17). A lua se tornará em sangue. Os céus e a terra serão abalados e a terra será removida do seu lugar (Is 24.20). A indignação do Senhor cairá sobre todos os povos. Ele castigará o mundo pela maldade existente e os ímpios, pela sua iniquidade. Trará aflição sobre os homens, porquanto pecaram contra Deus.
2) “Mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”. O apóstolo João, em sua visão futurística, faz referências especificadas ao “Livro da Vida”. Ele estará presente no Juízo Final do Grande Trono Branco (Ap 20.13). Mas ali João observa que, além do livro das obras, à direita do Juízo, “... abriu-se outro livro, que é o da vida”. O Livro da Vida vem citado nas Escrituras, nas seguintes passagens: Ex 32.33; SI 69.28; Lc 10.20; Fl 4.3. Em Isaías 4.3 e Daniel 7.10 e 12.1 (o texto em foco), deve ter o mesmo sentido. Este livro é chamado de “O Livro da Vida” porque, do ponto divino de observação, é o que ele é (Ap 3.5; 5.13; 8.17; 20.12,15). No Livro da Vida constará o nome da nação israelita. Por essa razão, a Grande Tribulação não apagará o seu nome da face da terra. (ver Mt 24.34). [4]
2. A libertação de Israel.
Mas a Grande Tribulação traz consigo muito mais do que o clímax do mal; ela introduz o triunfo de Deus. Um dos aspectos importantes que o livro de Daniel ensina é que os poderes do mundo celestial estão profundamente interessados e engajados nos afazeres dos homens na terra. E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo. Esse é o arcanjo convocado para socorrer, o Ser glorioso em Daniel 10.13. Vemos o clímax dramático em Apocalipse 12.7-8: “E houve batalha no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão; e batalhavam o dragão e os seus anjos, mas não prevaleceram”.
Fica claro que o povo de Israel está envolvido no clímax da história. Seguidas vezes encontramos em Daniel as seguintes expressões: o teu povo ou os filhos do teu povo. Ao mesmo tempo é necessário guardar uma perspectiva. Deus tem uma preocupação com toda a humanidade. Os eventos que marcam o clímax das eras são cósmicos; seu impacto é internacional e mundial. A Palestina é, sem dúvida, um estágio da ação divina. Mas toda a terra e os céus constituem a cena da operação final de Deus nessa era. O ponto para o qual a história está se movendo é a culminação do Reino de Deus. [5]
Guerra no Céu (Ap 12.7,8)
Agora a cena volta-se para o céu, para a grande batalha entre Miguel (cujo nome significa "quem é como Deus?") e seus anjos de um lado, e o dragão e os seus anjos de outro. Miguel é chamado de "arcanjo" ou "anjo chefe" por Judas (v.9). Algumas tradições antigas dizem que havia quatro arcanjos, e outras falavam em sete. A Bíblia, contudo, identifica somente um: Miguel.
A batalha é o esforço supremo e último de Satanás para derrotar os anjos de Deus, e inutilizar-lhe o plano. Por enquanto, vêm Satanás e seus demônios exercendo sua autoridade sobre o mundo espiritual, esferas de influência e governantes que jazem nas trevas do pecado (Ef 6.12 ). Mas as pretensões do adversário não conhecem limite. O original grego, porém, indica que o ataque será iniciado pelo arcanjo Miguel. As forças da justiça estão em ação. O domínio de Satanás está chegando ao fim.
O dragão é incapaz de vencer o conflito com o céu. Ele tem poder, mas não pode ser comparado a Miguel. Resultado: qualquer que tenha sido o acesso de Satanás e seus anjos ao céu, este não estará mais disponível, pois "nem mais se achou no céu o lugar deles" (v.8). Encorajemo-nos: Satanás já um inimigo derrotado.
Satanás é Lançado à Terra (Ap 12.9)
Agora, o dragão é claramente definido. Ele é "a antiga serpente" por haver tentado Eva no jardim do Éden. É também chamado "diabo e Satanás". Ele é o caluniador e nosso adversário (ver 1Pe 5.8). É também identificado como o "enganador de todo o mundo". Começou suas trapaças com Eva, e ainda tenta enganar tanto o mundo como a Igreja (2Co 11.3). Mas quando Miguel e seus anjos o derrotarem, ele será lançado à terra juntamente com todos os seus anjos para infernizar com mais intensidade e fúria a humanidade, pois o seu tempo é curto.
Quando os setenta discípulos retornaram a Jesus, e contaram-lhe que até mesmo os demônios se lhes submetiam, viu o Mestre que tais vitórias eram uma antecipação de uma vitória maior. A vitória de Miguel e seus anjos, todavia, não é a derrota final de Satanás. Apesar de não mais ser capaz de entrar nas regiões celestiais, o adversário ainda terá poder sobre a terra. Seu tempo, porém, é curto. Assim que o julgamento se completar, ele será amarrado e lançado no abismo. A terra estará livre de suas tentações e dos seus ardis e planos maléficos por mil anos (Ap 20.1-3). [6]
Palavras de Jesus: “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (Jo 12.31).
3. Os anjos no mundo hoje.
Com respeito aos ministérios específicos dos anjos na terra e em favor da raça humana — especialmente os santos — os detalhes formam um campo muito extenso de investigação que não pode ser empreendido aqui. Embora os anjos estivessem presentes na criação, nenhuma referência é feita aos ministérios deles na terra até o tempo de Abraão. Na companhia do Senhor, eles visitaram o patriarca nos carvalhais de Manre (Gn 18.1,2), e dali partiram para libertar Ló. Os anjos apareceram a Jacó e eram familiares a Moisés. Está escrito que a Lei "foi promulgada por meio de anjos" (Gl 3.19), e foi administrada por "ministério de anjos" (At 7.53). O cuidado que eles têm pelo povo eleito de Deus é afirmado em ambos os Testamentos. No Salmo 91.11,12 está escrito: "Porque a seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos. Eles te susterão nas suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra"; e em Hebreus 1.14: "Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação?"
Em seu segundo advento, "mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes" (Mt 13.41,42; cf. v. 30).
Também é dito que Cristo "enviará os seus anjos com grande clamor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (Mt 24.31). A presença dos anjos nas cenas do segundo advento é enfatizada geralmente. Está escrito: "Porque o Filho do homem há de vir na glória do seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras" (Mt 16.27). "E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus; mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus" (Lc 12.8, 9). A estes deve ser acrescentado Judas 14, contexto a que as palavras milhares de santos são melhor traduzidas como santas miríades, e podem se referir a anjos. [7]
"Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." João 14:1-3
"Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro." 1 Tessalonicenses 4:16
Porque o mesmo Senhor (16; cf. “este mesmo Jesus”, At 1.11, NVI), não um anjo, mas aquele a quem eles amam e servem, aquele que conhece os que lhe pertencem (2Tm 2.19), descerá do céu (cf. Jo 14.1-3). Certos expositores supõem que os três fenômenos auxiliares, o alarido, a voz e a trombeta, são três expressões da uma mesma coisa; mas podemos reputar que cada um tem um significado distinto.
O alarido (“grito de comando”, NTLH; cf. CH, RA) é palavra usada no grego para denotar o brado do comandante aos seus soldados em combate, o grito do cocheiro aos seus cavalos, ou o comando do mestre de um navio aos seus remadores. E uma convocação superior e autorizada, que empolga e estimula. Fala aqui de Cristo como Vencedor (cf. Jo 5.25-29). No único outro lugar da Bíblia que menciona arcanjo (Jd 9), a referência é a Miguel. Nas Escrituras, a trombeta (“som da trombeta”, AEC, BJ, NTLH; cf. BV, CH) de Deus (cf. 1Co 15.52) acompanha caracteristicamente e denota a importância, solenidade ou majestade de grandes ocasiões religiosas (cf. Ex 19.16,19; J1 2.1; Ap 1.10). Não há nada nesta passagem que apóie a ideia de arrebatamento secreto.
Com o grito de comando, dado talvez pelo arcanjo, os que morreram em Cristo serão chamados da sepultura e ressuscitarão primeiro. A pequena frase os que morreram em Cristo apresenta de modo brilhante e conciso uma verdade preciosa: não é que em vida eles estavam em Cristo, mas que na morte eles estão em Cristo e com Cristo. A declaração ressuscitarão primeiro tem relação direta com o subseqüente ato de apanhar de supetão os que estiverem vivos (17), e não diz respeito a uma segunda ressurreição dos demais mortos sobre os quais nada é dito. Paulo trata da doutrina da ressurreição com alguns detalhes em 1 Coríntios 15.
Enquanto o Senhor desce, os crentes sobem para encontrar o Senhor nos ares (17). Só nos resta a entender que, no mesmo ato súbito pelo qual os mortos em Cristo serão ressuscitados, os que ficarmos vivos (ver comentários em 15) seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens (17). Os que estiverem vivos não têm vantagem sobre os que estiverem mortos. Seremos arrebatados é tradução do verbo grego harpazo, que quer dizer “apoderar-se, reivindicar avidamente para si mesmo, arrebatar, apanhar, agarrar e levar a toda velocidade, capturar, pegar de surpresa”. Disto derivamos o termo “arrebatamento”. Haverá uma reunião feliz com os amados falecidos e ressuscitados; os que estiverem vivos serão arrebatados juntamente com eles. Para realizar isto, o corpo dos que estiverem vivos terá de ser transformado (cf. Rm 8.23; 1 Co 15.50-53; Fp 3.21).
As nuvens e os ares significam a atmosfera inferior sobre a terra. Talvez haja sinal de conquista nas expressões, visto que Paulo diz que os ares são o domínio de Satanás (Ef 2.2), e outros textos falam que as nuvens estão associadas com a volta do Senhor em poder (Dn 7.13; Mt 24.30). [8]
II - RESSURREIÇÃO E VIDA ETERNA (Dn 12.2-4).
1. Ressurreição.
Ressurreição no Novo Testamento. No NT, o termo gr. anastasis refere-se à ressurreição do corpo morto à vida. Somente em Lucas 2.34 a palavra é traduzida de outra forma, e mesmo ali o termo ressurreição pode ser a tradução correta. Isto não tem de ser um ajuntamento de parte por parte ou a restituição do antigo corpo de carne, uma vez que o corpo da ressurreição é um corpo com qualidades completamente diferentes do antigo corpo, mas significa a constituição de um corpo como aquele que foi recebido pelo Senhor Jesus Cristo (Fp 3.21), e apropriado para o estado eterno da alma.
O NT claramente ensina uma ordem ou série na ressurreição. Paulo revela em 1 Coríntios 15.20-24 que deve ser "cada um por sua ordem. Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. Depois, virá o fim". Isto concorda com o que o próprio Senhor Jesus Cristo havia dito em João 5.28ss.: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação". Daniel, como já visto, indica duas ressurreições, e Apocalipse 20.4-6 fala de uma primeira ressurreição dos santos como distinta de uma segunda, a dos "outros mortos" ou a do "restante" dos mortos, os perdidos, e diz que a segunda está separada da primeira por mil anos. Em 1 Tessalonicenses 4.16,17 são apenas os mortos em Cristo que são ressuscitados em sua vinda, e estes são imediatamente levados, arrebatados, ao céu (cf. a advertência de Cristo para estarmos prontos para o arrebatamento em Mateus 24.40-44; Marcos 13.28,29; Lucas 21.29-31). [9]
"E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno." Daniel 12:2
Dn 12.2- Esta é uma clara referência à ressurreição dos justos e dos impios, embora o destino eterno de cada grupo seja bem diferente. Até esta época, não era comum ensinar sobre a ressurreição, apesar de todos os israelitas crerem que um dia seriam incluídos na restauração do novo Reino. Esta referência ã ressurreição física dos salvos e dos perdidos foi uma renúncia severa da crença comum (ver também Jó 19.25,26; Si 16.10; e Is 26.19 para outras referências sobre a ressurreição no AT). BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD.
2. As duas ressurreições.
Dn 12.2 O presente versículo fala sobre ressurreição em sentido geral: dos justos e dos ímpios; mas é evidente que, pelo procedimento das regras teológicas dentro da hermenêutica sagrada, uma deve estar distante da outra cerca de mil (1.000) anos; a primeira terá lugar no arrebatamento da igreja, sendo depois complementada por outros exemplares deste gênero (as duas testemunhas e os mártires da Grande Tribulação); enquanto a outra (a dos ímpios), só mil (1.000) anos depois (Jo 5.29; 1 Co 15.23), cada uma por sua ordem.
As Escrituras Sagradas usam pelo menos três (3) termos técnicos sobre “ressurreição”, que são desenvolvidos em vários de seus elementos doutrinários:
Ressurreição de Mortos.
No Antigo Testamento, são:
1) O filho da viúva de Serepta, de Sidom - Elias é a personagem em foco nesta ressurreição - (1Rs 17.21, 22).
2) O filho da Sunamita - Eliseu é o personagem em foco nesta ressurreição - (2Rs 4.34, 35).
3) O homem que foi lançado de improviso na sepultura de Eliseu - os ossos de Eliseu foi o ponto marcante nesta ressurreição - (2Rs 13.20, 21).
4) Para alguns expositores das Escrituras, Jonas morreu e foi levantado da morte, tornando-se assim, uma figura muito expressiva da morte e ressurreição de Cristo (Mt 12.40). "... se isso realmente aconteceu, o fato somente acrescenta mais uma às ressurreições registradas na Bíblia. Para aqueles que crêem em Deus, não há dificuldade em crer em ressurreição, uma vez suficientemente provada” (doutor Torrey). Se assim foi, o personagem nesta ressurreição foi a pessoa de Deus.
No Novo Testamento, são:
5) O filho da viúva de Naim - Jesus foi o personagem em foco nesta ressurreição - (Lc 7.11-17).
6) A filha de Jairo - Jesus foi o personagem em foco nesta ressurreição - (Lc 8.54, 55).
7) Lázaro de Betânia - Jesus foi a figura central nesta ressurreição - (Jo 11.43, 44).
8) Dorcas ou Tabita - Pedro foi o personagem em foco nesta ressurreição - (At 9.40, 41).
9) Um jovem de nome Eutico - o personagem nesta ressurreição foi o apóstolo Paulo - (At 20.9-12).
Ressurreição dentre os mortos.
Esta compreende:
1) CRISTO (1 Co 15.20 e 23).
2) Os que ressuscitaram por ocasião da ressurreição de Cristo (Mt 27.52, 53). Esses santos foram incluídos na palavra “primícias”, dita a respeito de Cristo; “primícias” não pode ser “uma só” mas “um feixe” (Lv 23; 10.1; Sm 25.29), e, por essa razão devem seguir a ordem da ressurreição de Cristo. O leitor deve observar bem a frase: “E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele [Jesus]”. Na ressurreição para a imortalidade, todos têm de seguir a ordem da ressurreição de Cristo (At 26.23), visto que, na qualidade de “colheita”, Cristo foi “o primeiro exemplar”.
3) Os que são de Cristo, na sua vinda (1 Co 15.23, 42).
4) As duas testemunhas escatológicas (Ap 11.11, 12).
5) Os mártires da Grande Tribulação (Ap 20.4). Todos esses são exemplares da primeira ressurreição, que é para a imortalidade; ainda que cada “um por sua ordem”. Paulo chama este gênero de "... a redenção do nosso corpo” (Rm 8.23).
Ressurreição dos mortos. Esta é geral e abrangente quanto ao tempo. O texto em foco, neste capítulo 12, fala dela como sendo uma ressurreição “para vergonha e desprezo eterno”. Ela alcança a todos os pecadores que morreram em seus delitos e pecados (Dn 12.2; Jo 5.28,29; Ap 20.5). Em Is 26.14, temos a frase de difícil interpretação no que diz respeito à ressurreição: “Morrendo eles, não tornarão a viver; falecendo, não ressuscitarão”. Nós subentendemos que, eles não ressuscitarão para a vida eterna, pois todos hão de ressuscitar um dia; a menos que seja esta uma exceção na Bíblia, como bem podemos ver nas palavras do próprio Deus quanto a Amaleque: “Eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus” (Êx 17.14). [4]
Ap 20.12,13 A expressão “os mortos, grandes e pequenos” provavelmente se refere a todas as pessoas - crentes e não-crentes. Ninguém conseguirá escapar ao escrutínio de Deus. Não se sabe por que “os mortos” são chamados.
Alguns sugerem que este é o julgamento apenas dos não-crentes, porque eles seriam aqueles, ainda mortos, que participariam da segunda ressurreição (20.5). No entanto, é mais provável que isto se refira a todos, pois Deus “está preparado para julgar os vivos e os mortos” (I Pe 4.5). Cristo descreveu o julgamento de todas as pessoas (Mt 25.31-33.46). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2
3. “A ciência se multiplicará”
O saber se multiplicará. Esta parte do versículo tem sido popularmente compreendida como uma referência ao grande aumento do conhecimento nos últimos dias. De fato, os últimos cem anos da história do mundo têm testificado descobertas científicas que põem em eclipse todos os séculos anteriores juntos. Mas a principal referência é ao aumento do conhecimento sobre a profecia e sobre os eventos que este livro apresenta. [3]
A primeira ressurreição refere-se aos justos e a segunda, após o milênio, aos ímpios (Jo 5.29; Mt 25.46; cf. Dn 12.2; Jo 5.28,29; 1Co 15.51,52).
III - A PROFECIA FOI SELADA (12.8 11)
1. A profecia está selada.
Que essa profecia sobre aqueles tempos, embora selada agora, será de grande proveito para aqueles que viverem então (v.4).
Daniel deve agora encerrar as palavras e selar o livro, porque o tempo seria longo antes que essas coisas acontecessem. E era de alguma consolação que a nação judaica (embora, no início de seu retomo da Babilônia tenham sido poucos e fracos, e tenham enfrentado dificuldades em seu trabalho) só tenha sido perseguida por causa da sua religião muito tempo depois, quando havia crescido em força e maturidade. Ele deve selar o livro porque este não seria entendido (e, portanto, seria ignorado), até que as coisas contidas nele fossem cumpridas. Mas ele deve guardá-lo com segurança, como um tesouro de grande valor, escrito para as gerações futuras, para as quais seria de grande utilidade. Porque muitos correriam de um lado para outro, e o conhecimento seria aumentado. Então esse tesouro escondido vai ser aberto e muitos o pesquisarão, e buscarão o seu conhecimento, como se estivessem buscando a prata. Eles correrão de um lado para outro, procurando cópias dele, o examinarão, e verificarão sua veracidade e autenticidade. Eles o lerão diversas vezes, meditarão nele, e o revisarão em suas mentes. Eles debaterão a seu respeito, e falarão dele entre si, e compararão as notas que fizeram a respeito dele, desejando, por qualquer meio, decifrar o seu significado. E assim o conhecimento será aumentado.
Consultando essa profecia naquela ocasião, eles serão levados a buscar outras escrituras, que contribuirão muito para o seu avanço no conhecimento verdadeiro e útil. Porque então saberão se conseguiram prosseguir no conhecimento do Senhor (Os 6.3). Aqueles que quiserem ter seu conhecimento aumentado deverão se esforçar, não deverão ficar parados em ociosidade e desejos pobres, mas deverão correr de um lado para outro, fazendo uso de todos os meios de conhecimento, e aproveitando todas as oportunidades para terem os seus erros corrigidos, as suas dúvidas sanadas, e o seu conhecimento das coisas de Deus desenvolvido, para saberem mais e melhor sobre aquilo que sabem.
E, vemos aqui como há motivos para termos esperanças de que:
1. As coisas de Deus que agora estão encobertas e obscuras vão se tomar claras, e fáceis de ser entendidas. A verdade é filha do tempo. As profecias da Escritura serão explicadas pelo seu próprio cumprimento. Por isso elas são dadas, e para essa explicação elas estão reservadas. Por isso elas nos são ditas com antecedência, para que, quando se cumprirem, possamos crer.
2. As coisas de Deus que são desprezadas e negligenciadas, e descartadas como inúteis, sejam consideradas importantes. O povo descobrirá que elas são de grande proveito, e as pedirão. Assim, a revelação divina, embora tenha sido desprezada por algum tempo, será engrandecida e honrada, sobretudo no juízo do grande dia, quando os livros serão abertos, e aquele livro entre os demais. [10]
Selado (hb. chatham) (Dn 12.9; Is 29.11 ;J r 32.10)
Essa palavra significa selar. Para autenticar um documento e certificá-lo de sua integridade, um rei ou oficial o lacrava com uma aplicação de argila ou cera e estampava essa aplicação com a impressão de seu selo. O documento então carregava a autoridade dessa pessoa e não podia ser aberto sem que o lacre fosse quebrado. Antigamente, cartas (1Reis 21.8), escrituras (Jr 32.10), acordos (Neemias 10.1) e decretos reais (Ester 3.12) eram autenticados com selos. Os anúncios proféticos de Daniel eram selados também, só que simbolicamente (Dn 12.9), indicando sua autoridade e imutabilidade, até que fossem cumpridos. Em Apocalipse, um selo de julgamento é quebrado, indicando que o cumprimento do que está escrito se fez (Ap 5.1-10). [11]
2. O “tempo do Fim”.
Assim, veio a palavra a Daniel: vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias (13; cf. v. 9).
Adam Clarke apresenta uma palavra confortadora:
“Temos aqui um conselho apropriado para cada pessoa.
1) Você tem um caminho — um caminho na vida, que Deus determinou para você; ande neste caminho; este é o seu caminho.
2) Haverá um fim para você de todas as coisas terrenas. A morte está diante da porta e a eternidade está muito próxima; vá até o fim — seja fiel até a morte.
3) Há um descanso preparado para o povo de Deus. Você descansará; seu corpo no túmulo; sua alma no favor divino aqui e, finalmente, no paraíso.
4) Como na Terra Prometida, havia muito para cada pessoa do povo de Deus, assim haverá muito para você. Não se feche para essa promessa, não a negocie, não permita que o inimigo a roube de você. Esteja determinado a se levantar para receber a herança, no fim dos dias. Cuide para guardar a fé; morra no Senhor Jesus, para que você possa ressuscitar e reinar com Ele por toda a eternidade”.
Alexander Maclaren sugere uma Mensagem para o Ano Novo com os seguintes pensamentos do versículo 13:
1) A Jornada — Vai (“siga o seu caminho”, NVI).
2) O Lugar de Descanso do Peregrino — porque descansarás.
3) O Lar Final — estarás na tua sorte, no fim dos dias.
Daniel recebeu a clara confirmação da sua esperança em relação à imortalidade. Séculos, e até milênios, passariam antes do seu cumprimento integral. Mas no fim dos dias, quando a consumação chegar, Daniel estará lá reunido com as multidões dos remidos da terra e do céu. Então ele será, não um espectador de visões, mas um participante dos tremendos acontecimentos na introdução da plena glória do Reino de Deus. No arrebatamento ele observará a glória, a sabedoria e a honra Daquele que desde o princípio determinou o cumprimento da história do Reino de Deus. Ele participará do grande “Aleluia” dos redimidos. Então os “reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo. E ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15). [5]
3. Humildade e finitude.
Dn 12.8 “Eu, pois, ouvi, mas não entendi’. O presente versículo, confrontado com o versículo 7 (o anterior), e com o versículo 5 do cap.10, nos dá entender que Daniel seria um dos personagens que estavam na banda do rio, vendo esta maravilhosa visão. Daniel contemplava a visão e ouviu as palavras, que iam sendo proferidas, mas nada entendia! O anjo também ficou sem entender aquela visão tão sublime.
O apóstolo João entendeu muito bem o sentido da voz dos sete trovões, porém, a exemplo de Paulo, foi-lhe vedado escrever ou revelar a mensagem (2Co 12.4 e Ap 10.4). Porém a Daniel, nem isso lhe foi concedido. Existem, no eterno propósito de Deus, mistérios desconhecidos até mesmo pelos anjos. Mas Daniel sabia que “as coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus”, por isso, com toda a humildade, pediu a interpretação dessas coisas (Dt 29.29). [4]
Daniel demonstrou a sua humildade e reconheceu a sua finitude! Não devemos sentir-nos inferiores a outras pessoas quando não entendermos um assunto bíblico. O que não devemos é inventar teorias que contrariam as Escrituras. E para isso é preciso entender o que a Bíblia diz.
As palavras de Daniel são uma grande advertência para quem lida com as profecias e a interpretação da Bíblia em geral. Atentemos para as palavras de Jesus quando foi indagado pelos discípulos a respeito da restauração do reino a Israel: "Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder" Atos 1.7 [1]
CONCLUSÃO
Neste trimestre estudamos o livro de Daniel. Vimos como a soberania de Deus age na história. Aprendemos sobre a importância de mantermos um caráter íntegro na presença de Deus e diante dos homens. Vivendo à luz da esperança do arrebatamento da Igreja, é urgente vigiar, orar e dedicar-nos ao estudo da Palavra de Deus.
Jesus Cristo voltará! Esta era a esperança dos apóstolos e da Igreja Primitiva. E igualmente era a esperança de muitos cristãos até o século IV. Mas por muitos anos, parte da Igreja se descuidou a respeito desta esperança. Contudo, com o advento da Reforma Protestante, a esperança quanto à vinda de Jesus foi renovada na Igreja. Com o Movimento Pentecostal Clássico deu-se a explosão dessa mensagem. Em nosso país, qual o pentecostal que não conhece a célebre frase: “Jesus Cristo salva, cura, batiza com o Espírito Santo e breve voltará”? Maranata! Ora vem Senhor Jesus!
Subsídio Teológico
“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão (Dn 12.2). Essa é a revelação mais clara da doutrina da ressurreição no Antigo Testamento. Ela nos lembra que é Cristo que ‘trouxe à luz a vida e a incorrupção’ (2Tm 1.10). Alguns intérpretes acreditam que a ressurreição mencionada aqui é uma ressurreição parcial relacionada somente aos judeus que morreram na tribulação. Calvino insiste em que esse estreitamento do escopo é injustificável. Para ele, esse texto ressalta o aspecto do mal e do bem, ou seja, alguns serão separados para a vida eterna e outros para a vergonha e condenação eterna. Ele entende que a palavra muitos significa ‘os muitos’ ou ‘todos’ e que aqui se tem em mente a ressurreição geral” (PRICE, Ross; GRAY, C. Paul (et al).Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. 1ª Edição. Volume 4. RJ: CPAD, 2005, pp.543-44).
Fonte:
Lições Bíblicas - 4º Trimestre de 2014 - CPAD - Para jovens e adultos - Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. Editora CPAD
Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD.
[1]Elienai Cabral. Integridade Moral e Espiritual. O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje Editora CPAD.Revista Ensinador Cristão. Editora CPAD.
[2]LOPES Hernandes Dias. DANIEL Um homem amado no céu. Editora Hagnos
[3]CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos
[4]Severino Pedro da Silva. Daniel versículo por versículo. Editora CPAD.
[5]Roy E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4
[6]HORTON, Stanley M. Serie Comentário Bíblico Apocalipse As coisas que brevemente devem acontecer. Editora CPAD
[7]Lewis Sperry Chafer. Teologia Sistemática. Editora Hagnos. Vol I-II.
[8]Árnold E. Airhart. Comentário Bíblico Beacon. I e II Tessalonicenses. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 391.
[9]PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD.
[10]HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD.
[11]EarI D. Radmacher: Ronald B. Allen: H. Wayne House. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora Central Gospel. pag. 1295.
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