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sábado, 1 de agosto de 2015

Apostasia, Fidelidade e Diligência no Ministério

“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” 1Tm 4.1


Muitos confundem “apostasia” com o desvio de uma pessoa em relação a uma “instituição religiosa”. Não podemos insistir nesse tipo de dúvida, pois a apostasia está descrita na Bíblia como um acontecimento sério e pouco comum. Sim, não é comum quem teve um encontro pessoal com Deus, provando da sua boa Palavra, apostatar-se da fé, mas é biblicamente possível, também não podemos confundir simples frequentadores de templos com lavados e remidos no sangue de Jesus.

A palavra “apostasia” vem do vocábulo do grego antigo apóstasis, que significa “estar longe de”, isto é, no sentido de “revolta”, “rebelião”, “afastamento doutrinário e religioso”, “apostasia da verdade”. Por isso, apostasia se refere, ao contrário da crença popular, uma decisão deliberada, consciente, aberta ou oculta, contra fé genuína do Evangelho.

Na “esteira” da apostasia precedem os ensinos falsos, malignos e fantasiosos. São as “doutrinas de demônio” que o apóstolo Paulo menciona na epístola. Uma das maneiras desses ensinos manifestarem-se na igreja é os seus propagadores elegerem um tema da Bíblia como ênfase doutrinária, como se o fiel que não conhecesse aquele assunto não teria acesso aos “mistérios de Deus”. Assim, no interior do homem que influência outras pessoas com esses falsos ensinos, nasce a egolatria e cresce a síndrome de autossuficiência.

O apóstata não se vê apóstata. Não reconhece nem considera a possibilidade de ele ter-se transformado deliberadamente num apóstata da fé. Por isso, o elemento fundamental para ele voltar atrás é quase impossível de ocorrer: o arrependimento. Para os ministros de Cristo defenderem a Igreja da apostasia, antes de tudo, eles precisam honrar a fé em Jesus Cristo, a simplicidade do Evangelho, servindo a igreja com amor e fidelidade. Sendo arautos de Deus para toda boa obra. Os ministros de Deus, os servidores da Igreja de Cristo, devem estar aptos a ensinar e a contradizer os falsos ensinadores. Rejeitando as “fábulas profanas”, ensinamentos que em nada edificam a Igreja de Cristo.

Portanto, aos ministros de Cristo cabe a diligência na fé, ensinando as Sagradas Escrituras e apresentando-se como modelos ideais que estimulem os fiéis a viver a fé. Persistirem na pesquisa, no estudo exaustivo e sistemático das Escrituras Sagradas. Que o Senhor nosso Deus guarde o seu povo da apostasia!
Que o Senhor guarde o seu povo! (Revista Ensinador Cristão nº63)

A apostasia e a infidelidade a Deus são características marcantes dos tempos do fim.

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo estava com seus discípulos, em seu ministério terreno, falou-lhes acerca dos últimos tempos, ou do fim dos tempos, em que uma das características marcantes seria a falsidade, o engano, a mentira e a mistificação. Em um de seus magníficos sermões, Ele falou acerca dos que entrariam no seu Reino. E demonstrou que não seria fácil. Quem quer ser salvo tem que entrar por uma “porta estreita” e palmilhar num “caminho estreito”, que conduz ã salvação, em contraposição à “porta” larga e o “espaçoso” caminho “que conduz à perdição” (Mt 7.13,14). Duas portas e dois caminhos. Dois destinos esperam o homem, no final de sua jornada na terra. E dependem da escolha de cada um. Seja qual for a escolha, as consequências serão inescapáveis.
No mesmo discurso, Jesus advertiu aos que haveriam de escolher a “porta estreita”, a seus seguidores, os salvos, de que eles seriam perturbados por falsos profetas, que surgiriam em seu próprio meio, no seio da igreja (Mt 7.15). Reforçou suas metáforas com o ensino sobre a “árvore boa” que “produz bons frutos” e sobre a “árvore má”, que “produz frutos maus” (Mt 7.17). Como um verdadeiro Mestre, Jesus soube manejar bem a palavra da verdade, em relação aos acontecimentos futuros, que haveriam de ocorrer com profundas repercussões sobre a vida dos seus discípulos.

Jesus sabia que sua Igreja sofreria os ataques dos falsos mestres, ou falsos profetas, que apareceriam, vindos de fora, ou mesmo, surgindo no seio da comunidade cristã. Por isso advertiu que os falsos cristos e os falsos profetas não seriam apenas ensinadores, teóricos ou filósofos, em suas elucubrações diletantes. Eles seriam capazes de realizar sinais e prodígios, para convencerem os que lhes dessem ouvidos (Mt 24.24).


Naturalmente, Paulo tinha bastante ciência das advertências de Jesus quanto aos últimos tempos”. Em sua carta a Timóteo, ele expressou sua preocupação com os falsos ensinadores, heréticos e astutos, na busca pelo domínio da mente dos que estavam na igreja em Éfeso.

Era uma antevisão do que a Igreja está vivendo nos dias presentes. Dias que antecedem a volta de Cristo. Há obreiros que possuem uma capacidade oratória tão eloquente que conseguem atrair a atenção e a admiração dos que os ouvem. Quando eles se mantêm no centro da vontade de Deus, com humildade, e na conduta de servos do Senhor, são verdadeiras bênçãos para o ensino e a pregação. No entanto, com tal perfil, alguns têm se desviado dos padrões de santidade e devoção, e se tornam pregoeiros de ensinos heréticos, que causam grande prejuízo à igreja local, por serem homens que têm grande prestígio ministerial.

No meio pentecostal, infelizmente, prevalece uma visão superficial das verdades bíblicas. A ortodoxia não é a marca das igrejas pentecostais, em sua grande maioria. As demonstrações de poder, de unção e de alegria alcançam um patamar tão elevado, e ao mesmo tempo sem fundamento, que os falsos ensinadores conseguem amplos espaços para espalharem suas heresias. Já é por demais conhecida a “tal” da teologia da prosperidade”, segundo a qual os crentes em Jesus não podem ser pobres, nem serem acometidos de enfermidades graves. Se passarem por essas agruras é porque “não têm fé”, ou “estão em pecado . Mais que isso, adotam a famosa “confissão positiva”, e passam a determinar’, “decretar” bênçãos e a “exigir”, reivindicar “seus direitos ! Ensinos com esse teor ou caráter são muito bem aceitos por grande parte de crentes, em muitas igrejas. Mas quando tais ensinos são confrontados com a Palavra de Deus, em sua essência, conclui-se que são doutrinas de homens, ou até de demônios.


A advertência de Paulo, no texto ora em estudo, é de uma atualidade impressionante. Como verdadeiro profeta de Deus, além de exímio ensinador, ele captou muito bem a revelação do Espírito Santo acerca dos “últimos tempos” ou dos “tempos trabalhosos” (1 Tm 3.1), a que nos referimos no capítulo anterior. Da leitura do texto em apreço, pode-se inferir que os ensinadores de “doutrinas de demônio” (4.1) não seriam pessoas estranhas, mas que surgiriam de dentro do seio da igreja local. Sua capacidade de convencimento haveria de ser tão eficiente, que, “se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24), como Jesus previu e alertou.



Na atualidade, muitos estão apostatando da fé genuína em Jesus Cristo por falta de ensino das Sagradas Escrituras.

I - A APOSTASIA DOS HOMENS (4.1-5)
Paulo advertia a Timóteo, para que o mesmo doutrinasse a igreja em Éfeso, acerca dos últimos tempos, em que a apostasia se tornaria uma realidade no seio de igrejas cristãs (1 Tm 4.1).

1. Conceituação
Apostasia (gr. apóstasis) significa “desvio”, “afastamento”, “abandono”.1 Tem o sentido também de “revolta”, “rebelião”, no sentido religioso. Numa definição clara, apostasia quer dizer “abandono da fé”. No original do Novo Testamento apostasia, vem do verbo aphistemi, com o sentido de "rejeitar uma posição anterior, aderindo a posição diferente e contraditória à primeira fé, repelindo-a em favor de nova crença."2 Nos últimos anos, esse comportamento tem sido mais observado do que em tempos passados. É impressionante como líderes, outrora ortodoxos, hoje apregoam ideias opostas àquele ensinamento que defendiam.

2. Doutrinas de Demônios (4.1)

Existem apostasias que são fruto da mente fértil de algum teólogo ou teórico, que deseja aparecer, ensinando “novidades” com pretenso fundamento bíblico. Ou da meninice de algum irmão ou irmã, que se julga mais espiritual que as outras pessoas. Paulo referia-se à apostasia que tinha origem diabólica. Mais perigosa do que se possa imaginar, pois é fruto da influência do Adversário da igreja, que visa minar suas bases doutrinárias. Disse Paulo, em sua primeira carta a Timóteo: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, aposta- tarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1 - grifo nosso).

3. Espíritos Enganadores

Certamente, Paulo se referia à influência espiritual dos espíritos maus, que iriam induzir falsos mestres a se enganarem e a enganarem aos crentes (2Tm 3.13). Ele anteviu que parte da igreja haveria de apostatar, quando disse que “alguns” abandonariam a fé. Ele se referia à “apostasia pessoal”. O escritor aos hebreus também exortou nesse sentido, contra o afastamento da verdade ou da sã doutrina e de Deus: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo” (Hb 3.12). Essa preocupação foi recorrente, pois, quando Paulo escreveu a segunda missiva a Timóteo, de forma que o mesmo orientasse a igreja em Éfeso, voltou a exortar com cuidado acerca dos apóstatas: “Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2Tm 4.3,4).

A ação dos “espíritos enganadores” haveria de ser tão eficiente para incautos que dessem lugar à apostasia que esses não sofreriam (não suportariam) a “sã doutrina”, ou seja, o corpo doutrinário, pregado pelos apóstolos de Cristo, e passado de geração a geração, com fundamento nos Evangelhos e nos ensinos dos apóstolos de Jesus. Sua influência maléfica faria com que os apóstatas tivessem “comichão nos ouvidos” ao escutarem a Palavra de Deus, em sua simplicidade e ortodoxia. Os espíritos do desvio doutrinário apoderar-se-iam dos “doutores”, ou falsos mestres (1Tm 1.7), que usavam sua influência cultural, eclesiástica e posicionai nas igrejas para desviarem os servos de Deus do foco e do alvo, que é servir a Deus até chegar à eternidade, como salvos em Cristo Jesus. Na advertência de Paulo, ele afirma que tal comportamento se manifesta “pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1 Tm 4.2).


No mesmo trecho de sua carta, o apóstolo adverte quanto a ensinos místicos que, além de proibirem o casamento, como instituição de origem divina, oprimem as pessoas, “ordenando a abstinência dos manjares que Deus criou para os fiéis e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças” (1Tm 4.3). Essa é uma das características dos movimentos heréticos. Apregoam que determinados tipos de alimentos não devem ser ingeridos, muitas vezes sem qualquer fundamento científico ou escriturístico. Em relação a alimentos, no Antigo Testamento, havia uma série de “regras dietéticas” quanto ao que os judeus podiam ou não podiam comer (cf. Lv 11). Mas o próprio Deus ordenava que comessem carne, para repor as proteínas desgastadas no processo biológico.

No Novo Testamento, as restrições quanto a alimentos resumem-se no que os líderes da igreja decidiram, no Primeiro Concilio, em Jerusalém. Após o parecer de Pedro, Tiago, o líder da igreja, concluiu, de forma eloquente: “Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus, mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue” (At 15.19,20 - grifo nosso). E também exortou a que os cristãos não ingerissem alimentos que fossem consagrados ou sacrificados aos ídolos (1 Co 10.27,28). E orientou que, mesmo em se tratando de alimentos lícitos, os crentes em Jesus deveriam respeitar a fé dos mais fracos espiritualmente, e absterem-se de comer (na frente deles) coisas que os escandalizassem (cf. Rm 14.1-23). Os hereges, principalmente os gnósticos ascetas, defendiam a abstinência de alimentos, mas voltavam-se para “entidades”, “emanações e símbolos da idolatria.

Os gnósticos depravados procuravam destruir o corpo, por considerá-lo mau, indigno, com a prostituição e práticas sexuais libertinas. Eram hipócritas e mentirosos. Paulo concluiu que o cristão pode fazer uso de alimentos, desde que possam ser recebidos “com ações de graça , visto que, pela palavra”, ou seja, desde que estejam de acordo com a Palavra de Deus, “pela oração”, “tudo é santificado” (1Tm 4.4,5). Porém, deve-se ter cuidado e sabedoria na interpretação desse texto. Não quer dizer que, se alguém faz uso de bebida alcoólica, ou de carne sufocada, ou do sangue, basta fazer uma oração e tudo é santificado. De forma alguma. Deus não aprova aquilo que Ele condena. Ele não é “Deus de confusão (1 Co 14.33).


Deus fez o homem, no princípio, para ser vegetariano (Gn 1.29). Mas, com a Queda, o metabolismo humano sofreu tremenda mudança, passando a envelhecer, adoecer e morrer. Para refazer as energias e os tecidos desgastados, tornou-se necessária a ingestão de alimentos carregados de proteínas, dos quais a carne animal, incluindo os peixes, são grandes fornecedores. Além disso, o próprio Deus regulamentou, na Lei, sobre quais tipos de animais se podiam comer (ver Lv 11).



Subsídio Bibliológico
“O Espírito Santo revelou explicitamente que haverá, nos últimos tempos, uma rebeldia organizada contra a fé pessoal em Jesus Cristo.
Muitos crentes se desviarão da fé porque deixarão de amar a verdade (2Ts 2.10) e de resistir às tendências pecaminosas dos últimos dias. Por isso, o evangelho liberal dos ministros e educadores modernistas encontrará pouca resistência em muitas igrejas.
A popularidade dos ensinos antibíblicos vem, sobretudo pela ação de Satanás, conduzindo suas hostes numa posição cerrada à obra de Deus. A segunda vinda de Cristo será precedida de uma maior atividade de satanismo, espiritismos, ocultismos, possessão e engano demoníacos, no mundo e na igreja.
A proteção do crente contra tais enganos e ilusões consiste na lealdade total a Deus e à sua Palavra inspirada, e a conscientização de que os homens de grandes dons e unção espirituais podem enganar-se, e enganar os outros com suas misturas de verdade e falsidade. Essa conscientização deve estar aliada a um desejo sincero do crente praticar a vontade de Deus (Jo 7.17) e de andar na justiça e no temor dEle.
Os crentes fiéis não devem pensar que pelo fato da apostasia predominar dentro do cristianismo nesses últimos dias, não poderá ocorrer reavivamento autêntico, nem que o evangelismo segundo o padrão do NT não será bem-sucedido. Deus prometeu que nos ‘últimos dias’ salvará todos quanto invocarem o seu nome e que se separarem dessa geração perversa, e que Ele derramará sobre eles o seu Espírito Santo” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.1870).


II - A FIDELIDADE DOS MINISTROS (vv. 6-10)
1. “Bom Ministro de Jesus Cristo”
Era o que Paulo esperava de Timóteo, seu jovem discípulo, companheiro de tantas lutas, em defesa do evangelho de Jesus Cristo. “Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido” (1Tm 4.6). A carta de Paulo a Timóteo é pastoral e pessoal, em princípio. Mas sua finalidade não era apenas edificar o jovem obreiro. Ele acentua: “propondo estas coisas aos irmãos”, o que indica ser sua carta assunto que deveria ser comunicado à igreja de Éfeso, aos “queridos irmãos” (Fp 4.1) e, por extensão e aplicação, a todas as igrejas cristãs.

Cumprindo essa orientação, Timóteo haveria de ser um “bom ministro de Cristo” (diáconos de Cristo), ou seja, um líder cristão à altura de sua elevada missão. Para galgar essa posição, Timóteo teria que atender a dois requisitos importantíssimos: ser “criado com as palavras da fé” e “da boa doutrina” que ele próprio já seguia. No original, a metáfora que Paulo usa diz respeito a “ser alimentado com”, nutrido com a sã doutrina, ou, no dizer de Pedro, com o “leite racional, não falsificado” (1Pe 2.2).


2. Rejeitando as Fábulas Profanas

“Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti mesmo em piedade” (4.7). Essa advertência já houvera sido dada no primeiro capítulo da epístola a Timóteo (1.4). Como visto, as “fábulas profanas” seriam ensinamentos fantasiosos, místicos, muito utilizados pelos gnósticos e judaizantes, para impressionar os crentes. Seriam profanas, porque configurariam ensinos humanos, fundados em valores materiais, que se opunham aos sagrados ensinos, emanados da Palavra de Deus, sob inspiração do Espírito Santo. A expressão “de velhas” aludiam a “conversa de velhas, expressão sarcástica muitas vezes empregada em polêmicas filosóficas, que compara a oposição de um oponente aos fuxicos perpetrados por mulheres mais idosas daquelas culturas, quando se assentavam em roda tecendo, ou fazendo outras tarefas”.3 Em nossa cultura, certamente, equivaleria a conversas tagarelas de pessoas fofoqueiras.

3. O Exercício Físico e a Piedade

“Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir” (1Tm 4.8). Nós somos formados de três partes, segundo a Palavra de Deus: “espírito, e alma, e corpo” (1Ts 5.23). Todas elas precisam de exercício, de atividade, sob pena de sofrermos atrofia em todas ou em uma delas. Há muitos irmãos, inclusive obreiros, que vivem de modo sedentário, desenvolvendo doenças circulatórias, cardíacas ou neurológicas. Isso não é desejável. O corpo não pode ser desprezado em seus cuidados. Ele é templo do Espírito Santo (1Co 6.19,20).
Mas por que esse incentivo ao exercício físico se Paulo diz que o exercício corporal para pouco aproveita”? Observemos que Paulo não está dizendo que o “exercício físico” (gymnasia)4 “não serve para nada’. O que ele quer dizer, para uma comunidade que valorizava excessivamente os exercícios e os esportes,5 é que tais práticas, ainda que saudáveis, só serviam para esta vida.

Paulo tinha uma mensagem para a igreja de Éfeso, para que os crentes não se deixassem dominar pelo desejo exacerbado de valorizar o corpo, em detrimento do lado espiritual.

O apóstolo mostrou a Timóteo que havia algo mais importante que o exercício físico. E ressaltou: “mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir (4.8b). Ele demonstrou que, enquanto o exercício físico só serve para o corpo e para esta vida, a piedade (gr. eusebeia) é proveitosa, não só para a vida presente”, mas para a “que há de vir . Se o corpo, como vimos, precisa de exercícios para não envelhecer precocemente, ou atrofiar-se, em suas funções vitais, a alma e o espírito também necessitam de “exercícios” espirituais, ou seja, de piedade.

Entendamos que piedade, ou “eusebeia”, significa a vida de santidade do cristão; a vida devocional, que inclui as orações, a leitura da Palavra de Deus, de modo sistemático, a adoração a Deus, de forma constante; a maneira de viver e conviver com as pessoas, zelando pelo bom testemunho cristão, tudo isso é piedade. Podemos concluir que Paulo resumiu a piedade quando escreveu aos coríntios, dizendo: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor” (1Co 15.58).

Paulo termina essa parte da epístola, acentuando que “esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação” (1Tm 4.9). Ele se referia a tudo o que já houvera escrito e repassado para Timóteo, como sendo “palavra fiel e digna de toda aceitação”, que ninguém pusesse em dúvida a sinceridade de sua admoestação, visto que não se tratava de afirmações gratuitas ou de opiniões pessoais. Seu ensino era embasado na unção e direção do Espírito Santo, em contraposição aos ensinos dos falsos mestres, que buscavam iludir os crentes com suas falácias e vãs filosofias (Cl 2.8). E encerra dizendo o porquê de tanta luta, tanto esforço, no combate às heresias e zelo pela vida dos crentes de Éfeso, ou de todos os cristãos: “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1Tm 4.10).


Subsídio Bibliológico
“Líderes eclesiásticos, pastores de igrejas locais e dirigentes administrativos da obra devem lembrar-se de que o Senhor Jesus os têm como responsáveis pelo sangue de todos os que estão sob seus cuidados. Se o dirigente deixar de ensinar e pôr em prática todo o conselho de Deus para a igreja, principalmente quanto à vigilância sobre o rebanho, não estará ‘limpo do sangue de todos’. Deus o terá por culpado do sangue dos que se perderem, por ter deixado de proteger o rebanho contra os falsificadores da Palavra” (Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, p.1677).


III - A DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO (vv. 11-16; cf. 5.4-16)
1. O Ensino Prescritivo
“Manda estas coisas e ensina-as” (1Tm 4.11). Era uma determinação de Paulo a Timóteo, para que ele não fraquejasse na ministração da doutrina à igreja em Éfeso, visto que as heresias estavam-se espalhando com certa facilidade, por meio dos “homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência” (1Tm 4.2). Os verbos “mandar” e “ensinar” (gr. didasko) estão no modo imperativo, denotando o caráter da exortação de Paulo, de modo contínuo e persistente. As “coisas” que foram ensinadas pelo apóstolo deveriam ser ministradas aos crentes de forma incisiva, sem condescendência com os falsos mestres e os falsos ensinos, que tinham origem nos “espíritos enganadores” e nas “doutrinas de demônios”.


Nos tempos presentes, o ensino tem sido negligenciado por muitos líderes de igrejas. Há uma supervalorização do louvor, do cântico, dos hinos, dos instrumentos musicais, em detrimento da pregação e do ensino da Palavra de Deus. Não é por acaso, que há uma geração fraca, “anêmica” e “raquítica” em relação aos conhecimentos e à prática da Palavra de Deus. Há muito falatório, muito barulho, muito grito e dramatização, e pouco ensino fundamentado da doutrina sagrada (didakê). Já predomina uma cultura, no meio de igrejas evangélicas, de que “um culto maravilhoso” é aquele em que se apresenta “um cantor de fora”, ou um “pregador famoso, convidado para os eventos”. Ou um culto, em que haja manifestações gratuitas de emocionalismo infantil, com o famoso “re-té-té”, ou exibicionismo carnal, disfarçado de espiritualidade. Por isso, Paulo não diminuiu a ênfase no ensino. Pelo contrário: disse “manda” e “ensina” as coisas que foram determinadas em sua carta.
Se Paulo ressuscitasse hoje, por permissão de Deus, ou se transfigurasse, como Moisés e Elias, no Monte da Transfiguração, ficaria estupefato, percebendo que o “evangelho politicamente correto” prevalece em muitas igrejas. Com receio de ver a evasão de crentes, há obreiros que nem “mandam” nem “ensinam” o que a Palavra de Deus prescreve de forma clara e imperativa. A doutrina da santidade, por exemplo, tem sido por demais relegada a segundo plano nas ministrações de muitos pastores. A Bíblia é incisiva quanto a esse ensino. Não há o que interpretar o que está claro e evidente, no contexto da doutrina: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pe 1.15); “segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Santidade e santificação constituem-se doutrina prescritiva do evangelho de Cristo. São fundamentais, e baseiam-se em princípios inegociáveis no âmbito da doutrina cristã. Em muitas igrejas, não se fala em santidade. Mas fala-se em prosperidade material de modo exaustivo, manipulativo e insistente, visando extrair do povo o máximo de dinheiro para os projetos da denominação. Em troca disso, o ensino promete bênçãos sem limites no campo material. É a tal da Confissão Positiva. E dão inclusive a “fórmula da fé”, conforme Kenneth Haggin.

Para fazer a “confissão positiva”, o cristão dever usar as expressões: “exijo”, “decreto”, “declaro”, “determino”, “reivindico”, em lugar de dizer: peço, rogo, suplico. Segundo os adeptos dessa teologia modernista, o cristão jamais pode dizer: “se for da tua vontade”, segundo Benny Hinn, pois isso destrói a fé. Mas Jesus orou ao Pai, dizendo: “Se é da tua vontade... faça-se a tua vontade...” (Mt 26.39,42).


2. O Exemplo dos Fiéis
“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (1Tm 4.12). Timóteo era um jovem obreiro, com cerca de 30 a 35 anos, e fora enviado para doutrinar uma igreja, onde já havia anciãos ou presbíteros com mais idade.6 O texto bíblico dá a entender que ele era um pouco tímido, como se depreende de 1 Coríntios 6.10,11, em que Paulo pede aos irmãos que recebam Timóteo de forma que o mesmo esteja “sem temor”, sem nenhum desprezo. A exortação de Paulo deveria chegar aos ouvidos dos crentes de Éfeso. Por meio da carta a Timóteo, o apóstolo diz que “ninguém” deveria desprezar (“zombar”, “tratar com desprezo”, “subestimar”) o jovem obreiro. Certamente, foi uma dura recomendação ao jovem obreiro. Em lugar de ser exortado a seguir o exemplo dos anciãos, Paulo diz que Timóteo deveria ser “exemplo dos fiéis”. O texto discrimina seis aspectos em que Timóteo deveria ser exemplar:

1) ‘‘Na palavra"
A princípio, o texto poderia dar a entender que Paulo desejava que Timóteo fosse um exemplo de exímio pregador ou ensinador da Palavra. Mas o contexto indica que ele, como mestre de Timóteo, exortava-o a que fosse um exemplo dos fiéis na “maneira de falar”, de se expressar, no relacionamento com os demais irmãos. Um obreiro, líder ou não, deve saber expressar-se, jamais usando linguagem vulgar ou chula. Esse entendimento tem respaldo no que o apóstolo escreveu aos efésios: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem” (Ef 4.29). No mesmo texto, aos efésios, ele diz: “Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (Ef 4.31). De fato, um ministro do evangelho não pode ter linguagem inadequada, debochada, “sem classe”, sem pudor ou demagógica. Devemos lembrar que o adjetivo “torpe” a que Paulo recomenda evitar significa “podre” (gr. sapros). Assim, piadas e palavras inconvenientes não devem fazer parte do vocabulário de um obreiro cristão.

2) “No trato”
A expressão refere-se ao comportamento cristão. Não só Timóteo, mas todo jovem ou cristão de qualquer idade deve ser “exemplo dos fiéis” no relacionamento humano e espiritual. E não vemos outra maior fórmula, ou mesmo fórmula para o bom relacionamento cristão, do que as virtudes ou aspectos do “fruto do Espírito”, de que falou Paulo em Gálatas 5.22,23. O relacionamento cristão (o trato) deve expressar a ética cristã. Jesus disse: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas (Mt 7.12). Os carnais andam segundo a natureza carnal, herdada de Adão: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.7,8). Texto mais que didático e compreensível. O trato do crente carnal não pode ser referência para quem quer servir a Deus.
Já o crente espiritual demonstra um “trato” ou comportamento espiritual. Ele é cheio do Espírito Santo” (At 2.4; 4.31; 13.52). “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm
8.1). Os espirituais vivem segundo o Espírito Santo, porque estão em Cristo Jesus” e “não andam segundo a carne”.

3) “Na caridade”

Ser exemplo no amor não é fácil. Mas é a característica mais importante do cristão que quer ser discípulo de Jesus. No Evangelho segundo João, Jesus disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13.34,35 - grifo nosso). Este versículo demonstra quão grande é o valor da “caridade” ou do “amor cristão. Esse amor, no texto original, é ágape. Não é um amor simplesmente humano, como filantropia, assistência aos necessitados. Essa caridade, que é “o amor em ação”, é o centro da verdade cristã.
Deus enviou Jesus para nos salvar; não foi por sua justiça, mas por seu amor indescritível (Jo 3.16). Desse modo, o crente fiel, em Éfeso ou em qualquer lugar onde se congregar, deve ser exemplo no amor cristão. Respondendo a um doutor da Lei, Jesus disse que o primeiro e o maior dos mandamentos é amar a Deus de todo o coração, de todo o entendimento e alma. E o segundo, semelhante a esse, é amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22.34-40). Por essa razão, o cristão deve ser o exemplo dos fiéis no amor, para que seja conhecido como discípulo de Jesus (Jo 13.35).

4) “No espírito”
Um ministro do evangelho deve ser “exemplo dos fiéis”, no lado espiritual. E de fundamental importância que o obreiro-líder reserve em sua agenda os momentos especiais, diários, sistemáticos, para o cultivo de sua vida devocional, através da qual ele estreita sua comunhão com Deus. O obreiro precisa orar todos os dias; começar o dia de trabalho sem orar é correr o risco de enfrentar situações difíceis sem encontrar a solução para os problemas que surgem na administração da igreja; o exercício diário da oração é um reforço maravilhoso para a dinamização da igreja local.
Sem oração, é impossível o obreiro ser exemplo “no espírito”. Ela é a chave que abre as portas do sobrenatural, quando o líder da igreja local se coloca de joelhos, buscando a unção do Espírito Santo. Sem oração, o obreiro pode sutilmente se tornar carnal, enveredando por caminhos de iniquidade. Quantos pastores têm caído por falta de oração e vigilância (Mt 26.41). A Bíblia tem exemplos diversos de homens de Deus que oravam sistematicamente. Alguns caíram porque negligenciaram a oração. Davi orava três vezes ao dia (SI 55.17); quando deixou de orar, de cuidar de sua vida espiritual, fracassou terrivelmente; Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10); Jesus orava diariamente (Mt 26.44); o salmista também tinha o costume de começar o dia, orando e vigiando.

5) “Na fé”

O que Paulo ensinava a Timóteo deveria ser ministrado para os demais obreiros e para a igreja local, a comunidade cristã. Um ministro do evangelho, para ser diligente, precisa exercitar-se na fé. A fé assume vários sentidos na Bíblia. Pode ser a fé para receber milagres (Mc 9.23); a fé para a salvação pessoal (Mt 9.22; Mc 10.52; Lc 7.50); e em outros aspectos. Mas, no texto em apreço, Paulo exortava a Timóteo e por extensão aos ministros do evangelho, que todos precisam ser exemplo na fé, no sentido da confiança firme em Deus, ou seja, no cultivo da virtude da fé (1Co 13.13), e de uma vida por fé, sem a qual “é impossível” agradar a Deus (Hb 11.6).

6) “Na pureza’’

Ser exemplo na pureza (gr. agneia) é ser puro, “casto”, tanto em termos de ações, atitudes e práticas no seu viver contínuo. Essa pureza deve ser nos pensamentos e nas obras; nos sentimentos e nas práticas cotidianas. Timóteo era ainda um jovem ministro, segundo estudiosos, com cerca de 30 anos; hoje, seria um “solteirão”, esperando pacientemente “no Senhor” (SI 40) pela bênção de ter uma esposa para ser sua companheira no ministério. Mas até que essa bênção se concretizasse, ele haveria de passar por muitas tentações, especialmente na área sexual.

Sem qualquer dúvida, se, no tempo de Timóteo, a exortação de Paulo era oportuna e necessária, que dizer de tal cuidado por parte dos obreiros, jovens ou de mais idade, nos dias presentes? Nunca houve tanta facilidade para o pecado, para a lascívia, para a concupiscência carnal como nos dias em que vivemos. Seja qual for o ministro, se não vigiar nessa parte, precavendo-se das tentações da carne, seja solteiro, seja casado, a probabilidade de queda é muito grande. Com os meios tecnológicos à disposição das pessoas, via internet, telefones, “tablets”, o acesso a relacionamentos ilícitos é muito fácil. A vigilância e a oração têm que ser redobradas. Para ser exemplo na “pureza”, o ministro precisa cultivar a vida de santidade. Sem esta, ninguém chegará ao céu (cf. Hb 12.14).


Se entendemos que santidade quer dizer separação do que é sagrado daquilo que é profano, precisamos, como obreiros do Senhor, zelar por tudo que ocorre no âmbito da igreja local, seja na pregação, no púlpito; seja na adoração, na liturgia, no louvor, nos usos e costumes, na vida moral e social da parcela do rebanho de Deus que nos foi confiada. Os obreiros devem ser exemplo dos fiéis. A disciplina pessoal se faz necessária para que evidenciemos pureza em todas as áreas da vida, mediante a necessária santificação (1Pe 1.15; Hb 12.14).


3. O Ministro e o Cuidado com o Ministério e consigo Mesmo
1) O cultivo da leitura
“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá” (1Tm 4.13). Um ministro do evangelho não pode ser um despreparado para o ministério. E seu preparo tem que passar pelo costume diuturno de ler, em primeiro lugar, a Palavra de Deus. Estudo recente, por entidade de pesquisa ministerial, dá conta de que 57% dos pastores nunca leram a Bíblia toda. E algo preocupante. Se não ler, como pode estimular os crentes a lerem a Palavra de Deus? E por causa dessa negligência na leitura bíblica que o ensino que parte de muitos púlpitos é fraco, superficial e inconsequente.
Para compensar, muitos pastores recorrem ao “espetáculo” de emocionalismos, gritos e até de “palhaços”, ou recorrem-se às danças, ao balé, em que o púlpito se torna um picadeiro, e a igreja um “circo” de profanação do bom nome da igreja de Cristo. Por isso, é tão importante a exortação a Timóteo para que se aplicasse à leitura, que pode ser tanto da Bíblia como de boas fontes de estudo bíblico, para que pudesse exortar e ensinar à igreja.

2) A valorização do dom do ministério

Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos” (1Tm 4.14,15).
Paulo queria que seu discípulo não negligenciasse seu ministério, que lhe foi confiado por Deus, por meio do ministério, com o ato de caráter espiritual de imposição de mãos.
Deus valoriza os gestos e os atos, quando feitos por fé e não por mera formalidade ritualística. O “dom” concedido a Timóteo teve o respaldo da “profecia”, ou de revelação espiritual da parte de Deus. Esse “dom” certamente eram as habilidades que Timóteo recebera para exercer seu ministério. E deveria valorizar, ocupando-se na obra do Senhor com diligência e zelo. Deus não se agrada de quem faz “a obra do Senhor fraudulentamente” ou “relaxadamente” (Jr 48.10).

3) O cuidado de si mesmo e dos outros

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tm 4.16). A preocupação com a vida pessoal envolve aspectos relevantes. O obreiro precisa ter cuidado com a sua integridade moral e espiritual: deve ser íntegro. Essa palavra quer dizer: inteiro, completo; perfeito, exato; reto, imparcial, inatacável (Dicionário Aurélio). Integro é o líder que faz o que diz e diz o que faz; é o que dá testemunho dentro e fora de casa; dentro e fora da igreja; na presença ou na ausência dos liderados (cf. Mt 5.37; Tg 2.12).

Nesse cuidado consigo mesmo, o obreiro precisa ter cuidado com sua saúde. O apóstolo João, escrevendo a seu amigo Gaio, desejou-lhe saúde (3 Jo 2). No que cabe a si, o líder deve obedecer aos princípios bíblicos e científicos no cuidado com a saúde: oração, boa alimentação, repouso, exercício, atitude mental correta, evitar o estresse, a tensão emocional. Pesquisas mostram que os pastores são submetidos a tensões fora do comum, e são acometidos de doenças cardiovasculares, nervosas ou psicossomáticas. O zelo por si mesmo, pela sua mente e pelo seu corpo contribui para que o obreiro tenha melhores condições emocionais e físicas no desenvolvimento de sua missão.


Além do cuidado consigo mesmo, Paulo exorta Timóteo a que tenha cuidado no trato com algumas pessoas que merecem atenção especial no seio da congregação. Com relação aos anciãos, ou idosos, da “terceira idade”, Paulo diz que não devem ser repreendidos asperamente quando falharem, mas admoestados “como a pais” (1Tm 5.1); quanto aos jovens, é interessante sua recomendação: “aos jovens, como a irmãos” (1Tm 5.1).


Paulo tinha grande sensibilidade para com as mulheres. Ele não desprezava sua cooperação à obra do Senhor no ministério eclesiástico. Aos Romanos, ele indicou o nome de várias mulheres que foram valiosas cooperadoras ao seu lado (Rm 16.1-15). Na carta a Timóteo, ele ensinou como tratar as mulheres na igreja: “Às mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs, em toda a pureza. Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas” (5.2,3). Note-se a preocupação em enfatizar o cuidado com as viúvas, mas ressaltando “as que verdadeiramente são viúvas”. Ao que parece, essa preocupação devia-se ao fato de haver algumas mulheres oportunistas, que queriam viver de modo leviano, às custas da igreja (Ler 1Tm 5.3-13).


Subsídio Bibliológico
“‘Ninguém despreze a sua mocidade [...]’ (1Tm 4.12). A palavra grega é neotes, que indica uma pessoa que é adulta, mas abaixo dos 40 anos. No mundo antigo, não era esperado que uma pessoa com a idade de Timóteo, provavelmente nos seus 30 anos de idade, tivesse obtido o discernimento e a sabedoria requerida para os líderes.
Podemos entender, em virtude do ambiente social, no qual os pagãos e judeus igualmente esperavam que uma pessoa tivesse entre 40 e 60 anos para ser qualificado a compreender e aconselhar, por que Timóteo, com 30 anos de idade, pode ter estado hesitante em afirmar sua autoridade.
É significativa a apresentação de novos critérios pelos quais a igreja deve avaliar os seus líderes. O que qualifica uma pessoa para a responsabilidade de liderança na igreja de Deus não é a idade, mas sim o caráter. Timóteo e os líderes devem dar exemplo para os crentes no modo de falar, na vida, no amor, na fé e na pureza” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.471).

Observação nossa:

Quando se fala em "líderes" não foque somente no Pastor mas também nos lideres de departamentos de louvor, lideres de departamentos de dança, teatro, musica; nos lideres de Ensinamentos (EBD Infantil, EBD Juniores, EBD Adultos); todas as lideranças tem que ser EXEMPLO. "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém." 1 Pedro 4:11


CONCLUSÃO
A apostasia dos últimos tempos revela-se de modo acentuado no meio evangélico. Pregadores e ensinadores de doutrinas esdrúxulas têm bastante espaço no ambiente de muitas igrejas. O remédio para evitar esse tipo de problema é o ensino sistemático e na unção de Deus para todos os obreiros e igreja em geral. Nosso referencial teológico e de fé é a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. O ministério pode ser bem-sucedido ou um fracasso. Será uma bênção se o seu líder, ao lado de auxiliares fiéis, e respaldo da igreja local, procurarem viver de acordo com a sã doutrina, que é o ensino fundamentado e consolidado, com base na Palavra de Deus. Que o Senhor guarde os ministros, os ministérios e as igrejas dos ataques do Maligno nesses últimos tempos, que antecedem a vinda de Jesus.

Aqui temos uma pergunta que merece toda nossa atenção, especialmente quanto à resposta. Pense nisso!
Pergunta: Como Deus vê a Apostasia?
Resposta: Como um adultério espiritual.

Notas:
1 CPAD Bíblia de Estudo Pentecostal, p.1856
2 Russel Normam CHAMPLIM. O Novo Testamento interpretado - versículo por versículo. Vol.5 p.318.
3 Gordon D.FEE. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo 1 e 2 Timóteo e Tito, p.115.
4 Daí vem a Palavra "ginásio" (lugar de prática de exercício ou de esportes).
5 Éfeso: Cidade grego-romana, a segunda maior do Império, depois de Roma. Tinha larga tradição no mundo esportivo.
6 Gordon D.FEE. 1 e 2 Timóteo e Tito, p.119.

Fonte:
A Igreja e o seu Testemunho - As ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais - Elinaldo Renovato de Lima (livro de apoio)
Revista Ensinador Cristão - CPAD - nº63
Bíblia de Estudo Pentecostal
Aqui eu Aprendi!

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