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quinta-feira, 19 de julho de 2018

Curando o filho de um Oficial

“Então, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis” Jo 4.48

Evangelho de Jesus Cristo segundo escreve o Apostolo do Amor 

Leitura Bíblica: João 4.46-54

46 — Segunda vez foi Jesus a Caná da Galileia, onde da água fizera vinho. E havia ali um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.
47 — Ouvindo este que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte.
48 — Então, Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e milagres, não crereis.
49 — Disse-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra.
50 — Disse-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se.
51 — E, descendo ele logo, saíram-lhe ao encontro os seus servos e lhe anunciaram, dizendo: O teu filho vive.
52 — Perguntou-lhes, pois, a que hora se achara melhor; e disseram-lhe: Ontem, às sete horas, a febre o deixou.
53 — Entendeu, pois, o pai que era aquela hora a mesma em que Jesus lhe disse: O teu filho vive; e creu ele, e toda a sua casa.
54 — Jesus fez este segundo milagre quando ia da Judeia para a Galileia.

“E havia ali um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum (46) Segundo Arndt e Gingrich, a palavra traduzida como oficial poderia se referir a ‘um parente da família real (de Herodes)’, mas provavelmente se refere a ‘um oficial real’. As narrativas dos milagres de Jesus em Jerusalém (2.23) tinham evidentemente chegado antes dele à Galileia, e o primeiro milagre em Caná sem dúvida fora o assunto de muitas conversas em Cafarnaum, que ficava a somente 24 quilômetros ([...]). Assim, este oficial, ouvindo... que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com ele e rogou-lhe que descesse e curasse o seu filho, porque já estava à morte (47). A palavra traduzida como foi significa literalmente ‘ele se foi’, indicando que o pai deixou o filho, doente como estava, para ir fazer o seu pedido a Jesus. O verbo rogou está no imperfeito no texto grego, indicando um pedido repetido e continuado. A resposta de Jesus, embora aparentemente uma recusa, na realidade era um teste para a fé do oficial. Se não virdes sinais e milagres, não crereis (48). Esta é uma questão inquisitiva. Os sinais e milagres são o motivo ou o resultado da fé? Este acontecimento espetacular, o milagre, é a experiência estática de uma coisa a ser buscada por si mesma? É o produto de uma fé dinâmica e devidamente embasada, ou é a porta aberta para ela?” (Comentário Bíblico Beacon. João a Atos. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2014, pp.61,62).

Jesus socorre o oficial e cura o seu filho, gerando fé salvadora não apenas para o pai, mas para toda a família.

INTRODUÇÃO

Após o milagre nas bodas de Caná, Jesus, juntamente com sua mãe, irmãos e discípulos, se estabeleceram por alguns dias em Cafarnaum, importante cidade da Galileia (Jo 2.12). Na sequência, devido à proximidade da Páscoa, uma das três mais importantes festas judaicas, o Mestre parte para Jerusalém (Jo 2.13) e, conforme registra João, “durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome” (Jo 2.23). Contudo, o apóstolo do amor observa que, mesmo assim, “Jesus não confiava neles, por que a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2.24,25). A missão do Senhor não estava baseada na aceitação popular, e sim no fazer a vontade do Pai (Jo 6.38-40).

I. A MOBILIDADE MINISTERIAL DE JESUS ENTRE A JUDEIA E A GALILEIA

1. O ministério do Senhor na Galileia.
Apesar de Jesus ter nascido em Belém da Judeia, para cumprir a profecia (Lc 2.4 cf. Mt 2.4-6), fora criado em Nazaré, na Galileia, onde seus pais foram morar, também em cumprimento de uma profecia (Mt 2.22,23; Jo 1.45,46). Nesta próspera e populosa região, o Mestre desenvolveu grande parte de seu ministério, até para cumprir a Palavra de Deus (Mt 4.12-25). Ainda no início do quarto Evangelho, é possível ver várias incursões do Mestre por essa região (Jo 1.43; 2.1,12; 4.3,43; 6.1).

2. O ministério de Jesus na Judeia.
A despeito de ser judeu, por ter sido criado na Galileia, Jesus era discriminado, e sua messianidade fora colocada em dúvida por conta disso (Jo 7.41,52). Mesmo assim, em cumprimento de sua missão, o Mestre também desenvolveu grande parte de seu ministério na região da Judeia (Jo 2.13,23; 3.22; 4.47; 5.1).

3. A receptividade do Senhor na “Galileia dos gentios”.
Apesar dessa mobilidade do Mestre entre as duas regiões, foi mesmo na “Galileia dos gentios” (Mt 4.15 — ARA) que o Senhor Jesus realizou grandes sinais e onde muito pregou e ensinou (Mt 4.12-25; 8.28-34; 9.9-13; 14.13-36; Lc 4.31-44; 5.1-26). Tal se deu para que igualmente se cumprisse o que Isaías profetizou acerca do Messias (Mt 4.13-16). Não obstante, é preciso observar que, em Nazaré, especificamente, o Mestre enfrentou forte oposição dos seus conterrâneos, pois se revoltaram com seus ensinos e quiseram até mesmo matá-lo (Lc 4.14-30).

Até mesmo Jesus Cristo sofreu preconceito por conta do local onde fora criado.

II. O PERIGO DA “FÉ” BASEADA EM SINAIS

1. A fé que surge da Palavra.
João relata que após o Mestre deixar a Judeia em direção a Galileia, passou por Samaria e ali ficou dois dias na cidade de Sicar (Jo 4.3-5,40,43). Apesar de o texto não relatar a ocorrência de absolutamente milagre algum realizado por Jesus em Samaria naquela ocasião, a narrativa joanina revela que após a conversa com o Mestre, a mulher samaritana anunciou aos habitantes daquela cidade que conhecera um homem que relatara tudo quanto ela havia feito e seria interessante verificar se porventura não era Ele o Cristo (Jo 4.28-30). O apóstolo do amor diz que somente pelo testemunho da mulher “muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele” (Jo 4.39). O autor do quarto Evangelho complementa tal informação dizendo que depois de os homens da cidade ter ido falar com Jesus e pedido a Ele que ficasse na cidade, “muitos mais creram nele, por causa da sua palavra” (Jo 4.40,41). Os que ouviram o Senhor “diziam à mulher: Já não é pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (Jo 4.42). A fé dos samaritanos não brotou por causa de algum sinal, mas exclusivamente pela Palavra do Evangelho.

2. A abrangência do Evangelho de João.
Esse episódio e outro como o dos gregos que queriam ver Jesus (Jo 12.20-22), por exemplo, explica o porquê de o quarto Evangelho ter um propósito mais abrangente e de também colocar em seu prólogo que Cristo “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.11). Assim, para o leitor joanino fica evidente, de início, que os que recebem a Cristo e nEle creem, são agraciados e aceitos como filhos de Deus, independentemente de serem ou não judeus, pois “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo 1.12,13).

3. O contraste da fé baseada em sinais.
Após deixar Samaria (Jo 4.43), o Mestre seguiu viagem rumo a Galileia e, mesmo não contando o episódio da perseguição enfrentada por Cristo em Nazaré (Lc 4.14-30), João cita a referência que Jesus faz acerca do fato de que “um profeta não tem honra na sua própria pátria” (Jo 4.44). Para o propósito do evangelista, o importante é destacar que, mesmo em outras partes da Galileia, os galileus receberam Jesus “porque viram todas as coisas que fizera em Jerusalém no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa” (Jo 4.45). Em termos diretos, sua ampla aceitação não se dava por conta da Palavra, mas por causa dos sinais. Os principais comentaristas afirmam que é justamente em relação a estes que o apóstolo do amor observa que, mesmo tendo crido no Filho de Deus (Jo 2.23), “Jesus não confiava neles, por que a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2.24,25). A não confiança se dava pelo fato de a “fé” dessas pessoas estar baseada nos sinais e não na Palavra, como a dos samaritanos.

O problema de se ter uma “fé” baseada em sinais é que acabamos valorizando mais os milagres do que o Deus dos milagres.


III. O MILAGRE QUE GEROU SALVAÇÃO

1. O desespero de um pai.
O evangelista oportunamente observa que Jesus viera pela segunda vez em Caná da Galileia, justamente onde realizara o milagre da transformação da água em vinho (v.46). Desta feita, um oficial, provavelmente da corte de Herodes, ouvindo falar que o Mestre chegou de viagem da Judeia, recorreu a Jesus e suplicou que Ele curasse o seu filho, que estava à beira da morte (vv.46,47). Apesar de os limites geográficos da Galileia serem grandes, o fato de o oficial saber de Jesus significa que sua fama, como detalha Mateus (4.24), já havia ultrapassado até mesmo a região da Galileia, chegando a atingir a Síria. É oportuno, todavia, pontuar que Jesus mesmo não buscava tal fama, pois até fugia das multidões quando estas queriam fazer dEle rei (Jo 6.14,15), sendo extremamente discreto (Jo 7.3-9).

2. Um homem de fé.
João informa que Jesus responde negativamente ao pedido do oficial, pois o Mestre já está farto de pessoas ávidas por sinais e que precisam “ver para crer” (v.48). Contudo, o funcionário do rei parece não se importar com a resposta do Senhor e, mesmo sendo uma pessoa importante, diante de sua extrema necessidade, humilha-se e insiste para que Jesus desça a Cafarnaum e cure o seu filho (v.49). Como Jesus não necessitava que alguém dissesse o que as pessoas pensavam, pois Ele bem sabia (Jo 2.24,25 cf. Mt 9.4), atendeu então ao oficial dizendo que este fosse embora, pois o seu filho estaria vivo. João é enfático ao dizer que “o homem creu na palavra que Jesus lhe disse e foi-se” (v.50). O Mestre tinha plena consciência de estar diante de um homem que, embora necessitado, era diferente dos galileus buscadores de sinais. O oficial creu sem precisar ver e obedeceu à ordem do Senhor, revelando-se um homem de fé.

3. Um milagre que salvou uma família.
O texto joanino diz que tão logo recebeu esta palavra do Senhor, o oficial retirou-se e assim que encontrou seus empregados recebeu a notícia de que seu filho estava bem (v.51). Por curiosidade e, certamente para confirmar o milagre, o funcionário do rei perguntou o horário exato em que o seu filho apresentou-se melhor (v.52). Após receber a informação, o oficial certificou-se de que havia sido justamente o momento em que o Mestre disse-lhe que o seu filho estava bem. Diante disso, João afirma que “creu ele, e toda a sua casa” (v.53). O texto lembra o versículo onze de João 2, que diz que “os seus discípulos creram nele”. Não apenas o oficial do rei, mas toda a sua família passou a crer em Jesus, pois o milagre fora notório e somente Deus poderia operá-lo. Uma vez mais o milagre cumpriu seu propósito principal: socorrer ao aflito e manifestar a glória de Deus trazendo salvação.

O oficial do rei revelou-se um homem de fé e não apenas alguém que buscava um sinal para crer.

CONCLUSÃO

O apóstolo do amor encerra a seção objeto da presente lição dizendo que “Jesus fez este segundo milagre quando ia da Judeia para a Galileia” (v.54), ou seja, no “caminho”. Acostumados à ideia de “esperar”, muitas vezes a confundimos com comodismo. O oficial do rei, como pai responsável não esperou acomodado, mas correu em direção a Jesus para que o Mestre atendesse ao seu filho. O resultado de tal busca não poderia ser melhor — além da cura, toda a sua casa foi salva. Que possamos ser igualmente dispostos e termos a mesma fé do oficial.

Fonte: Lições Bíblicas Jovens - 3º Trimestre de 2018 - Título: Milagres de Jesus — A fé realizando o impossível - César Moisés Carvalho

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