“[...] porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” 2Tm 1.12
Caro [leitor] professor, esta lição iniciará a abordagem da segunda Epístola de Paulo a
Timóteo. Nesta oportunidade, o apóstolo encontrava-se preso. É a última vez que
ele falara da sua prisão, pois de onde estava o apóstolo, este iria para o
“matadouro”, isto é, o martírio. Uma
das características mais tocantes nesta carta é a comprovação da fé inabalável
do apóstolo Paulo. Numa prisão, e do ponto de vista humano, perder a esperança
é explicável.
Na história da Igreja de Cristo, ao longo das perseguições do
império romano, muitos cristãos negaram oficialmente a sua fé, pelos menos
apenas de lábios, para não perderem as suas vidas e protegerem a integridade da
sua família. Mas a vida do apóstolo, ainda que “presa” em sua dimensão física,
confinada pela prisão romana, tinha liberdade plena e confiança em Deus para
propagar livremente a palavra divina.
O
apóstolo dos gentios tinha uma convicção internalizada na alma de que estava
cumprindo sua missão, mesmo preso numa prisão abjeta. Toda a sua vida se dava
em torno da dimensão proclamatória do Evangelho a todos os povos. Isso fazia
Paulo compreender que tudo o que acontecia com ele, direta ou indiretamente,
levaria prosperar o Evangelho nas regiões habitadas por povos gentílicos. Paulo
cria firmemente que Deus, segundo a sua maravilhosa graça, estava conduzindo a
sua vida e a expansão do Evangelho como um tapeceiro que, por intermédio de
movimentos ondulado, tece o tapete. Então, como o “tapeceiro da vida”, Deus
“tecia” a existência do apóstolo. Por isso, é possível vermos na epístola
expressões como “dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo
com uma consciência pura, porque sem cessar faço memória de ti nas minhas
orações, noite e dia” (v.3). Diante de todas as circunstâncias que o apóstolo
estava imerso, ele dava “graças a Deus”, o servia “com uma consciência pura”, e
fazia “memória de ti [Timóteo] nas minhas orações, noite e dia”. Ou seja, o
jovem pastor de Éfeso constantemente era objeto das orações do apóstolo Paulo,
mesmo este preso.
Ao
longo dos capítulos 1 e 2, o apóstolo expõe uma série de conselhos que perpassa
pelo despertamento da vocação de Timóteo (v.6), de sentir-se valorizado por
testemunhar o Senhor pela mensagem que o apóstolo pregava (v.8), da conservação
do modelo das sãs palavras aplicadas pelo apóstolo (v.13), do fortalecimento na
graça que há em Cristo Jesus (2.1), um convite a sofrer as aflições como um bom
soldado de Cristo (2.3) etc. Eis os convites de um preso do Senhor!
Revista Ensinador Cristão nº63
2 Epístola Timóteo
É importante ressaltar que esta foi a última carta de Paulo. Esta
epístola foi escrita em uma época em que os crentes estavam enfrentando uma
forte oposição por parte do imperador Nero. Paulo estava sob a custódia do
governo romano, sendo tratado como um criminoso comum e abandonado por alguns
amigos (1.15).
O crente, assim como o líder, precisa ter convicção de sua chamada e de sua condição de salvo em Jesus Cristo.
Na primeira carta a Timóteo era evidente a preocupação do
apóstolo Paulo em alertar a igreja em Éfeso com relação aos falsos mestres e
seus ensinos perigosos contra a fé cristã. Na segunda carta, no entanto,
podemos perceber que ele se dedica a ensinar sobre diversos assuntos, de
caráter específico e bem pessoal para com o seu discípulo amado. Paulo começa a
segunda carta lembrando a sua origem e firmeza no evangelho, e demonstra o
cuidado extremado que tinha para com a vida espiritual de Timóteo, lembrando,
também, a origem do discípulo, oriundo de uma família cristã exemplar.
Escrevendo
da prisão, Paulo demonstra seu caráter cristão fortalecido na fé em Jesus.
Quando muitos, sem estarem presos, não conseguem manter-se firmes na fé, Paulo
manifesta sua fortaleza de caráter e personalidade cristãos. A prisão é lugar
que destrói a muitos, levando-os ao desespero e à descrença. No entanto, Paulo
comprova que podia estar preso fisicamente, confinado a uma cela romana, mas
seu espírito e sua fé estavam perfeitamente livres para continuar servindo a
Deus e que “a palavra de Deus não está presa” (2Tm 2.9). Ele mostra que valeu
a pena ter contribuído para a formação de um jovem obreiro, o qual, em seu
lugar, o representava tão bem, a ponto de ser seu embaixador junto à igreja em Éfeso.
Paulo
concita Timóteo a não se envergonhar do evangelho, nem dele, seu mestre, pelo
fato de estar na prisão. Certamente, ele já tinha a consciência de que um
discípulo de Cristo não pode envergonhar-se dEle (Mt 10.32,33). Paulo declara
solenemente sua certeza e firmeza na fé, estimulando Timóteo a não fraquejar em
qualquer circunstância: “[...] por cuja causa padeço também isto, mas não me
envergonho, por que eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso
para guardar o meu depósito até àquele Dia” (2Tm 1.12). Um exemplo de fé para
todos os obreiros, em todos os tempos. Nunca se deve desanimar, mesmo quando as
circunstâncias forem adversas.
I
- ORAÇÕES E AÇÕES DE GRAÇAS
1.
Intercessão por Timóteo
O
pastor Paulo sabia das necessidades de Timóteo, e orava por ele, intercedendo
por sua firmeza e vitória espiritual, ante as lutas que enfrentava como um
jovem obreiro, ainda sem a experiência necessária para saber conduzir-se em
situações de maior desafio à liderança. Ele passa a expressar seu cuidado,
dizendo que orava sem cessar, “noite e dia” (2Tm 1.3). Será que nos dias
presentes os pastores mais antigos oram pelos mais novos com verdadeiro amor?
Sem dúvida, nos dias de hoje, faz-se necessário ainda mais esse cuidado com os
novos obreiros do Senhor.
Muitos
deles ressentem-se da falta de interesse dos que os consagraram ou sobre eles
impuseram as mãos, no dia da consagração ou separação para o ministério.
Devemos seguir o exemplo de Paulo, que, tendo enviado Timóteo para
supervisionar a igreja em Éfeso, não deixou seu “filho na fé” (1Tm 1.2)
entregue a si mesmo, nas pesadas tarefas que havia de desenvolver. Lembremos
que, para uma carta chegar às mãos de um destinatário, àquela época, muitos
dias ou até meses levariam para chegar ao destino.
2.
A Sensibilidade de Paulo
Paulo
era um dos expoentes máximos dos apóstolos de Cristo. Suas qualificações
ministeriais são reconhecidas por todos os estudiosos e intérpretes do Novo
Testamento. Mas não se descurava do lado humano do ministério. Um exemplo para
a liderança cristã. Há casos em que o obreiro é (ou julga-se) tão importante,
que se esquece dos aspectos humanos e emocionais da igreja e dos seus
liderados. E dirigem a igreja local como se fosse uma organização técnica,
racional e fria. Há casos em que, se o obreiro “não atingir as metas”,
geralmente financeiras, pode ser “dispensado” sem a menor consideração. Isso
não deve ser característica de um ministério cristão.
Paulo
diz a Timóteo, depois de algum tempo cumprindo a missão em Éfeso (1Tm 1.3; 2Tm 1.18), que desejava vê-lo de perto, e se lembrava de suas lágrimas, para ser
confortado com sua presença. Lembremos de que Paulo estava preso, em meio à
perseguição de Nero aos cristãos (2Tm 1.16,17); fora abandonado por muitos
amigos (2Tm 1.15); e sentia que seu ministério aproximava-se do fim. Nessa
seção da carta, podemos perceber, de um lado, as necessidades emocionais de
Paulo; e o cuidado e o afeto que o velho pastor tinha por seu discípulo mais
novo. De outro lado, percebemos que Timóteo era um obreiro igualmente sensível
e humano. Ele derramava lágrimas, em algumas ocasiões, quando comungava com
Paulo os seus sofrimentos ou decepções no ministério. Chorar faz bem, quando as
lágrimas são de alegria, ou de emoções incontidas, diante das adversidades.
Tranquiliza e equilibra a mente e o corpo. O próprio Senhor Jesus chorou, ao
ver a dureza dos seus concidadãos, em Jerusalém (Jo 11.35).
3.
A Formação Familiar de Timóteo
Timóteo
era um jovem obreiro de caráter exemplar. Seu discipulado começou no lar, com
o exemplo de sua avó, Loide, e de sua mãe, Eunice, ambas judias, mas
convertidas ao evangelho. Seu pai era grego. Não há informação quanto a ele ter
ou não se convertido ao evangelho.
Não
temos a menor dúvida de que a formação familiar de Timóteo incluía o ensino da
sã doutrina, do culto no lar e a valorização da piedade cristã. Em seu
crescimento espiritual, cumpriu-se o que a Bíblia diz: “Instrui o menino no
caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv
22.6). Para isso, faz-se necessário que a adoração a Deus, no lar, ou o culto
doméstico, seja valorizada. Uma recomendação que fazia parte da educação
judaica, desde tempos antigos. “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso
coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por
testeiras entre os vossos olhos, e ensinai-as a vossos filhos, falando delas
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;
e escreve-as nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 11.18-20). A
educação familiar de Timóteo serve de exemplo para as famílias cristãs atuais.
II
- A CONVICÇÃO EM DEUS
1.
A Imposição de Mãos
Paulo
conclui essa parte da sua segunda carta a Timóteo fazendo referência ao “dom de
Deus”, que nele existia, pela imposição de mãos do seu mentor espiritual “Por
este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela
imposição das minhas mãos” (2 Tm 1.6). Esse “dom” (gr. charisma) era sem dúvida
o “dom” para o ministério. A imposição de mãos sempre foi um ritual de grande
valor, na vida ministerial da igreja cristã.1 Jesus usou as mãos para efetuar
várias curas (Mc 6.3; Lc 4.40). Saulo foi curado pela imposição de mãos de
Ananias (At 9.17). Jesus impôs as mãos e abençoou crianças (Mc 10.16); o
batismo com o Espírito Santo era ministrado com imposição de mãos (At 19.6),
como uma das formas de seu recebimento. A consagração de obreiros era
solenemente realizada com imposição de mãos do ministério ou do presbitério (1Tm 4.14; 2Tm 1.6), prática que é seguida, hoje, em quase todas as igrejas
evangélicas.
2.
0 Espírito de Fortaleza, de Amor e de Moderação
“Porque
Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de
moderação” (2Tm 1.7). Não obstante a tradução do termo “espírito” estar em
letra minúscula, refere-se à presença do Espírito Santo na vida do jovem
obreiro. Esse “espírito” ou essa presença, não é de “temor”. Mas é espírito de
“fortaleza, e de amor, e de moderação”. Aqui, vemos algo muito sublime. O
Espírito Santo é Espírito de fortaleza, mas suas ações e atividades são feitas
com equilíbrio. O poder do Espírito Santo atua com “fortaleza” e, ao mesmo
tempo, com “amor” e “moderação”. Há lugares, em que, em determinados eventos ou
reuniões, há um verdadeiro escândalo de falta de equilíbrio, no uso dos dons
espirituais.
A
falta do discernimento espiritual tem levado igrejas inteiras ao histerismo
sensacionalista, que em nada glorifica ao Senhor.
Diante
dessa declaração enfática sobre o poder do Espírito Santo, na vida dos crentes,
Paulo exorta Timóteo, dizendo:
Portanto,
não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou
prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de
Deus, que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas
obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo
Jesus, antes dos tempos dos séculos, e que é manifesta, agora, pela aparição de
nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a
incorrupção, pelo evangelho. (2Tm 1.8-10)
Essa
exortação nos mostra que o crente em Jesus não deve jamais se envergonhar dEle
nem dos seus pastores que dão suas vidas pela igreja do Senhor.
O
apóstolo concitou Timóteo a participar “das aflições do evangelho”. Ele sabia o
que falava, não por ouvir dizer, ou por teoria ou retórica humana. Paulo passou
pelo fogo do sofrimento pelo amor a Deus e à sua obra.
Timóteo
tinha conhecimento das experiências de Paulo, em suas jornadas em prol da
igreja do Senhor Jesus. Mais do que qualquer outro apóstolo, ele sofreu de modo
intenso para cumprir sua missão. Ele lembrou tais fatos a Timóteo, para que o
jovem obreiro não se envergonhasse de Deus nem do seu pastor ante os inúmeros
momentos de tribulações que experimentara. Sua certeza da vitória, não obstante
as circunstâncias adversas se levantarem, quais ondas num mar encapelado, o fez
exclamar, num verdadeiro “Cântico de Vitória” (Rm 8.37-39).
3.
Doutor dos Gentios
Dando
seqüência às suas palavras de encorajamento, Paulo diz a Timóteo, exaltando a
Cristo: “(...j para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos
gentios; por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho, porque eu
sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu
depósito até àquele Dia” (2Tm 1.11,12). Ele tinha consciência e convicção de
sua chamada tríplice, tendo sido constituído para ser “pregador, apóstolo e
doutor dos gentios”. Como pregador Paulo tinha o talento e o dom natural da
oratória. Exímio orador, poliglota, Deus usou-o com essas qualidades, fazendo
dele o maior dos intérpretes do evangelho de Cristo, através de suas mensagens
a muitos povos. Como apóstolo, ainda que sendo “grande” em sua estatura
espiritual e ministerial, considerava-se a si mesmo “o menor dos apóstolos” (1Co 15.9).
Como
“doutor dos gentios”, reconheceu que, em si mesmo, recebeu, da parte de Deus,
conhecimentos e sabedoria que não foram dados a outros. Seu “doutorado” foi realizado
e concluído na “faculdade da tribulação” (Rm 5.3), nos cursos de especialização
em sofrimentos:
Até
esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas,
e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias
mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos; somos
blasfemados e rogamos; até ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste
mundo e como a escória de todos. (1 Co 4.11-13)
Após
sua autoapresentação, Paulo exorta Timóteo a manter-se firme na fé, conservando
“o modelo das sãs palavras”, que o jovem discípulo recebeu, da parte de Paulo,
“na fé e na caridade que há em Cristo Jesus’ (2Tm 1.13). E o incentiva,
dizendo: “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós” (2Tm
1.14). O “bom depósito” era o acervo de conhecimentos que Paulo e Timóteo
receberam da parte de Deus. É o “tesouro”, guardado em “vaso de barro” que deve
glorificar a Deus: “Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a
excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co 4.7).
III
- UM CONVITE AO SOFRIMENTO POR CRISTO
1.
0 Fortalecimento na Graça
“Tu,
pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim,
entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos
para também ensinarem os outros” (2Tm 2.1,2). Todo cristão precisa ser forte,
principalmente no aspecto espiritual. O jovem discípulo de Paulo certamente
enfrentava desafios além de suas forças. Obreiro novo, deve ter se defrontado
com homens mais idosos e experientes, que não acreditavam no seu potencial. Os
falsos mestres que se encontravam em Éfeso devem ter se oposto ao jovem
obreiro. Diante dessa realidade, estando tão distante, Paulo lhe diz que devia
fortificar-se “na graça que há em Cristo Jesus”. Sem dúvida essa fortaleza
deve fazer parte da vida do obreiro em qualquer situação. Muitas vezes, em
situações de tranquilidade no ministério, o obreiro pode descuidar-se de buscar
o poder de Deus, e fracassar.
Diante
das lutas, tribulações e tentações, o crente só vence se tiver a força que vem
do alto. Escrevendo aos efésios, Paulo disse: “No demais, irmãos meus,
fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder (Ef 6.10). Fortalecer-se na
graça é fortalecer-se no Senhor e na força do seu poder”. Paulo estava
sofrendo. Preso e sentindo o abandono de seus amigos, na hora mais triste de
sua vida, se ele não tivesse a força do poder de Deus, não teria resistido. Com
esse sentimento, Paulo diz a Timóteo que confiasse o que aprendeu com seu pai
na fé a homens fiéis e idôneos com capacidade para ensinarem a outros. Se
Timóteo demonstrasse fraqueza, não teria credibilidade para dar exemplo a
outros.
2.
0 Bom Soldado de Cristo
“Sofre,
pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo (2Tm 2.3). A vida
cristã é um misto de alegrias e tristezas; de lutas e vitórias. Jesus advertiu
seus discípulos, dizendo: “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Há
crentes que não experimentam aflições em sua vida porque não se dispõem a viver
de acordo com os padrões cristãos. Preferem uma vida de prazeres e satisfações
materiais, fogem da luta contra o pecado, o mundo e o Diabo. E
buscam seus interesses pessoais. Para esses, que não se incomodam, mas se
acomodam ante os desafios, o desinteresse pelas coisas de Deus os fazem
sentir-se melhor. Porém, para os crentes que aceitam tomar a cruz (Mt 16.24),
renunciando a si mesmos, a vida cristã e uma luta constante, sem tréguas. Sua
vida pode ser comparada à de um soldado, que está na frente da batalha. Como
diz Paulo, sofre as aflições como bom soldado de Cristo . E é na luta, nos
combates espirituais, “pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3), que o
servo de Deus se fortalece e acumula experiências que o capacitam a ser mais
que vencedor (Rm 8.37).
Um
bom soldado, nas forças armadas, engaja-se na vida militar com amor, dedicação,
esforço e disciplina rígida. O bom soldado de Cristo também precisa demonstrar
sua vocação para fazer parte do Exército de Cristo. Não pode servir a Deus
agradando ao mundo. “Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a
fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita,
não é coroado se não militar legitimamente” (2Tm 2.4,5). Quantos, na vida
cristã, ficaram para trás, caídos à beira do caminho e do campo de batalha,
porque não vigiaram nem oraram (Mt 26.41), e se embaraçaram com coisas fúteis e
passageiras desta vida.
3.
0 Lavrador de Cristo e os Sofrimentos da Obra
“O
lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos” (2Tm 2.6). A
agricultura é um dos motivos de inspiração para o uso de figuras de linguagem,
em relação à pregação do evangelho. Jesus, o Mestre, usou várias parábolas em
seus sermões para mostrar o significado do Reino de Deus ou o Reino dos céus.
Na parábola do semeador, Ele demonstrou que o lavrador semeia em todos os
terrenos. Figura da pregação do evangelho aos diversos tipos de pessoas, dentre
as quais há as que são comparadas a terras que não produzem, e apenas “outra
caiu em boa terra e deu fruto: um, a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta”
(Mt 13.1-8; ver Jo 15.1; Mt 21.33). Paulo também usou essa metáfora diversas
vezes. Ele diz aos coríntios que somos “lavoura de Deus”; “porque nós somos
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (1Co 3.9).
Diz a Timóteo que quem deve gozar dos frutos da plantação é o “lavrador que
trabalha”.
Depois
de convidar Timóteo a sofrer com ele “as aflições de Cristo”, Paulo ressalta
que ele próprio muito sofrerá e sofria, na ocasião, por causa do trabalho do
Senhor. Estava preso, injustamente, por causa do evangelho. Mas exortou o jovem
obreiro, assegurando que o Senhor lhe daria “entendimento em tudo” (2Tm 2.7),
visto que ressuscitou dos mortos, conforme ele pregava (2Tm 2.8).
E
conclui esta parte da missiva, de modo eloquente e vibrante, dizendo a Timóteo:
“Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a
salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Palavra fiel é esta: que,
se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele
reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2.10-13). De um lado, essa
conclusão nos mostra que Deus dá a recompensa aos que o servem, em meio às
tribulações e aflições da vida. Mas se formos infiéis, ele não corresponde à
infidelidade, pois “não pode negar-se a si mesmo”.
CONCLUSÃO
O
apóstolo Paulo era homem de fé inabalável. Sofreu como nenhum outro apóstolo
experiências dolorosas em seu ministério. Outros apóstolos também sofreram, e
foram mortos por amor do evangelho. Mas Paulo, antes de sua morte, passou por
momentos de grandes tribulações. Sofreu naufrágio, passou fome, foi espancado,
preso em calabouço, foi abandonado por seus amigos e irmãos, além de outras
agruras em sua missão. Mas demonstrou ter um caráter firme e decidido, jamais
fraquejando ante as pressões e ameaças à sua fé. Demonstrou ter aquela firmeza
de Daniel, de Sadraque, de Mesaque e de Abdênego, os quais também não se
encurvaram ante as ameaças do Diabo. Por isso, teve autoridade para dizer a
Timóteo, referindo-se a Jesus Cristo: “por cuja causa padeço também isto, mas
não me envergonho, porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é
poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” (2Tm 1.12).
1
A imposição de mãos não se fazia apenas na Igreja Primitiva. Povos pagãos
usavam a imposição de mãos como um ato místico e sagrado. Na índia, em Roma, no
Egito, na Babilônia e em muitos lugares, essa prática era comum. Acreditava-se
que pelas mãos passava energia que curava e abençoava as pessoas.
A segunda carta de Paulo a Timóteo foi escrita no ano de 66 ou 67 d.C.(aproximadamente). Foi escrita durante a prisão em Roma. Depois de um ano ou dois de liberdade, Paulo foi novamente preso e executado durante o governo do imperador Nero
[Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD. pg.1710.]
Fonte:
A Igreja e o seu Testemunho - As ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais - Elinaldo Renovato de Lima (livro de apoio)
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº63
Bíblia de Estudo Pentecostal
Bíblia Defesa da Fé
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