“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” 1Co 14.26
Já abordamos anteriormente sobre dois temas importantes:
Este dom também se relaciona à capacidade sobrenatural concedida pelo Espírito Santo ao crente para este conhecer fatos e circunstâncias ocultas.
2. Sua função.
Esse dom revela coisas que não são percebidas pela visão natural (ver 1 Sm 16.7; Jo 2.24,25). Na vida prática da igreja, algumas experiências demonstram que o dom da palavra da ciência pode ser dado nos tempos presentes. Num Círculo de Oração, em Natal-RN, as irmãs estavam tranquilas, orando e louvando a Deus, numa congregação, anos atrás. Apresentou-se um homem, muito bem vestido, de paletó de tecido fino, sapato lustroso, gravata e Bíblia debaixo do braço. Ao ser interpelado, para ser apresentado, disse que era um servo de Deus, que estava de passagem por ali, e que viera visitar o trabalho. Acrescentou que era “filho do Ministro da Educação, Sr. Jarbas Passarinho”. A apresentação do “ilustre” visitante foi feita, e as irmãs de imediato quiseram ouvir uma palavra por ele.
Uma humilde serva de Deus, num lampejo divino, disse à dirigente: “Não dê oportunidade a ele. E um mentiroso, falso e procurado pela polícia...!”. Foi um mal-estar, pois a dirigente já ia anunciar a oportunidade ao visitante. Mas, diante da advertência, não o fez. Foi criticada por um santo irmão, que achou uma falta de respeito a um “servo de Deus”, “filho de uma autoridade pública”. Esse também convidou o visitante para ir à sua casa, num gesto de desagravo e de hospitalidade. No caminho, dizia ao visitante: “Essas irmãs não têm sabedoria”. E pediu desculpas pelo constrangimento. Recebeu-o em casa, apresentou à família, e ofereceu dormida ao desconhecido.
Pela madrugada, alguém bateu à porta. O anfitrião foi abrir, e deparou-se com policiais federais, apontando metralhadoras para sua casa, e dizendo que ele estava preso, pois dera acolhida a um criminoso, estelionatário, que vinha sendo rastreado em sua viagem. Quem revelaria tal coisa a uma simples serva de Deus? Sem dúvida, foi a operação do dom da ciência, num momento crucial. Este exemplo é prova de que Deus não muda. Agiu nos tempos antigos. E age em todos os tempos.
E preciso entender a diferença entre o dom da sabedoria e o dom da palavra da ciência. A ciência é o conhecimento profundo, concedido por Deus, em relação às coisas divinas ou às coisas dos homens, que estão além do conhecimento natural. O dom da sabedoria refere-se à utilização do conhecimento em questões práticas da vida. Conhecimento sem sabedoria é puro exercício intelectual infrutífero e diletante. O cristão deve ter conhecimento de Deus para viver o cristianismo de forma concreta, no seu dia a dia. [1]
O dom da palavra da ciência não visa servir a propósitos triviais, como o de descobrir o significado dos tecidos do Tabernáculo ou a identidade da mulher de Caim, etc. Isto é mera curiosidade humana, e o dom de Deus não foi dado para satisfazê-la. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.
3. Exemplos bíblicos da palavra da ciência.
O profeta Eliseu sabia os planos de guerra do rei da Síria, mesmo à distância. Quando o rei pensava em atacar o exército de Israel de surpresa, em determinado lugar o profeta de Deus alertava ao rei de Israel dos planos do inimigo, por diversas vezes. O rei sírio ficou intrigado e desconfiou de que haveria um traidor no meio de suas tropas. Mas um dos servos do rei o fez saber o mistério: “E disse um dos seus servos: Não, ó rei, meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir” (2 Rs 6.8-12).
Era um conhecimento muito mais aperfeiçoado do que todos os atuais sistemas de informação, com uso de tecnologia de ponta, usados no mundo atual. Eliseu não tinha informantes, nem sonhava com equipamentos de comunicação ou de satélites. Era a mensagem divina, diretamente do Espírito Santo ao seu coração. Quando o profeta Samuel disse a Saul que as jumentas do pai já haviam sido encontradas, foi pela ciência ou conhecimento de Deus (1 Sm 9.15-20).
A revelação dada a Daniel acerca dos impérios mundiais demonstra quão grande é a sabedoria de Deus, como recurso divino para ocasiões especiais, em que de nada adianta a sabedoria humana, ou os conhecimentos adquiridos pela experiência de quem quer que seja. Quis Deus utilizar-se de um rei estrangeiro ao seu povo para revelar segredos sobre acontecimentos que teriam lugar na História, na ocasião, e para o futuro. A visão de Nabucodonosor é uma referência para a Escatologia, com base nas interpretações dadas pelo Altíssimo a Daniel, seu servo, que estava vivendo naquele País, com uma missão do mais alto significado.
Trata-se de um caso bem emblemático do que significa receber o conhecimento, ou a revelação de Deus. O rei tivera um sonho muito estranho, que o perturbara sobremaneira. Pela manhã, reuniu “os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei. E o rei lhes disse: Tive um sonho; e, para saber o sonho, está perturbado o meu espírito” (Dn 2.2,3). Tudo em vão. Ninguém soube interpretar o sonho, por uma razão muito óbvia: o rei não se lembrava do sonho! Furibundo, o rei mandou matar todos os sábios da Babilônia, pelo fato de não saberem interpretar um sonho de que não tiveram sequer o relato de sua visão.
Mas Daniel, que estava no reino, em posição de destaque, pediu ao mensageiro do rei que desse um tempo para que buscassem a interpretação. Seu pedido foi atendido, e, contando o grave problema a seus três companheiros, foram orar ao Deus dos céus. Diz a Bíblia: “Então, Daniel foi para a sua casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, e pediu que orassem a Deus, “para que pedissem misericórdia ao Deus dos céus sobre este segredo, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem com o resto dos sábios da Babilônia. Então, foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do céu” (Dn 2.17-19). De maneira didática, com precisão histórica, Daniel interpretou o sonho, mostrando ao rei o desenrolar dos acontecimentos de sua época e de eventos futuros. Foi o conhecimento de Deus e não humano, lógico ou natural. [1]
Em o Novo Testamento, esse dom foi manifesto quando o apóstolo Pedro desmascarou a mentira de Ananias e Safira (At 5.1-11). O dom da palavra da ciência não é adivinhação, mas conhecimento, concedido sobrenaturalmente, da parte de Deus.
O dom da palavra da ciência não é para servir a propósitos triviais. A manifestação sobrenatural deste dom tem a finalidade de preservar a vida da igreja, livrando-a de qualquer engano ou artimanha do maligno.
III - DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS
1. O dom de discernir os espíritos.
Mais adiante, na epístola em apreço, encontramos o “dom de discernir os espíritos” (1 Co 12.10b). Refere-se à capacidade sobrenatural, concedida por Deus, com a finalidade de identificarem-se as origens e natureza das manifestações espirituais. Tais manifestações podem ter basicamente, três origens: De Deus, do homem (da carne) ou do maligno. Em determinadas ocasiões, uma manifestação espiritual pode apresentar-se, no meio da congregação, ou diante de um servo de Deus, com aparência de genuína, e ser uma mistificação diabólica, ou artimanha de origem humana. Pelo entendimento e pela lógica humana, nem sempre é possível avaliar a origem das manifestações espirituais. Mas, com o dom de discernir os espíritos o servo de Deus ou a igreja não será enganada.
Segundo Boyd, “a palavra ‘discernir’ (grego “diakrisis”) julgado através de, distinguir, e tem o sentido de penetrar por baixo da superfície, desmascarando e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da animação”. Através desse dom, em suas diversas manifestações, a igreja pode detectar a presença de demônios, no meio da comunidade ou congregação, a fim de expulsá-los, no nome de Jesus. Na ilha de Pafos, Paulo defrontou-se com uma ação diabólica declarada com o objetivo de impedir a pregação do evangelho ali, e a conversão de uma autoridade pública. Mas o apóstolo, cheio do Espírito Santo, percebeu as artimanhas do Adversário, e, na autoridade de Deus, declarou que o opositor do evangelho ficaria cego por algum tempo, o que de pronto aconteceu. Diante de tamanho sinal, “Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor” (At 13.12).
Myer Pearlman diz que se pode saber a diferença entre uma manifestação espiritual legítima e uma falsa manifestação, através desse dom. “Pelo dom de discernimento que dá capacidade ao possuidor para determinar se um profeta está falando, ou não, pelo Espírito de Deus. Esse dom capacita o possuidor para ‘enxergar’ todas as aparências exteriores e conhecer a verdadeira natureza duma inspiração.” A manifestação espiritual precisa passar por duas provas de sua legitimidade: A prova doutrinária e a prova prática.
A prova doutrinária pode basear-se no ensino do apóstolo João, que diz:
“Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo. Filhinhos sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro.” (1 Jo 4.1-6)
A prova prática tem base no ensino de Jesus, quando advertiu acerca dos falsos profetas, que podem ser conhecidos pelos “seus frutos”, ou seja, pelo seu caráter, demonstrado em seu testemunho, na vida prática: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.15-20).
Jesus tinha esse dom. Quando seus adversários queriam apanhá-lo em alguma palavra ou alguma falta, Ele já sabia o que se passava no interior das pessoas. “Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2.24, 25). O apóstolo Pedro teve a percepção de que Ananias estava mentindo, quando sonegou parte da oferta que prometera a Deus, por esse dom especial de discernir os espíritos (At 5.3).
No ministério de Paulo, temos o exemplo notável do uso desse dom (At 16.12-18). Ao lado de seu companheiro, Silas, chegou à cidade de Filipos, na Macedônia, para onde se dirigiram por orientação do Espírito Santo. Após um período de oração e evangelização pessoal, foi acolhido por Lídia, a vendedora de púrpura, que aceitou a Cristo e foi batizada com toda a sua família. Era patente o sucesso da missão dos apóstolos naquele lugar. O Adversário não ficaria satisfeito de forma alguma e resolveu atacar de uma forma muito sutil, usando uma jovem para tecer um dos mais elevados elogios que um pregador poderia receber publicamente.
Ela era bem conhecida na cidade, pois era usada por comerciantes inescrupulosos que obtinham grande lucro, usando-a em seu proveito, pois possuía “espírito de adivinhação”. Quando os dois apóstolos saíram para a oração, a jovem os seguiu, dizendo em alta voz: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo” (At 16.17). E fez essa declaração elogiosa, durante vários dias. Pregadores são seres humanos, sujeitos às falhas próprias de sua natureza. Elogios em geral sempre fazem bem ao ego, à parte emocional, ainda mais, quando o elogio é verdadeiro, como era o que a moça propagava acerca dos dois servos de Deus.
Jamais alguém poderia imaginar que aquele elogio não seria de origem legítima. Podemos entender até, que, a princípio, os apóstolos devem ter ficado pensativos com aquela declaração. De fato, eles eram servos do Deus Altíssimo! O que haveria de errado ou repreensível ouvir tal elogio? Não teria a jovem percebido que eles eram cristãos autênticos? Acontece que Paulo e Silas eram homens de oração, tinham comunhão com o Espírito Santo. Depois de alguns dias, ouvindo aquela declaração, Paulo discerniu a sua origem.
Não era nada da parte de Deus. A afirmação era verdadeira, mas a origem e a intenção eram malignas. O Diabo queria iludir os apóstolos, com bajulação e lisonja, para que o demônio continuasse livre para agir, após a saída dos servos do Senhor. Assim, “Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu” (At 16.18). [1]
2. As fontes das manifestações espirituais.
Ao longo das Escrituras podemos destacar três origens das manifestações espirituais no mundo: Deus, o homem e o Diabo. Uma profecia, por exemplo, pode ser fruto da ordem divina ou da mente humana ou ainda de origem maligna. Como saber? Aqui, o dom de discernir os espíritos tem o papel essencial de preservar a saúde espiritual da congregação. Segundo nos ensina o pastor Estevam Ângelo, o “discernimento de espíritos não é habilidade para descobriras faltas alheias”. O dom não é uma permissão para julgar a vida dos outros. [1]
AS OBRAS DE DEUS
Outro aspecto da doutrina de Deus que requer a nossa atenção é o das suas obras. Este aspecto pode ser dividido em:
1) seus decretos
2) sua providência e
3) conservação.
Os decretos divinos são o seu plano eterno que, em virtude de suas características, faz parte de um só plano, que é imutável e eterno (Ef 3.11; Tg 1.17). São independentes e não podem ser condicionados de nenhuma maneira. (SI 135.6). Têm a ver com as ações de Deus, e não com a sua natureza (Rm 3.26). Dentro desses decretos, há as ações praticadas por Deus, pelas quais tem Ele responsabilidade soberana; e também as ações das quais Ele, embora permita que aconteçam, não é responsável. Baseado nessa distinção, torna-se possível concluir que Deus nem é o autor do mal (embora seja o criador de todas criaturas subalternas), nem é a causa derradeira do pecado.
Além disso, Deus está sustentando ativamente o mundo que criou. Na conservação, Ele sustenta a criação através de leis estabelecidas (At 17.25). Na providência, Ele controla todas as coisas existentes no Universo, com o propósito de levar a efeito seu plano sábio e amoroso, de forma que não venha a interferir na liberdades das suas criaturas (Gn 20.6; 50.20; Jó 1.12; Rm 1.24).
Se reconhecermos tudo isso, e se nos deleitarmos no Senhor, meditando na sua Palavra de dia e de noite, receberemos todas as bênçãos divinas, pois entenderemos quem Ele é, como adorá-lo e de que maneira poderemos servi-lo.
Os salmos são de grande ajuda em nossa adoração. Muitos começam com a chamada tradicional hebraica à adoração: Aleluia! que significa: "louvem ao Senhor!" (ver SI 106; 111; 112; 113; 135; 146; 147; 148; 149; 150). Atualmente, esse termo é utilizado como declaração de exaltação. Originalmente, porém, era uma conclamação à adoração divina. Os salmos que começam com essa chamada, usualmente fornecem informações a respeito de Deus, focalizando nEle toda a adoração, e revelam aspectos da sua grandeza que são dignos do louvor.
Servir a Deus começa com o orar em seu nome. Isto implica em reconhecer como é distinta a sua natureza conforme revelada nos seus diversos nomes. Ele se revela a nós a fim de que o glorifiquemos e cumpramos a sua vontade. [3]
HOMEM CARNAL
Paulo divide em três claras distinções os tipos de homens:
1. o homem carnal (I Cor. 3:1);
2. o homem espiritual (I Cor. 3:1); e
3. o homem natural (I Cor. 2:14).
Apresento artigos separados sobre cada um desses tipos, pelo que neste artigo, não entro em detalhes, exceto no caso do homem carnal, que é o assunto que tenho em mãos. O homem natural, por sua vez, é o homem que ainda não foi regenerado. Esse é o homem que pertence à antiga natureza terrena. Ele é natural, e não espiritual. É o que permanece em seu estado natural, antes das operações do Espirito. O homem espiritual é aquele que já foi regenerado e que está vivendo de acordo com os principias ditados pelo Espírito, ou seja, vitorioso sobre os antigos impulsos carnais. Ele obedece à mente do Espirito e anda em novidade de vida.
O homem carnal é uma espécie de meio-termo entre os dois primeiros. Realmente, converteu-se, pelo que entrou nos primeiros estágios da regeneração; mas continua sendo derrotado por seus próprios antigos impulsos. Esse é o homem que se encontra em estado de tensão e conflito espirituais, conforme se vê no sétimo capitulo de Romanos. Faz coisas que, realmente, não aprova; mas não possui a energia espiritual necessária para obter a vitória sobre suas debilidades e vícios. Portanto, tal crente mostra ser uma contradição, pois aprova e é afetado pelas realidades espirituais, mas é incapaz de subir acima do nível da carnalidade.
Em I Cor. 3:1, Paulo chamou os crentes de Corinto de carnais, ou seja, homens da carne, crentes controlados pela carne. É possível interpretar que esse adjetivo significa que as pessoas assim qualificadas são inteiramente destituídas do Espirito de Deus (se considerarmos tão-somente o sentido verbal), mas o contexto geral não nos permite tirar essa conclusão. Mui facilmente, entretanto, Paulo poderia estar querendo dar a entender que toda a sua suposta e apregoada espiritualidade, no exercício dos dons espirituais (que os crentes coríntios exibiam), era algo falso, fraudulento; porquanto, não dispor das qualidades morais de Cristo.. e ao mesmo tempo, ser supostamente residência do Espirito de Deus, ao ponto de realizar feitos miraculosos, é uma aberrante contradição, é uma impossibilidade moral.
ELEMENTO, DA CARNALIDADE:
1. Embora certas pessoas se apresentem como espirituais, na verdade andam vendidas ao pecado, sendo escravas do principio do pecado (Rm. 7:14).
2. Tal pessoa é dotada de uma mente carnal, que está em conflito com Deus (Rm. 8:7).
3. O homem carnal vive como se não fosse regenerado (I Cor. 3:3).
4. O homem carnal é faccioso (I Cor. 3:4).
5. O homem carnal tem vicias na sua vida, e ignora o cultivo das virtudes espirituais (Gl. 5:19 ss). [4]
DEMÔNIO, DEMONOLOGIA (Diabo, Satanás)
Duas coisas são indiscutíveis sobre esse assunto: primeira, nem os hebreus e nem os cristãos criaram as elaboradas demonologias e angelologias que, finalmente, vieram a ser aceitas. Segunda, apesar das elaborações, exageros e elementos místicos que entraram no pensamento hebreu e cristão, no tocante aos demônios, essas noções são corretas quanto à temível realidade dos demônios e sua capacidade de influenciar e de apossar-se das pessoas. Que os espíritos malignos existem e exercem poder sobre os homens tem sido uma ideia universalmente aceita. Essa ideia permeia todos os níveis da sociedade, podendo ser encontrada entre as tribos mais primitivas e as civilizações mais avançadas. Essa universalidade fala em favor da veracidade dessas noções, sem importar os exageros e os elementos mitológicos criados em torno do assunto. Os demônios são vistos como seres poderosos, sobre-humanos, pertencentes a vários níveis de seres. Alguns são tidos como espíritos humanos desencarnados, negativos, que ainda não chegaram ao seu destino, e que continuam tentando viver suas vidas nas vidas de outras pessoas, através de influência ou de possessão. Outras classes incluem os elementares, que são menos poderosos do que os espíritos humanos, como se fossem uma espécie de símios do mundo espiritual. Porém, até mesmo esses podem ser um incômodo. Então, se subirmos um pouco mais na escala, encontraremos os anjos caídos, os quais também pertencem a diversas categorias. Após o século V D.C., essa tornou-se a identificação mais comum dos demônios na teologia cristã, embora outras identificações não tenham sido abandonadas. Os demônios mais perigosos são aqueles que pertencem a elevadas ordens de seres espirituais; e a conexão com os anjos caídos sem dúvida está correta, pelo menos em parte.
No pensamento hebreu e cristão, tomou-se usual considerar maus todos os demônios. Esses são OS espíritos que mais chamam a atenção, porquanto são perturbadores. Os cristãos primitivos levavam muito a sério a existência e o poder dos demônios, conforme é demonstrado pela frequente menção a eles, no Novo Testamento. Males mentais e corporais eram atribuídos às atividades de espíritos invisíveis, o que ocorre na história da maioria das culturas. Jesus dava ordens aos maus espíritos, e eles lhe eram obedientes (Mar. 1:27). Eles reconheciam a autoridade espiritual dele, e não ousavam fazer-lhe oposição. Os discípulos de Jesus deram continuação ao seu ministério de curas, no tocante ao corpo e à mente, e se utilizavam da autoridade do nome de Jesus quando tratavam com os espíritos malignos (Atos 16:18; Mar. 9:38; Lc. 10:17). As culturas com as quais o cristianismo foi entrando em contato, à medida que se propagava, já tinham suas respectivas demonologias, havendo muitas interferências demoníacas, pelo que nada de novo foi introduzido nessa área, excetuando o fato de que há aquele Nome que é capaz de libertar, com o qual as pessoas das culturas pagãs não estavam acostumadas.
Entre os judeus era corrente a noção que a idolatria pagã era influenciada pelos demônios, e que, algumas vezes, os demônios são o próprio alvo da adoração idólatra. Paulo compartilhava dessa crença, pois, apesar de chamar um ídolo de coisa vil, em certas ocasiões (ver 1Cor. 8:4), em outras oportunidades ele afirmava que os demônios eram objetos da adoração idólatra do paganismo (ICor. 10:20). Passado alguns seculos (D.C.) já havia surgido uma espécie de classe de exorcistas oficiais no cristianismo, usualmente constituída por ministros, e as pessoas apelavam para eles, a fim de serem ajudadas contra os demônios. [5]
Satanás é o principal poder maligno, e a Bíblia apresenta-o como uma espécie de comandante das forças da malignidade. O poder de Satanás é limitado por Deus (Jô 1:12.; 2:6), apesar do que ele é muito poderoso, encabeçando um vasto exército do mal (ver Ef 2:2; 6:12). Porém, sua queda final é certa (Lc. 10:18).
Anjos caídos, poderes e demônios fazem parte do reino das trevas, reino esse que tem o poder de influenciar os homens e de votá-los à perdição. O trecho de 2Pedro 2:11 refere-se ao poder desses seres malignos. O mundo inteiro está debaixo do poder deles, excetuando-se somente os lavados no sangue de Cristo (ver IJoão 5:19). Esses seres são numerosíssimos (Ef. 6:12). Não obstante, esses poderes não têm forças para separar-nos do amor de Cristo (ver Rm. 8:38). A existência desses seres provoca um conflito de dimensões cósmicas (ver Ef. 6:12). O reino das trevas é contrastado com o reino da luz (Col. 1:13). O dualismo ensina que o reino da luz e o reino das trevas estão em luta um contra o outro, e que há esperança que esses dois reinos, finalmente, separar-se-ão inteiramente. Porém. dentro desse sistema, não há qualquer expectação de que o reino das trevas possa vir a ser derrotado. A Bíblia Sagrada, por outro lado, é dualista somente em parte. Ela projeta a vitória do mundo da luz sobre o mundo das trevas, e não apenas uma separação final entre esses dois reinos. Os últimos capitulas do livro de Apocalipse refletem essa certeza. O trecho de Col. 2:15 refere-se ao triunfo garantido por Cristo sobre as forças do mal; segundo também se aprende em Rm. 8:38 ss. [6]
3. Discernindo as manifestações espirituais.
Mt 7:15-20 Durante alguns séculos, antes da vinda de Cristo, acreditava-se de modo geral que a profecia havia cessado. O período entre os dois testamentos às vezes é chamado de período de silêncio. Vindo João Batista, retornou a voz profética, e no início do cristianismo a profecia floresceu. A multidão reunida no dia de pentecoste, Pedro explicou que o fenômeno das línguas era o cumprimento da promessa feita por Joel segundo a qual nos últimos dias Deus derramaria seu Espírito em todos, de tal modo que os moços teriam visões, os velhos teriam sonhos, e homens e mulheres proclamariam a mensagem (Atos 2:17-18; cp. 1 Coríntios 14:29-31).
A medida que a igreja crescia, o problema dos falsos profetas ia-se tomando agudo. Jesus havia-nos advertido contra o surgimento de falsos profetas que enganariam o povo (Mateus 24:11, 24). João também advertiu os crentes (1João 4:1-3; Apocalipse 2:20). De que maneira os cristãos poderiam reconhecer um falso profeta? Nos tempos antigos o profeta ficava desacreditado se aquilo que ele houvesse proclamado em nome de Deus não se cumprisse (Deuteronômio 18:20-22). O Didache (grego - O Ensino dos Doze Apóstolos) apresenta alguns testes simples para identificar o falso profeta (se ele permanecer mais de dois dias ou se pedir dinheiro, 11:5-6). É “pelo comportamento dele, portanto, [que] o falso profeta é distinguido do verdadeiro” (didache 11:8).
Jesus nos adverte contra os falsos profetas. Eles chegam disfarçados em ovelhas (isto é, parecem pertencer ao rebanho de crentes; cp. Números 27:17 e Salmo 100:3, quanto afigura de linguagem; além disso, os profetas usavam roupas feitas de peles de animais, Zacarias 13:4; Mateus 3:4), mas interiormente são lobos devoradores (todas as atividades deles são motivadas pela ambição pessoal; matarão e destruirão os outros se isso for para seu lucro egoísta). Apresentar-se com vestes de profeta era o mesmo que vindicar essa posição. De início parecia que o ensino deles era verdadeiro, mas, quando se examinou o modo como viviam, descobriu-se que eram lobos (falsos profetas; cp. Ezequiel 22:27; Zacarias 3:3).
Os falsos profetas são conhecidos pelos seus frutos. Numa época em que Deus ainda estava revelando sua vontade mediante o ofício profético, era mais difícil dar validade a uma mensagem com base em seu conteúdo teológico, que deveria ser aceitável. Os falsos profetas podiam ser identificados de modo mais simples mediante o modo de vida deles. Colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Se não houver uvas é que não há videira. Se os frutos são maus, é que você não tem uma árvore boa. De modo semelhante, se a vida do profeta não se nivela à sua pregação, você estará diante de um falso profeta. “Tal pai, tal filho; o fruto se parece com a árvore” eram os ditados dos antigos. A boa teologia deve produzir retidão ética. A conduta revela o caráter. [7]
A Palavra de Deus nos ensina que os espíritos devem ser provados (1Jo 4,1). Toda palavra que ouvimos em nome de Deus deve passar peio crivo das Sagradas Escrituras, pois o Senhor Jesus nos advertiu sobre os falsos profetas. Ele ensinou-nos que os falsos profetas são conhecidos pelos “frutos que produzem”, isto é, pelo caráter (Mt 7.15-20). Jesus conhece o segredo do coração humano, mas nós não, e por isso precisamos do Espírito Santo para revelar-nos a verdadeira motivação daqueles que falam em nome do Senhor. O apóstolo João nos advertiu acerca do “espírito do anticristo” que já opera neste mundo (1Jo 4.3). [1]
O dom de discernimento dos espíritos é uma capacidade sobrenatural dada por Deus ao crente para discernir a origem e a natureza das manifestações espirituais.
A Igreja de Jesus necessita dos dons de revelação para discernir entre o certo e o errado, entre o legítimo e o falso. Os falaciosos ensinos e as manifestações malignas podem ser desmascarados pelo dom do discernimento dos espíritos. Que Deus conceda à sua igreja dons de revelação para não cairmos nas astutas ciladas do Maligno.
[2]Raimundo F. de Oliveira. A Doutrina Pentecostal Hoje. Editora CPAD
[3]HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD
[4]CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Ed.Hagnos pg.150-151
[5]CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 2. Ed.Hagnos. pg. 48.
[6]CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Ed.Hagnos. pg. 311.
[7]ROBERT H. MOUNCE. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. Baseado na Edição Contemporânea de Almeida. Editora Vida Nova. pg. 76-77
SOUZA, Estevam Ângelo de. Nos Domínios do Espírito. 2. ed. RJ.CPAD, 1987.
HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12.ed. RJ.CPAD, 2012
E qdo uma revelação acontece exatamente como foi relevada pela missionária. E certo que foi Deus ou não?
ResponderExcluirEm nosso meio existe "espíritos enganadores" temos que ter cuidado. cuidado revelação é a palavra e tudo tem que ter respaldo bíblico que é para a edificação da igreja de Deus e não para os caprichos humanos como vemos por aí. Na paz amiga
ExcluirE QUANDO A REVELAÇÃO ACONTECE EXATAMENTE COMO FOI REVELADO À MISSIONÁRIA. JÁ PODE TER CERTEZA QUE É DEUS AGINDO, MSM QUE JÁ ESTEJA ACONTECENDO. COMO PODEMOS TER A CERTEZA QUE FOI DEUS MESMO? HÁ ALGUMA CONFIRMAÇÃO DO ESPÍRITO EM NÓS?
ResponderExcluirA Revelação é a Palavra. Tudo tem que ter respaldo bíblico. Cuidado amigos.
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